Peixe-lua - Características, habitat, alimentação e reprodução
A fauna marinha é representada por milhares de espécies em todo o mundo e, à medida que mais se estuda, os achados são surpreendentes. Dentro dessa diversidade encontramos os peixes, os quais se dividem em três grandes grupos. Um destes corresponde aos peixes ósseos, que possuem em seu esqueleto um maior grau de estruturas calcificadas e em menor grau cartilagem, daí o seu nome. Uma espécie que faz parte deles é o comumente conhecido como peixe-lua, que possui características muito peculiares que o tornam único nos oceanos em que habita.
Não deixe de ler este interessante artigo do PeritoAnimal para que você conheça todas as características do peixe-lua, onde vive, quais são seus costumes e muito mais.
Classificação taxonômica do peixe-lua
O peixe-lua é classificado taxonomicamente da seguinte maneira:
- Reino: Animal
- Filo: Cordados
- Classe: Actinopterígeos
- Ordem: Tetraodontiformes
- Família: Molidae
- Gênero: Mola
- Espécie: Mola mola
Espécies de peixe-lua
O nome comum deste peixe está associado à forma arredondada e achatada do seu corpo. Existem outras espécies dentro deste gênero que, em geral, também são chamadas peixes-lua. Inicialmente dois foram identificados, mas posteriormente três foram nomeados para o gênero Mola, os quais além do mencionado são:
- Mola alexandrini
- Mola tecta
Abaixo confira algumas fotos dos peixes-lua de cada espécie:
Características do peixe-lua
Vamos conhecer os aspectos que caracterizam o peixe-lua:
- O peixe-lua é um dos maiores peixes ósseos do mundo, o que é sem dúvida uma das características que o tornam muito peculiar.
- Um peixe-lua adulto pode medir cerca de 3,1 metros de comprimento e 4,26 metros de altura. Em relação ao peso, é surpreendente, pois chega a atingir até 2,3 toneladas, que é o peso máximo relatado.
- Existe dimorfismo sexual na espécie, já que as fêmeas são maiores que os machos.
- Outro aspecto particular do peixe-lua é que ele não possui escamas, sua pele é grossa e tem uma textura borrachuda, com manchas irregulares de dentículos no corpo.
- Embora possa variar na coloração, em geral, é de tons cinzas claros e escuros, marrom e branco.
- Quanto à nadadeira dorsal e anal grandes, também apresentam características peculiares, já que não possui nadadeira e pedúnculo caudal. Em vez disso, possui uma estrutura em forma de leque chamada clavus, que representa uma cauda preparada para a propulsão.
- Apresenta uma barbatana dorsal e anal grandes, enquanto os peitorais são, pelo contrário, pequenas.
- Sua boca é pequena e em forma de bico, o que se deve aos dentes muito fundidos.
- Este peixe pode nadar em grandes velocidades e não apresenta perigo algum para os seres humanos.
Onde o peixe-lua vive?
O habitat do peixe-lua é muito variado por se tratar de uma espécie cosmopolita. Ele vive em todos os oceanos, tanto temperados como tropicais, por isso que se encontra no Atlântico, Índico e Pacífico. Da mesma forma, se encontra no Mar Mediterrâneo. Tem preferências por águas abertas, porém, com a finalidade de se limpar de certos parasitas, desloca-se para áreas de corais ou com formações de algas, onde estabelece uma relação benéfica com peixes do grupo dos bodiões, que o despojam das espécies parasitárias.
É comum observá-lo quando a temperatura da água oscila entre 13 e 17 ºC, em lugares como a Califórnia, Indonésia, Ilhas Britânicas, ilhas do norte e sul da Nova Zelândia, sul da África e também no Mediterrâneo.
Pode se desenvolver em uma faixa que vai de 30 a 480 metros de profundidade, no entanto, costuma ser mais comum ser encontrado entre 30 e 70 metros. Apesar das correntes marinhas, é capaz de se mover tanto horizontal como verticalmente, graças ao uso de suas barbatanas.
