Doenças parasitárias

Parasitas de cachorros - Tipos, sintomas e tratamentos

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 30 setembro 2022
Parasitas de cachorros - Tipos, sintomas e tratamentos
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Os parasitas são organismos capazes de colonizar um hóspede e se alimentar às custas dele. No caso específico dos cachorros, são vários os agentes parasitários capazes de causar doenças. Os sintomas associados à presença de parasitas nos cachorros variam muito e dependem fundamentalmente dos órgãos e tecidos afetados.

Se quiser saber mais sobre os parasitas de cachorros, não perca o seguinte artigo do PeritoAnimal, no qual falaremos sobre os tipos, sintomas e tratamentos das infecções parasitárias na espécie canina.

Índice

  1. Tipos de parasitas de cachorros
  2. Qual a diferença entre infecção e infestação?
  3. Sintomas de parasitas em cachorros
  4. Como é o contágio de parasitas em cachorros?
  5. Os parasitas de cachorros contagiam os humanos?
  6. Como detectar parasitas em cachorros?
  7. Como eliminar os parasitas de cachorros? - Tratamento
  8. Como evitar os parasitas de cachorros?

Tipos de parasitas de cachorros

Existe uma grande variedade de parasitas capazes de infectar ou infestar os cachorros. A classificação desses agentes parasitários pode ser feita com base em numerosos critérios, embora seja mais comum classificá-los em dois grupos, a depender da localização que eles ocupam no hospedeiro:

  • Ectoparasitas ou parasitas externos: ficam fora do corpo, ou seja, na pele ou no pelo dos cachorros.
  • Endoparasitas ou parasitas internos: ficam dentro do corpo, parasitando tanto as cavidades corporais quanto os diferentes órgãos e tecidos.

A seguir, vamos falar com mais profundidade sobre os ectoparasitas e endoparasitas mais comuns da espécie canina.

Tipos de parasitas externos dos cachorros

Os ectoparasitas englobam uma grande variedade de artrópodes parasitas, que pertencem à:

  • Subclasse Acari: dentro desta subclasse, são incluídos os carrapatos e os ácaros.
  • Classe Insecta: dentro desta classe, são incluídos as pulgas, piolhos, flebótomos, mosquitos e moscas.

A relevância dos ectoparasitas nos cachorros se fundamenta nos seguintes pontos:

  • Causam lesões cutâneas.
  • Podem causar uma resposta imunológica patológica, como acontece com a dermatite alérgica por picada de pulgas.
  • Podem atuar como vetores de diferentes doenças, já que são capazes de transmitir outros agentes patogênicos quando picam ou mordem seu hospedeiro.
  • Podem ser zoonóticos, ou seja, podem ser transmitidos às pessoas.

Tipos de parasitas internos dos cachorros

Os endoparasitas que afetam os cachorros podem ser classificados em dois grandes grupos:

  • Protozoários: são organismos unicelulares microscópicos. Este grupo inclui os flagelados (como Giardia) e os coccídeos (como Cystoisospora, Cryptosporidium, Neospora, Hammondia, Sarcocystis e Babesia).
  • Helmintos: são organismos pluricelulares que, em geral, podem ser observados a olho nu em sua fase adulta.

Dentro dos helmintos, existem dois grupos bem diferenciados:

  • Vermes cilíndricos: conhecidos como nematoides (como Toxocara, Toxascaris, Ancylostoma, Uncinaria, Strongyloides, Trichuris, Dirofilaria e Thelazia).
  • Vermes achatados: inclui os cestoides (como Taenia e Echinococcus) e os trematódeos (como Opistorchis, Alaria alata e Paragonimus). Atualmente, as doenças causadas por trematódeos são pouquíssimo frequentes nos cachorros.

Da mesma forma, os parasitas internos têm relevância devido ao fato de:

  • Poderem causar diferentes doenças, dependendo do órgão ou dos órgãos que afetarem.
  • Podem induzir uma resposta imunológica patológica, como em alguns casos de dirofilariose.
  • Podem ser zoonóticos, ou seja, podem ser transmitidos às pessoas.

Qual a diferença entre infecção e infestação?

Agora que conhecemos os diferentes tipos de parasitas de cachorros, convém esclarecer quando se deve dizer "infecção" e quando "infestação".

Apesar de existirem opiniões diferentes, os critérios geralmente mais usados são:

  • Chamar de "infecção" os parasitas internos e de "infestação" os parasitas externos.
  • Ou então, chamar de "infecção" apenas os parasitas microscópicos (ou seja, os protozoários), e de "infestação" todos os outros.

