Gato com dor de ouvido - Causas e tratamentos

A dor de ouvido, ou otite, nada mais é do que a inflamação do conduto auditivo, que pode resultar de várias causas. Em casos crônicos, geralmente, há o envolvimento de mais de uma causa. Os fatores predisponentes, que aumentam o risco de desenvolvimento da doença, são variados, como a conformação do ouvido (condutos estreitos, quantidade de pelos), umidade excessiva, produção exagerada de cerume, traumas por cotonetes ou outros instrumentos, produtos irritantes, infecções por alterações da microflora normal, neoplasias, pólipos e imunossupressão.

Esses fatores predisponentes atuam em conjunto com as causas primárias ou com os fatores perpetuantes para causar a doença no animal. Dentre as causas primárias, temos: parasitas, micro-organismos, doenças de hipersensibilidade, distúrbios de queratinização, corpos estranhos, distúrbios glandulares, doenças autoimunes e doenças virais. Os fatores perpetuantes impedem a resolução da otite, sendo bactérias, fungos e modificações no conduto auditivo causadas pela própria doença. Falaremos mais detalhadamente sobre as principais causas de dor de ouvido em gatos.

1. Parasitas

Ácaro Otodectes cynotis: é o mais comum, sendo responsável por até 50% dos casos de otite externa diagnosticados nos gatos. O animal pode desenvolver os sintomas sem que o ácaro seja detectado de imediato, pois apenas dois ou três ácaros já provocam reações alérgicas. Outra dificuldade para o diagnóstico é o fato de os agentes causadores iniciarem a otite e deixarem o conduto auditivo em seguida ou serem destruídos pela inflamação do corpo ou por infecções secundárias. Alguns gatos podem se tornar carreadores assintomáticos do parasita, contaminando outros felinos de forma rápida.

Ácaro Demodex cati: causador da demodicose felina, sendo menos comum. Esse ácaro reside nos folículos pilosos, glândulas e ductos sebáceos, podendo causar edema, perda de pelos, vermelhidão na pele do pavilhão auricular e muita coceira. Geralmente a doença se desenvolve em casos onde o gato possui problemas de imunidade, como por exemplo, imunossupressão pelo vírus de imunodeficiência e da leucemia felina.

Ácaro Notoedres cati: este ácaro causa a sarna notoédrica, doença caracterizada pela presença de lesões crostosas, descamativas, pruriginosas (que coçam) e perda de pelos, acometendo inicialmente o pavilhão auricular e a região da face, cabeça e pescoço, que se disseminam rapidamente para outras regiões do corpo e, por ser altamente contagiosa, é transmitida para outros animais sadios.

2. Micro-organismos

Fungos e bactérias raramente são a causa primária da otite, sendo, na maioria das vezes, fatores perpetuantes (micro-organismos oportunistas), levando à otite crônica. No início da doença, o tratamento da causa primária pode ser suficiente para controlar o caso, mas, após o estabelecimento de alguns fatores perpetuantes, o tratamento adicional deverá ser dirigido para eles.

3. Hipersensibilidade

A doença auricular está presente em até 80% dos casos dos gatos com hipersensibilidade alimentar. Além disso, a hipersensibilidade de contato pode resultar de medicamentos usados para tratar a otite externa. Os veículos utilizados nos medicamentos para dor de ouvido, como o propilenoglicol, podem também ser responsáveis por reações alérgicas ou irritantes.

4. Corpos estranhos

Geralmente a otite é unilateral, nada impedindo que se desenvolva em ambos os ouvidos. Incluem plantas, pelos, areia, sujeiras, medicações e secreções endurecidas, que penetram no conduto auditivo e ali se alojam. Inicialmente, não há secreção, mas, caso o cuidado não seja iniciado de imediato, esses casos podem se tornar infecções secundárias, com secreção purulenta e fétida.

5. Pólipos

Os pólipos nasofaríngeos são formações inflamatórias não neoplásicas que surgem da orelha média ou da tuba auditiva e se estendem até a faringe. Nesses casos, a otite será unilateral e resistente ao tratamento (o gato continua com a dor de ouvido sem melhorar). Pode ocorrer secreção ceruminosa de cor marrom ou purulenta, comportamento de sacudir a cabeça e desequilíbrio.

Os gatos apresentam uma incidência de otite muito menor que os cães. Tal fato pode ser parcialmente atribuível à posição ereta de suas orelhas e do conduto auditivo relativamente sem pelos.

Os sintomas mais comuns de um gato com dor de ouvido são:

• Dor ao ser manipulado
• Presença de exsudato ceruminoso ou purulento fétido
• Coça as orelhas com frequência
• Provoca ferimentos no pavilhão auricular devido às coceiras
• Sacode a cabeça com certa constância

Alguns animais apresentam dor na manipulação da cabeça, alterações de apetite e de hábito alimentar, prostração, perda de audição e dor ao abrir a boca. Dependendo da gravidade da infecção, podem ocorrem sinais neurológicos (inclinação da orelha e do lábio, aumento da abertura palpebral, ausência de reflexo palpebral, salivação, ceratoconjuntivite seca e ausência da abertura da narina durante a inspiração).

Caso a infecção atinja a inervação que liga o cérebro ao olho, pode ocorrer a Síndrome de Horner, caracterizada por diminuição da pupila, pálpebra caída, protrusão da terceira pálpebra e deslocamento do globo ocular para dentro de sua órbita.

Caso o seu gato apresente algum dos sinais clínicos descritos, o correto é levá-lo o mais breve possível ao veterinário, para que sejam feitos o diagnóstico e tratamento. Lembre-se sempre que a otite é um quadro de muito incômodo e dor, devendo ser tratada rapidamente para evitar danos irreversíveis.

Não é aconselhável usar cotonetes ou outros instrumentos para tentar limpar o ouvido do gato, pois esse procedimento pode empurrar a secreção para a região mais interna do ouvido, além de romper a membrana do tímpano.

Não se deve pingar dipirona no ouvido do gato, pois esse procedimento pode causar intoxicação medicamentosa, já que essa não é a via correta de administração do medicamento.

O tratamento da otite deve ter como objetivo a identificação e o controle das doenças predisponentes e primárias. A limpeza dos ouvidos é de extrema importância, sendo necessária a aplicação de medicamentos tópicos e sistêmicos, dependendo da gravidade do caso.

Diversas formulações tópicas estão disponíveis em lojas de produtos especializados para pets. A maioria delas contém combinações de corticoides, antibióticos, antifúngicos e parasiticidas. O uso de analgésicos pode ser bastante útil para aliviar o desconforto do animal.

O veterinário, após realizar o diagnóstico, prescreverá o medicamento mais adequado para o gato. Nunca tente tratar o animal por conta própria, pois vários remédios para dor de ouvido utilizados em cães podem ser tóxicos para os gatos.

Não existe remédio caseiro para curar a dor de ouvido em gatos. No entanto, o tutor pode tomar alguns cuidados básicos que evitarão a otite, como limpar os ouvidos do bichano com um algodão enrolado no dedo, levemente umedecido com solução fisiológica.

Nunca utilizar álcool, éter ou soluções de limpeza que não sejam formuladas especificamente para gatos. Pinças e cotonetes são proibidos! Esses instrumentos podem machucar muito o conduto auditivo, além de empurrar a sujeira para locais mais profundos. Ainda, é aconselhável evitar o contato com outros animais que possam estar com doenças transmissíveis, como sarnas e fungos.

Agora que você já sabe as causas e tratamentos para um gato com dor de ouvido, não perca este outro artigo sobre os 10 sinais de dor em gatos.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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