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Raposa-cinzenta

Atualizado: 18 julho 2022
Raposa-cinzenta

A raposa-cinzenta (Lycalopex griseus ou Pseudalopex griseus), conhecida também como raposa-colorada, raposa-pampeana ou raposa cinzenta da Patagônia, é um tipo de raposa nativa da América do Sul, cuja população se concentra principalmente nas zonas próximas das Cordilheiras dos Andes. Estes canídeos se destacam pelo seu tamanho grande em relação às demais espécies de raposas, inclusive aquelas tradicionais do Velho Mundo, e uma pelagem principalmente acinzentada, que dá origem ao seu nome mais popular.

Se você deseja saber mais sobre este animal muito peculiar da Patagônia, siga lendo esta ficha do PeritoAnimal para conhecer a origem, o habitat, a reprodução e o estado de conservação da raposa-cinzenta.

Origem
  • América
  • Argentina
  • Bolívia
  • Chile
  • Peru
  • Uruguai

Índice

  1. Origem da raposa-cinzenta
  2. Características da raposa-cinzenta
  3. Comportamento da raposa-cinzenta
  4. Reprodução da raposa-cinzenta
  5. Estado de conservação da raposa-cinzenta

Origem da raposa-cinzenta

A raposa-cinzenta é originária da região sul da América do Sul, distribuindo-se em ambos os lados da Cordilheira dos Andes, entre Argentina e Chile, até a região central do Cone Sul da América do Sul, entre Bolívia e Uruguai. Também é possível encontrar alguns exemplares no Peru, mas de forma muito mais escassa. Na Argentina, esta espécie tem uma ampla distribuição, concentrando-se principalmente nas áreas semiáridas do centro do país, que inclui as regiões dos pampas e patagônicas. Mas sua população também vive na Patagônia Sul argentina, estendendo-se até a província de Tierra del Fuego, desde o Rio Grande até a costa atlântica.

Do lado chileno dos Andes, estes canídeos são mais conhecidos como raposas-coloradas (Chilla em espanhol) e habitam principalmente nas áreas rurais do centro e sul do país, desde a costa pacífica até a Cordilheira. As raposas-cinzentas eram tão representativas e comuns nestas áreas que deram o nome da cidade de Chillán. No Chile, as raposas-cinzentas se adaptaram melhor a viver perto de locais urbanizados do que em outras lugares, mas a caça ainda é uma grande ameaça para sua sobrevivência neste país andino.

A raposa-cinzenta foi descrita pela primeira vez em 1857 graças às investigações do naturalista, zoólogo e botânico inglês John Edward Gray. Como estes canídeos são semelhantes as "raposas verdadeiras" do Velho Mundo, especialmente a raposa vermelha, Gray originalmente as registra como Vulpes griseus. Vários anos depois, a raposa-cinzenta é transferida para o gênero Lycalopex, em que pertencem as outras espécies de raposas sul-americanas, como a raposa de Darwin, a raposa-colorada e a raposa-pampiana. Mas também é possível encontrar o sinônimo Pseudalopex griseus para se referir a esta espécie.

Características da raposa-cinzenta

Mesmo que seja considerado um canídeo pequeno, a raposa-cinzenta possui um tamanho em destaque em relação às demais raposas. Seu corpo pode medir entre 70 e 100 cm de comprimento total na idade adulta, contanto com sua calda que pode chegar a ter 30 cm de comprimento. Seu peso corporal mediano fica entre 2,5 a 4,5kg, sendo que as fêmeas são ligeiramente menores e mais finas que os machos.

Seu nome, como podemos supor, faz referência à cor da sua pelagem, que pode ser principalmente acinzentada nas costas e lombo. Mas se observam algumas regiões amareladas em sua cabeça, nas patas, manchas pretas no queixo e ponta da cauda, e umas faixas pretas em suas coxas e parte de trás da sua cauda. Além disso, seu ventre costuma exibir uma cor esbranquiçada, e próximo das orelhas podem aparecer reflexos avermelhados.

Complementando as características físicas que se destacam nas raposas-cinzentas, devemos mencionar o focinho pontudo, as orelhas grandes e triangulares com as pontas ligeiramente arredondadas, e a cauda longa que contribui para seu equilíbrio e ajuda a se impulsionar quando deseja escalar as árvores do seu habitat natural.

