Problemas da pele

Dermatofitose em gatos - Causas e tratamento

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 4 agosto 2023
Dermatofitose em gatos - Causas e tratamento
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A dermatofitose é uma doença fúngica, um tipo de micose, muito comum nos gatos. Trata-se de uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para as pessoas, onde os animais podem atuar como fonte transmissora ou reservatórios. Ambientes com muitos animais podem se tornar focos de transmissão da doença, que é altamente contagiosa.

Gatos de qualquer raça ou idade podem se contaminar, havendo predileção para animais imunossuprimidos, desnutridos e filhotes. Os animais infectados devem ficar isolados dos demais até sua cura total, para evitar a transmissão, que ocorre por meio de contato direto com as lesões ou pelo contato indireto, por meio de instrumentos e ambientes contaminados.

As lesões geralmente são circulares, sem pelos e queratinizadas, com um anel de inflamação, descamação, vermelhidão, mais pigmentada que o normal e com coceira (nem sempre presente). O tutor deve ficar sempre atento a lesões de pele no seu bichano, principalmente com quedas de pelos e coceira. Várias doenças diferentes podem apresentar os mesmos sintomas, sendo necessária a avaliação do médico veterinário. Neste artigo do PeritoAnimal, detalharemos a causa, os sintomas e o tratamento da dermatofitose em gatos, para que os tutores adquiram o conhecimento necessário para ajudar o seu bichano. Boa leitura!

Índice

  1. O que é a dermatofitose em gatos?
  2. O que causa a dermatofitose em gatos?
  3. Sintomas de dermatofitose em gatos
  4. Tratamento da dermatofitose em gatos
  5. Tratamento caseiro para fungos em gatos
  6. Pode usar vinagre para tratar fungos em gatos?
  7. Como prevenir a dermatofitose em gatos?

O que é a dermatofitose em gatos?

A dermatofitose em gatos, também conhecida por “tinha”, é uma infecção fúngica causada pelos fungos Microsporum sp. e Trichophyton sp. Neste tipo de micose felina, os fungos dermatófitos são capazes de invadir os tecidos queratinizados (alimentam-se de queratina) de humanos e animais, sendo mais comuns em regiões de clima tropical e temperado, em países com clima quente e úmido.

A doença pode atingir gatos jovens que vivem em coletividade ou gatos com idade avançada que apresentam o sistema imunológicos deprimido. As lesões cutâneas podem ser localizadas, multifocais ou generalizada.

O que causa a dermatofitose em gatos?

Existem mais de trinta espécies de dermatófitos conhecidas, sendo classificadas em três gêneros anamórficos: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton, sendo que apenas os dois primeiros usualmente causam dermatofitose em animais domésticos. O fungo causador da dermatofitose mais adaptado em gatos é o Microsporum canis.

Nos animais de companhia, há uma predominância dos casos de dermatofitose causada pelas espécies Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trychophyton mentagrophytes. Em casos raros, ocorre a infecção simultânea de dois diferentes tipos de fungos no mesmo animal. O M. canis possui como reservatório os felinos jovens, que podem apresentar sintomas, enquanto os gatos adultos portadores podem não apresentar quaisquer lesões.

Sintomas de dermatofitose em gatos

Os dermatófitos alimentam-se de queratina, e, por esse motivo, os sintomas da doença são reflexo da invasão do fungo nos queratinócitos:

  • Perda de pelos
  • Pápulas
  • Crostas
  • Vermelhidão
  • Hiperpigmentação
  • Mudanças no crescimento e aparência das unhas
  • A região afetada geralmente apresenta-se em formato circular, irregular, com descamação, podendo coçar ou não.

Os gatos podem se apresentar clinicamente saudáveis, atuando como reservatório dos fungos, enquanto os cães sempre apresentam sintomas. As lesões na pele dos gatos podem ser localizadas, multifocais ou generalizadas, com coceira mínima ou discreta e, às vezes, intensa. Os pelos ao redor das lesões alopécicas podem estar curtos ou quebrados.

