Problemas da pele

Escaras de decúbito em cachorros - Como tratar

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 28 fevereiro 2023
Escaras de decúbito em cachorros - Como tratar
Imagem: DobermanBlog
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A pele, o maior órgão dos vertebrados, é fundamental para a defesa e sobrevivência dos animais, podendo corresponder a 24% do peso corporal de um cão filhote e 12 % do peso corporal de um cão adulto, recobrindo a superfície do corpo e atuando como uma barreira seletiva entre este e o meio externo. A pele também age inibindo a entrada de microrganismos e toxinas, enquanto previne a perda de fluidos, eletrólitos e calor. A perda da integridade da pele pode resultar em um desequilíbrio fisiológico considerável e, finalmente, na incapacidade ou mesmo em morte do indivíduo.

Um tipo de ferida muito comum em cães que permanecem a maior parte do tempo deitados é a escara de decúbito, resultante de uma circulação sanguínea prejudicada devido à compressão causada pelo peso do corpo do animal sobre a pele. Geralmente ocorre em pontos de apoio, como os cotovelos e os calcanhares, podendo aparecer nas proeminências ósseas do quadril. O tratamento pode ser demorado e requer dedicação e persistência do tutor. Neste artigo, detalharemos o tratamento das escaras de decúbito em cachorros e daremos outras dicas que auxiliam na cicatrização dessas feridas. Se você se interessou pelo assunto, continue lendo!

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Índice
  1. O que são escaras de decúbito em cães?
  2. O que causa as escaras de decúbito?
  3. Como identificar as escaras de decúbito nos cães?
  4. Tratamento para escaras de decúbito nos cachorros
  5. Existe uma forma de curar as escaras rapidamente?
  6. Como prevenir as escaras de decúbito nos cães?

O que são escaras de decúbito em cães?

As feridas por pressão, também chamadas de escaras de decúbito, desenvolvem-se tipicamente em animais em decúbito prolongado (deitados) ou em cães de raça gigante, nas zonas de saliência óssea. Normalmente surgem associadas às regiões do cotovelo e calcanhar e podem se apresentar como feridas abertas ou higromas (coleção de líquidos no tecido subcutâneo).

O que causa as escaras de decúbito?

As úlceras de decúbito resultam da compressão prolongada da pele sobre proeminências ósseas e consequente diminuição da circulação sanguínea na região (isquemia dos tecidos). Essas lesões são naturalmente propensas a infecções, e no caso particular de úlceras profundas, podem atingir ossos e articulações. Animais muito magros e de raças gigantes tendem a desenvolver esse tipo de lesão, principalmente se estiverem doentes, passando grande parte do tempo deitados (cães paraplégicos, tetraplégicos, muito idosos e gravemente doentes).

Os higromas podem ser descritos como uma bolsa de fluido subcutâneo resultante de sucessivos traumas contusos da pele em superfícies rígidas e, por vezes, culminam em lesões ulceradas. Os cotovelos são os mais atingidos, devido ao impacto sofrido quando animais muito pesados se deitam rapidamente.

Como identificar as escaras de decúbito nos cães?

A escara de decúbito pode se iniciar como um calo de apoio. No início, a lesão pode parecer apenas uma perda de pelos, evoluindo para ressecamento e rachaduras na pele, evoluindo para uma ferida aberta. A perda da proteção realizada pela pele pode resultar em infecção, o que pode complicar o quadro do animal.

As lesões causam desconforto e dor ao cachorro, podendo sangrar quando em contato com superfícies mais abrasivas. A escara de decúbito é caracterizada por necrose tecidual, expondo o tecido subcutâneo, a musculatura e até mesmo o osso.

Na imagem a seguir, você pode observar um cachorro com calo.

