Posso dar anticoncepcional para minha cachorra?

Na tentativa de evitar que as cadelas reproduzam, é comum que os tutores façam uso de métodos contraceptivos, injetáveis ou orais, gerando uma situação preocupante na saúde dessas fêmeas. Os inibidores de cio são compostos à base de hormônios, podendo causar doenças reprodutivas nos animais.

O uso indiscriminado de anticoncepcionais em cadelas ocorre devido à facilidade de aquisição, pois são vendidos sem restrição, a baixo custo e os tutores desconhecem os efeitos colaterais. Esses medicamentos são progesteronas sintéticas, que não podem ser usados em fêmeas pré-púberes, obesas, diabéticas e com patologias do trato reprodutivo ou das glândulas mamárias. O uso de progestágenos, dentre os quais se destacam o megestrol, a medroxiprogesterona e a proligestona, é o recurso mais utilizado dentre os métodos farmacológicos para o controle reprodutivo de cadelas.

Vários efeitos adversos foram relatados com o uso prolongado de progestágenos, como a ocorrência de neoplasias mamárias, letargia e diabetes mellitus.

O uso indiscriminado de anticoncepcionais em cachorras pode ocasionar sérios distúrbios reprodutivos, como:

• Surgimento de piometra (infecção no útero)
• Hiperplasia endometrial cística
• Hiperplasia das glândulas mamárias
• Neoplasias mamárias
• Aumento de peso e da glicemia
• Diabetes mellitus
• Supressão do funcionamento da glângula adrenal
• E também pode ocasionar a morte do feto se usado no período de gestação, por insuficiente relaxamento da cérvix (colo do útero).

Podem ocorrer, ainda, outros sinais como a masculinização de fêmeas, incontinência urinária, infertilidade, acromegalia (crescimento anormal das extremidades do corpo), alterações comportamentais, disfunções hepáticas, alterações na medula óssea, anemia, polidipsia (beber muita água), poliúria (produzir muita urina), taquipneia (respiração acelerada), fechamento ósseo prematuro, salivação, vômito, diarreia, letargia, hipotermia, entre outros.

No caso das neoplasias mamárias, estudos confirmam que essa patologia é dependente de hormônios, pois o risco do desenvolvimento de tumores em fêmeas castradas antes do primeiro cio é de 0,05%, passando para 8% após o primeiro cio e 26% a partir do terceiro cio. Percebe-se então, que a castração se torna um fator protetivo para a fêmea e quanto mais cedo for realizada (antes do primeiro cio), melhor será essa proteção.

Outra complicação comum em decorrência do uso de contraceptivos farmacológicos em cadelas é a piometra, caracterizada por um processo inflamatório de origem endócrino-hormonal, simultaneamente à evolução de infecções bacterianas, formando um severo quadro com o acúmulo de exsudato muco-purulento ou purulento nas cavidades e no lúmen do útero e do trato genital tubular. A flora vaginal é a fonte de contaminação bacteriana, que atinge o útero pela via ascendente. O útero, sob forte efeito da progesterona, inibe a resposta leucocitária normal à infecção, ficando fortemente vulnerável.

O agente causador principal da piometra é a bactéria Escherichia coli, produtora de um quadro clínico extremamente grave. A cadela com suspeita dessa doença deve ser levada com urgência ao veterinário para início do tratamento, que geralmente inclui a castração.

Infelizmente não existe remédio caseiro para a cadela não engravidar e nem deixar de ter cio. As únicas formas de impedir a reprodução são: isolamento da fêmea até o final do ciclo estral (cio), esterilização cirúrgica ou uso de anticoncepcionais.

Caso o tutor queira utilizar sua cadela na reprodução, ou mesmo queira somente ter mais um filhote, o ideal é que evite o contato da fêmea com machos durante o cio e não utilize tratamentos hormonais.

É necessário ter consciência de que adotar um animal trata-se de um compromisso para um longo período – 10 anos ou mais, onde a posse responsável se faz necessária. Afinal, a história do homem e sua relação com os animais é longa e complexa. O convívio do ser humano com cães e gatos, um fenômeno mundial, configura-se como um dos mais estreitos e intensos vínculos entre espécies. Esses animais são mantidos nas residências ou em outros ambientes urbanos ou rurais, e estimulam o desenvolvimento de atitudes, hábitos e valores culturais das famílias e/ou dos indivíduos, devido à possibilidade de proporcionar maior interação aos conhecimentos particularizados e a uma complementação de interesses afetivos e psicológicos com as pessoas.

Portanto, os interessados em conviver com cães e gatos devem assumir o compromisso de desenvolver hábitos de promoção e preservação da saúde, do bem-estar animal e do meio ambiente. Esse compromisso pode parecer simples quando pensamos apenas em alimentação, passeios e ensinamentos básicos para uma boa convivência em grupos, mas essa postura deve incluir o controle da reprodução e prevenção de doenças.

Agora que você já sabe se é possível dar anticoncepcional para uma cachorra e diversas consequências negativas disso, não perca este outro artigo no qual falamos sobre as doenças mais comuns nos cães.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Posso dar anticoncepcional para minha cachorra?, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Cio.