Peixes cartilaginosos - Características, nomes e exemplos
Os condrictes, também chamados de peixes cartilaginosos, são um grupo de vertebrados aquáticos muito antigos, e mesmo que não sejam tão numerosos nem tão diversificados como os peixes ósseos, suas adaptações morfológicas, sua musculatura nadatória, órgãos sensoriais, mandíbulas potentes e seus hábitos predadores lhes proporcionaram uma posição ecológica firme nos ambiente em que vivem.
Mesmo que derivem de antecessores com esqueleto ósseo, os condrictes carecem de ossificação em seus ossos, pois apresentam um esqueleto cartilaginoso, e esta é sua principal característica que os diferenciam. Se você deseja conhecer mais sobre as características dos peixes cartilaginosos, seus nomes e exemplos, siga lendo esse artigo do PeritoAnimal e te contaremos tudo sobre eles.
Características principais dos peixes cartilaginosos
Existem dois tipos de peixes cartilaginosos. A seguir, descobriremos suas principais características:
Elasmobrânquios (tubarões e raias)
Neste grupo se incluem tubarões e raias. Alguns deles são carnívoros que localizam suas presas por meio de órgãos olfatórios, já que têm a visão pouco desenvolvida. Atualmente, existem 8 ordens de tubarões com mais de 400 espécies e 4 ordens de raias com quase 500 espécies. No caso dos tubarões, a maioria possui as seguintes características:
- Corpo: um corpo fusiforme, na frente um rosto afinado com a boca ventral. No final do corpo se encontra uma cauda heterocerca, possui dois lóbulos de forma e estrutura diferentes contendo um deles no extremo da coluna vertebral, e na frente um par de nadadeiras peitorais, um par de nadadeiras pélvicas e duas nadadeiras impares dorsais. Nos machos, as nadadeiras pélvicas estão modificadas anteriormente como órgão sexual para a cópula e são denominadas mixopterígios, pterigopódios ou cláspers.
- Visão, pele e órgãos receptores: possuem orifícios nasais pares, ventrais e anteriores à boca. Os olhos carecem de pálpebras ainda que algumas espécies possuem membrana nictante, e possuem um espiráculo atrás de cada um. A pele é dura e similar à uma lixa em algumas espécies, possuem escamas placóides, também denominadas escamas dérmicas, que se dispõe de maneira a reduzir a turbulência, orientadas para trás. Ao longo do corpo e da cabeça possuem neuromastos, órgaos receptores que são extremamente sensíveis às vibraçoes e correntes de água. Também possuem receptores especiais que lhes permitem detectar suas presas pelo campo elétrico que emitem, e são as bolhas de Lorenzini que se localizam na cabeça.
- Dentes: os dentes não estão fundidos na mandíbula e possuem duas fileiras, a de trás vai substituindo os dentes que vão sendo perdidos na fila da frente, assim sempre tem dentes novos. Estes, dependendo da espécie, pode ter forma serrilhada, para cortar os alimentos, afiados com função de agarrar e no caso de espécies listradas, existem dentes planos que lhes permitem raspar as superfícies.
- Esqueleto e nado: possuem um esqueleto cartilaginoso mineralizado, e não ósseo como o restante dos peixes. Além disso, não possuem bexiga natatória, e isto faz com que estejam sempre nadando ou fiquem parados no fundo, já que de outra forma afundariam. Por outro lado, se possuem um fígado volumoso que contém lipídeos (esqualeno) o que também neutralizam o afundamento.
Holocéfalos (quimeras)
Este pequeno grupo é formado por aproximadamente 47 espécies na atualidade. Anatomicamente possui uma mistura de características de elasmobranquios e peixes ósseos:
- Corpo: possuem uma forma muito curiosa, seu corpo é alargado e a cabeça é protuberante e tem uma estrutura em forma de fecho que lhes permitem segurar a fêmea durante a cópula. Seu focinho se parece com um coelho e sua cauda tem forma de chicote.
- Mandíbula e dentadura: não possuem dentes, mais sim umas placas largas e planas. A mandíbula superior é completamente fundida ao crânio, diferente dos demais, daí vem o seu nome (holo=total, inteiro e cephalo=cabeça).
- Tamanho: podem alcançar até os 2 metros de comprimento.
- Defesa: sua nadadeira dorsal possui um espinho venenoso.
- Alimentação: sua dieta se baseia em crustáceos, moluscos, equinodermos, pequenos peixes e algas, uma mistura de alimentos que trituram para se alimentar.
O restante das características com respeito à sua reprodução e ecologia trófica são similares ao restante dos condrictes.