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Imagem: mybrownnewfies.com

Tratamento para escaras de decúbito nos cachorros

Você já viu que as feridas podem resultar da ação de fatores extrínsecos, como as incisões cirúrgicas e as lesões acidentais, ou por fatores intrínsecos, como aquelas produzidas por infecção e as úlceras crônicas, causadas por alterações vasculares, defeitos metabólicos e neoplasias. Os tratamentos das feridas são conhecidos desde a antiguidade, como é relatado no papiro cirúrgico de Edwin Smith, que constitui o mais antigo documento cirúrgico conhecido. Este documento, datado de 1.700 a. C., descreve o tratamento que cirurgiões egípcios aplicavam em feridas e demonstra que, mesmo com vários anos de experiência com antibióticos, o princípio cirúrgico básico não foi alterado: as feridas contaminadas devem ser tratadas abertas[1].

Destacamos que o tratamento das escaras de decúbito em cachorros requer dedicação e persistência dos tutores:

  1. De início, deve-se providenciar um colchão ou algo similar, que permita que o animal fique deitado de forma confortável.
  2. Cães que não conseguem se movimentar, devem ser trocados de posição a cada 2 horas, podendo ser utilizado colchão com água.
  3. As feridas devem ser limpas todos os dias, e dependendo da gravidade, mais de uma vez por dia.
  4. Feridas infeccionadas devem ser lavadas com solução fisiológica, usando uma gaze para retirar tecidos necrosados, restos de sangue coagulado e secreções.
  5. O uso de clorexidina auxilia na limpeza e antissepsia da região.
  6. Após a higienização, deve ser utilizada uma pomada ou spray com antibiótico.
  7. Em alguns casos, pode ser necessário fazer um curativo fechado com várias camadas de gaze, para acolchoar a região e evitar atritos e impactos com objetos.
Escaras de decúbito em cachorros - Como tratar - Tratamento para escaras de decúbito nos cachorros
Imagem: familiavieirachow

Existe uma forma de curar as escaras rapidamente?

Infelizmente, não existe uma fórmula mágica para curar a escara de decúbito em cachorros rapidamente. O tratamento requer cuidados diários, como limpeza, curativos, massagens e mudar o animal de posição de forma frequente.

Algumas feridas precisarão ser debridadas, necessitando de sedação ou anestesia geral, para que não cause dor ao animal. Todo o tecido necrosado deverá ser retirado, deixando a região limpa e pronta para a cicatrização.

Como prevenir as escaras de decúbito nos cães?

Em cães sadios, que possuem apenas calos de apoio, deve ser providenciado um local acolchoado para o pet dormir, além de hidratação das regiões ressecadas. Pode ser utilizado óleo mineral, pomadas para assadura (Bepantol) e até hidratantes corporais. O importante é deixar a pele bem hidratada. Mas cuidado! Não adianta hidratar o calo de apoio e manter o animal em um piso áspero, como o chão de cimento! O ideal é que o pet fique parte do dia em locais com o piso mais liso ou com grama.

Os animais “acamados”, que não conseguem se movimentar ou mudar de posição, devem ficar deitados em colchões macios, que não permitam uma compressão dos locais feridos com o chão. Além disso, é de grande valia a massagem nesses animais, estimulando a circulação sanguínea nas regiões que sofrem mais compressão. Os cães devem ser mudados de posição a cada 2 horas, permitindo que o corpo descanse e que a circulação da pele seja realizada de forma regular.

Agora que você já sabe tudo sobre as escaras de decúbito em cachorro, neste outro artigo falamos sobre os principais cuidados em cirurgias de cachorros e gatos.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Simas, S.M. O tratamento de feridas cutâneas em cães e gatos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39023/000793034.pdf?sequence=1. Acesso em 17/02/2023.
Bibliografia
  • Lopes, M.A.I. Abordagem e maneio médico-cirúrgico de feridas abertas em cães e gatos: caracterização etiológica e estudo de padrões traumáticos. Universidade de Lisboa, 2016. Disponível em https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/11555/1/Abordagem%20e%20Maneio%20M%C3%A9dico-Cir%C3%BArgico%20de%20Feridas%20Abertas%20em%20C%C3%A3es%20e%20Gatos_Caracteriza%C3%A7%C3%A3o%20Etiol%C3%B3gica%20e%20Estudo%20de%20Padr%C3%B5es%20Traum%C3%A1ticos.pdf. Acesso em 17/02/2023.
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