Sintomas de parasitas em cachorros

Como saber se um cachorro tem parasitas? Cada espécie de parasita tem um ciclo biológico diferente, que implica na infecção de órgãos diferentes, e, em alguns casos, a migração por diversos tecidos corporais. Por isso, as doenças parasitárias podem vir acompanhadas de sinais clínicos muito diversos, dependendo dos tecidos corporais que estiverem afetados.

Para detectar uma doença parasitária, é fundamental conhecer os sintomas de um cachorro com parasitas. Os sinais clínicos mais comuns que podem ser observados em cachorros parasitados são:

  • Sinais digestivos: diarreia, vômitos, anorexia, timpanismo (acúmulo de gases no intestino), etc.
  • Sinais cardiorrespiratórios: tosse, dispneia, fadiga, intolerância ao exercício.
  • Sinais dermatológicos: coceira, alopecia, descamação, eritema (vermelhidão), pápulas, pústulas, crostas, etc.
  • Perda de peso ou atraso no crescimento.
  • Desidratação.
  • Anemia.
  • Febre.
  • Alterações neurológicas.

Sobre este ponto, é importante mencionar que nem todas as infecções parasitárias vêm acompanhadas de sintomatologia, e portanto os cachorros também podem ficar assintomáticos em algumas ocasiões. É o caso, por exemplo, da giardíase, em que os adultos podem se tornar portadores assintomáticos, sendo uma possível fonte de infecção para os animais mais jovens.

Como é o contágio de parasitas em cachorros?

As vias de transmissão dos parasitas aos cachorros podem ser classificadas em dois grandes grupos:

  • Transmissão direta: por contato direto entre os animais infectados, por via oro-fecal (quando as fezes de animais infectados contaminam o ambiente e a água), por ingestão de tecidos infectados (principalmente os que vêm de ruminantes e de roedores), por via lactogênica ou transplacentária.
  • Transmissão indireta: por meio de vetores, como carrapatos, flebótomos e mosquitos.

Para que uma infecção parasitária seja causada, é indispensável que os cachorros entrem em contato com a forma infecciosa de um parasita. Além disso, existe uma série de fatores de predisposição, que favorecem o surgimento de uma infecção parasitária. Alguns dos fatores de risco mais importantes da espécie canina são:

  • Idade: os animais jovens estão mais predispostos a sofrer de parasitoses devido a sua imaturidade imunológica.
  • Deficiências higiênico-sanitárias: os ambientes com excesso de umidade e com problemas de limpeza e de ventilação favorecem a sobrevivência dos parasitas nesse meio.
  • Superlotação: as coletividades (refúgios, residências, canis, criadouros, matilhas, etc) mal geridas e com pouco controle sanitário favorecem a transmissão desse tipo de doenças.
  • Estresse e desnutrição: ambos os fatores causam imunodepressão, o que torna os cachorros desnutridos ou submetidos continuamente a um ambiente estressante mais predispostos a sofrer de infecções parasitárias.
  • Hábitos de caça: a carne e as vísceras, principalmente de ruminantes e de roedores, podem ser uma fonte de infecção para os cães de caça ou com instinto de caça.
  • Animais de granja: os cães pastores são mais predispostos a sofrer dessas infecções por conta do possível contato com pastos contaminados pelo gado.
  • Consumo de carne crua: as dietas baseadas no consumo de carne e vísceras cruas implicam diversos riscos para a saúde, dentre os quais está a transmissão de doenças parasitárias.

Os parasitas de cachorros contagiam os humanos?

Como já comentamos, existem alguns parasitas capazes de serem transmitidos dos cachorros às pessoas. Alguns exemplos são Giardia, Cryptosporidium, Echinococcus, Toxocara (causa larva migrans) e Leishmania.

As zoonoses parasitárias podem afetar qualquer pessoa, embora existam determinados grupos populacionais especialmente sensíveis, como:

  • Crianças.
  • Pessoas imunodeprimidas.
  • Cuidadores de cães.
  • Pessoas cuja atividade laboral se dá com cachorros.

Para prevenir essas zoonoses parasitárias, é fundamental conhecer como os parasitas são transmitidos dos cachorros às pessoas. O contágio costuma ocorrer:

  • Por contato direto com animais parasitados.
  • Por consumo de água ou de alimentos contaminados a partir de animais infectados (via oro-fecal).
  • Por via vetorial: um vetor (como um carrapato ou um mosquito) pode transmitir a infecção de um cachorro parasitado a uma pessoa suscetível.

Como detectar parasitas em cachorros?