Como os peixes cartilaginosos nadam?
Os elasmobrânquios possuem escamas dérmicas que lhes permitem reduzir a turbulência enquanto nadam. Por outro lado, junto com seus fígados carregados de lipídios, sua capacidade de engolir ar e nadadeiras, se tornam excelentes nadadores e essas adaptações lhes permitem se manter na coluna de água. As nadadeiras ímpares lhes permitem realizar balanço e as nadadeiras de número par o controlam. Por outro lado, a barbatana caudal, por ser heterocercal, lhes permitem controlar o impulso e produzir força de suspensão.
No caso das raias, todas estão adaptadas para a vida no fundo da água, e seus corpos possuem forma achatada e as nadadeiras pares alargadas e fundidas na cabeça, que funcionam como asas quando nadam. Seus dentes são achatados e capazes de raspar superfícies e triturar seu alimento, que geralmente são crustáceos, moluscos e muitas vezes pequenos peixinhos.
Suas caudas são semelhantes a chicotes e terminam em um ou mais espinhos que estão conectados com glândulas de veneno em algumas espécies. Também possuem órgãos elétricos em cada lado da cabeça que produzem descargas que podem chegar a atordoar suas presas ou predadores.
Além de saber como nadam, te convidamos a conhecer 12 animais que quase não dormem. Entre eles ,está o tubarão.
Reprodução dos peixes cartilaginosos
Os peixes cartilaginosos possuem fecundação interna e diferentes modalidades reprodutivas que veremos a seguir:
- Ovíparos: botam ovos carregados de vitelo, imediatamente após a fecundação. Muitos tubarões e raias depositam os ovos em uma cápsula córnea que nos extremos formam uns filamentos em forma de gavinhas que serve para aderir ao primeiro objeto firme que tocam e o embrião pode estar dentro desde 6 meses até 2 anos. Geralmente esta modalidade ocorre em espécies pequenas e bentônicas, podendo botar até 100 ovos.
- Vivíparos: desenvolvem uma autêntica placenta na qual o embrião se nutre. Este modo de reprodução facilitou a este grupo seu êxito evolutivo. Ocorre em quase 60% dos condrictes e em espécies grandes e ativas.
- Ovovivíparos: retém o embrião no oviduto enquanto se desenvolve e nutre seu saco vitelino até que nasça. Por sua vez, apresenta diferentes tipos de alimentação para o embrião, como lecitotrofia, em que o embrião se nutre pela gema; histotrofia, em que o o embrião ou embriões se nutrem a partir de um fluído (histotrófico) produzido por vilosidades na superfície interna do útero. Por outro lado, existe a oofagia, onde o embrião se alimenta de ovos fecundados enquanto estão dentro do útero; e por último, existe a adelfofagia ou canibalismo intra-útero, onde o embrião mais forte que primeiro eclode come seus irmãos recém-nascidos ou que ainda não eclodiram.
Não recebem cuidado dos pais, por isso uma vez que os embriões eclodem, cuidam de si mesmos.
Nomes e exemplos de peixes cartilaginosos
Os condrictes (khondro=cartilagem e ikhthys=peixe) são uma classe de vertebrados da qual fazem parte as subclasses Elasmobranquios (tubarões, raias) e Holocéfalos (quimeras), e entre ambos grupos se estima que existem mais de 900 espécies, a maioria marinhas e algumas de água doce ou eurialinas, ou seja, águas que possuem diferentes concentrações de sais.
Exemplos de peixes cartilaginosos: tubarões
Os tubarões se dividem em uma grande quantidade de espécies, por isso que aqui nomearemos suas atuais 8 ordens e os exemplos de cada um deles:
- Heterodontiformes: aqui se encontram os tubarões com chifres, como Heterodontus francisci. São de tamanho pequeno e habitam águas temperadas quentes do Oceano Índico e do Pacífico Ocidental, não se encontram no Atlântico.
- Equaliformes: as espécies que forma este grupo carecem de membrana nictitante e de nadadeira anal. Habitam águas profundas do Oceano Atlântico. São de tamanho médio e algumas espécies possuem espinhos com veneno em suas nadadeiras dorsais como Squalus acanthias.
- Pristioforiformes: neste grupo se encontram os chamados tubarões-serra. Possuem um rosto alongado e dentada em forma de serra que lhes serve para remover o fundo e buscar seu alimento, que se baseia em lulas, camarões e pequenos peixes. Um exemplo é Pristiophorus japonicus, típicos do Japão.
