Doenças virais

Cachorro com cinomose pode tomar banho?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 1 março 2023
Cachorro com cinomose pode tomar banho?
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A cinomose canina é uma doença que assusta só de ouvir o nome! E não é para menos. Além de altamente contagiosa, pode causar danos irreversíveis em vários órgãos do animal, deixando graves sequelas. Mas a boa notícia é que ela é imunoprevinível, ou seja, temos excelentes vacinas no mercado.

A transmissão ocorre principalmente por aerossóis e gotículas contaminadas (espirros, tosse, saliva). Após o contato do vírus com o epitélio nasal, ocorre a replicação viral e disseminação para o sistema respiratório, gástrico e nervoso, com características sintomáticas específicas em cada sistema, sendo a encefalite o sintoma mais grave. Não existe tratamento específico para a cinomose, sendo realizado o suporte para que o animal consiga vencer a infecção viral. Como o curso da doença pode ser longo, algumas dúvidas podem surgir ao longo dessa caminhada como, por exemplo, se o cachorro com cinomose pode tomar banho. Saiba tudo sobre o assunto neste artigo do PeritoAnimal.

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Índice

  1. O que é cinomose em cachorros?
  2. Como o cachorro pega cinomose?
  3. Cachorro vacinado pega cinomose?
  4. Sintomas da cinomose em cachorros
  5. Cachorro com cinomose sente dor?
  6. Cachorro com cinomose pode tomar banho?
  7. A cinomose canina tem cura?

O que é cinomose em cachorros?

A cinomose é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada por um Morbillivirus, da família Paramyxoviridae. Tem distribuição mundial e mantém índices altos de óbito. Acomete geralmente os animais da ordem Carnívora, sendo eles: cães, raposas, guaxinins, ferrets, hienas, leões, tigres, pandas vermelhos, focas, entre outros. Apresenta sintomas variáveis, já que pode atingir vários órgãos diferentes, com manifestações nos sistemas gastrointestinal, respiratório e nervoso.

Como o cachorro pega cinomose?

A doença pode atingir animais de várias idades, mas especialmente os mais jovens. Estima-se maior incidência em períodos de falhas no sistema imune, principalmente quando há diminuição da taxa de anticorpos maternos, geralmente em animais com 60 a 90 dias de idade. Animais idosos também podem se infectar, devido à diminuição da eficiência de seu sistema de defesa.

A transmissão da cinomose em cães ocorre por meio de gotículas com o agente viral espalhadas no ar, contaminando o ambiente. Cachorros com sintomas respiratórios espalham o vírus quando espirram ou tossem. Ambientes com muitos cães podem se tornar fontes incontroláveis de disseminação da doença.

A boa notícia é que o vírus da cinomose é sensível à luz ultravioleta, ao calor e ao ressecamento, facilitando a desinfecção dos locais e fômites que tiveram contato com animais que contraíram a doença. O agente pode ser destruído em 30 minutos a temperaturas entre 50o e 60o C, porém permanece estável e altamente viável por longo período em temperaturas próximas ou abaixo do congelamento (-65º a 4º C) e com variação do pH entre 4,5 e 9. Procedimentos de desinfecção a base de éter e clorofórmio, solução diluída de formol (menor que 0,5%), fenol a 0,75% e produtos à base de amônio quaternário a 0,3% são capazes de eliminar o vírus do ambiente. A água sanitária, na concentração encontrada em supermercados, é um ótimo agente para higienização dos ambientes contaminados com o vírus da cinomose.

Cachorro vacinado pega cinomose?

Nenhuma vacina tem a capacidade de imunização completa, havendo uma chance, mesmo que pequena, de que o cachorro se contamine com a doença, mesmo vacinado. Deve-se atentar às condições imunológicas do animal, uma vez que a vacinação pode não ter resultado caso existam anticorpos maternos presentes ou o protocolo vacinal não tenha sido adequado.

Filhotes recém-nascidos que recebem colostro da mãe têm imunidade entre a primeira e a quarta semana de vida, devendo ser vacinado somente após esse período. Geralmente a vacinação do cachorro para cinomose é realizada entre 6 e 16 semanas de vida, sendo o ideal aplicar a primeira dose na oitava semana de vida, com a necessidade de reforço com mais duas doses, 3 a 4 semanas após a primeira aplicação.

Cachorro com cinomose pode tomar banho? - Cachorro vacinado pega cinomose?