Comportamento da raposa-cinzenta

Sem dúvidas, o traço mais peculiar e curioso sobre o comportamento da raposa-cinzenta é sua assombrosa habilidade de subir em árvores e outras superfícies. De fato, esta é a única espécie de raposa que se observou este comportamento, que claramente lhe ajuda a escapar de possíveis predadores e ter uma visão privilegiada do seu próprio habitat, colaborando também para uma melhor caçada. Outro hábito característico de caça das raposas-cinzentas é que podem levar vantagem com seu bom desempenho na água para pegar suas presas, impedindo que escapem. Estes canídeos são muito bons nadadores e inclusive podem usar a água para se refrescar durante os dias mais quentes.

Por falar em caça, a raposa-cinzenta é um animal onívoro que mantém uma dieta muito variada no seu habitat. Além de caçar suas próprias presas, que são principalmente mamíferos e aves de pequeno e mediano porte, estes canídeos também podem aproveitar-se da carniça deixada por outros predadores, e pode consumir frutas para complementar sua nutrição.

Caso esteja em uma época ou região de alimentos escassos, a raposa-cinzenta também pode se comportar como um carnívoro oportunista, capturando ovos de outros animais, e caçando também répteis e artrópodes. E quando se adaptam em viver perto de cidades e povoados, podem chegar a atacar aves de curral ou se aproveitar dos resíduos da alimentação dos humanos.

Reprodução da raposa-cinzenta

A época de reprodução das raposas-cinzentas pode ocorrer entre os meses de agosto e outubro, começando no final do inverno no hemisfério sul. Mas o período de acasalamento pode variar significativamente segundo o habitat em que os indivíduos vivem. Estes canídeos são monogâmicos e fiéis ao seu par, encontrando-se sempre com o mesmo parceiro/parceira em cada época reprodutiva, até que um dos dois morra. Mesmo assim, podem passar muito tempo sem ter um par até que se sintam preparados para eleger um novo companheiro(a).

Igualmente a todos os canídeos, as raposas-cinzentas são animais vivíparos, ou seja, a fecundação e desenvolvimento das crias ocorre no interior do ventre materno. As fêmeas têm um período de gestação de 52 a 60 dias, podendo dar a luz a ninhadas de 4 a 7 filhotes, que serão amamentados até completar seus 4 ou 5 meses de vida. Alguns dias antes do parto, a fêmea buscará ou construirá com a ajuda do macho uma espécie de caverna ou toca, na qual poderá estar protegida para parir e cuidar de suas crias.

O macho se mostra participativo durante a lactação e criação dos filhotes, trazendo comida até a toca para que a fêmea se mantenha forte e sadia para alimentar as crias, e ajudando a proteger o refúgio. Os filhotes começam a sair da toca e explorar o meio exterior pouco tempo após completar seu primeiro mês de vida. Mas permanecerão junto com suas mães até cumprir uns 6 ou 7 meses, e somente alcançarão sua maturação sexual a partir do seu primeiro ano de vida.

Estado de conservação da raposa-cinzenta

Apesar de ser considerada como uma espécie de "menor preocupação" segundo a Lista Vermelha de espécies ameaçadas da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a população de raposas-cinzentas está diminuindo de forma alarmante nas regiões pampianas e patagônicas da Argentina e Chile.

A caça segue sendo uma das principais ameaças à sobrevivência da raposa-cinzenta, bem como a intervenção humana nos ecossistemas. Com o avanço do homem sobre seu habitat e a adaptação da raposa-cinzenta em locais próximos às zonas urbanas, a caça se intensificou principalmente porque os pequenos produtores tentam proteger suas aves e ovelhas. Além disso, as raposas-cinzentas vêm sendo caçadas há vários anos para a comercialização de sua pele, que possui um alto valor de mercado para a confecção de abrigos e outras indumentárias. A "caça esportiva" é outra prática cruel e desnecessária que coloca em risco a conservação da mesma e de tantas outras espécies sul-americanas.

Felizmente, boa parte da população de raposas-cinzentas no Chile e principalmente na Argentina já se encontra em Parques Nacionais e em outras regiões protegidas, nas quais a caça está proibida e sua população não interfere nas atividades econômicas e de subsistência da população local.

Bibliografia
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