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Meu gato arrancou os pontos - O que fazer?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 17 julho 2024
Meu gato arrancou os pontos - O que fazer?
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Sempre que uma cirurgia é realizada no gato, vários desconfortos acontecem no pós-operatório. O incômodo dos pontos é um deles e o mais frequente. A reação da pele à agressão do corte cirúrgico, as pontas dos fios de sutura encostando na pele, além da coceira característica da cicatrização fazem com que o bichano fique altamente reativo e comece a lamber os pontos, na intenção de se livrar do incômodo. E qual a consequência disso? Retirada antecipada dos pontos pelo próprio gato, fazendo com que a ferida, ainda não cicatrizada, abra e precise de um tempo muito maior para fechar.

Existem alguns procedimentos que podem evitar que o gato mexa nos pontos, mas sempre é bom garantir que ele não esteja querendo mexer porque está sentindo dor. Os animais não entendem o que é e o que causa a dor e ficam então tentando arrancar os pontos, achando que eles são os responsáveis pelo desconforto. Mas não fique preocupado! O PeritoAnimal vai te ajudar a controlar o bichano e te dizer o que fazer se seu gato arrancou os pontos! Mas para isso, não deixe de ler este artigo até o final! Boa leitura!

Índice
  1. O que fazer quando o gato arranca os pontos?
  2. Por que é pergigoso que o gato arranque os pontos?
  3. Quanto tempo demora para cicatrizar pontos em gatos?
  4. Cuidados com gatos após cirurgia

O que fazer quando o gato arranca os pontos?

A primeira atitude a ser tomada nesses casos é evitar que o gato continue mexendo na ferida. Não o deixe lamber ou morder o local, pois isso pode causar uma infecção grave. O ideal é procurar a ajuda do médico veterinário, principalmente se os pontos arrancados forem de uma cirurgia muito recente.

Por que é pergigoso que o gato arranque os pontos?

Quando a pele é lesionada, o processo de cicatrização é iniciado, sendo este uma combinação de eventos físicos, químicos e celulares para que o tecido seja restaurado e retorne a desempenhar sua atividade fisiológica. A exposição das camadas internas do tegumento pode favorecer o desenvolvimento de complicações, principalmente as infecções, que resultam em retardo no reparo tecidual e podem evoluir para quadros de infecção generalizada.

Quanto tempo demora para cicatrizar pontos em gatos?

O tempo médio de cicatrização da pele, quando não há complicações, é de 7 a 10 dias. Alguns animais possuem cicatrização mais rápida, mas não é indicada a retirada dos pontos antes de 7 dias, para que a pele consiga recuperar sua resistência.

Complicações como contaminações bacterianas e inflamações podem aumentar o tempo de cicatrização, podendo demorar até meses para o fechamento completo da ferida. Geralmente as bactérias colonizam as bordas das feridas, impedindo que haja aderência entre elas, sendo necessário aguardar a produção de tecido de granulação para que a abertura se feche.

Meu gato arrancou os pontos - O que fazer? - Quanto tempo demora para cicatrizar pontos em gatos?

Cuidados com gatos após cirurgia

A melhor maneira de impedir que o gato mexa nos pontos é utilizando o colar elizabetano, também conhecido como “abajur”. No entanto, muitos tutores não conseguem manter o bichano com o colar porque têm dó, o que pode virar um grande problema! O uso de roupinhas após a castração também é uma boa opção, apesar de causar um certo desconforto inicial no gato. O importante é ajudá-lo a se alimentar quando estiver utilizando o colar e resistir aos pedidos para retirar a proteção dos pontos.

