Curiosidades do mundo animal

Reprodução dos anfíbios

 
Nick A. Romero H.
Por Nick A. Romero H., Biólogo e educador ambiental. 12 maio 2021
Reprodução dos anfíbios

Um dos grandes aspectos da evolução foi a conquista do meio terrestre por parte dos animais. A passagem da água para a terra foi um acontecimento único, sem dúvidas, que mudou o desenvolvimento da vida no planeta. Esse maravilhoso processo de transição deixou alguns animais com uma estrutura corporal intermediária entre água e terra, que estão totalmente adaptados a ambientes terrestres, mas geralmente se mantêm vinculados à água, principalmente para sua reprodução.

O que foi dito anteriormente faz referência aos anfíbios, cujo nome precisamente vem de sua vida dupla, aquática e terrestre, os únicos vertebrados que, na atualidade, são capazes de fazer metamorfose. Os anfíbios pertencem ao grupo dos tetrápodes, são amniotas, isto é, sem saco amniótico, ainda que com certas exceções, e a maioria respira por meio de brânquias na fase larval e de maneira pulmonar depois de realizar a metamorfose.

Neste artigo do PeritoAnimal, queremos que você conheça como se reproduzem estes animais, já que é um dos aspectos que mantêm vinculados ao meio aquoso. Siga lendo e aprenda sobre a reprodução dos anfíbios.

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Índice

  1. Classificação dos anfíbios
  2. Tipo de reprodução dos anfíbios
  3. Como é o processo de reprodução dos anfíbios?
  4. Por que a água é necessária para a reprodução dos anfíbios
  5. Estado de conservação dos anfíbios

Classificação dos anfíbios

Na atualidade, os anfíbios se agrupam nos Lissamphibia (lissanfíbios) e este grupo, por sua vez, se ramifica ou divide em três:

  • Gymnophiona: se conhecem comumente como cecílias e caracterizam-se por ser ápodes. Além do mais, são os que menos espécies possuem.
  • Caudata (Caudados): correspondem às salamandras e tritões.
  • Anura: corresponde à rãs e sapos. Entretanto, vale destacar que esses dois termos não têm validez taxonômica, mas, sim, são usados para distinguir os animais pequenos de pele lisa e úmida, daqueles com pele mais seca e rugosa.

Para mais informação, te animamos a ler este outro artigo sobre Características dos anfíbios.

Tipo de reprodução dos anfíbios

Todos estes animais têm um tipo de reprodução sexual, entretanto, expressam uma grande variedade de estratégias reprodutivas. Por outro lado, ainda que seja comum acreditar que todos os anfíbios são ovíparos, é necessário fazer um esclarecimento a esse respeito.

Os anfíbios são ovíparos?

As cecílias tem uma fecundação interna, mas podem ser ovíparas ou vivíparas. Já as salamandras podem ter fecundação interna ou externa, e enquanto à modalidade de desenvolvimento embrionário, exibem várias maneiras dependendo da espécie: umas põe ovos fecundados que se desenvolvem no exterior (oviparidade), outras mantém os ovos dentro do corpo das fêmeas, expulsando quando as larvas estão formadas (ovoviviparidade) e em outros casos mantêm internamente as larvas até que realizem a metamorfose, expulsando os indivíduos totalmente formados (viviparidade).

Quanto aos anuros, geralmente são ovíparos e com fecundação externa, mas também existem algumas espécies com fecundação interna e, adicionalmente, foram identificados casos de viviparidade.

Como é o processo de reprodução dos anfíbios?

Já sabemos que os anfíbios expressam múltiplas formas reprodutivas, mas vamos conhecer com mais detalhes como se reproduzem os anfíbios.

Reprodução das cecílias

Os machos das cecílias possuem um órgão copulador com o qual fecundam as fêmeas. Algumas espécies põem seus ovos em áreas úmidas ou perto da águas e são as fêmeas que cuidam deles. Há outros casos em que elas são vivíparas e mantêm as larvas todo o tempo em seu oviduto, do qual se alimentam.

Reprodução dos caudados

Quanto aos caudados, um número reduzido de espécies expressam fecundação externa, enquanto a maioria apresenta fecundação interna. O macho, depois de realizar um cortejo, deixa o espermatozoide geralmente sobre alguma folha ou ramo para que posteriormente seja tomado pela fêmea. Logo, os ovos serão fecundados no interior do corpo da futura mãe.

