Respiração dos anfíbios
Os anfíbios provavelmente foram o passo que a evolução deu para colonizar a superfície terrestre com animais. Até então, eles estavam confinados aos mares e oceanos, porque a terra tinha uma atmosfera muito tóxica. Em dado momento, alguns animais começaram a sair. Para isso, tiveram que surgir mudanças adaptativas que permitiam respirar ar em vez de água. Neste artigo do PeritoAnimal, falamos sobre a respiração dos anfíbios. Você quer saber por onde e como os anfíbios respiram? Nós vamos te contar!
O que são anfíbios
Os anfíbios são um grande filo de animais vertebrados tetrápodes que, diferentemente de outros animais vertebrados, sofrem uma metamorfose ao longo de sua vida, o que faz com que tenham vários mecanismos para respirar.
Tipos de anfíbios
Os anfíbios são classificados em três ordens:
- Ordem Gymnophiona, que são as cecílias. Elas têm forma de verme, com quatro extremidades muito curtas.
- Ordem Caudata. São os urodelos, ou anfíbios com cauda. Nessa ordem estão classificadas as salamandras e os tritões.
- Ordem Anura. São os animais populares conhecidos como sapos e rãs. São anfíbios sem cauda.
Características dos anfíbios
Os anfíbios são animais vertebrados poiquilotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal é regulada de acordo com o ambiente. Portanto, esses animais geralmente vivem em climas quentes ou temperados.
A característica mais importante desse grupo de animais é que eles passam por um processo de transformação muito abrupto chamado metamorfose. A reprodução dos anfíbios é sexuada. Depois da postura dos ovos e após um certo tempo, eclodem larvas que se parecem pouco ou nada com um indivíduo adulto, e são de vida aquática. Durante esse período, são chamados de girinos e respiram através de brânquias e também da pele. Durante a metamorfose, desenvolvem os pulmões, as extremidades e, às vezes, perdem a cauda (é o caso dos sapos e rãs).
Possuem uma pele muito fina e úmida. Apesar de serem os primeiros a colonizar a superfície terrestre, eles ainda são animais intimamente ligados à água. Essa pele tão fina permite realizar trocas gasosas durante toda a vida do animal.
Conheça todas as características dos anfíbios nesse artigo.
Por onde os anfíbios respiram?
Os anfíbios, ao longo de sua vida, utilizam várias estratégias de respiração. Isso ocorre porque os ambientes em que vivem antes e depois da metamorfose são muito diferentes, embora estejam sempre intimamente ligados à água ou à umidade.
Durante o estágio larval, os anfíbios são animais aquáticos e vivem em áreas de água doce, como lagoas efêmeras, lagoas, lagos, rios com águas limpas e claras e até piscinas. Após a metamorfose, a grande maioria dos anfíbios se torna terrestre e, enquanto alguns entram e saem continuamente da água para se manterem úmidos e hidratados, outros são capazes de manter a umidade em seus corpos simplesmente se protegendo do sol.
Então, podemos distinguir quatro tipos de respiração dos anfíbios:
- Respiração branquial.
- Mecanismo da cavidade bucofaríngea.
- Respiração através da pele ou tegumentos.
- Respiração pulmonar.
Como os anfíbios respiram?
O modo de respirar dos anfíbios muda de um estágio para outro, além disso, existem também algumas diferenças entre as espécies.
1. Respiração dos anfíbios através das brânquias
Depois de sair do ovo e até atingir a metamorfose, os girinos respiram através das brânquias que possuem dos dois lados da cabeça. Nas espécies de anuros, sapos e rãs, essas brânquias ficam escondidas em sacos branquiais, e nos urodelos, isto é, salamandras e tritões, estão totalmente expostas ao exterior. Essas brânquias são altamente irrigadas pelo sistema circulatório, e também possuem uma pele muito fina que permite a troca gasosa entre o sangue e o ambiente.
2. Respiração bucofaríngea dos anfíbios
Em salamandras e em alguns anuros adultos, existem membranas bucofaríngeas na boca que atuam como superfícies respiratórias. Nessa respiração, o animal toma o ar e o mantém na boca. Enquanto isso, essas membranas, altamente permeáveis ao oxigênio e dióxido de carbono, realizam as trocas gasosas.
