Curiosidades do mundo animal

Ciclo de vida do bicho-da-seda

 
María Luz Thomann
Por María Luz Thomann, Bióloga e ornitóloga. 19 fevereiro 2024
Ciclo de vida do bicho-da-seda

No mundo da sericultura, o bicho-da-seda é o protagonista de um espetáculo biológico surpreendente. Seu nome pode causar confusão, pois não se trata de um verme em si, mas, para surpresa de muitas pessoas, são insetos que pertencem à ordem Lepidoptera, na qual também se encontram as borboletas e traças.

Desde a aparente simplicidade do ovo até a metamorfose deslumbrante em um casulo, cada etapa do ciclo de vida do bicho-da-seda é marcada por processos biológicos precisos e adaptações evolutivas maravilhosas.

Se deseja saber mais sobre o ciclo de vida do bicho-da-seda, não perca este artigo do PeritoAnimal, no qual explicamos o fantástico processo que esses insetos passam para se tornarem adultos.

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Índice

  1. Ovo
  2. Larva
  3. Pupa
  4. Metamorfose
  5. Mariposa
  6. Reprodução

Ovo

Esta fase marca o início do ciclo de vida do bicho-da-seda, uma etapa crucial que estabelece as bases para o desenvolvimento subsequente. Embora cada ciclo dependa do tipo de bicho-da-seda, a maioria compartilha características ao longo de sua vida. Aqui, vamos nos concentrar na espécie de bicho-da-seda mais estudada: Bombyx mori.

A postura de ovos ocorre em grupos nas folhas de algumas plantas; no caso de Bombyx mori, isso acontece exclusivamente nas folhas da amoreira, a principal fonte de alimento desses vermes. Uma fêmea pode depositar entre 300 e 500 ovos durante sua vida adulta.

Os ovos são inicialmente brancos e adquirem, ao longo do tempo, uma tonalidade amarela característica antes de eclodirem. Esta etapa, que dura aproximadamente cerca de 10 a 12 dias, envolve o desenvolvimento do embrião dentro do ovo, estabelecendo as características genéticas fundamentais que moldarão o futuro bicho-da-seda.

Esse período de incubação não apenas estabelece as bases biológicas para o desenvolvimento subsequente, mas também exibe adaptações notáveis. Os ovos mostram resistência a condições adversas, como mudanças de temperatura, assegurando a sobrevivência da espécie em diversos ambientes.

Ciclo de vida do bicho-da-seda - Ovo

Larva

A fase larval do bicho-da-seda desencadeia uma voracidade insaciável e um rápido desenvolvimento que são fundamentais em seu ciclo de vida. Este período, que dura aproximadamente de 20 a 30 dias, começa com a eclosão do ovo e o nascimento das larvas. Essas pequenas lagartas, desde os primeiros dias, experimentam um crescimento acelerado, adquirindo as características essenciais que definirão sua aparência e função nas etapas subsequentes.

Uma característica distintiva da fase larval no ciclo de vida dos bichos-da-seda é o processo de muda, onde a larva se livra de seu exoesqueleto rígido para se adaptar ao rápido aumento de tamanho. Essas mudas sucessivas marcam transições no desenvolvimento, permitindo que a larva ajuste sua estrutura corporal para as próximas etapas do ciclo.

A voracidade da larva se manifesta em sua dieta de folhas de amoreira (no caso de Bombyx mori), que é sua principal fonte de alimento. Durante esta fase, as glândulas sericígenas são ativadas, secretando líquido de seda que será crucial para a produção do casulo.

A acumulação de reservas significativas de energia pela larva durante esta fase do ciclo do bicho-da-seda é essencial. Essas reservas serão utilizadas posteriormente durante a metamorfose na fase de pupa e na construção do casulo.

A fase larval não é apenas crucial para o desenvolvimento individual do bicho-da-seda, mas também desempenha um papel determinante na produção de seda. A qualidade e quantidade de seda produzida estão diretamente vinculadas à saúde e alimentação da larva durante este período.

Ciclo de vida do bicho-da-seda - Larva

Pupa

A fase de pupa, com sua característica construção do casulo, é um capítulo essencial no ciclo de vida do bicho-da-seda, marcando o início da metamorfose. Nesta etapa, que se estende por aproximadamente 8 a 10 dias, a larva se transforma em pupa, iniciando um intrincado processo de tecelagem de um casulo protetor.