Tratamento da dermatofitose em gatos

O tratamento da dermatofitose felina é de grande importância devido ao seu potencial zoonótico. Os animais infectados devem ser isolados dos demais e permanecerem em quarentena até a cura completa da patologia. A descontaminação ambiental é um procedimento muito importante, já que o fungo pode ficar no ambiente e ser transmitido dessa forma para outros animais.

Quando o gato apresentar poucas lesões e de tamanho pequeno, o tratamento poderá ser tópico, com o uso de xampus, pomadas, cremes ou gel antifúngicos, como cetoconazol. Em casos de lesões generalizadas, a tosa pode ser uma opção interessante, pois a diminuição da quantidade de pelos reduz o reservatório de fungos. Mas cuidado! O uso de máquinas de tosa pode piorar as lesões! O uso de tesoura pode ser uma alternativa mais adequada. Lembrando que todo material utilizado no gato com dermatofitose deverá ser minuciosamente desinfetado.

O tratamento sistêmico é necessário quando as lesões são generalizadas, pois o fungo penetra profundamente nos folículos pilosos. Vários medicamentos estão disponíveis para o tratamento da dermatofitose, como a griseofulvina, o cetoconazol, o itraconazol e o fluconazol. O tratamento mais adequado deverá ser avaliado pelo médico veterinário, que realizará uma cultura fúngica para melhor identificação do agente causador.

É importante ressaltar que o tratamento não deverá ser interrompido antes da reavaliação do médico veterinário, que poderá realizar nova cultura fúngica para ter certeza de que o animal está livre dos fungos. Alguns casos podem se tornar resistente, necessitando que a medicação seja trocada e um tempo de terapia mais prolongado.

Estudos recentes mostram que a vacina Biocan M® é uma alternativa válida para o tratamento e prevenção da dermatofitose em cães e gatos. A vacina é específica para o Microsporum canis, mas alguns estudos mostraram sua atuação em outros fungos detectados na pele de gatos. São necessárias três doses: a primeira dose no dia zero, a segunda no dia 14 e a terceira no dia 38 (ou 24 dias após a segunda dose). Aqui explicamos como aplicar vacina em gatos corretamente.

Tratamento caseiro para fungos em gatos

Infelizmente, remédios caseiros para a dermatofitose em gatos não serão capazes de eliminar os fungos, podendo apenas aliviar os sintomas. Infecções generalizadas devem ser tratadas com medicamentos sistêmicos e alopáticos o mais breve possível, devido ao risco de agravamento do quadro clínico do bichano.

Pode usar vinagre para tratar fungos em gatos?

Em lesões localizadas, pequenas e pouco numerosas, o uso de vinagre pode ser benéfico. Pode ser feita uma limpeza na lesão com o uso de um pedaço de algodão embebido em vinagre, duas vezes ao dia. No entanto, seu uso não poderá substituir o tratamento prescrito pelo médico veterinário.

Como prevenir a dermatofitose em gatos?

A melhor forma de prevenir a dermatofitose é evitar o contato com animais infectados. O uso de materiais de tosa, como pentes, máquinas e escovas pode ser um meio de transmissão muito eficaz. Todos esses instrumentos devem ser cuidadosamente esterilizados.

Além disso, sempre que o gato tomar banho, deverá ficar completamente seco, sem focos úmidos, para que não haja ambiente propício para a proliferação dos fungos. Manter o bichano sempre bem alimentado e vacinado também é uma forma de se evitar que ele adoeça.

Saiba mais sobre os fungos em gatos neste outro artigo.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Pascoli, A.L. et al. Dermatofitose por Microsporum canis e Microsporum gypseum: revisão de literatura. MedvepDermato – Revista de Educação Continuada em Dermatologia e Alergologia Veterinária, 2014. Disponível em https://medvep.com.br/wp-content/uploads/2020/11/Dermatofitose-por-Microsporum-canis-e-Microsporum-gypseum-revis%C3%A3o-de-literatura.pdf. Acesso em 04/08/2023.
  • Macedo, C. M., Silva, W. C., Camargo Jr., R. N. C. Dermatofitose em cães e gatos: aspectos clínicos, diagnóstico e tratamento. Veterinária e Zootecnia, 2021. Disponível em https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/588/373. Acesso em 04/08/2023.
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