Outros problemas de saúde

Fluidoterapia em gatos - O que é, quando é recomendado e como fazer?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 3 maio 2024
Fluidoterapia em gatos - O que é, quando é recomendado e como fazer?
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A fluidoterapia é a administração de fluidos por via intravenosa. É considerada um tratamento de suporte, tendo como principais objetivos expandir a volemia (volume de sangue no corpo), corrigir desequilíbrios hídricos e eletrolíticos, suplementar calorias e nutriente e auxiliar no tratamento da doença primária.

O uso de fluidos diretamente na veia pode ser fundamental para salvar a vida do animal, como em casos de desidratação profunda e hemorragias. No entanto, essa terapia deve ser muito bem calculada e somente os fluidos necessários devem ser utilizados. Quando a desidratação é leve, o organismo, na tentativa de compensação por meio do mecanismo da sede, pode restaurar o equilíbrio. Mas nem sempre isso é possível, como nos casos em que o vômito está presente, sendo necessária a fluidoterapia.

O tratamento deverá ser realizado com a supervisão do veterinário, que será o responsável pelos cálculos do volume de fluidos a serem utilizados, além de monitorar a velocidade de administração intravenosa. Neste artigo, o PeritoAnimal responde várias dúvidas comuns dos tutores sobre fluidoterapia em gatos, assim como explica, de forma simples, como funciona o uso de fluidos intravenosos. Aproveite e fique por dentro do assunto! Boa leitura!

Índice
  1. O que é a fluidoterapia em gatos?
  2. Quando é recomendado fazer fluidoterapia em gatos?
  3. Posso fazer fluidoterapia em gatos em casa?
  4. Como se faz a fluidoterapia em gatos

O que é a fluidoterapia em gatos?

O ganho de água no organismo acontece quando os animais ingerem água ou alimentos (nos animais jovens é adquirida pelo leite), ou pela formação da água metabólica. A água metabólica é gerada pela degradação de proteínas, carboidratos e lipídios, e nos animais domésticos, ela corresponde de 5 a 10% do ganho diário de água. A ingestão de água por um animal saudável deve ser estimada em 50 a 70 ml/Kg/dia.

Caso essa ingestão não seja adequada ou as perdas sejam maiores do que o corpo consegue repor, a fluidoterapia será necessária. Mas o que é a fluidoterapia? É a reposição de fluidos e eletrólitos do corpo, podendo também ser utilizada para alimentar o animal, por meio da administração de alimento por via parenteral, onde os nutrientes ou parte deles são fornecidos ao corpo diretamente na corrente sanguínea, por infusão em algum acesso venoso colocado no animal.

Por meio da fluidoterapia, é possível manter o animal nutrido e hidratado, repondo a volemia corporal. Animais que não conseguem se alimentar e/ou beber água, precisarão de um suporte para manterem suas funções corporais em atividade. Até que a doença de base seja diagnosticada e tratada, o gato precisará de um suporte para se manter. E é nesse momento que a fluidoterapia é necessária.

Quando é recomendado fazer fluidoterapia em gatos?

A água é a substância mais abundante nos seres vivos, pois todas as reações químicas do organismo são realizadas em meio aquoso. A água corporal total representa de 60 a 70% do peso corporal. Em animais idosos e obesos essa porcentagem pode ser menor, ao contrário do que acontece em animais jovens, onde a porcentagem de água corporal é ainda maior.

O corpo pode perder água de várias maneiras em animais normais. Essas perdas podem ser classificadas em imperceptíveis e perceptíveis:

  1. Perdas imperceptíveis: ocorrem pelo trato respiratório durante a respiração, ou perdas pelo suor. Entretanto cães e gatos transpiram pouco através dos coxins plantares, então as perdas imperceptíveis ocorrem mais pelo trato respiratório. O fluido perdido pela respiração é bem semelhante à água pura, considerando-se perda hipotônica (com poucos eletrólitos). O aumento da temperatura corporal, hiperventilação, febre e atividade física resultam em aumento das perdas imperceptíveis.
  2. Perdas perceptíveis: são aquelas que são facilmente detectadas e mensuradas. Elas podem ocorrem através do trato urinário e gastrointestinal. Tais perdas de água normalmente são acompanhadas de perda de eletrólitos, sendo considerada perda isotônica. Vômito, diarreia, hemorragia e poliúria resultam em aumento das perdas perceptíveis. Um animal normal perde em torno de 20 a 30 ml/Kg/dia de líquidos e eletrólitos de forma perceptível e imperceptível.

Além dos casos de desidratação, a fluidoterapia também é indicada para normalização de potencial hidrogeniônico (pH), no tratamento de choque, para estimular função renal e na alimentação parenteral. A administração de fluidos intravenosos é principalmente utilizada para corrigir os desequilíbrios eletrolíticos, melhorar a perfusão e a função celular. A reidratação acontece quando o líquido é resposto, conduzido para os vasos e quando esse se equilibra dentro das células.

neste artigo do PeritoAnimal explicamos Como fazer meu gato beber água.

Fluidoterapia em gatos - O que é, quando é recomendado e como fazer? - Quando é recomendado fazer fluidoterapia em gatos?

Posso fazer fluidoterapia em gatos em casa?

Infelizmente não é possível fazer a fluidoterapia em gatos sem a presença de um veterinário, pois são necessários cuidados constantes para que o animal receba a quantidade certa de fluidos intravenosos. Além disso, várias complicações podem acontecer durante a administração da fluidoterapia, como embolia, perda do acesso venoso, aplicação mais lenta ou rápida dos fluidos, edema pulmonar, dentre outras.

Como se faz a fluidoterapia em gatos

A administração de fluidos necessita de um acesso venoso para ser realizada. Geralmente, utilizam-se as veias cefálicas, presentes nos braços do animal. Coloca-se um cateter de tamanho adequado para a veia do gato, conectando-o ao equipo (“mangueirinha” do soro), que levará o líquido (geralmente soro intravenoso) até a entrada do cateter. Os fluidos caem diretamente na corrente sanguínea, com efeitos praticamente imediatos no animal. É um tratamento delicado, que exige tempo e conhecimento do profissional responsável.

A fluidoterapia em gatos é realizada de forma semelhante a que é realizada em cães e pessoas. Claro que o cálculo da quantidade de fluidos será diferente, sendo respeitadas as diferenças entre as espécies e o peso dos animais a serem tratados. O uso de fluidos intravenosos exige cálculos detalhados e avaliação do nível de desidratação e perda de eletrólitos do animal, devendo a quantidade ser calculada de forma correta e pelo veterinário.

O uso de fluidos intravenosos em quantidades maiores ou menores que o necessário pode levar o animal a óbito. A falta ou o excesso de certos eletrólitos pode desestabilizar funções corporais vitais, como as desempenhadas pelo coração, pelo rins e até mesmo pelo sistema nervoso central. A fluidoterapia deve ser realizada de forma adequada, com cálculos fundamentados em estudos e com o uso de material adequado.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Hlavac, N.R.C. Fluidoterapia em pequenos animais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2020/11/fluidoterapia_peq_anim.pdf. Acesso em 17/04/2024.
  • Domingues, M.G. Fluidoterapia em cães e gatos: revisão de literatura. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária, 2020. Disponível em https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30336/3/FluidoterapiaEmC%C3%A3es.pdf. Acesso em 18/04/2024.
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