Onde as corujas vivem?

A família dos estrigiformes constitui um grupo taxonômico bastante diverso, no qual agrupa mais de 220 espécies de corujas identificadas. As corujas têm uma ampla distribuição global, estando presentes em todos os continentes com exceção da Antártida, por isso são consideradas animais cosmopolitas.

No entanto, podemos dizer que 80% das espécies de corujas se encontram nos trópicos do planeta, e mesmo que algumas espécies realizem mudanças devido às estações, menos de 10% possuem comportamentos migratórios dentro do seu local de distribuição.

Estas aves estão em quase todos os habitats terrestres em suas áreas de distribuição, no entanto, a maioria das corujas vive em vários tipos de florestas, que segundo o local possuem algumas particularidades.

Vejamos a seguir alguns exemplos particulares de habitat de certas espécies de corujas:

• Coruja-serra-do-norte (Aegolius acadicus). A espécie vive nos Estados Unidos, México, Guatemala e Costa Rica; também se desloca até o Canadá. Mesmo que costumam estar em florestas de coníferas, também se desenvolvem em decíduas e mistos. De acordo com a temporada podem migrar e estar presentes em áreas urbanas.
• Coruja boreal (Aegolius funereus). Possui uma ampla distribuição por áreas florestais nas regiões do norte. Assim, está na América do Norte, incluindo Alasca e Canadá, na Eurásia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Sibéria e alguns locais da Coreia. Esta coruja vive em florestas subalpinas e boreais.
• Coruja-do-banhado (Asio flammeus). Esta é uma das espécies de corujas com maior distribuição global, sendo encontrada praticamente em todo o continente americano, desde o Norte até a Patagônia. Também se encontra nos demais continentes, exceto na Antártida e Austrália. O habitat preferido são espaços abertos, sem muitas árvores e que estão associados com pântanos e sapais, com terrenos relativamente planos.
• Bufo-real (Bubo bubo). Se você se pergunta onde o bufo-real vive, deve saber que este tipo de coruja possui uma ampla distribuição tanto na Europa como na Ásia, mesmo que também no norte da África. Prefere espaços silvestres sem perturbações, associados à ecossistemas rochosos, falésias e ravinas. Também gosta de locais com vários tipos de florestas e inclusive com rios e terras agrícolas.
• Coruja-das-neves (Bubo scandiacus). Também conhecida como coruja-do-ártico, é uma espécie amplamente distribuída na área circumpolar norte. Assim, está presente no Alasca, Canadá, China, Groelândia, Dinamarca, Suécia, Noruega e Rússia, entre outras regiões. Se desenvolve desde o nível do mar até uns 300 metros de altura, em biomas como a tundra, campos alagados, planícies, pântanos e áreas urbanas.
• Coruja-buraqueira (Athene cunicularia). É exclusiva da América, mesmo que as populações reprodutivas são dos Estados Unidos, Canadá, Suriname e Uruguai, os grupos se estendem a muitos países da região. O habitat desta coruja inclui locais abertos e com pouca vegetação, como áreas desérticas, pradarias, planícies, áreas rurais e até locais urbanos abandonados, campos de golf e outros locais urbanos.
• Coruja-preto-e-branca (Ciccaba nigrolineata). É uma espécie que habita na América Central e do Sul, mesmo que possa estar em certas localidades do México, estendendo-se até a Venezuela, Equador e Peru. Habita em diversos tipos de florestas, como as úmidas, semidecíduas ou perenes. É comum que viva perto de zonas urbanas, já que não teme os humanos.

Ao nos questionar sobre onde as corujas vivem é normal pensar se fazem seus ninhos nos mesmos locais ou não. Pois bem, uma peculiaridade das corujas é que, geralmente, não constroem ninhos, são de hábitos diferentes ou contrários a esta prática comum em muitas outras aves.

Neste sentindo, para o processo reprodutivo que inclui botar os ovos, incubar os mesmos e a criação dos recém-nascidos, algumas espécies utilizam ninhos de outras aves, mas é comum que em certos casos ocupem buracos em árvores que foram feitos pelos pica-paus. Igualmente, existem corujas que nidificam no solo, em tocas de mamíferos, como é o caso da coruja-buraqueira (Athene cunicularia), que utiliza as tocas abandonadas pelos cães da pradaria, de forma que possuem um comportamento semicolonial porque, diferente da maioria das espécies, chegam a conviver com vários pares. Nos casos em que não encontram uma toca abandonada, constroem a sua, para a qual chegam a utilizar alguns materiais.

Outro lugar onde as corujas nidificam, como é o caso da nevada, é diretamente sobre o solo. Ou seja, a fêmea escolhe algum espaço, que pode der um montículo com vegetação herbácea, onde raspará o solo, sem colocar nenhum material isolante, e colocará diretamente ali seus ovos.

Também podemos mencionar o exemplo do bufo-real, que está acostumado a buscar fendas entre rochas, falésias, grutas ou ninhos grandes de outras aves para realizar sua nidação. Outro caso é o da coruja-orelhuda, que também faz ninho no solo, mas em espaços com vegetação alta. É comum que volte ao mesmo ninho nos próximos períodos reprodutivos.

Em geral, como comentamos, as corujas não são aves migratórias, por isso geralmente fazem seus ninhos nos mesmos locais em que habitam.

Como você viu, usualmente as corujas ocupam ninhos de outras aves. Mas onde as corujas dormem? Exatamente nestes mesmos ninhos, construídos em árvores, na maioria das espécies.

Espécies como a coruja-dos-campos ou coruja-do-banhado, durante o inverno, formam uma espécie de dormitório comunitário nos solos das pastagens e em buracos, que é onde esta espécie costuma ficar. Estes dormitórios comunitários também podem ocorrer em árvores nas estações mais frias, tendo relatos de grupos de cerca de 20 corujas dormindo juntas.

Agora que você já sabe onde as corujas vivem, não perca este outro artigo no qual falamos sobre os animais de hábitos noturnos.

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