Por outro lado, algumas espécies de salamandras levam uma vida totalmente aquática e a posta de seus ovos ocorre neste meio, colocando-os em massa ou grupos e dele emergem larvas com brânquias e cauda em forma de aleta. Mas outras salamandras levam uma vida adulta terrestre após realizar a metamorfose. Estas últimas depositam seus ovos na terra em forma de pequenos cachos, geralmente debaixo do solo úmido e macio ou de troncos com umidade.

Várias espécies tendem a manter-se com os ovos para proteção e, nestes casos, o desenvolvimento larvário ocorre totalmente dentro do ovo, por isso, dele eclodem indivíduos com forma similar a dos adultos. Também foram identificados casos em que a fêmea mantém as larvas durante seu desenvolvimento completo até a forma adulta, momento no qual as expulsa.

Reprodução dos anuros

Os machos dos anuros, como mencionamos antes, geralmente fecundam os ovos no exterior, ainda que poucas espécies o fazem de maneira interna. Eles atraem as fêmeas por meio da emissão de seus cantos, e quando ela está pronta, ele se aproxima e ocorre o amplexo, que é o posicionamento do macho sobre a fêmea, para que à medida que ela libere os ovos, o macho os vá fecundando.

A ovoposição deste animais pode ocorrer de diversas maneiras: em alguns casos é aquática, onde se incluem diversas formas de colocar os ovos, em outros se dá em ninhos de espuma sobre a água e também pode realizar-se de maneira arborícola ou terrestre. Também existem alguns casos nos quais o desenvolvimento larvário se dá sobre a pele da mãe.

Reprodução dos anfíbios - Como é o processo de reprodução dos anfíbios?

Por que a água é necessária para a reprodução dos anfíbios

Diferentemente dos répteis e das aves, os anfíbios produzem ovos sem a casca ou cobertura dura que envolve o embrião destes animais. Esta, além de permitir o intercâmbio gasoso com o exterior por ser porosa, oferece uma alta proteção contra o ambiente seco ou certo nível de temperatura elevada.

Desenvolvimento embrionários dos anfíbios

Devido a isso, o desenvolvimento embrionário dos anfíbios deve ocorrer em um meio aquoso ou em ambientes úmidos para que, assim, os ovos estejam protegidos, principalmente contra a perda de umidade, o que seria fatal ao embrião. Mas, como já sabemos, há espécies de anfíbios que não os põem na água.

Nestes caos, algumas estratégias consistem em fazê-lo em lugares úmidos, embaixo da terra ou cobertos por vegetação. Também podem produzir quantidades de ovos envolvidos em uma massa gelatinosa, o que os dá condições idôneas para o desenvolvimento. Inclusive, foram identificadas espécies de anuros que levam água até o lugar terrestre onde desenvolvem seus ovos.

Estes vertebrados são um claro exemplo de que a vida busca mecanismos evolutivos necessários para adaptar-se e desenvolver-se na Terra, o que se pode ver claramente em suas variadas maneiras de reprodução, que constitui uma ampla gama de estratégias para a perpetuação do grupo.

Reprodução dos anfíbios - Por que a água é necessária para a reprodução dos anfíbios

Estado de conservação dos anfíbios

Muitas espécies de anfíbios se encontram catalogadas em algum grau de perigo de extinção, principalmente por sua dependência a corpos de água e o suscetível que podem ser diante das mudanças que ocorrem de maneira massiva na atualidade em rios, lagos e zonas úmidas em geral.

Neste sentido, se fazem necessárias ações contundentes que frenem a deterioração a qual se submetes estes ecossistemas para, assim, conservar os anfíbios e o resto das espécies que dependem desses habitats.

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Bibliografia
  • GUAYNARA-Barragán, M y Bernal, M. (2012). Fecundidad y fertilidad en once especies de anuros colombianos con diferentes modos reproductivos. Revista Caldasia, 34(2):483-496. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/pdf/cal/v34n2/v34n2a16.pdf> Acesso em: 12 de maio de 2021.
  • HICKMAN, C., Roberts, L., Parson A. (2000). Principios integrales de zoología. McGraw Hill Interamericana: Espanha.
  • OBIS, E. (2010). Nacimiento de una salamandra. Investigación y Ciencia, Nº 405. Disponível em: <https://www.investigacionyciencia.es/revistas/investigacion-y-ciencia/informe-especial-salvar-la-tierra-506/nacimiento-de-una-salamandra-431> Acesso em: 12 de maio de 2021.
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