Mormo equino - Sintomas e Prevenção
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O mormo é uma doença bacteriana muito séria que afeta principalmente os equinos, embora os felinos fiquem logo atrás em suscetibilidade e outros animais também possam ser infectados. As pessoas também podem contrair essa infecção, portanto, é uma zoonose de notificação obrigatória. Felizmente, hoje já está erradicada na maioria dos países, mas ainda há casos no Brasil.
O mormo pode manifestar formas agudas com nódulos e úlceras no sistema respiratório, formas crônicas ou assintomáticas, nas quais os cavalos permanecem portadores e transmissores da bactéria ao longo da vida. Continue lendo este artigo do PeritoAnimal para aprender mais sobre mormo equino - sintomas e diagnóstico.
O que é mormo equino?
O mormo equino é uma doença infecciosa de origem bacteriana muito grave que afeta cavalos, mulas e burros, e tem potencial zoonótico, ou seja, pode ser transmitida ao ser humano. Sem tratamento, 95% dos cavalos podem morrer da doença, e os demais cavalos se infectam cronicamente e permanecem disseminando a bactéria até o fim da vida.
Além de cavalos, mulas e burros, membros da família felidae (como leões, tigres ou gatos) e às vezes até outros animais, como cachorros, cabras, ovelhas e camelos, podem ser afetados pela doença. Por outro lado, vacas, porcos e aves são resistentes ao mormo.
Esta doença é endêmica em partes da América do Sul, África, Ásia e Oriente Médio. Foi erradicada na maioria dos países em meados do século passado e seus surtos são raros hoje, no entanto, há registros recentes, inclusive em 2021, em diferentes estados do Brasil.[1]
A bactéria que causa o mormo foi usada como arma biológica durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial contra pessoas, animais e cavalos pertencentes ao exército.
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Causa do mormo equino
O mormo é causado por uma bactéria, mais especificamente um bacilo Gram negativo chamado Burkholderia mallei, pertencente à família Burkholderiaceae. Este microrganismo era anteriormente conhecido como Pseudomonas mallei, e está intimamente relacionado ao Burkholderia pseudomallei, que causa a melioidose.
Como ocorre a transmissão do mormo equino?
A transmissão dessa bactéria ocorre pelo contato direto ou com as secreções respiratórios e a pele dos infectados, e os cavalos e gatos são infectados ao ingerir alimentos ou água contaminados pela bactéria, bem como aerossóis ou através de lesões cutâneas e mucosas.
Por outro lado, os mais perigosos são os cavalos com a infecção latente ou crônica, que carregam a bactéria do mormo mas não apresentam sintomas da doença, pois permanecem contagiosos durante toda a vida.
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Quais os sintomas do mormo equino?
O mormo em cavalos pode se desenvolver de forma aguda, crônica ou assintomática. Entre as formas que causam sintomas, encontramos três: a nasal, a pulmonar e a cutânea. Embora as duas primeiras estejam mais relacionadas à doença aguda, o mormo cutâneo costuma ser um processo crônico. O período de incubação geralmente dura entre 2 e 6 semanas.
Sintomas do mormo nasal equino
Dentro das passagens nasais, podem ocorrer as seguintes lesões ou sintomas:
- Nódulos nasais profundos.
- Úlceras na mucosa nasal, e às vezes, na laringe e traqueia.
- Secreção uni ou bilateral, purulenta, espessa e amarelada.
- Às vezes, uma secreção com sangue.
- Perfuração nasal.
- Nódulos linfáticos submaxilares aumentados, que às vezes supuram e drenam pus.
- Cicatrizes em formato de estrela.
- Febre.
- Tosse.
- Dificuldade respiratória.
- Anorexia.
Sintomas do mormo pulmonar equino
Nesta forma clínica, ocorrem:
- Abscessos e nódulos nos pulmões.
- Secreções disseminadas para as vias respiratórias superiores.
- Dificuldade respiratória leve ou grave.
- Tosse.
- Febre.
- Sons respiratórios.
- Emagrecimento.
- Debilitação progressiva.
- Diarreia.
- Poliúria.
- Nódulos em outros órgãos, como o baço, fígado e rins.
Sintomas do mormo cutâneo equino
No mormo cutâneo, ocorrem os seguintes sintomas:
- Nódulos superficiais ou profundos na pele.
- Úlceras cutâneas.
- Secreções gordurosas, purulentas e amareladas.
- Gânglios linfáticos próximos aumentados e inchados.
- Vasos do sistema linfático cheios de pus e endurecidos, normalmente nas extremidades ou nas laterais do tronco; raramente na cabeça ou pescoço.
- Artrite com edemas.
- Dor nas patas.
- Inflamação testicular ou orquite.
- Febre alta (burros e mulas).
- Sintomas respiratórios (especialmente burros e mulas).
- Morte em poucos dias (burros e mulas).
Os casos assintomáticos ou subclínicos são o verdadeiro perigo, pois são uma grande fonte de infecção. Nas pessoas, a doença geralmente é fatal sem tratamento.
Diagnóstico do mormo equino
O diagnóstico do mormo em cavalos se baseará em exames clínicos e laboratoriais.
