Pode vacinar cachorra no cio?
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Uma dúvida muito comum entre os tutores é se a cadela no cio pode ser vacinada. Pode acontecer de o dia da vacina da cadela coincidir com o cio, deixando o tutor na dúvida se seria correto ou não vacinar nessa data ou esperar passar o cio. Caso isso aconteça, existem algumas recomendações a serem observadas, assim como se a cachorra estiver prenha.
O cio pode ser um momento de estresse para a cachorrinha, pois ocorrem alterações hormonais e comportamentais, fazendo com que a sua imunidade sofra mudanças também. Os hormônios predominantes no cio podem deixar a fêmea mais sensível e irritada. O calendário vacinal dos cães é bem abrangente, com vacinas que protegem contra doenças causadas por vírus, bactérias e protozoários. E para que ocorra uma produção eficiente de anticorpos, é necessário que o animal esteja saudável no dia da vacinação. O cio não é uma enfermidade, mas o sistema imunológico estará com algumas alterações nessa fase, que devem ser consideradas para a vacinação.
Mas o cio pode ser considerado um período de baixa imunidade? O que acontece se a cachorrinha receber a vacina durante essa fase? Ela ficará imunizada? A vacina vai funcionar? Essas e outras dúvidas são muito comuns entre os tutores de fêmeas caninas. Mas não se preocupe! O PeritoAnimal elaborou este artigo que explica se pode vacinar cachorra no cio ou não, para ajudar a esclarecer essas e outras questões sobre esse assunto. Não deixe de ler até o final e ficar por dentro de tudo! Boa leitura!
Pode vacinar cachorra no cio?
O cio é um momento de estresse para o corpo da cachorra. Ocorrem alterações hormonais e comportamentais, que podem influenciar a imunidade do animal. Momentos de estresse causam a liberação de cortisol pelo corpo, que atua como imunossupressor (anti-inflamatório), ou seja, diminui a imunidade do animal, tornando mais suscetível a contrair doenças, além de influenciar no seu comportamento. Durante o cio, por ação dos hormônios, a cadela pode ficar mais irritada e sensível, liberando mais cortisol que o normal.
A excreção do cortisol em animais machos que vivem em grupo é frequentemente associada à posição social e à competição por fêmeas. A avaliação do nível de cortisol está relacionada à posição dos animais no grupo e custos associados à competição de parceiros. Em um estudo com bonobos (Pan paniscus) foi investigada essa relação e descobriram que os níveis de cortisol estão relacionados à hierarquia, competição e tempo de fêmea no cio. O cortisol está relacionado positivamente com o grau de dominância enquanto a fêmea estava no período de cio. Agressões recebidas por machos e fêmeas podem explicar a variação dentro do indivíduo nos níveis de cortisol.
Para que uma vacina funcione de fato, é necessário que ela desencadeie uma resposta imunológica adequada. As vacinas possuem pequenos pedaços (geralmente alguma proteína) dos agentes causadores de doenças, ou até mesmo o próprio agente, morto ou atenuado. Isso faz com que o corpo reconheça como estranhas essas proteínas dos patógenos e produza anticorpos contra eles, sem que fique doente. Mas para que isso aconteça de forma efetiva, o animal deverá estar saudável, livre de qualquer situação que lhe cause diminuição na função imunológica, ou seja, não pode estar no cio, doente ou tomando algum medicamento imunossupressor.
E essa é uma situação complicada durante o cio. Com as alterações hormonais, a cadela pode ficar mais ansiosa e estressada, produzindo mais cortisol que o normal e tendo um efeito regulador na imunidade (diminuição da defesa do corpo). Por esse motivo, é aconselhável não vacinar a cadela durante o cio. A vacina deverá ser aplicada antes ou após o cio, evitando assim que a cachorra desenvolva uma imunidade incompleta. Ela pode até produzir anticorpos, mas não serão suficientes para evitar a doença, caso entre em contato com o agente patogênico.
Caso a haja o objetivo de colocar a cachorra para acasalar, o ideal é que ela seja vacinada antes do cio, para que a produção de anticorpos seja realizada antes do parto e que estes sejam passados aos filhotes pelo colostro. Se isso não for possível, a cadela poderá ser vacinada após parir, para que dê tempo de transmitir os anticorpos durante a amamentação. Por isso existe uma grande importância na amamentação, para que a mãe passe imunidade para os filhotes recém-nascidos, que ficarão protegidos pelos anticorpos maternos até tomarem as vacinas.
Reações vacinais durante o cio
A aplicação de vacinas durante o cio não causa reações além das já previstas, como febre e indisposição, por um ou dois dias. Mas fique atento! Estamos falando aqui de vacinas contra doenças, e não sobre injeções de contraceptivos em cadelas.
Qual é a melhor época para vacinar a cachorra?
Existe um calendário vacinal que deverá ser seguido durante toda a vida do cachorro, tanto fêmeas quanto machos. As principais vacinas utilizadas em cães são: múltipla, contra pneumonia e anti-rábica. A vacina múltipla deverá ser iniciada aos 60 dias de vida, com dois reforços em intervalos de 21 dias. A vacina contra pneumonia é iniciada com cerca de 3 meses de vida, com um reforço após 21 dias. Já a vacina antirrábica é aplicada aos 6 meses de idade.
Após esse calendário inicial do filhote, essas vacinas deverão receber reforços anuais. Caso um desses reforços coincidam com o cio da cadela, aconselha-se aguardar o final do ciclo para a aplicação.
Neste artigo do PeritoAnimal explicamos Quantos dias a cadela sangra no cio? para que você possa se programar melhor quanto ao calendário de vacinação.
E se cachorra estiver grávida?
Caso já se saiba que a cachorra está grávida, não se deve aplicar as vacinas, pois isso pode resultar em aborto ou malformações nos filhotes. Sempre espere a cadela parir para aplicar as vacinas, ou tente se organizar para vaciná-la antes do cio, pois a produção de anticorpos será ideal para a produção de colostro, o que vai proteger os filhotes.
Existem vacinas que devem ser evitadas na cachorra grávida?
Todas as vacinas devem ser evitadas na cachorra grávida. Essa é uma recomendação é comum dos laboratórios fabricantes de vacinas para cães, pois o risco de aborto e malformações nos filhotes é muito alto.
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- Cunha, E.Z.F. Emoções e Estresse de Animais. Disponível em https://animaiscomdireitos.ufpr.br/wp-content/uploads/2020/06/emocao-e-estresse-de-animais.pdf. Acesso em 25/01/2024.