Gato feral - Características e curiosidades
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O gato doméstico (Felis catus) está amplamente estabelecido e adaptado em todo o mundo, iniciando seu contato com o homem devido a sua grande utilidade como controlador de pragas, devido à capacidade de predação da espécie. Por ser um animal que se reproduz rapidamente, sua população cresceu desordenadamente no espaço urbano, sendo comum o abandono desses animais. Infelizmente, muitos gestores públicos ou administradores de empreendimentos comerciais tentam resolver esta questão de forma rápida e arbitrária, e acabam lançando mão de medidas cruéis e pouco efetivas, tentando retirar todos os animais de uma vez, não agindo conforme especialistas recomendam e ao desencontro do que a sociedade atual almeja.
Quando esses gatos não são domesticados, vivendo nas ruas, tornam-se predadores de animais selvagens, tanto no meio rural quanto na população selvagem vizinha, trazendo grande impacto ecológico. Além disso, quando não vacinados e cuidados, esses animais tornam-se transmissores de doenças, disseminando patologias para diversas espécies, inclusive para os humanos.
Mas o que é um gato feral? Apesar de ouvirmos falar que é um gato do mato selvagem, isso não está certo. Qualquer gato doméstico, Felis catus, que tenha se criado na rua, sem um lar, sem ter passado pela socialização durante sua infância, poderá se tornar um gato feral, ou seja, um gato selvagem. Além disso, gatos adultos, que cresceram com tutores, também podem se tornar ferais, devido a traumas sofridos. Se você quer saber mais sobre o tema continue lendo este artigo do PeritoAnimal!
O que significa gato feral?
O gato feral é um felino que tem uma vida selvagem, que não possui um lar, não foi domesticado, por isso, não está acostumado com a presença humana. Na verdade, ele é um gato doméstico comum (Felis catus), que não teve a oportunidade de ter contato com pessoas e animais de outras espécies durante a sua infância. Além disso, gatos adultos que têm lar podem se transformar em ferais caso aconteça algum trauma e ele comece a rejeitar a presença humana. Gatos domesticados podem se tornar semi-ferais e suas proles serão ferais.
Mas o que é um gato semi-feral? É aquele gato que tem um lar, mas vive parte de sua vida na rua, é muito assustado, arisco e evita o contato com humanos. Geralmente, esses animais procriam na rua e seus filhotes crescem selvagens, sem contato com as pessoas, tornando-se ferais. Esses animais podem representar um risco para a saúde de pessoas e outros animais por nunca tomarem vacinas, além de sofrerem na rua, sem um lar e sem qualquer assistência.
A ansiedade, por exemplo, é um transtorno mental que é desencadeado pelo estresse crônico. Em felinos, devido as suas particularidades, acaba sendo mais fácil o desenvolvimento da doença. Essa afecção, por sua vez, está relacionada com a antecipação de uma reação não esperada juntamente de uma interação negativa podendo resultar em medo, transformando o gato domesticado em um gato feral.
É sempre bom lembrar que capturar e remover (matar) gatos de vida livre é um procedimento cruel e proibido pela legislação brasileira, além de ineficaz do ponto de vista do controle destas populações. A solução é a captura, castração e adoção (ou devolução) dos gatos ferais, para que haja um controle populacional da espécie. O abandono também configura crime, devendo ser desestimulado por meio de campanhas de conscientização.
Diferenças entre um gato feral e um gato doméstico
Muita gente se pergunta sobre as principais diferenças entre um gato feral e um gato doméstico. Na verdade, o gato feral é um gato doméstico que não foi socializado durante sua infância. É o mesmo gato (Felis catus), só que um teve um lar, com carinho humano e convivência próxima com outras espécies, como cães, e o outro cresceu na rua, sem contato próximo com outros animais, caçando sua comida e sobrevivendo nas cidades ou no meio rural, sem vacinas ou qualquer outro cuidado de saúde, reproduzindo-se livremente.