Diagnóstico clínico do mormo equino
O aparecimento dos sintomas clínicos que descrevemos deve levar à suspeita dessa doença, mas cada caso deve ser diferenciado de outros processos em equinos que causam sintomatologia parecida, como:
- Adenite equina.
- Esporotricose.
- Linfangite ulcerosa.
- Linfangite epizoótica.
- Pseudotuberculose.
Na necropsia, é possível evidenciar as seguintes lesões nos órgãos dos equinos:
- Ulceração e linfadenite na cavidade nasal.
- Nódulos, consolidação e pneumonia difusa no pulmão.
- Nódulos piogranulomatosos no fígado, baço e rins.
- Linfangite.
- Orquite.
Diagnóstico laboratorial do mormo equino
As amostras colhidas para o diagnóstico da doença são de sangue, exsudatos e pus das lesões, nódulos, vias respiratórias e pele afetada. Os testes disponíveis para detectar a bactéria são:
- Cultura e coloração: as amostras são de lesões ou exsudatos respiratórios. As bactérias são semeadas em meio Agar sangue por 48 horas, no qual é possível observar colônias brancas, quase transparentes e viscosas, que posteriormente se tornam amarelas ou em Ágar glicerina, onde após alguns dias se verá uma camada cremosa, viscosa, macia e úmida que pode se tornar espessa, dura e marrom escura. A bactéria da cultura é identificada com testes bioquímicos. B. mallei pode ser corada e visualizada ao microscópio com azul de metileno, Giemsa, Wright ou Gram.
- PCR em tempo real: para diferenciar entre B. mallei e B. pseudomallei.
- Teste de maleína: útil em área endémicas. Trata-se de uma reação de hipersensibilidade que permite identificar equinos infectados. Consiste em inocular por injeção intrapalpebral uma fração da proteína da bactéria. Se o animal for positivo, ocorrerá inflamação das pálpebras 24 ou 48 horas após a inoculação. Se for inoculado por via subcutânea em outras áreas, provocará uma inflamação com bordas salientes que não causará dor no dia seguinte. A forma mais comum é a inoculação por meio de colírio, causando conjuntivite e secreção purulenta 5 a 6 horas após sua administração, com duração máxima de 48 horas. Essas reações, se positivas, são acompanhadas de febre. Pode dar resultados inconclusivos quando a doença é aguda ou está em estágios finais da fase crônica.
- Aglutinação com Rosa de Bengala: utilizada especialmente na Rússia, mas não é confiável em cabalos com mormo crônico.
Por outro lado, os exames com maior confiabilidade para diagnosticar o mormo em equinos são:
- Fixação do complemento: é considerado o teste oficial no comércio internacional de equinos e é capaz de detectar anticorpos desde a primeira semana após a infecção.
- ELISA.
Como curar o mormo equino
Por ser uma doença tão perigosa, seu tratamento é desencorajado. Só é usado em áreas endêmicas, mas resulta em animais que carregam a bactéria e atuam como disseminadores da doença, por isso é melhor não tratá-la, e também não há vacinas.
Prevenção do mormo
O mormo se encontra na lista de doenças de declaração obrigatória dos equinos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), portanto, as autoridades devem ser notificadas, e os requisitos e ações podem ser consultados no Código Sanitário de Animais Terrestres da OIE. Está estabelecido que os animais que obtiverem resultados positivos em testes diagnósticos em uma área que não possui a doença (área não endêmica), sejam sacrificados devido ao perigo que representam para a saúde pública e à gravidade da doença. Os cadáveres devem ser queimados por causa do perigo que carregam.
Em caso de surto de mormo equino, deve-se estabelecer uma quarentena dos estabelecimentos onde os cavalos se encontram, com limpeza e desinfecção minuciosa dos locais e dos objetos, cavalos e demais fômites. Os animais suscetíveis a serem infectados devem ser mantidos longe o suficiente desses estabelecimentos por meses, pois a morbidade ou capacidade de contágio da doença é muito elevada, de modo que os locais onde os animais se reúnem representam um grande perigo.
Nas áreas livres de mormo, é proibida a importação de cavalos, de sua carne ou de produtos derivados a partir de países portadores da doença . No caso de importação de cavalos, são exigidos testes negativos (teste de maleína e fixação do complemento) antes do embarque dos animais, que são repetidos durante a quarentena realizada em sua chegada.
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- G1. Governo proíbe cavalgadas e tropeadas em 12 cidades do estado devido ao risco de transmissão do mormo. Disponível em: <https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2021/01/23/governo-proibe-cavalgadas-e-tropeadas-em-12-cidades-do-estado-devido-ao-risco-de-transmissao-do-mormo.ghtml>. Acesso em 12 de fevereiro de 2021.
- D.C Sellon, M.T. Long (Eds.). (2007). Equine infectious diseases. Saunders ELSEVIER.
- Fichas de información general sobre las enfermedades animales. Muermo. OIE. Disponível em: <https://www.oie.int/doc/ged/D13969.PDF>. Acesso em 12 de fevereiro de 2021.
- Equisan. (2007). Muermo. Disponível em: <https://equisan.com/images/pdf/muermo.pdf>. Acesso em 12 de fevereiro de 2021.
- P. Fernandez, W. White. (2011). Atlas de Enfermedades Animales Transfronterizas. Renouf Publishing Company Limited