Durante a construção do casulo, a pupa utiliza as glândulas sericígenas para secretar líquido de seda, que, ao entrar em contato com o ar, se solidifica, criando um refúgio intricadamente tecido. Este casulo, composto principalmente de proteínas de fibroína, oferece resistência e durabilidade ao fio de seda resultante. O papel protetor do casulo é fundamental, proporcionando segurança à pupa enquanto ela passa por transformações internas.

A qualidade e quantidade de seda produzida estão diretamente vinculadas à atividade das glândulas sericígenas durante este processo. Ao concluir a fase de pupa no ciclo do bicho-da-seda, a mariposa está completamente formada dentro do casulo, pronta para emergir em sua forma adulta.

Ciclo de vida do bicho-da-seda - Pupa

Metamorfose

A metamorfose pupal, uma fase crucial que se estende por aproximadamente 16 dias no ciclo de vida do bicho-da-seda, é um processo extraordinário que conduz o indivíduo desde a forma de pupa até surgir como mariposa.

Durante os primeiros dias da metamorfose do bicho-da-seda, a pupa passa por uma reorganização interna a nível celular e tecidual, redefinindo as estruturas corporais fundamentais. Este processo envolve a descomposição seletiva de tecidos larvais e a reconstrução de novos tecidos que configurarão a anatomia adulta da mariposa.

A transformação de órgãos e extremidades é um aspecto chave desta fase do ciclo do bicho-da-seda, adaptando a anatomia da larva para se tornar a estrutura adulta da mariposa. As reservas energéticas acumuladas durante a fase larval, principalmente na forma de gordura, alimentam esse processo metamórfico fundamental.

Ao concluir a metamorfose pupal, a mariposa emerge do casulo. Este processo inclui a abertura do casulo e a saída do inseto adulto alado. No entanto, ao contrário de algumas outras mariposas, as asas do bicho-da-seda são subdesenvolvidas, o que a incapacita para o voo.

A metamorfose pupal, ou metamorfose do bicho-da-seda, destaca a asombrosa adaptabilidade do bicho-da-seda e sua capacidade para transformar-se radicalmente para enfrentar as demandas de sua próxima fase de vida.

Ciclo de vida do bicho-da-seda - Metamorfose

Mariposa

A fase final do ciclo de vida do bicho-da-seda se manifesta com o surgimento do bicho-da-seda adulto. Este breve período, que sucede após a metamorfose pupal, representa a transição completa da pupa para a forma alada.

Este processo se inicia com a abertura do casulo, um processo crítico que liberta o bicho-da-seda adulto. Uma vez fora do casulo, as asas se desdobram, revelando uma anatomia delicada com asas cobertas de diminutas escamas. Embora as asas sejam menores e subdesenvolvidas em comparação com outras espécies de borboletas, esse desdobramento é essencial para a funcionalidade do adulto.

Ao contrário de alguns tipos de borboletas, o bicho-da-seda é incapaz de voar devido às suas asas pequenas e corpo mais robusto. Essa característica é uma adaptação para focar na reprodução em vez do voo. A vida adulta do bicho-da-seda é breve, com um foco principal na reprodução. Após o acasalamento, a fêmea deposita ovos para iniciar um novo ciclo de vida.

Ciclo de vida do bicho-da-seda - Mariposa

Reprodução

Para o bicho-da-seda, a reprodução é um processo vital que assegura a continuidade geracional e desempenha um papel essencial na produção de seda. O processo começa com a identificação de parceiros adequados.

A comunicação entre os sexos envolve a liberação de feromônios, substâncias químicas que atuam como sinais para atrair os parceiros. Um elaborado cortejo precede o acasalamento, onde o macho realiza movimentos específicos e libera feromônios adicionais. Após o acasalamento, a fêmea deposita ovos em grupos sobre folhas de amoreiras no caso de Bombyx, e em outras plantas em outras espécies de bichos-da-seda, marcando o início do ciclo de vida de uma nova geração.

A reprodução no bicho-da-seda não apenas assegura a continuidade da espécie, mas também desempenha um papel crucial na produção de seda. Para mais detalhes sobre a "Reprodução das borboletas", recomendamos o seguinte artigo do PeritoAnimal.

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Bibliografia
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