Medicamentos

Acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais

 
Marta Sarasúa
Por Marta Sarasúa, Etóloga e auxiliar veterinária. 6 agosto 2025
Acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais
Cachorros

Ver fichas de  Cachorros

A acetilcisteína é um medicamento muito conhecido e receitado na medicina humana, pois ajuda a eliminar o excesso de mucosidade. Mas será que pode ser usada em cães? A verdade é que não existe acetilcisteína de uso veterinário, pois este é um produto formulado exclusivamente para pessoas e, portanto, não é comercializado para administração em canídeos ou qualquer outro animal de companhia. No entanto, seu princípio ativo, a acetilcisteína, sim, é receitado para cães que sofrem de diferentes tipos de alterações fisiopatológicas. Neste artigo do PeritoAnimal, contamos quais são seus principais usos, as doses que devem ser administradas de acordo com cada caso e seus principais efeitos colaterais. Continue lendo e descubra tudo sobre acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais.

Índice
  1. O que é acetilcisteína?
  2. Posso dar acetilcisteína ao meu cão?
  3. Para que serve acetilcisteína em cães?
  4. Posologia de acetilcisteína para cães
  5. Efeitos colaterais da acetilcisteína em cães
  6. Contraindicações da acetilcisteína para cães
  7. Alternativas à acetilcisteína para cães

O que é acetilcisteína?

A acetilcisteína é um medicamento com ação mucolítica frequentemente utilizado na medicina humana para dissolver e eliminar o excesso de muco produzido em certas patologias respiratórias, como bronquite ou sinusite, entre outras. A acetilcisteína é o princípio ativo em si, que também tem ação antioxidante e serve como antídoto em casos de intoxicação por overdose de paracetamol.

Suas vias de administração são variadas (comprimidos efervescentes, xarope, sachês, solução oral ou solução injetável), embora, como veremos adiante, nem todas possam ser usadas na medicina veterinária.

Posso dar acetilcisteína ao meu cão?

A acetilcisteína é um medicamento formulado e comercializado exclusivamente para uso humano, portanto, não existe uma versão veterinária. No entanto, pode ser administrado a cães em certas circunstâncias, de modo que um veterinário pode receitar ao seu pet o uso pontual de acetilcisteína ou, preferencialmente, outro medicamento veterinário que também contenha acetilcisteína como princípio ativo.

É importante não automedicar seu cão com acetilcisteína sem supervisão profissional, pois a dose e a forma de administração devem ser ajustadas cuidadosamente ao tamanho e peso do animal, além de variarem conforme a patologia em questão. Uma administração inadequada ou uma overdose pode ser extremamente grave para o cão.

Para que serve acetilcisteína em cães?

A acetilcisteína é utilizada em cães como fármaco mucolítico com o objetivo de fluidificar o muco espesso gerado em certas afecções respiratórias, como broncopneumonias, bronquite crônica ou traqueobronquite infecciosa, mais conhecida como "tosse de canil".

Outros usos menos frequentes da acetilcisteína incluem sua função como antídoto para intoxicações por paracetamol ou fenol (derivado do alcatrão), e como tratamento auxiliar para úlceras de córnea, aplicado na forma de colírio. Por fim, também há registros de uso pontual da acetilcisteína no tratamento da mielopatia degenerativa canina. Embora esta aplicação não seja tão difundida, continua sendo objeto de estudos.

Acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais - Para que serve acetilcisteína em cães?

Posologia de acetilcisteína para cães

A posologia da acetilcisteína para uso em cães varia conforme o peso do animal e o objetivo do tratamento, devendo ser sempre determinada por um veterinário. Como a acetilcisteína é um medicamento de uso humano, as doses recomendadas em sua bula são calculadas para pessoas, não podendo ser aplicadas diretamente em cães.