O que o peixe-lua come?
O peixe-lua é uma espécie carnívora que se alimenta de:
- alguns tipos de outros peixes
- animais que compõem o zooplâncton, como ctenóforos e salpas
- algumas medusas
- crustáceos
- moluscos
- estrelas quebradiças
- larvas
Apesar do exposto acima, também inclui algas em sua dieta.
Tem sido sugerida a ideia que este peixe faz movimentos migratórios para latitudes onde há mais concentração de zooplâncton, principalmente durante a primavera e o verão. Também suspeita-se que faça movimentos em direção à superfície para capturar os animais que se desenvolvem principalmente nessa área, como algumas medusas e as espécies menores das que se alimenta.
Como é a reprodução do peixe-lua?
Faltam estudos para conhecer mais detalhadamente a biologia reprodutiva do peixe-lua. No entanto, um dos aspectos particulares dessa espécie é sua incrível diferença de tamanho de quando nasce até se tornar adulto. Uma fêmea pode produzir até 300 milhões de ovos minúsculos por cada época reprodutiva, os quais normalmente têm um diâmetro de 0,13 cm. Destes, emergem as larvas de 0,25 cm de comprimento, as quais passam por dois estados:
- No primeiro, apresentam formato arredondado e apresentam espinhos que se projetam do corpo; além de ter cauda e barbatana caudal desenvolvida.
- No segundo, ocorrem algumas mudanças que incluem a absorção da cauda e a perda dos espinhos.
Como mencionamos, faltam mais estudos sobre a reprodução do peixe lua, no entanto, as estimativas indicam que seu desenvolvimento ocorre rapidamente, tendo uma média de 0,02 a 0,42 kg de crescimento por dia, e em alguns casos até mais.
Uma curiosidade sobre eles é que as fêmeas do peixe-lua são consideradas os vertebrados mais férteis que existem, devido à grande ovoposição que realizam. Em cativeiro, sua expectativa de vida é de 8 anos. Com base em estimativas, acredita-se que em seu habitat natural vive entre 20 e 23 anos. Sem dúvida, este é um dado surpreendente sobre o peixe-lua que nos deveria fazer pensar sobre a importância que é manter esses animais, e todos, em seu habitat natural.
Estado de conservação do peixe-lua
A União Internacional para a Conservação da Natureza classificou o peixe-lua na categoria de vulnerável em relação à possibilidade de extinção, com uma tendência populacional decrescente. Este não é um peixe de importância comercial, embora no Japão e Taiwan exista um mercado para isso, apesar de relatos de que é um animal venenoso.
No entanto, existe uma elevada porcentagem de capturas acidentais em várias regiões oceânicas onde são praticados diversos tipos de pescas, como a de arrasto, redes de deriva e palangre, sendo meios de captura do peixe-lua. Estimativas indicam que a diminuição global da espécie é de 30%.
No que diz respeito aos planos de conservação da espécie, até agora, apenas existem relatos que no Marrocos foi criada uma lei para eliminar gradualmente o uso das redes que capturam acidentalmente essa espécie. Também tem sido recomendado ampliar os estudos sobre sua biologia.
Agora que você sabe tudo sobre o peixe-lua com suas principais características, não perca este outro artigo em que falamos sobre os peixes mais raros do mundo.
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- Froese, R. y D. Pauly. Editores Fishbase. (2021). Mola mola. Disponível em: <https://www.fishbase.de/summary/Mola-mola.html>. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
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- Liu, J., Zapfe, G., Shao, K.-T., Leis, JL, Matsuura, K., Hardy, G., Liu, M., Robertson, R. y Tyler, J. (2015). Mola mola (versión de erratas publicada en 2016). La Lista Roja de Especies Amenazadas de la UICN 2015: <e.T190422A97667070>. Acesso em 28 de janeiro de 2022.