Prevenção

Glicemia em cães - Quais os valores de referência

 
Maria Besteiros
Por Maria Besteiros, Auxiliar técnica veterinária. 17 outubro 2023
Glicemia em cães - Quais os valores de referência
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Como tutores, é importante conhecer os níveis normais de glicose em cães, já que este é um dos parâmetros sempre avaliados durante exames. A coleta de sangue pode ser realizada quando nosso cão apresenta sintomas de alguma doença, mas também como parte da exames de rotina recomendada para cães idosos uma ou duas vezes por ano, com o objetivo de detectar diversas doenças de forma precoce. Neste artigo do PeritoAnimal, vamos nos concentrar em explicar quais são os níveis normais de glicemia em cães.

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Índice

  1. Valores normais de glicemia em cães
  2. Glicose elevada em cães: hiperglicemia
  3. Glicose baixa em cães: hipoglicemia
  4. Como medir glicemia em cães?

Valores normais de glicemia em cães

A glicose é um açúcar presente no sangue. Os níveis normais de glicemia no sangue de cães variam entre 88 e 120 mg/dL. Valores acima ou abaixo desses números estão associados a diferentes patologias, como veremos a seguir. Quando nosso cão apresentar sinais de alguma doença, é muito comum que o veterinário colete sangue para realizar uma avaliação, da mesma forma que é feito na medicina humana. Em cães, a amostra geralmente é retirada das patas dianteiras, embora, por vezes, o sangue possa ser coletado das patas traseiras ou da jugular (no pescoço). Em um exame básico, vamos distinguir dois grandes grupos, que são os seguintes:

  • Hemograma: aqui são medidos parâmetros como hematócrito, hemoglobina, plaquetas ou leucócitos. Isso nos fornecerá informações sobre a presença ou não de anemia e, se houver, de que tipo (regenerativa ou não regenerativa) ou, sobretudo, se nosso cão está sofrendo de alguma infecção;
  • Bioquímica: aqui é onde a medição da glicose e de outros parâmetros que nos darão informações sobre a função de diferentes órgãos, como rins (creatinina e ureia) ou fígado (TGO e TGP).

Quando qualquer um dos elementos analisados estiver alterado, ou seja, estiver acima ou abaixo dos valores de referência que são normais para cada espécie, nosso cão pode manifestar sintomas e, com os dados de seu exame clínico, do exame de sangue e de qualquer outro exame adicional que o veterinário considere relevante, chegaremos a um diagnóstico.

Alterações nos níveis normais de glicose em cães

Podemos estar diante de uma situação de hipoglicemia, com valores de glicose abaixo de 88 mg/dL, ou de hiperglicemia, que ocorre quando a glicose no sangue ultrapassa os 120 mg/dL. Cada uma dessas situações clínicas apresentará diferentes manifestações, como aumento da sede, da urina ou fraqueza, como veremos a seguir.

Os cães obtém glicose dos alimentos e, portanto, após se alimentarem, seu nível aumenta no sangue, diminuindo com o passar do tempo desde a última refeição. A glicose desempenha funções importantes no organismo e fornece energia nos processos metabólicos. Sua regulação é feita pela insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. Sem insulina ou com baixa quantidade desta, teremos um quadro de hiperglicemia conhecido como diabetes mellitus. Por outro lado, condições como o insulinoma podem causar hipoglicemia, como explicaremos a seguir.

Glicemia em cães - Quais os valores de referência - Valores normais de glicemia em cães

Glicose elevada em cães: hiperglicemia

Conforme mencionado anteriormente, os níveis normais de glicose em cães variam entre 88 e 120 mg/dL. Quando a glicose ultrapassa esse valor, estamos diante de uma condição chamada hiperglicemia, que pode ter várias causas, sendo a diabetes a mais conhecida, já que afeta também os seres humanos. O hiperadrenocorticismo, conhecido como Síndrome de Cushing, também pode causar hiperglicemia, assim como a pancreatite, o uso de certos medicamentos como os glicocorticoides e até a insuficiência renal.

A seguir, nos aprofundaremos na diabetes mellitus como um exemplo representativo de hiperglicemia. A diabetes pode ser do tipo 1 ou do tipo 2 e é uma doença que é relativamente comum em cães. Ela ocorre com maior frequência em fêmeas, principalmente a partir dos 6 anos de idade, por isso a importância de check ups anuais com exames de sangue e urina à medida que o cão envelhece. Isso nos permite detectar doenças precocemente, mesmo antes que os sintomas apareçam. A causa da diabetes é uma produção inadequada de insulina, uma substância que permite que a glicose entre nas células para fornecer energia ao metabolismo. Sem insulina, os níveis de glicose no sangue do cão serão mais altos que o normal, e também haverá níveis elevados de glicose na urina (glicosúria). O cão vai produzir mais urina do que o normal, levando à desidratação, o que, por sua vez, o levará a beber mais água. Também é possível notar, nas fases iniciais, um aumento no apetite do cão, embora à medida que a doença progride, ele possa perdê-lo. Mesmo comendo mais, o cão pode perder peso. Assim, o aumento na produção de urina (poliúria), a sede (polidipsia), o maior apetite e a perda de peso são os primeiros sintomas da diabetes.

