Curiosidades do mundo animal

Anatomia das formigas

 
Nick A. Romero H.
Por Nick A. Romero H., Biólogo e educador ambiental. 13 setembro 2023
Anatomia das formigas

As formigas, insetos sociais que habitam diversas partes do mundo, são seres fascinantes conhecidos por sua organização, eficiência na busca por recursos e por formarem grandes colônias com um enorme grau de organização. Esses pequenos trabalhadores possuem uma anatomia única que lhes permite desempenhar papéis específicos dentro de suas colônias, criando uma sociedade complexa com tarefas bem definidas. Cada parte é composta por segmentos distintivos, desde sua cabeça com antenas e olhos compostos altamente desenvolvidos que lhes conferem habilidades sensoriais surpreendentes, até seu tórax com seis patas ágeis e dois pares de asas, no caso das formigas aladas.

Neste artigo do PeritoAnimal, vamos nos aprofundar no mundo das formigas para descobrir as partes que compõem seus corpos, as características que as destacam e como sua estrutura social tem sido fundamental para o sucesso delas ao longo da evolução. Continue lendo e descubra tudo sobre a anatomia das formigas.

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Índice

  1. Cabeça: órgãos sensoriais e mandíbulas
  2. Tórax: pernas e asas para a mobilidade
  3. Abdômen: órgãos vitais e comunicação por feromônios

Cabeça: órgãos sensoriais e mandíbulas

Iniciamos este texto sobre a anatomia das formigas falando da cabeça, uma parte crucial, pois abriga órgãos sensoriais importantes e ferramentas especializadas para sua sobrevivência. Vamos conhecer as partes que compõem a cabeça de uma formiga:

Antenas

Umas das características mais notáveis da cabeça são suas antenas, que são essenciais para a percepção do mundo ao seu redor.

As antenas são órgãos altamente sensíveis que permitem às formigas detectar feromônios, substâncias químicas usadas para se comunicarem entre si. Esses feromônios são fundamentais para coordenar as atividades da colônia, como busca por alimento, identificação de companheiros e construção de abrigos.

Olhos

Os olhos compostos, outro aspecto relevante da cabeça da formiga , são estruturas visuais impressionantes que lhes proporcionam uma visão quase panorâmica do ambiente .

Cada olho composto é formado por milhares de unidades visuais pequenas chamadas omatídios, que atuam como lentes independentes. Essa visão multifacetada permite-lhes detectar movimentos rápidos e mudanças em seu ambiente, o que é essencial para caça, evasão de predadores e interação com outras formigas.

Mandíbulas

As mandíbulas, localizadas na parte inferior da cabeça, são uma característica distintiva das formigas. Essas estruturas poderosas e especializadas variam de forma de acordo com a espécie e são usadas para várias tarefas. As formigas operárias usam suas mandíbulas para cortar folhas, transportar alimentos e materiais de construção, defender a colônia e lutar contra inimigos. Algumas espécies de formigas até têm mandíbulas adptadas para injetar veneno, permitindo capturar e paralisar suas presas.

A combinação de antenas altamente sensíveis, olhos compostos excepcionais e mandíbulas especializadas torna a cabeça da formiga uma ferramenta extraordinária para sua adaptação e sucesso em seu ambiente. As informações que elas recebem através de suas antenas e olhos permitem-lhes tomar decisões inteligentes e rápidas para sobreviver e prosperar em seu mundo altamente organizado e social. A cabeça da formiga é um exemplo impressionante de como a evolução moldou características específicas para permitir que esses pequenos insetos se tornassem um dos grupos mais bem-sucedidos e resilientes da natureza.

Conheça mais curiosidades sobre as formigas neste artigo.

Anatomia das formigas - Cabeça: órgãos sensoriais e mandíbulas

Tórax: pernas e asas para a mobilidade

O tórax da formiga é uma estrutura central que desempenha um papel crucial em sua mobilidade e capacidade de realizar diversas atividades. É composto por três segmentos: o protórax, o mesotórax e o metatórax. Cada um desses segmentos abriga importantes órgãos que permitem às formigas realizarem suas tarefas diárias de maneira eficiente.

Pernas

As pernas da formiga são uma característica distintiva do tórax e são vitais para seu movimento e habilidade de navegação. Com seis pernas articuladas, as formigas têm uma capacidade impressionante de caminhar, correr e escalar diferentes superfícies. Suas pernas estão adaptadas para se ajustarem a vários terrenos, permitindo-lhes explorar e cortar folhas tanto no solo quanto em superfícies verticiais. Elas são compostas pelas seguintes partes:

  • Coxa: é o segmento mais próximo ao corpo da formiga, onde a perna se une ao tórax. A coxa é a parte mais robusta e fornece uma base sólida para o movimento da perna.
  • Trocânter: é um pequeno segmento localizado entre a coxa e o fêmur. Ajuda na articulação da perna e proporciona certa flexibilidade nos movimentos.
  • Fêmur: é o mais próximo após o trocânter e é mais longo e fino que a coxa. O fêmur é crucial para o movimento e a força da perna.
  • Tíbia: é o próximo segmento após o fêmur e também é longo e fino. A tíbia desempenha um papel importante no movimento e permite que a formiga estenda e dobre a perna.
  • Tarsos: são os últimos segmentos da perna e são compostos por vários pequenos segmentos chamados tarsômetros. Os tarsos estão equipados com espinhos e pelos sensoriais que ajudam a formiga a se agarrar às superfícies e detectar estímulos do ambiente.
  • Garra: no final dos tarsos, as pernas da formiga estão equipadas com garras que permitem que elas agarrem às superfícies e escalem com facilidade.