Com base na sintomatologia e na situação epidemiológica de cada animal, é possível estabelecer uma lista de diagnósticos diferentes. Sendo assim, para se alcançar o diagnóstico etiológico definitivo, é necessário realizar análises complementares:

  • Raspagens cutâneas e tricogramas: para o diagnóstico de parasitoses externas.
  • Análise coprológica: são usados esfregaços, ténicas de flotação ou de sedimentação, que permitem detectar as formas parasitárias nas fezes dos cachorros.
  • Outros exames laboratoriais: como imunodiagnóstico (ELISA, imunofluorescência, etc.) e diagnóstico molecular (PCR).

Como eliminar os parasitas de cachorros? - Tratamento

Seguindo a lógica, as doenças parasitárias em cachorros devem ser tratadas com medicamentos antiparasitários. O tratamento terapêutico sempre deve ser pautado por um profissional veterinário, dependendo da espécie parasitária responsável pela infecção. Atualmente, existe uma ampla variedade de medicamentos para os parasitas de cachorros, os quais podem ser administrados por diferentes vias (via oral, parenteral, tópica, ótica, oftálmica, etc.).

O tratamento etiológico pode ser complementado com uma terapia de suporte quando for necessário, com o objetivo de aliviar os sintomas e evitar complicações. Essa terapia de suporte pode incluir:

  • Fluidoterapia.
  • Manejo dietético.
  • Transfusões.
  • Medicamentos anti-inflamatórios, etc.

Além disso, é importante mencionar que algumas parasitoses favorecem o aparecimento de infecções bacterianas secundárias, como a ancilostomíase ou a demodicose. Nesses casos, é importante instaurar um tratamento antibiótico complementar.

Como evitar os parasitas de cachorros?

Falamos anteriormente sobre o tratamento terapêutico (ou seja, curativo) para as infecções parasitárias. Contudo, os medicamentos antiparasitários também podem ser usados como tratamento profilático ou preventivo. Cabe mencionar que o tratamento profilático contra parasitoses caninas pode variar, dependendo da situação epidemiológica da região em que o animal vive, e dos riscos de cada indivíduo (por exemplo, riscos associados à caça ou à dieta à base de carne crua). Por isso, a desparasitação profilática dos cachorros deve ser adaptada para cada animal, e sempre deve ser pautada por um profissional veterinário.

De maneira geral, a prevenção dos parasitas em cachorros deve incluir:

  • Proteção contra parasitas externos: mediante o uso de coleiras antiparasitárias, pipetas, antiparasitação no banho, sprays, etc.
  • Proteção contra parasitas internos: mediante medicamentos administrados geralmente por via oral. Existem alguns medicamentos de administração oral que são eficazes na prevenção tanto de parasitas internos quanto externos.

Não perca este outro artigo, no qual detalhamos Como vermifugar um cachorro. Além da profilaxia farmacológica, é importante prevenir infecções parasitárias através de uma correta gestão do ambiente e dos hábitos dos cachorros:

  • Manter o ambiente dos cachorros limpo e seco.
  • Sempre fornecer água potável.
  • Fornecer alimentos seguros: cozidos ou previamente congelados (a -20ºC, por pelo menos 4 dias).
  • Evitar hábitos de caça e contato com animais mortos.

Agora que você sabe os tipos de parasitas de cachorros, como tratá-los e como preveni-los, instaure um calendário de desparasitação adequado e mantenha o seu cachorro livre deles. E não perca o vídeo a seguir em que apresentamos quatro remédios caseiros para acabar com os carrapatos nos cães:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Parasitas de cachorros - Tipos, sintomas e tratamentos, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças parasitárias.

Bibliografia
  • Consejo Europeo para el Control de las Parasitosis de los Animales de Compañía. (2013). Control de protozoos intestinales en perros y gatos. Guía ESCCAP nº6. Disponível em: https://www.esccap.es/wp-content/uploads/2016/06/guia6_2015_G6_1-ed.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2022.
  • Consejo Europeo para el Control de las Parasitosis de los Animales de Compañía. (2018) Control de ectoparásitos en perros y gatos. Guía ESCAAP nº3, Segunda edición. Disponível em: https://www.esccap.es/wp-content/uploads/2018/05/guia3_2018.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2022.
  • Consejo Europeo para el Control de las Parasitosis de los Animales de Compañía. (2021). Control de vermes en perros y gatos. ESCCAP, Guía nº 01, Sexta edición. Disponível em: <ttps://www.esccap.es/wp-content/uploads/2022/03/ESCCAP-1-6ed.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2022.

 

 

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