Hipotireoidismo em cachorros - causas, sintomas e tratamento!
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O hipotireoidismo em cachorro é uma das doenças endócrinas mais comuns em cachorros. Infelizmente, esta é uma doença difícil de prevenir, já que se acredita que as causas são predominantemente devido a uma predisposição genética para o hipotireoidismo.
Se o seu cachorro foi recentemente diagnosticado com esta doença ou se você simplesmente tem curiosidade em saber mais sobre ela, o PeritoAnimal preparou este artigo com tudo o que você precisa saber sobre o hipotireoidismo em cachorros - causas, sintomas e tratamento!
Hipotireoidismo em cães
A glândula tireóide é a grande responsável por regular o metabolismo do cachorro. Por vezes, devido a uma anomalia nesta glândula, não são produzidas quantidades suficientes de hormônios necessários no cachorro causando o chamado hipotiroiedismo. O Hipotireoidismo pode surgir de qualquer disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.
Podemos assim descrever o hipotiroidismo como uma doença endócrina caracterizada por uma diminuição na produção de hormônios tiroidianos. A glândula tiróide é responsável por produzir os hormônios T3, chamada de triidotironina e T4, chamada de tetraiodotironina. Uma baixa produção destas hormonas origina este problema tão comum em cachorros.
Hipotireoidismo primário em cachorros
O hipotireoidismo primário é sem dúvida o mais comum em cachorros. A origem costuma ser diretamente um problema na glândula tireóide, geralmente a destruição dela. Os dois padrões histopatológicos mais comuns são a tireoidite linfocítica (um processo em que a tireóide é infiltrada por linfócitos, células plasmáticas e linfócitos) e a atrofia idiopática da tireóide (processo em que a glândula perde o seu parênquima que é substituído por tecido adiposo).
Hipotireoidismo secundário em cachorros
O hipotireoidismo secundário é caracterizado por uma disfunção das próprias células pituitárias, causando a diminuição da produção do hormônio TSH. Este hormônio é o responsável por estimular a tireóide a produzir hormônios e por isso se chama "secundário". Existe uma atrofia progressiva da glândula, devido à ausência deste hormônio, diminuição da produção de TSH e consequentemente de T3 e T4.
Existem diferentes processos que podem levar a este hipotiroidismo secundário, nomeadamente[1]:
- Tumores pituitários
- Má formação congênita da glândula pituitária (comum em raças como o pastor alemão)
- Deficiência de TSH
- Tratamentos cirúrgicos ou medicamentos como glicocorticóides
- Secundário a um hiperadrenocorticismo
Hipotireoidismo terciário em cachorros
O hipotireoidismo terciário em cachorro surge como uma consequência da produção insuficiente de TRH, o hormônio que libera a tiroxina e que estimula a produção de TSH na hipófise anterior. Ou seja, o problema está localizado no hipotálamo, que produz a o TRH.
Esta doença é extremamente rara e praticamente não existem relatos desta doença em cachorros.
Hipotireoidismo congênito em cachorros
Os defeitos congênitos da tireóide são muito raros em cachorros. Porém, por vezes podem ocorrer e não poderíamos deixar de os mencionar. Este tipo de doença está relatada em cachorros filhotes e costuma ser fatal.
Uma das causas mais documentadas deste tipo de hipotireoidismo é a baixa ingestão de alimentos ricos em iodo. Para além disso, pode ser devido um defeito na própria organificação do iodo, a chamada disormiogênese ou na disgenesia tireoidiana.
Sintomas do hipotireoidismo canino
Os sinais clínicos desta doença surgem por voltas dos 4 a 10 anos de idade. As raças com uma maior predisposição para esta doença são, entre outras, o Boxer, o Poodle, Golden Retriever, o Doberman Pinscher, o Schnauzer miniatura e o Setter Irlandês. Segundo alguns estudos, não existe predisposição sexual para este problema, ou seja, ela pode afetar igualmente machos ou fêmeas[2].
Os principais sinais clínicos deste problema são:
- Aumento de peso e obesidade
- Apatia
- Intolerância ao exercício físico
- Zonas sem pelo (alopécia)
- Pele seca
- Pele sebácea
De qualquer modo, os sinais clínicos desta doença são muito variados e podem ir desde os dermatológicos, como descritos, a neuromusculares, reprodutivos e até comportamentais. A glândula tireóide intervém em todo o metabolismo do cachorro, daí a grande complexidade deste problema.
Diagnóstico do Hipotireoidismo canino
Apesar da medicina veterinária não estar tão evoluída como a medicina humana no que diz respeito a esta doença, existem diferentes alternativas para estudar o funcionamento da glândula tireóide e confirmar se o cachorro tem de facto um problema de hipotireoidismo.
O seu médico veterinário vai se basear nos sinais clínicos, testes de função da tireóide e na resposta da terapia de reposição hormonal para diagnosticar definitivamente a doença[2].
Para diagnosticar corretamente este problema é necessário fazer uma medição dos hormônios no sangue do cachorro (principalmente o t4). A medição por si só dos níveis deste hormônio no sangue não são suficientes. Porém, caso os valores sejam normais ou elevados, podemos excluir o hipotireoidismo da nossa lista de diagnósticos diferenciais. Por esse motivo, esta é uma das primeiras provas a ser realizada quando o médico veterinário suspeita deste problema.
Se comprovarmos que os níveis de t4 são baixos, não significa que obrigatoriamente estamos presentes de um problema de hipotireoidismo, será necessária a realização de uma outra prova chamada de teste de estimulação de tirotropina (TSH) para confirmar o diagnóstico definitivo.
Para além destas provas, poderá ser necessária a realização de outras provas, conforme o caso específico do animal. Nomeadamente:
- Cintigrafia nuclear (para determinar a absorção de iodo radioativo)
- Medição de anticorpos
- Ecografia à tireóide.
- Raio X (caso se suspeite de tumor da tireóide, para observar se existem metástases)
Hipotireoidismo em cachorro - tratamento
Após feito o diagnóstico, o médico veterinário poderá prescrever suplementação hormonal. Alguns veterinários utilizam também esse método como diagnóstico, avaliando a resposta ao tratamento. O tratamento de eleição é à base se levotiroxina sódica, a T4 sintética.
Nos casos em que os cachorros sofrem de hipotireoidismo secundário ou terciário pode ser necessário prescrever uma terapia de glicocorticoides e cobalto.
Geralmente, ao fim de uma semana de tratamento o animal começa a demonstrar melhoras, aumento do apetite e bem-estar no geral.
É muito importante respeitar as datas de reavaliação e visitas ao médico veterinário. Animais com este problema devem ser acompanhados por perto já que por vezes, o médico veterinário precisa reajustar as doses do tratamento, conforme a resposta do animal.
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- BRUYETTE, D. (2003) Canine hypothyroidism Net. Los Angeles.
- NELSON, R. W. (2006) Distúrbios da glândula tireóide In: COUTO, G.; NELSON, R.W. Medicina Interna de Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro. pp: 665-682