Curiosidades do mundo animal

Espécies invasoras - Definição, exemplos e consequências

 
Cristina Pérez Simón
Por Cristina Pérez Simón, Bióloga e médica. 26 agosto 2020
Espécies invasoras - Definição, exemplos e consequências

A introdução de espécies em ecossistemas nos quais não são encontradas naturalmente pode ter consequências muito graves para a biodiversidade. Essas espécies podem se estabelecer, se reproduzir e colonizar novos lugares, substituindo a flora ou fauna nativa e alterando o funcionamento do ecossistema.

As espécies invasoras são atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo, superadas apenas pela perda de habitat. Embora essas introduções de espécies ocorram desde as primeiras migrações humanas, elas aumentaram muito nas últimas décadas devido ao comércio global. Se quer saber mais, não perca este artigo do PeritoAnimal sobre espécies invasoras: definição, exemplos e consequências.

Índice
  1. Definição de espécies invasoras
  2. Origem das espécies invasoras
  3. Consequências da introdução de espécies invasoras
  4. Exemplos de espécies invasoras
  5. Espécies invasoras no Brasil

Definição de espécies invasoras

De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), uma “espécie exótica invasora” é uma espécie exótica que se estabelece em um ecossistema ou habitat natural ou semi-natural, tornando-se um agente de mudança e uma ameaça à diversidade biológica nativa.

Portanto, espécies invasoras são aquelas capazes de se reproduzir com sucesso e formar populações autossuficientes em um ecossistema que não é o seu. Quando isso acontece, dizemos que elas se "naturalizaram", o que pode ter consequências desastrosas para as espécies autóctones (nativas).

Algumas espécies exóticas invasoras são incapazes de sobreviver e se reproduzir por conta própria, e assim, acabam desaparecendo do ecossistema e não colocam em risco a biodiversidade nativa. Nesse caso, não são consideradas espécies invasoras, apenas introduzidas.

Origem das espécies invasoras

Durante toda sua existência, os seres humanos fizeram grandes migrações e levaram consigo espécies que os ajudavam a sobreviver. As navegações e explorações transoceânicas aumentaram muito o número de espécies invasoras. No entanto, a globalização do comércio que ocorreu no último século aumentou exponencialmente a introdução de espécies. Atualmente, a introdução de espécies invasoras tem várias origens:

  • Acidental: animais "escondidos" em embarcações, água de lastro ou carro.
  • Animais de estimação: é muito comum que as pessoas que compram animais de estimação se cansem deles ou não possam cuidar deles, e então decidam soltá-los. Às vezes elas fazem isso pensando que estão fazendo uma boa ação, mas não levam em consideração que colocam em risco a vida de muitos outros animais.
  • Aquários: a descarga de água de aquários onde existem plantas exóticas ou pequenas larvas de animais tem levado à invasão de rios e mares por muitas espécies.
  • Caça e pesca: tanto os rios quanto as montanhas estão repletos de animais invasores devido à soltura por parte de caçadores, pescadores e, às vezes, da própria administração. O objetivo é capturar animais chamativos como troféus ou recursos alimentares.
  • Jardins: as plantas ornamentais, que são espécies invasoras muito perigosas, são cultivadas em jardins públicos e privados. Algumas dessas espécies chegaram a substituir florestas nativas.
  • Agricultura: as plantas que são cultivadas para alimentação, com poucas exceções, geralmente não são plantas invasoras. No entanto, durante seu transporte, podem ser carregados artrópodes e sementes de plantas que colonizaram o mundo, como muitas gramíneas adventícias (“ervas daninhas”).
Espécies invasoras - Definição, exemplos e consequências - Origem das espécies invasoras

Consequências da introdução de espécies invasoras

As consequências da introdução de espécies invasoras não são imediatas, mas são observadas quando muito tempo se passou desde a sua introdução. Algumas dessas consequências são:

  • Extinção de espécies: as espécies invasoras podem acabar com a existência dos animais e plantas que consomem, já que esses não estão adaptados à predação ou à voracidade do novo predador. Além disso, competem por recursos (alimentos, espaço) com as espécies nativas, substituindo-as e causando seu desaparecimento.
  • Alteração do ecossistema: como consequência da sua atividade, podem alterar a cadeia trófica, os processos naturais e o funcionamento dos habitats e ecossistemas.
  • Transmissão de doenças: as espécies exóticas carregam patógenos e parasitas de seus locais de origem. As espécies nativas nunca conviveram com essas doenças, e por isso muitas vezes sofrem uma alta taxa de mortalidade.
  • Hibridização: algumas espécies introduzidas podem se reproduzir com outras variedades ou raças nativas. Como consequência, a variedade autóctone pode desaparecer, diminuindo a biodiversidade.
  • Consequências econômicas: muitas espécies invasoras se tornam pragas de cultivos, dizimando as plantações. Outras se adaptam a viver em infraestruturas humanas, como encanamentos, causando grandes perdas econômicas.

Exemplos de espécies invasoras

Já existem milhares de espécies invasoras em todo o mundo. Neste artigo do PeritoAnimal, trazemos também alguns exemplos das espécies invasoras mais prejudiciais.

Perca-do-Nilo (Lates niloticus)

Estes enormes peixes de água doce foram introduzidos no Lago Vitória (África). Em pouco tempo, causaram a extinção de mais de 200 espécies endêmicas de peixes devido à sua predação e competição. Acredita-se também que as atividades derivadas de sua pesca e consumo estejam relacionadas à eutrofização do lago e à invasão pela planta jacinto d'água (Eichhornia crassipes).

Caracol-lobo (Euglandina rosea)

Foi introduzido em algumas ilhas do Pacífico e da Índia como predador de outra espécie invasora: o caramujo-gigante-africano (Achatina fulica). Este foi introduzido como recurso alimentar e animal de estimação em muitos países, até que se tornou uma praga agrícola. Como era de se esperar, o caracol-lobo não apenas consumiu o caramujo-gigante como também exterminou muitas espécies nativas de gastrópodes.

Caulerpa (Caulerpa taxifolia)

A caulerpa é provavelmente a planta invasora mais prejudicial do mundo. É uma alga tropical que foi introduzida no Mediterrâneo na década de 1980, provavelmente como resultado do despejo de água de um aquário. Atualmente, já é encontrada em todo o Mediterrâneo Ocidental, onde é uma ameaça para as padrarias nativas nas quais muitos animais se reproduzem.

Espécies invasoras - Definição, exemplos e consequências - Exemplos de espécies invasoras

Espécies invasoras no Brasil

Existem várias espécies exóticas invasoras que foram introduzidas no Brasil e que podem provocar danos sociais e ambientais. Algumas des espécies invasoras no Brasil são:

Algaroba

A algaroba é uma árvore nativa do Peru que foi introduzida no Brasil como forrageira para cabras. Ela provoca o desgaste dis dentes dos animais e a invasão de pastagens, fazendo com que os mesmos morram mais cedo do que é suposto.

Aedes Aegypti

Uma espécie invasora bem conhecida por ser transmissora da dengue. O mosquito é originário da Etiópia e do Egito, regiões tropicais e subtropicais. Embora seja um vetor de doença, nem todos os mosquitos estão contaminados e representam um perigo.

Tilápia-do-Nilo

Também nativa do Egito, a tilápia-do-nilo chegou ao Brasil no século XX. Esta espécie invasora é omnívora e se reproduz muito facilmente, o que acaba por contribuir para o extermínio das espécies nativas.

Espécies invasoras - Definição, exemplos e consequências - Espécies invasoras no Brasil

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Bibliografia
  • Lowe S., Browne M., Boudjelas S., De Poorter M. (2004). 100 de las Especies Exóticas Invasoras más dañinas del mundo. Una selección del Global Invasive Species Database. Grupo Especialista de Especies Invasoras (GEEI), Comisión de Supervivencia de Especies (CSE) de la Unión Mundial para la Naturaleza (UICN), 12pp. Primera edición, en inglés, Aliens 12 (2000).
  • Capdevila, L. et al. Especies Exóticas Invasoras. Diagnóstico y bases para la prevención y el manejo. Dirección General para la Biodiversidad, Ministerio de Medio Ambiente. Madrid.
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