Reprodução da estrela-do mar: explicação e exemplos
As estrelas-do-mar (Asteroidea) são uns dos animais mais misteriosos que existem. Junto com os ouriços, ofiúros e pepinos-do-mar formam o grupo dos equinodermos, um conjunto de invertebrados que se escondem no fundo do oceano. É comum observá-los nas costas rochosas, enquanto se movem muito lentamente. Talvez por isso nos custa tanto imaginar como é a reprodução das estrelas-do-mar.
Devido à sua forma de vida, estes animais se multiplicam de uma maneira muito peculiar e interessante. Possuem reprodução sexual, como nós, embora também se proliferem de maneira assexual, ou seja, fazem cópias de si mesmos. Quer saber como? Então não perca esse artigo do PeritoAnimal sobre a reprodução das estrelas-do mar: explicação e exemplos.
Reprodução da estrela-do-mar
A reprodução da estrela-do-mar começa quando há condições ambientais ideais. A maior parte delas se reproduz na estação mais quente do ano. Além disso, muitas escolhem os dias de maré alta. Mas e como é a reprodução da-estrela-do-mar? Seu principal tipo de reprodução é sexual e começa com a busca de indivíduos do sexo oposto.
Estes animais marinhos têm sexos separados, ou seja, existem machos e fêmeas, salvo algumas exceções hermafroditas.[1] Seguindo os rastros de hormônios e outras substâncias químicas[2], as estrelas-do-mar se colocam nos melhores locais para se reproduzir. Todas os tipos de estrelas-do-mar formam grupos pequenos ou maiores chamados de "agregações de desova" onde se juntam machos e fêmeas. A partir deste momento, cada espécie mostra diferentes estratégias de pareamento.
Como é o pareamento das estrelas-do-mar?
A reprodução das estrelas-do-mar começa quando a maior parte dos indivíduos se une em grupos muitos numerosos para, assim, iniciar um processo em que se arrastam uns sobre os outros, se tocando e entrelaçando seus braços. Estes contatos e a secreção de certas substâncias causam a liberação sincronizada dos gametas por parte de ambos os sexos: as fêmeas liberam seus óvulos e, os machos, seus espermatozóides.
Os gametas se unem na água, ocorrendo a chamada fecundação externa. A partir deste momento iniciao ciclo de vida da estrela-do-mar. Não existe gravidez: os embriões se formam e se desenvolvem na água ou, em algumas poucas espécies, sobre o corpo dos pais. Este tipo de pareamento recebe o nome de pseudocópula, já que existe contato físico, mas não penetração.
Em algumas espécies, como a estrela-de-areia (Archaster typicus), a pseudocópula se realiza em casal. Um macho se coloca em cima de uma fêmea, intercalando seus braços. Visto de cima, parecem uma estrela de dez pontas. Elas podem permanecer assim um dia inteiro, tanto que muitas vezes ficam cobertas com a areia. Finalmente, como no caso anterior, ambos liberam seus gametas e se produz uma fecundação externa.[3]
Neste exemplo das estrelas-de-areia, embora o pareamento se realize em casais, também pode ocorrer em grupos. Desta maneira, aumentam suas possibilidades de se reproduzir, assim como de ter várias parceiras ao longo da mesma estação reprodutiva. Portanto, as estrelas-do-mar são animais poligâmicos.
A estrela-do-mar é ovípara ou vivípara?
Agora que falamos sobre a da estrela-do-mar e sua reprodução, tiraremos uma outra dúvida bastante comum sobre elas. A maioria das estrelas-do-mar é ovípara, ou seja, elas botam ovos.A partir da união dos espermatozóides e óvulos liberados, se formam uma grande quantidade de ovos. Eles normalmente são depositados no fundo do mar ou, em algumas poucas espécies, em estruturas incubadoras que seus pais têm sobre o corpo. Quando eclodem, não parecem as estrelas que todos conhecemos, mas larvas planctônicas que nadam à deriva.
As larvas das estrelas-do-mar são bilaterais, ou seja, têm o corpo dividido em duas partes iguais (como nós humanos). Sua função é se dispersar ao longo do oceano, colonizando novos lugares. Enquanto fazem isso, se alimentam e crescem até que chega o momento de se transformar em adultos. Para isso, baixam ao fundo do mar e sofrem um processo de metamorfose.