Tão importante quanto a proteção dos pontos é a limpeza da ferida cirúrgica, que deverá ser diária e com produtos adequados. Citaremos alguns produtos utilizados para a higienização da ferida, de fácil aquisição e bom custo-benefício:

  • Clorexidine (Merthiolate): facilmente encontrada em farmácias, sendo eficiente tanto na eliminação de bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas, porém com ação limitada contra fungos e vírus. Possui um efeito prolongado, unindo-se à camada de queratina da pele, permanecendo na mesma por horas ou até dois dias.
  • Soro fisiológico: muito utilizado para limpar as feridas. Não é abrasivo e pode ser utilizado em qualquer tipo de ferida. A aplicação pode ser realizada para umedecer a lesão e retirar restos de células e de sangue, realizando uma limpeza mecânica com o auxílio de um pedaço de algodão ou de gaze.
  • Iodopovidona (PVPI): desempenha uma boa atividade antimicrobiana. A solução de 0,1% é recomendada para lavagem de feridas uma vez que o composto de iodo é ativo contra bactérias, fungos, vírus, protozoários e leveduras. Contrariamente à clorexidine, o PVPI possui baixa atividade residual quando entra em contato com matéria inorgânica na ferida, como por exemplo, tecidos necróticos e pus.

Os antibióticos e antimicrobianos tópicos são utilizados como forma de prevenir infeção, reduzir ou eliminar o número de microrganismos presente nas feridas abertas. Contudo, destaca-se que os antibióticos tópicos não substituem os procedimentos iniciais de manejo (lavagem e desbridamento): eles devem agir como uma alternativa complementar terapêutica. Os antibióticos tópicos devem possuir ação bactericida de amplo espectro e baixo risco de toxicidade ao tecido, sem intervir no processo de cicatrização. Em alguns dos casos, o uso destes produtos no espaço de 1-3 horas após a contaminação é suficiente para prevenir a infeção dos tecidos. Alternativamente os antibióticos como penicilina, ampicilina, tetraciclina e cefalosporinas, por exemplo, podem ser acrescentadas em solução de lavagem.

Alguns dos antibióticos de uso tópico mais utilizado na rotina de pequenos animais são: pomada de gentamicina, sulfadiazina de prata, creme/pomada de nitrofurazona e pomada antibiótica tripla.

  • Gentamicina: A pomada de sulfato de gentamicina (por exemplo, Garamicyn) possui eficácia contra bactérias Gram-negativas (Pseudomonas spp, Escherichia coli, Proteus spp.) e Gram-positivas (Staphylococcus spp). Pode ser encontrada nas apresentações em pomada ou pó 1% em farmácias ou lojas de produtos veterinários.
  • Sulfadiazina 1% de prata: tem amplo espectro contra bactérias Gram positivas (Staphylococcus aureus) e Gram negativas (Pseudomonas spp, Proteus spp, Escherichia coli, Enterobacter, Klebsiella sp) e a maioria dos fungos; têm por finalidade penetrar nos tecidos necrosados realizando o desbridamento e auxilia na epitelização dos ferimentos.
  • Nitrofurazona (Furacin®): é de amplo espectro, no entanto possui efeito mínimo contra Pseudomonas spp. A principal desvantagem é que a nitrofurazona pode retardar a epitelização, além de apresentar perda parcial de seu efeito diante da presença de matéria orgânica.
  • Pomada antibiótica tripla (Neosporin®, Vetrobiotic®): é constituída por bacitracina-zinco, neomicina e polimixina B. Essa combinação tem efeito sinérgico contra uma variedade de bactérias patogênicas que infectam os ferimentos superficiais, apesar de sua ação contra Pseudomonas spp ser fraca.

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Bibliografia
  • Souza e Silva, T., et al. Tratamento de feridas em cães e gatos. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Jandaia-GO, 2021.Disponível em: https://www.conhecer.org.br/enciclop/2021C/tratamento.pdf. Acesso em 10/06/2024.
  • Ramos, T.N.L. Manejo e Tratamento de Feridas: Revisão de Literatura. Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Medicina Veterinária, 2021. Disponível em https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20531/1/TNLR28072021-MV447.pdf. Acesso em 10/06/2024.
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