Sintomas da cinomose em cachorros

Os sintomas da cinomose em cachorros são inespecíficos, já que o vírus pode atingir vários sistemas orgânicos diferentes. A forma subaguda da doença é caracterizada por febre repentina e morte súbita em 2 ou 3 dias, mas não é o normal da doença. O período de incubação varia de 3 a 7 dias, os cães infectados desenvolvem dois picos febris: o primeiro pico febril é entre o 2° e o 6° dia, quando a temperatura pode chegar a 41°C. Anorexia, conjuntivite, depressão são comuns na fase aguda da cinomose.

Após essa fase, a cinomose canina pode evoluir em quatro fases diferentes:

  1. Fase Respiratória: caracterizada por tosse seca ou produtiva, pneumonia, secreção nasal (que comumente é provocada por infecções secundárias bacterianas), dificuldade respiratória, secreções oculares, febre (41°C), bronquite e garganta inflamada;
  2. Fase Gastrointestinal: nessa fase da cinomose em cachorros pode ocorrer vômito, diarreia (eventualmente sanguinolenta, o que pode ser consequência de infecções bacterianas), anorexia e febre;
  3. Fase nervosa: durante essa fase, ocorrem alterações comportamentais (vocalização, como se o animal estivesse sentindo dor, respostas de medo e cegueira), convulsões, contração rítmica persistente e indolor de um grupo muscular, mesmo durante o sono, paralisia nos membros pélvicos, movimentos de andar em círculo, movimentos de pedalagem e cabeça pêndula. A mortalidade nesta fase é muito alta, podendo chegar a 80%. Os cães que sobrevivem a esta fase geralmente apresentam sequelas, e podem desenvolver mais tarde a encefalite do cão velho;
  4. Fase cutânea: essa fase apresenta dermatite com pústulas abdominais (lesões parecidas com pequenas bolhas, com presença de pus no interior), hiperqueratose nos coxins podais (os coxins ficam mais grossos) e focinho (fica “cascudo”, alguns até apresentam rachaduras). Filhotes podem apresentar alteração no esmalte dentário (hipoplasia do esmalte dentário).

Cachorro com cinomose sente dor?

Em algumas fases da doença, o animal pode apresentar miosite, que é a inflamação dos músculos, sentindo dores por todo o corpo devido a cinomose. O acompanhamento por um médico veterinário é essencial, para que o cachorro não sinta dores e sofra durante o curso da doença.

Cachorro com cinomose pode tomar banho?

O ideal é que o cachorro com cinomose não tome banho durante o curso da doença, pois o procedimento pode agravar os sintomas respiratórios (pneumonia). Além disso, o banho causa uma diminuição da temperatura corpórea, diminuindo as defesas do animal.

Caso seja necessário realizar uma higienização, aconselha-se utilizar lenços umedecidos. Se não for suficiente, o banho deverá ser rápido, em local fechado, sem correntes de ar frio e o pelo deverá ser secado com um secador de cabelo. O banho deverá ser morno.

A cinomose canina tem cura?

A cinomose canina possui uma alta taxa de mortalidade, mas não é uma doença incurável. O tratamento é direcionado aos sintomas, com o uso de antibióticos, vitaminas, soros, imunoestimulantes e anticonvulsivantes (quando necessário). A maioria dos animais que sobrevivem fica com sequelas, o que pode ser melhorado com tratamentos complementares, como acupuntura e fisioterapia.

Como saber se o cachorro está melhorando da cinomose?

A melhora é observada com a diminuição dos sintomas, como diarreia, tosse, espirros, secreção nasal e sintomas neurológicos. A maioria dos animais imunizados consegue eliminar o vírus em cerca de 14 dias, mas alguns, com o sistema imune mais fraco, podem ficar doentes por um período de 2 a 3 meses.

Como você viu, não podemos dar banho em um cachorro com cinomose. E no vídeo a seguir falamos sobre alguns remédios caseiros para a cinomose em cachorros que podem ser utilizados simultaneamente com o tratamento recomendado pelo veterinário:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Nascimento, D.N.S. Cinomose canina – Revisão de Literatura. UFERSA, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2009. Disponível em https://www.equalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2009/06/Daniela_cinomose_concluida1-pdf.pdf. Acesso em 28/02/2023.
  • Freire, C.G.V, Moraes, M.E. Cinomose canina: aspectos relacionados ao diagnóstico, tratamento e vacinação. PubVet, Medicina Veterinária e Zootecnia, 2019, v.13, n.2. Disponível em https://www.pubvet.com.br/uploads/895e17195b0d222d40ce8826dd81b807.pdf. Acesso em 28/02/2023.
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