Vira-lata caramelo

A palavra vira-lata surgiu de maneira pejorativa para denominar os cachorros de rua no país, mas o termo logo ganhou outras proporcões. Com o passar dos anos passamos a nos referir assim a todos os cães sem raça definida ou "pura", ou seja, aqueles que não seguem as normas de raças de instituições como a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), a Federação Cinológica Iternacional (FCI) ou o American Kennel Club, um dos maiores e mais antigos clubes de registro genealógico de cachorros de raça pura dos Estados Unidos. Entretanto, a nomenclatura correta e que tem sido mais difundida é a de cachorro sem raça definida (SRD).

Quando se fala que um cachorro não tem pedigree, isso significa dizer que ele não é de raça pura e não possui um documento específico. Pedigree nada mais é que o registro genealógico de um cachorro de raça pura. Portanto, para ser considerado um cão de pedigree, ele deve ser necessariamente fruto do cruzamento de dois cachorros que já possuam pedigree atestado por um canil filiado à Confederação Brasileira de Cinofilia.

O tutor de um cachorro com pedigree recebe um documento em que constam informações como seu nome, raça, o nome do criador, do canil, de seus pais, sua data de nascimento e a informação sobre sua árvore genealógica até a terceira geração. É como se fosse a certidão de nascimento, porém bem mais completa, do nosso amigo de quatro patas.

Vira-latas são os cachorros mais populares do Brasil

Sabemos que os vira-latas são maioria no Brasil há muitos e muitos anos devido a cruzamentos aleatórios realizados há dezenas de gerações entre esses animais. E foi justamente isso que mostrou o PetCenso 2020, realizado pela empresa DogHero. Segundo o levantamento, os cachorros sem raça definida são os mais populares do país: representam 32% do total de cachorros do Brasil. Para se ter uma ideia, em seguida estão o Shih Tzu (12%), o Yorkshire Terrier (6%), Poodle (5%) e Bulldogue Francês (3%).

É por isso que se esbarrar com um vira-lata caramelo é tão comum nos lares e ruas de qualquer cidade brasileira, seja em Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Fortaleza ou Manaus. A seguir vamos explicar melhor sua origem.

Você sabe qual a história do vira-lata caramelo? É comum encontrarmos muitos cachorros vira-latas no país e nós, do PeritoAnimal, inclusive recomendamos a prática da adoção de cachorros, e não a compra, justamente devido ao enorme e triste número de animais abandonados que existem.

Nos últimos anos, graças à internet e seus memes nas redes sociais, o orgulho dos vira-latas ganhou força representados pelo vira-lata caramelo, um animal bastante comum e, portanto, facilmente visto em praticamente todo o Brasil.

A domesticação de cachorros vem de longa data e sempre houve muita polêmica sobre a origem deste animal. O que se pode afirmar que cachorros e lobos têm muitas semelhanças genéticas, e que ambos têm um ancestral comum.

Características do vira-lata caramelo

Com a domesticação, surgiram as diferentes raças, criadas a partir do cruzamento de diferentes espécies, o que passou a influenciar também no tamanho e nas cores de cada animal. Diferentes criadores em todo o mundo passaram a selecionar raças com características específicas, como focinho mais achatado, pelo longo, rabo mais curto ou longo, entre outras.

Cores do vira-lata caramelo

No entanto, quando não há seleção humana, ou seja, quando nós não influenciamos no cruzamento dos cachorros, e eles se relacionam livremente, o que predomina em seus descendentes são as características genéticas mais fortes, como cabeça mais arredondada, porte médio, pelo mais curto e as cores preta ou caramelo. E devido a esses cruzamentos aleatórios realizados há diversas gerações, é impossível determinar a origem do vira-lata caramelo.

Em todo o mundo há uma grande variedade de vira-latas mais comuns em cada país, em que o clima, os diferentes grupos locais de cachorros e outros fatores influenciaram em seu surgimento. Mas no Brasil, os vira-latas caramelo são descendentes dos cachorros europeus que foram trazidos para cá durante a época da colonização por Portugal.

Saúde do vira-lata caramelo

A mistura natural de cachorros de diferentes raças ou sem raça definida pode ser, inclusive, algo positivo para o desenvolvimento dos cães. Pois o fato de manter a existência de certas raças puras também faz com que tais raças permaneçam com problemas genéticos por inúmeras gerações, diferentemente do que acontece com os "cruzamentos naturais". Quando não há influência humana, a tendência é que os genes mais fortes e saudáveis predominem, o que faz com que os vira-latas vivam mais e desenvolvam menos doenças do que diversas raças.

O vira-lata caramelo é uma raça?

Essa é uma dúvida bastante comum, principalmente depois que o vira-lata caramelo ganhou bastante notoriedade na internet. No entanto, não, o vira-lata caramelo não é uma raça pura e, sim, uma raça não definida (SRD). A nomenclatura se dá simplesmente pela cor da pelagem do animal e abrange uma série de características distintas de vira-latas.

O vira-lata caramelo é um companheiro fiel dos brasileiros há muitos e muitos anos. Presente em todas as regiões do país, está nos lares de milhares de pessoas e também podemos encontrar exemplares desses vira-latas em grandes e pequenas cidades.

Mas ele ficou especialmente famoso graças à internet. Depois de inúmeros memes com cachorros desta cor, um dos que mais viralizaram foi sua imagem na nota de R$ 10. Houve até uma petição para que ele substituísse as aves nas notas, conquistando a internet, em 2019.

O vira-lata caramelo da nota de R$ 200

No ano seguinte, quando o governo anunciou que lançaria a nota de R$ 200, houve grande mobilização virtual mais uma vez para que, ao invés do lobo-guará, fosse colocado o vira-lata caramelo. Até mesmo um deputado federal decidiu organizar uma nova petição solicitando isso. Na época, ele argumentou que não descartava a relevância do lobo-guará na história e na fauna brasileira, "mas que o vira-lata é mais presente no cotidiano dos brasileiros".

Das várias montagens que fizeram com diferentes vira-latas na nota de R$ 200, a que mais se popularizou foi uma com a cadela Pipi, de Porto Alegre. E o fato pegou de surpresa sua tutora, a gaúcha Vanessa Brunetta.

Em entrevista ao site GZH quando o meme viralizou, Vanessa contou que em 2015 a vira-lata caramelo Pipi se soltou da guia durante um passeio no Parque da Redenção e fugiu. Durante todo o ano seguinte, ela fez uma campanha para localizar o pet e utilizou uma foto em cartazes e no Facebook. A cadela nunca foi encontrada, mas alguém na internet encontrou a foto e criou o meme.

O uso da imagem incomodou Vanessa, já que até hoje ela sente saudade de Pipi. Mas a inusitada fama do vira-lata caramelo, por outro lado, foi muito bem recebida pelas ONGs e associações protetoras dos animais, pois acabou chamando a atenção para o tema de adoção e abandono de animais no país. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem no Brasil cerca de 30 milhões de animais abandonados.

O termo vira-lata caramelo abrange um número gigantesco de variações devido a cruzamentos aleatórios. Por isso, definir características específicas desse vira-lata é impossível. No entanto, o que se pode garantir é que os vira-latas caramelo possuem certas características gerais:

• Geralmente os vira-latas vivem mais que os cachorros de várias raças, alcançando entre 16 e 20 anos de idade.
• Têm menor risco de desenvolver doenças comuns em certas raças.
• Assim como todos os cachorros, o nome científico do vira-lata caramelo é Canis lupus familiaris.
• Todos os cachorros são mamíferos carnívoros.