Por último, embora seja muito raro, devemos mencionar que algumas espécies entre os tipos de estrelas-do-mar são vivíparas. É o caso da Patiriella vivipara, cujos filhotes se desenvolvem dentro das gônadas dos pais.[4] Desta maneira, quando se tornam independentes deles, já têm simetria pentamérica (cinco braços) e vivem no fundo do mar.
E falando em estrela-do-mar e sua reprodução, talvez você possa se interessar por este outro artigo sobre os 7 animais marinhos mais raros do mundo.
Como é a reprodução assexuada da estrela-do-mar
Existe uma lenda muito difundida que diz que as estrelas do mar podem fazer cópias de si mesmas deixando cair partes de suas patas. Será isso verdade? Como funciona a reprodução da estrela-do-mar de maneira assexuada? Antes de descobrirmos devemos falar sobre autotomia.
Autotomia em estrelas-do-mar
As estrelas-do-mar têm a capacidade de regenerar braços perdidos. Quando um braço fica danificado em um acidente, elas podem se desprender dele. Também o fazem, por exemplo, quando um predador as persegue e elas "soltam" um dos braços com o objetivo de entretê-lo enquanto escapam. Posteriormente, começam a formar o novo braço, um processo muito custoso que pode demorar vários meses.
Este mecanismo também ocorre em outros integrantes do reino animal, como as lagartixas, que perdem seu rabo quando se sentem ameaçadas. Essa ação recebe o nome de autotomia e é bastante frequente em algumas estrelas-do-mar, como a incrível estrela-do-sol (Heliaster helianthus).[5] Além disso, a autotomia é um processo fundamental para compreender como se reproduzem assexuadamente as estrelas-do-mar.
Estrelas-do-mar e a reprodução assexuada
Algumas espécies de estrelas-do-mar podem regenerar o corpo inteiro a partir de um braço desprendido, embora só se conserve, ao menos, uma quinta parte do disco central. Portanto, neste caso os braços não são desprendidos por autotomia, mas sim devido a um processo de fissão ou fragmentação do corpo.
As estrelas-do-mar têm o corpo dividido em cinco partes iguais. Não só possuem cinco patas, como seu disco central também é pentâmero. Quando ocorrem as condições necessárias, este disco central se rompe ou se cliva em duas ou mais partes (até cinco), cada uma com suas correspondentes patas. Desta maneira, cada parte pode regenerar as áreas que faltam, formando uma estrela inteira.
Portanto, os novos indivíduos formados são idênticos ao seu progenitor, se tratando, portanto,de um tipo de reprodução assexuada. Esse tipo de reprodução da estrela-do-mar não ocorre em todas as espécies, mas em muitas delas como a Aquilonastra corallicola[6].
Agora que já sabe como é a reprodução da estrela-do-mar, você também pode considerar interessante conhecer os tipos de caramujo.
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- Rivadeneira, P. R., Martinez, M. I., Penchaszadeh, P. E., & Brogger, M. I. (2020). Reproduction and description of a new genus and species of deep-sea asteriid sea star (Echinodermata; Asteroidea) from the southwestern Atlantic. Deep Sea Research Part I: Oceanographic Research Papers, 163, 103348.
- Motti, C. A., Bose, U., Roberts, R. E., McDougall, C., Smith, M. K., Hall, M. R., & Cummins, S. F. (2018). Chemical ecology of chemosensation in Asteroidea: insights towards management strategies of pest species. Journal of chemical ecology, 44(2), 147-177.
- Keesing, J. K., Graham, F., Irvine, T. R., & Crossing, R. (2011). Synchronous aggregated pseudo-copulation of the sea star Archaster angulatus Müller & Troschel, 1842 (Echinodermata: Asteroidea) and its reproductive cycle in south-western Australia. Marine Biology, 158(5), 1163-1173.
- Byrne, M. (1996). Viviparity and intragonadal cannibalism in the diminutive sea stars Patiriella vivipara and P. parvivipara (family Asterinidae). Marine Biology, 125(3), 551-567.
- Lawrence, J. M., & Gaymer, C. F. (2012). Autotomy of rays of Heliaster helianthus (Asteroidea: Echinodermata). Zoosymposia, 7(1), 173-176.
- Sterling, K. A., & Shuster, S. M. (2011). Rates of fission in Aquilonastra corallicola Marsh (Echinodermata: Asteroidea) as affected by population density. Invertebrate Reproduction & Development, 55(1), 1-5.
- Hickman, C. P. et al (2009). Princípios integrados de Zoologia. McGraw-Hill, Madrid.