As doses de acetilcisteína para cães precisam ser recalculadas com precisão por um profissional. Embora possam variar conforme cada caso, os manuais veterinários trazem as seguintes recomendações:

  • Em casos de intoxicação por paracetamol ou fenol, podem ser usadas inicialmente doses altas de ataque (até 140 mg/kg) por via intravenosa, reduzindo-se depois para 70 mg/kg administrados por via oral a cada 6 horas. Este esquema pode variar conforme a gravidade da intoxicação;
  • Para uso mucolítico em afecções respiratórias, recomenda-se a administração de acetilcisteína por nebulização, diluindo-se doses baixas do medicamento em soro fisiológico para inalação pelo cão. O veterinário determinará o tempo de inalação e a forma de administração;
  • No tratamento da mielopatia degenerativa, recomenda-se uma dose de 25 mg/kg por via oral a cada 8 horas durante 15 dias, com posterior redução progressiva da dose;
  • Para úlceras de córnea, pode-se usar acetilcisteína em colírio por via oftálmica, aplicando-se duas gotas diretamente no olho afetado, de três a quatro vezes ao dia.

Efeitos colaterais da acetilcisteína em cães

Raramente foram descritos efeitos adversos quando a acetilcisteína é usada como mucolítico (que, sem dúvida, é o uso mais comum quando se prescreve acetilcisteína), mas é verdade que este fármaco tem certo efeito broncoconstritor, por isso em alguns casos recomenda-se administrá-lo somente após o uso prévio de um broncodilatador, para evitar colapsos e complicações similares.

Em administrações orais, podem ocorrer náuseas, vômitos ou diarreia, que geralmente desaparecem por si só após a primeira dose. Se estes sintomas piorarem ou persistirem, o tratamento deve ser interrompido e o veterinário deve avaliar a possibilidade de ajustar a posologia ou prescrever um fármaco diferente.

Por outro lado, a administração de acetilcisteína por via oftálmica pode causar certa irritação e inflamação ocular, embora seja um efeito leve e pouco frequente.

Contraindicações da acetilcisteína para cães

A acetilcisteína não deve ser administrada a cães com hipersensibilidade conhecida a este princípio ativo, pois podem sofrer uma reação anafilática grave que coloque sua vida em risco. Da mesma forma, deve-se considerar que a acetilcisteína é um broncoconstritor, portanto seu uso está contraindicado em animais com doenças broncoespásticas graves, especialmente se for administrado por nebulização.

Embora, em regra, a acetilcisteína seja um fármaco seguro quando administrado em doses adequadas, é essencial seguir as recomendações do veterinário e agir exclusivamente com base nas orientações por ele estabelecidas.

Alternativas à acetilcisteína para cães

Para tratar o excesso de muco e promover sua expectoração, existem outros princípios ativos usados com mais frequência em veterinária que poderiam substituir a acetilcisteína presente no medicamento. Alguns destes fármacos são a bromexina e o ambroxol, ambos com efeito mucolítico e adequados para administração em cães.

Outras alternativas naturais, porém menos eficazes, que podem melhorar a expectoração do muco são tratamentos com nebulizações de soro fisiológico ou água, a administração de suplementos aprovados pelo veterinário (equinácea, menta, babosa, tomilho...) ou a modificação ambiental para evitar presença de fumaça, poeira ou aerossóis no entorno do animal.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se pretende ler mais artigos parecidos a Acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais, recomendamos que entre na nossa categoria de Medicamentos.

Bibliografia
  • Acetilcisteína. (s/f). Admivet.cl. Recuperado el 16 de junio de 2025, de https://www.admivet.cl/vademecum/v_principios_activos_detalle.php?id=68
  • (S/f). Aemps.es. Recuperado el 16 de junio de 2025, de https://cimavet.aemps.es/cimavet/pdfs/es/ft/4028+ESP/FT_4028+ESP.pdf
  • Dowling, P. M. (2022, enero 12). Expectorantes y fármacos mucolíticos en animales. Manual de veterinaria de MSD. Disponible en: https://www.msdvetmanual.com/es/farmacolog%C3%ADa/farmacoterapia-sist%C3%A9mica-del-aparato-respiratorio/expectorantes-y-f%C3%A1rmacos-mucol%C3%ADticos-en-animales
Artigos relacionados
Escrever comentário
Adicione uma imagen
Clique para adicionar uma foto relacionada com o comentário
O que lhe pareceu o artigo?
1 de 2
Acetilcisteína para cachorro: doses, usos e efeitos colaterais