Como saber se o gato é selvagem
O comportamento do gato selvagem é bem típico:
- Não se aproxima das pessoas
- Fica agressivo caso alguém tente capturá-lo
- Não aceita contato com outros animais
- Vive solto na rua
- Busca esconderijos para se proteger
- Geralmente não vocaliza quando chamado (não “responde”)
- Improvável vê-lo ronronando
- Anda mais agachado
- Presta muita atenção ao ambiente
- Geralmente senta e enrola a cauda protegendo o corpo
- Quase nunca faz contato visual ou pisca
- Possui hábitos mais noturnos.
Agora se falamos das características físicas de um gato selvagem, podemos destacar que os machos geralmente possuem a cabeça bem grande, bochechas avantajadas, pescoço grosso, corpo musculoso e cicatrizes de luta, pelagem mais espetada, o que pode indicar altos níveis de testosterona, com saliências de oleosidade na base da cauda devido aos hormônios.
Como acalmar um gato feral?
A melhor forma de acalmar um gato feral é deixá-lo em um lugar isolado, em um único cômodo da casa, de preferência sem barulhos e outros animais. Deve-se evitar tocar no gato feral, pois ele pode atacar devido ao medo extremo, ferindo a pessoa que tenta cuidar dele.
Ofereça comida e água para o gato, afastando-se dele para que se sinta mais seguro e aceite o alimento. Tente conversar com ele por alguns segundos, de forma suave, para que ele comece a se acostumar com a sua voz. Nunca force o contato, deixe que o animal se sinta seguro primeiro. Deixá-lo sem a presença de pessoas e outros animais na fase inicial pode ser muito importante para evitar traumas e gerar fobias. O uso de ansiolíticos e antidepressivos deverá ser orientado por um médico veterinário, que saberá se realmente é necessário.
Neste artigo respondemos: pode dar diazepam para gatos?
Gato feral pode ser domesticado?
Filhotes de gatos aprendem após o nascimento a escolher uma teta preferida para mamar, através de tentativa e erro, assim como aprendem a evitar e escapar de situações desagradáveis. Gatos são capazes de aprenderem através da observação e por associação, na qual o indivíduo usa a informação adquirida através de um problema para solucionar outro. Fatores que motivam o aprendizado do filhote podem definir a capacidade e o comportamento do gato adulto.
Um filhote de uma mãe que tem medo de pessoas pode ser medroso porque herdou essa característica da sua genitora, porque aprendeu a ter medo dos humanos ao observar o comportamento da mãe, porque não foi exposto o suficiente ao contato humano no período de socialização, ou mesmo a soma de todos esses fatores. Experiências e o estímulo na infância do animal influenciam o comportamento e a sanidade dos gatos adultos, que poderão ou não se tornar animais aptos à convivência com outras espécies.
A socialização do gato divide-se em quatro períodos: período neonatal, de transição, de socialização primária e de socialização tardia. As experiências dessas fases podem causar consequências permanentes no bichano, pois o período de socialização primário é crítico, influenciando ao longo prazo o comportamento mental e emocional do adulto.
O período de socialização primária, que vai do início da terceira semana até a oitava semana de vida, é a fase na qual ocorrem brincadeiras sociais e os primeiros vínculos com animais da mesma espécie e de espécies diferentes, sendo o período de vida mais importante para o gato. Após essa fase, é mais difícil habituar um gato com outras espécies, pois desenvolvem medo, fobia e agressividade.
Mas é possível domesticar um gato feral? Será uma tarefa difícil, mas não impossível. Caso o animal encontre-se debilitado, doente ou desnutrido, a aproximação será mais fácil. O primeiro desafio será capturá-lo e levá-lo para casa, que deverá estar protegida com telas para que não haja acidentes. Nos primeiros dias, é aconselhável deixar o bichano em algum lugar fechado, como um quarto, com comida, água e um local para que ele possa se esconder (uma caixa de papelão pode ajudar muito nesta etapa). Quando ele se sentir seguro no ambiente, gradualmente vai procurar ter mais contato com a pessoa que lhe dá comida. É importante conversar com o gato, para que ele se adapte com sua voz e sinta segurança. O uso de hormônios sintético pode ajudar na tarefa, além de muita paciência, perseverança e carinho.
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