Asas

As partes das formigas podem variar de uma espécie para outra. Portanto, além de caminhar, algumas espécies de formigas têm a capacidade de voar em certas etapas de seu ciclo de vida. Os formigueros podem produzir formigas aladas chamadas de "rainhas" e "machos" durante o processo de reprodução e dispersão de novas colônias. Essas formigas aladas possuem dois pares de asas, um no mesotórax e outro no metatórax. Quando chega o momento adequado, essas formigas emergem da colônia e voam para realizarem voos nupciais, onde se acasalam e, porteriormente, as rainhas fecundadas procurarão estabelecer novas colônias. Encontre todos os detalhes neste outro post: "Como as formigas se reproduzem?".

As asas das formigas são delicadas e efêmeras, uma vez que, após o voo nupcial, as formigas rainhas e machos as perdem, e as rainhas buscam estabelecer uma nova colônia ao perderem as asas e se tornarem formigas fundadoras. Enquanto isso, os machos, ao cumprir sua função reprodutiva, morrem pouco tempo após o voo nupcial.

O tórax é, portanto, uma parte essencial da anatomia da formiga que contribui para sua mobilidade e adaptabilidade em diferentes ambientes. Sua capacidade de caminhar, correr e escalar, bem como sua habilidade de voar em certas fases de sua vida, têm sido fundamentais para o sucesso e a expansão das colônias de formigas ao longo do tempo. A combinação de suas pernas e asas permitiu que esses incríveis insetos conquistassem uma ampla variedade de habitats e se tornassem uma das espécies mais abundantes e bem-sucedidas do renino animal.

Anatomia das formigas - Tórax: pernas e asas para a mobilidade

Abdômen: órgãos vitais e comunicação por feromônios

O abdômen é uma parte vital da anatomia da formiga e abriga órgãos essenciais para sua sobrevivência e função dentro da colônia. Este segmento posterior do corpo da formiga é composto por vários segmentos e contém uma variedade de órgãos vitais que desempenham papéis cruciais em sua fisiologia e comportamento:

  • Coração: as formigas possuem um coração tubular que bombeia hemolinfa, equivalente ao fluído circulatório (sangue) nesses insetos, através de seus corpos. Embora seu sistema circulatório seja menos complexo em comparação com o dos vertebrados, o coração da formiga desempenha a função crucial de distribuir nuetrientes e oxigênio para todas as partes do corpo.
  • Órgãos reprodutores: no abdômen das formigas, especialmente nas formigas rainhas, estão localizados os órgãos reprodutores. As rainhas são responsáveis por colocar ovos e perpetuar a colônia, garantindo assim a reprodução e a sobrevivência da espécie.
  • Sistemas digestivo e excretor: o abdômen também contém o sistema digestivo, que processa os alimentos ingeridos pela formiga, permitindo que ela obtenha os nutrientes necessários para sua subsistência e energia. Além disso, o sistema excretor é encarregado de eliminar os resíduos e toxinas do corpo da formiga, mantendo sua saúde e bem-estar.

Sistema de comunicação

Por outro lado, a comunicação é um aspecto essencial para o sucesso das colônias de formigas, e grande parte dessa comunicação é baseada na liberação e detecção de feromônios. Os feromônios são substâncias químicas produzidas por glândulas especializadas que estão no abdômen das formigas, portanto, também fazem parte das partes de uma formiga. Cada tipo de feromônio tem uma função específica e é usado para transmitir informações importantes dentro da colônia.

Esse tipo de comunicação permite traçar rotas e buscar alimentos. As formigas exploradoras que encontram uma fonte de alimento liberam feromônios específicos enquanto retornam à colônia. Esses feromônios atuam como uma espécie de "sinal de rota" para guiar outras formigas até a fonte de alimento, criando uma eficiente rede de coleta de recursos. Além disso, quando uma formiga detecta perigo ou ameaça, como um predador próximo, ela liberará feromônios de alarme. Esse sinal alertará outras formigas próximas, que podem responder fugindo ou se preparando para a defesa da colônia.

Esses feromônios também são usados para distinguir entre castas e papéis dentro da colônia. Por exemplo, os feromônios reais e operários podem diferenciar as formigas rainhas, operárias e soldados, permitindo-lhes trabalhar em harmonia e alcançar o sucesso coletivo como uma colônia bem organizada.

Agora que você já conhece a fundo a anatomia das formigas, não deixe de aprender sobre os diferentes tipos de formigas que existem neste outro artigo.

Anatomia das formigas - Abdômen: órgãos vitais e comunicação por feromônios

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Bibliografia
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