Problemas oculares

Síndrome de Haw em gatos - Causas e tratamento

Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 16 julho 2023
Síndrome de Haw em gatos - Causas e tratamento
Imagem: urbananimalveterinary.com
Gatos

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Os felinos possuem uma beleza singular, onde os olhos se destacam pela coloração variada e por apresentarem uma aguçada capacidade visual, inclusive no escuro. A boa visão é necessária para um animal caçador, permitindo detectar suas presas a longas distâncias e com precisão. Alguns estudos indicam que os gatos enxergam cerca de sete vezes melhor no escuro do que os humanos. Isso acontece porque suas células da retina são mais numerosas do que nos olhos de outras espécies.

Mas, assim como outros órgãos, os olhos podem apresentar uma série de anormalidades e patologias, o que pode prejudicar a rotina do gato. A Síndrome de Haw, por exemplo, é uma condição em que ocorre a exposição da terceira pálpebra no olho do gato. Sim! Os gatos possuem uma terceira pálpebra, chamada de membrana nictitante. Normalmente, ela não é visível, mas protege os olhos de agressões e ressecamento.

A Síndrome de Haw está dentre as afecções mais comuns da terceira pálpebra em felinos, protrusão bilateral da membrana nictitante dos olhos dos gatos, podendo ser acompanhada por doença gastrointestinal ou parasitária. A doença afeta gatos com idade inferior a três anos, não havendo predileção por sexo ou raça. Mas como é o diagnóstico? Como tratar essa doença? Existe cura? Se você vive com um bichano em casa e quer saber mais sobre o assunto, não perca este artigo do PeritoAnimal, onde responderemos as principais dúvidas dos tutores sobre a Síndrome de Haw em gatos.

Índice
  1. O que é a Síndrome de Haw em gatos?
  2. Causas da Síndrome de Haw em gatos
  3. Como diagnosticar a Síndrome de Haw em gatos
  4. A Síndrome de Haw é contagiosa?
  5. Tratamento para a Síndrome de Haw em gatos
  6. Tratamento caseiro para a Síndrome de Haw em gatos

O que é a Síndrome de Haw em gatos?

A terceira pálpebra, ou membrana nictitante, pode ser considerada uma dobra de conjuntiva que se projeta do canto medial do olho sobre a superfície do bulbo ocular, que contém uma estrutura cartilaginosa em forma de “T”, cuja porção horizontal é paralela à borda livre e sua parte vertical inferior contém uma glândula lacrimal acessória, também chamada de glândula nictitante ou glândula da terceira pálpebra. O movimento da terceira pálpebra ocorre de forma passiva na maior parte dos animais domésticos, e é resultante da contração do músculo retrator ocular, que retrai o bulbo ocular para o espaço orbital, empurrando a terceira pálpebra sobre a córnea.

Nos felinos, existem feixes de musculatura lisa adicional para o movimento da terceira pálpebra, que estão envolvidos com sua protrusão e retração. A terceira pálpebra exerce importante função na proteção da córnea, na distribuição e na produção da porção aquosa do filme lacrimal, além da produção de imunoglobulinas presentes na lágrima. Sua remoção pode aumentar a exposição corneana e predispor ao ressecamento, traumas ou ceratites recorrentes, além de diminuir a produção lacrimal, contribuindo assim para o desenvolvimento de doenças[1].

A Síndrome de Haw está dentre as doenças mais comuns da terceira pálpebra dos felinos. Nessa doença, ocorre a exposição (protrusão) da terceira pálpebra em ambos os olhos, podendo haver envolvimento de distúrbios gastrointestinais ou parasitários também. A síndrome afeta gatos com idade inferior a três anos, não havendo predileção por sexo ou raça.

Neste outro artigo falamos sobre Prolapso no olho do gato - Sintomas e tratamento.

Causas da Síndrome de Haw em gatos

A origem da Síndrome de Haw em gatos é desconhecida e pode estar relacionada a problemas nos nervos (neuropatia simpática), inflamação em um grupo de gânglios no pescoço, sensibilidade excessiva no local receptor pós-ganglionar ou também pode estar associada a infecções virais.

A protrusão ocorre quando há uma posição inadequada da inervação autônoma simpática e quando o músculo liso da terceira pálpebra fica enfraquecido ou ausente. As mudanças no sistema digestivo e o aumento dos movimentos peristálticos sugerem que o problema com o sistema simpático pode ser generalizado.