Como mencionado, um exame de sangue pode detectar altos níveis de glicose no sangue e na urina. Com a diabetes em estágio avançado, o cão ficará apático, sem apetite, com vômitos, desidratação, cataratas, fraqueza e pode até entrar em coma. Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento envolve a administração de insulina e uma dieta específica para esses casos. O veterinário será responsável por determinar, com base em medições periódicas, as quantidades de insulina a serem administradas por meio de injeções, pois a dose necessária pode variar para cada cão. Para melhorar a eficácia do tratamento, é recomendado controlar o peso do seu peludo, portanto, o controle da alimentação também é muito importante. Um calendário rigoroso de refeições e injeções deve ser seguido de forma estrita.

Glicose baixa em cães: hipoglicemia

Se os níveis normais de glicose em cães estão entre 88 e 120 mg/dL, qualquer valor abaixo de 88 é indicativo de hipoglicemia. Como mencionado anteriormente, cães com diabetes são tratados com injeções de insulina. Às vezes, uma dose elevada de insulina pode desequilibrá-los e causar hipoglicemia. Nesse caso, o cão pode parecer desorientado, sonolento, ter dificuldades ao andar, ter convulsões ou até entrar em coma. Em outras situações, a queda de glicose em cães pode ser consequência de um esforço excessivo, como o que um cão de caça ou corrida pode realizar, o que também pode resultar em um estado comatoso e até mesmo na morte.

Em filhotes, especialmente em raças muito pequenas, a hipoglicemia pode ocorrer muitas vezes devido ao estresse, como o causado por uma mudança de ambiente, mas também pode haver um problema subjacente, como uma infecção ou um shunt portossistêmico (veias anormais que impedem o fluxo de sangue do intestino para o fígado, onde as toxinas deveriam ser eliminadas). Os sintomas que esses cachorros apresentam são semelhantes aos que já descrevemos.

A hipoglicemia prolongada pode causar danos cerebrais. Existem outras causas de hipoglicemia, como o insulinoma, embora felizmente seja uma condição rara. Esse tipo de tumor produz insulina, resultando na redução da glicose no sangue em cães. Geralmente ocorre em cães mais velhos. A manifestação de qualquer um dos sintomas mencionados é motivo para ir ao veterinário. A administração de soro glicosado pode restaurar os níveis normais de glicose no sangue. Além disso, é importante identificar e resolver, na medida do possível, a causa da hipoglicemia.

Como medir glicemia em cães?

Se descobrirmos que nosso cão está apresentando sintomas compatíveis com a diabetes, devemos procurar nosso veterinário de referência para que ele confirme o diagnóstico. Para isso, os níveis de glicose no sangue são aferidos. Além de uma glicose elevada em relação aos níveis normais em cães, podem ser encontradas outras alterações nos resultados dos exames, dependendo da gravidade da doença. A medição da frutosamina também é importante, pois permite avaliar os níveis de glicose nas 2-3 semanas anteriores à coleta de sangue. Com o diagnóstico confirmado, se iniciará o tratamento com a insulina.

É comum que o veterinário realize o que é conhecido como curva de glicose em cães, que consiste na medição dos níveis de glicose várias vezes ao longo de um período de 12-24 horas. Com base nessas informações, a dose de insulina será ajustada, pois deve ser personalizada para cada indivíduo. Também é comum que o veterinário nos ensine a medir a glicose do nosso cão em casa, o que pode ser útil para o controle da doença e o ajuste da medicação. Para fazer isso, ele nos explicará como usar um glicosímetro em cães, o que envolve os seguintes passos:

  1. Para essa medição, precisamos de uma gota de sangue do nosso cão, que será retirada de sua orelha. É recomendável que a orelha esteja bem aquecida, pois isso facilitará a coleta da amostra;
  2. Devemos perfurar a parte interna da orelha, em uma área limpa e sem pelos. Para isso, podemos usar a agulha ou lanceta recomendada pelo veterinário;
  3. Isso gerará uma gota de sangue que deve ser colocada em uma tira reativa que acompanha o glicosímetro. Inserimos a tira nele;
  4. Usamos algodão ou uma gaze para pressionar o local da perfuração, para que a orelha pare de sangrar;
  5. O número correspondente à quantidade de glicose no sangue do nosso cão aparecerá no glicosímetro, e devemos anotá-lo para comunicar ao nosso veterinário;
  6. O veterinário será responsável por esclarecer qualquer dúvida que possamos ter sobre o uso do glicosímetro.

É importante destacar que nunca devemos usar o glicosímetro em cães para diagnosticar uma doença e medicar o animal por conta própria, pois podemos cometer erros e piorar seu estado. Essas ferramentas devem sempre ser usadas como uma medida de acompanhamento e controle aprovada pelo veterinário. Se o especialista determinar que nosso cão tem diabetes, será necessário ajustar sua alimentação, e para isso, podemos consultar o artigo sobre "O que cachorro com diabetes pode comer?".

Glicemia em cães - Quais os valores de referência - Como medir glicemia em cães?

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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