3. Respiração dos anfíbios através da pele e tegumentos
A pele dos anfíbios é muito fina e desprotegida, por isso eles precisam mantê-la sempre úmida. Isso ocorre porque eles podem realizar trocas gasosas através desse órgão. Quando são girinos, a respiração através da pele é muito importante, e eles a combinam com a respiração branquial. Ao atingir o estado adulto, foi comprovado que a captação de oxigênio pela pele é mínima, mas a expulsão de dióxido de carbono é alta.
4. Respiração pulmonar dos anfíbios
Durante a metamorfose nos anfíbios, as brânquias desaparecem gradualmente e os pulmões se desenvolvem para dar aos anfíbios adultos a oportunidade de passar para a terra firme. Nesse tipo de respiração, o animal abre a boca, abaixa o assoalho da cavidade oral, e assim o ar entra. Enquanto isso, a glote, que é uma membrana que conecta a faringe à traqueia, permanece fechada e, portanto, não há acesso ao pulmão. Isso se repete várias vezes.
No passo seguinte, a glote se abre e, devido a uma contração da cavidade torácica, o ar da respiração anterior, que está nos pulmões, é expelido pela boca e pelas narinas. O assoalho da cavidade oral sobe e empurra o ar para os pulmões, a glote se fecha e ocorrem as trocas gasosas. Entre um processo respiratório e outro, geralmente se passa algum tempo.
Exemplos de anfíbios
A seguir, apresentamos uma pequena lista com alguns exemplos das mais de 7.000 espécies de anfíbios que existem no mundo:
- Cecilia-de-Thompson (Caecilia thompsoni)
- Caecilia-pachynema (Typhlonectes compressicauda)
- Tapalcua (Dermophis mexicanus)
- Cecília-anelada (Siphonops annulatus)
- Cecília-do-Ceilão (Ichthyophis glutinosus)
- Salamandra-gigante-da-China (Andrias davidianus)
- Salamandra-de-fogo (Salamandra salamandra)
- Salamandra-tigre (Ambystoma Tigrinum)
- Salamandra-do-noroeste (Ambystoma gracile)
- Salamandra-de-dedos-longos (Ambystoma macrodactylum)
- Salamandra-de-caverna (Eurycea lucifuga)
- Salamandra-zig-zag (Plethodon dorsal)
- Salamandra-de-patas-vermelhas (Plethodon shermani)
- Tritão-ibérico (Triturus boscai)
- Tritão-de-crista (Triturus cristatus)
- Tritão-marmoreado (Triturus marmoratus)
- Tritão-ventre-de-fogo (Cynops orientalis)
- Axolote (Ambystoma mexicanum)
- Tritão-do-leste-americano (Notophthalmus viridescens)
- Rã-comum (Pelophylax perezi)
- Rã-dardo-venenosa (Phyllobates terribilis)
- Rã-arborícola-europeia (Hyla arborea)
- Rã-arborícola-de-white (Litoria caerulea)
- Rã-arlequim (Atelopus Varius)
- Sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)
- Sapo-verde-europeu (Bufotes viridis)
- Sapo-espinhoso (Rhinella spinulosa)
- Rã-touro-americana (Lithobates catesbeianus)
- Sapo-comum (Bufo bufo)
- Sapo-corredor (Epidalea calamita)
- Sapo-cururu (Rhinella marina)
Se deseja ler mais artigos parecidos a Respiração dos anfíbios, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Curiosidades do mundo animal.
- Feder, M. E., & Burggren, W. W. (1985). Skin breathing in vertebrates. Scientific American, 253(5), 126-143.
- Hill, R.W., Wyse, G.A. y Anderson, M. (2004).Fisiología animal. Cap. 21. Editorial Panamericana S.A., Madrid
- Lenfant, C., & Johansen, K. (1967). Respiratory adaptations in selected amphibians. Respiration physiology, 2(3), 247-260.
- Lenfant, C., & Johansen, K. (1972). Gas exchange in gill, skin, and lung breathing. Respiration physiology, 14(1-2), 211-218.
- Wells, K. D. (2010). The ecology and behavior of amphibians. University of Chicago Press.