É bom observar que os felinos com doença sistêmica grave, que estão deprimidos, muitas vezes, têm protrusão persistente bilateral das terceiras pálpebras. Isso pode ser resultado de desidratação grave e depressão ou de uma diminuição generalizada do tônus simpático.

Conheça também a Síndrome de Horner em gatos.

Síndrome de Haw em gatos - Causas e tratamento - Causas da Síndrome de Haw em gatos
Imagem: Acta Scientiae Veterinariae

Como diagnosticar a Síndrome de Haw em gatos

O diagnóstico deverá ser realizado pelo médico veterinário, que distinguirá a Síndrome de Haw de outras patologias oftalmológicas e neurológicas. Por isso, é recomendado fazer exame físico, neurológico e oftalmológico detalhado para evitar certas interpretações que podem ocasionar diagnóstico errôneo e precipitado

O teste diagnóstico é realizado com o uso de colírio simpaticomimético, como o colírio de epinefrina 10%. Cerca de 20 minutos após a aplicação desse medicamento, a pálpebra voltará para o seu lugar normal (canto medial do olho). Esse teste permite diferenciar a Síndrome de Haw de outras doenças das pálpebras e demais problemas neurológicos.

A Síndrome de Haw é contagiosa?

Apesar de não se saber a causa exata da Síndrome de Haw, a doença não é considerada contagiosa. Há hipóteses de que a doença possa ser causada por infecções virais, mas não existem comprovações científicas.

Tratamento para a Síndrome de Haw em gatos

A doença é autolimitante, apresentando um quadro de resolução dentro de alguns dias ou até semanas, sendo indicado o tratamento apenas quando a exposição da terceira pálpebra resulta em déficit visual. Em casos em que o tratamento é indicado, a terapia baseia-se no uso de colírios de epinefrina 1% ou 2%, para que haja a regressão dos sinais de protrusão de terceira pálpebra.

Tratamento caseiro para a Síndrome de Haw em gatos

Não existe tratamento caseiro para a Síndrome de Haw em gatos. Além disso, o tratamento só é indicado caso prejudique a visão do gato, o que dificilmente acontece. A terceira pálpebra, quando exposta, limita um pouco a visão, mas não impede que o animal enxergue. Os olhos não são afetados em outras partes, não sendo necessário o uso de medicamentos.

Lembre-se sempre: tratar o pet com remédios caseiros ou com medicamentos utilizados pelo tutor, sem orientação profissional, pode colocar a vida do animal em risco.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. 1. Momesso, E.O.B., Brunato, C.L., Teixeira, A.L. Eversão da cartilagem da terceira pálpebra em um gato. Acta Scientiae Veterinariae, 2021. Disponíel em https://www.ufrgs.br/actavet/49-suple-1/CR_643.pdf. Acesso em 14/07/2023.
Bibliografia
  • Corrêa, L.F.D. et al. Síndrome de Haw em Gatos. Acta Scientiae Veterinariae, 2014. Disponível em https://www.ufrgs.br/actavet/42-suple-1/CR_45.pdf.
  • Acesso em 14/07/2023.
  • Martins, A.J.A. et al. Síndrome de Haw em felino: relato de caso. Brazilian Journal of Development, v.6, n.11, p. 91684-91692, 2020. Disponível em https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/20429/16339. Acesso em 14/07/2023.
  • Lima, J. Olho de gato: curiosidades e cuidados sobre a visão dos felinos. Disponível em https://blog.cobasi.com.br/olho-de-gato/?gclid=CjwKCAjwzJmlBhBBEiwAEJyLu6ze5LIvt34n2mKEwPONHsbSKu4exq3S2Jb58xfSVw9Be-2gGD_7cxoClh4QAvD_BwE. Acesso em 14/07/2023.
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1 comentário
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Priscila
Então, pelo que eu entendi, é uma doença que vai se "curar" naturalmente, seria isso? Pois no final refere-se ao tratamento ser indicado apenas em casos de maiores dificuldades de visão do gato.
Tenho uma gatinha que está fazendo uma triagem, mas gostaria de entender melhor a parte de recuperação e se a palpebra se normalizará com o tempo caso ela não atinja o nível de déficit visual necessário para a indicação do tratamento.
Imagem: urbananimalveterinary.com
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