- Squatiniformes: incluem os tubarões-anjo, possuem forma achatada e amplas nadadeiras peitorais, o que lembra as raias, como Squatina squatina, também chamado peixe-anjo. Possuem uma distribuição bastante ampla, já que são encontrados no Oceano Atlântico, no Mar Mediterrâneo, Mar Morto e Mar do Norte. Algumas espécies podem realizar migrações.
- Hexanchiformes: aqui se incluem os tubarões mais primitivos que existem na atualidade. Um exemplo é Hexanchus nakamurai, o tubarão-vaca de olhos grandes, que se distribui pelo Oceano Atlântico e no Oceano Índico. Embora tenha um aspecto perigoso, se alimenta de invertebrados e é inofensivo para o homem.
- Orectolobiformes: são tubarões de águas quentes, de focinho curto e boca pequena. Habitam os mares e oceanos de todo o mundo. Aqui se incluem o maior tubarão que existe, o tubarão-baleia Rhincodon typus. Habita águas quentes tropicais e subtropicais, possui uma alimentação por filtração, o que além do seu aspecto, o faz similar às baleias.
- Carcharhiniformes: esta ordem é a mais diversa, são encontradas em águas tropicais, temperadas e águas profundas de todo o mundo. Tem um focinho alongado e boca grande, possui membrana nictitante que protege os olhos. Aqui se incluem um dos tubarões mais conhecidos, como o tubarão-tigre Galeocerdo cuvier, que leva esse nome devido às raias que possui nas costas e no dorso.
- Lamniformes: são os tubarões mais conhecidos, como o tubarão-branco Carcharodon carcharias, famoso por ser uma espécie que registra ataques a humanos frequentemente. Vive em águas quentes e temperadas de quase todos os oceanos.
Para saber mais sobre estes fantásticos animais, leia este outro artigo do PeritoAnimal sobre Tipos de tubarões - Espécies e suas características.
Exemplos de peixes cartilaginosos: raias
As raias se classificam em 4 ordens:
- Rajiformes: são as chamadas raias verdadeiras. Podem ser entradas espécies em todos os oceanos, desde o ártico até o antártico. Aqui se encontram por exemplo as raias de água doce Potamotrygon motoro, habitantes de águas tropicais da América do Sul. Temidas pelo ferrão que possuem no final da nadadeira caudal, já que foram registrados ataques a humanos.
- Pristiformes: são chamados de peixes-serra, já que possuem um focinho longo e cheio de dentes, como Pristis pectinata, além de possuir um corpo achatado e nadadeiras peitorais aladas. Habitam águas tropicais e subtropicais ao redor da África, Austrália e no Caribe e caçam de noite. Não devem ser confundidos com os tubarões-raias, já que pertencem à outro grupo.
- Torpediniformes: comumente chamados de raias torpedos ou raias elétricas, já que podem produzir uma descarga elétrica para atingir suas presas ou predadores mediante orgãos elétricos localizados na base das nadadeiras peitorais. São habitantes de todos os mares temperados e tropicais do mundo, como Torpedo torpedo que vive em águas do oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo.
- Myliobatiformes: é um grupo muito relacionado aos Rajiformes, já que são muito similares a eles. São as maiores raias do mundo, e aqui se incluem a jamanta Mobula birostris, que não possuem ferrão na nadadeira caudal. Vivem nos mares de águas temperadas de todo o mundo.
Você também pode se interessar neste outro artigo do PeritoAnimal sobre os animais que vivem no fundo do mar.
Exemplos de peixes cartilaginosos: holocéfalos
Os holocéfalos se classificam em somente uma ordem, os Chimaeriformes, um grupo que inclui as quimeras ou peixes fantasmas. Aqui somente existem três famílias:
- Callorhynchidae.
- Rhinochimaeridae.
- Chimaeridae.
Entre elas possuem poucas diferenças, algumas espécies tem um focinho muito comprido com terminações nervosas que lhes permitem detectar presas pequenas. Um exemplo é a quimera comum Chimaera monstrosa, que habita o oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo.
Agora que já sabe mais sobre os peixes cartilaginosos, te animamos a ler este outro artigo sobre os animais que não têm ossos.
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- Hickman, C. P., Ober, W. C. & Garrison, C. W. (2006). Principios integrales de zoología, 13ª edición. McGraw-Hill-Interamericana, Madrid. 1022 pp.
- Matos, J, M. Perez & Z. Benítez. (2015). Condrictios: Tiburones, rayas y quimeras. Info Zoa Boletín de Zoología, 9, 1-16.
- Kardong, K. V. (2007). Vertebrados: Anatomia comparada, funcion y evolucion. 4. ed. Madrid (España). McGraw Hill. 782 p.