Doenças hereditárias

Cachorro pode cruzar com a filha?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 9 julho 2025
Cachorro pode cruzar com a filha?
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O cruzamento entre indivíduos com alto grau de parentesco, geneticamente semelhantes, chama-se endogamia ou consanguinidade. As malformações congênitas podem ter origem hereditária, em fatores ambientais, infecciosos e/ou nutricionais. O cruzamento consanguíneo, ou seja, entre indivíduos aparentados, acontece com relativa frequência em criatórios de cães de raças puras, onde os responsáveis pelos cruzamentos desconhecem, ou mesmo ignoram, os possíveis problemas relacionados a esse tipo de reprodução.

Nos cruzamentos entre cachorros, deve ser considerado o grau de parentesco entre eles, pois doenças recessivas que não se manifestaram nos pais podem aparecer nos filhotes, caso haja um grau de parentesco muito próximo entre eles. Ao se adquirir um cachorro de raça pura, é aconselhável que o histórico do canil e da linhagem do animal seja avaliado, para que sejam evitados os cruzamentos entre parentes. E para detalhar mais o assunto, o PeritoAnimal escreveu este artigo explicando várias curiosidades sobre o cruzamento de cachorros aparentados. Descubra se cachorro pode cruzar com a filha.

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Índice
  1. Existe algum problema se o cachorro cruzar com a filha dele?
  2. Possíveis problemas do cruze de cachorros pai e filha
  3. Cachorro pode cruzar com irmão?

Existe algum problema se o cachorro cruzar com a filha dele?

Sim! O cachorro não pode cruzar com a filha porque isso caracteriza um cruzamento consanguíneo e pode resultar em malformações nos fetos. Alguns defeitos podem ser fatais, semi-fatais ou causarem alterações somente estéticas, compatíveis com a vida, não afetando os animais. Quanto mais distante for o parentesco, ou se não houver nenhum parentesco entre o casal de cachorros, mais seguros estarão os fetos de nascerem livres de deformidades.

Podemos pensar no seguinte: no caso de cães sem raça definida, nosso tão amado “vira-lata”, geralmente os cruzamentos não são entre familiares, pois quando estão na rua, vence o macho mais forte, que consegue afastar os demais e cruzar com a fêmea no cio. Dessa forma, ocorrem os fenômenos chamados seleção natural e vigor híbrido, onde há um aumento da qualidade biológica dos filhotes mestiços, afastando doenças recessivas. Não podemos dizer que não exista nenhuma chance de acontecer uma doença não manifestada nos pais, ou seja, recessiva, e que venha a aparecer nos filhotes, mas os riscos quando os pais não são aparentados é muito menor.

Um acontecimento muito comum em criatórios de cães de raça é o criador colocar cães com alguma característica desejável para cruzarem dentro da mesma família. Por exemplo, dois cães produzem uma ninhada e dentro dela temos um cãozinho muito pequeno, menor que o normal para a raça. Para ter cachorros pequenos, o que pode ser atrativo para os compradores, o proprietário do canil coloca esse filhote menor para cruzar com alguma irmã ou mesmo a mãe, gerando ninhadas com deformidades devido à consanguinidade.

Possíveis problemas do cruze de cachorros pai e filha

Várias malformações podem acontecer nos fetos resultantes do cruzamento entre pai e filha. Dentre as anomalias mais frequentes nos animais domésticos está o lábio leporino, podendo ser uni ou bilateral, que gera a falta de continuidade nos processos nasais medial e maxilar. Esta deformidade pode ser concomitante com a fenda palatina, ou palatosquise, defeito longitudinal de extensão variável que afeta osso e mucosas da linha média do palato duro. Cães de raças braquicefálicas (bulldog francês, pug, boston terrier, pequinês, boxer, bulldog inglês e shih tzu) estão sob maior ameaça que outras raças.

Outra deformidade, sendo menos comum, porém altamente relevante, é a hidropisia fetal, caracterizada por edema cutâneo generalizado, com acúmulo anormal de líquido em todos os tecidos fetais, também apresenta causa de anormalidade cromossomal consequente da consanguinidade.

A hidrocefalia também pode acontecer nos filhotes de pais aparentados, que se caracteriza pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano no cérebro. O filhote nasce com a cabeça maior do que o normal, podendo não sobreviver.

Cachorro pode cruzar com irmão?

Não é aconselhável que o cachorro ou a cadela copule com seu irmão ou irmã. Quanto mais próximo o parentesco, maior o nível de consanguinidade, aumentando os riscos de malformação. O cruzamento entre parentes aumenta a chance de doenças recessivas comuns da raça aparecerem, ou seja, uma doença que estava sem qualquer manifestação nos pais, por ser recessiva, pode aparecer na ninhada.

Sempre que você for adquirir um filhote, pesquise a sua árvore genealógica. Tente descobrir se existem cruzamentos entre parentes e qual o grau de proximidade desse parentesco. Cachorros com pedigree podem ser avaliados quanto a isso de forma mais fácil, pois neste documento constam os nomes dos pais e dos avós. Quanto mais distante for o parentesco, menores as chances de aparecerem doenças recessivas.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Holanda, L.B. Alterações congênitas em filhotes da raça pug decorrentes de acasalamento consaguíneo: relato de caso. Pubvet, Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em http://ojs.pubvet.com.br/index.php/revista/article/view/228. Acesso em 27 de junho de 2025.
  • Maciel, C.B, Stahlberg, R. Incidência de malformações em cães neonatos provenientes de canis de Belo Horizonte e região metropolitana – Minas Gerais, Brasil. Rev. Bras. Reprod. Anim., v.47, n. 1, p.32-41, 2023. Disponível em https://www.cbra.org.br/portal/downloads/publicacoes/rbra/v47/n1/RB1031%20Maciel%20p.32-41.pdf. Acesso em 30 de junho de 2025.
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