Curiosidades do mundo animal

Mutualismo em biologia - Significado e exemplos

 
Ana Diaz Maqueda
Por Ana Diaz Maqueda. 5 outubro 2020
Mutualismo em biologia - Significado e exemplos

As relações entre os diferentes seres vivos continuam sendo um dos temas principais de estudo na ciência. Em particular, o mutualismo tem sido amplamente estudado e, atualmente, casos de mutualismo animal realmente surpreendentes continuam aparecendo. Se até pouco atrás se acreditava que havia casos em que só uma espécie se beneficiava da outra, hoje já sabemos que sempre há reciprocidade neste tipo de relação, ou seja, com ganhos dos dois lados.

Neste artigo do PeritoAnimal, explicaremos o significado de mutualismo em biologia, os tipos que existem e também veremos alguns exemplos. Descubra tudo sobre essa forma de relação entre animais. Boa leitura!

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Índice

  1. O que é mutualismo?
  2. Os custos do mutualismo
  3. Tipos de mutualismo
  4. Exemplos de mutualismo

O que é mutualismo?

O mutualismo é um tipo de relação simbiótica. Nesta relação, dois indivíduos de espécies diferentes se beneficiam da relação entre ambas, obtendo algo (alimento, refúgio, etc.) que não poderiam obter sem a presença da outra espécie. É importante não confundir o mutualismo com a simbiose. A diferença entre mutualismo e simbiose reside em que o mutualismo é um tipo de simbiose entre dois indivíduos.

É bem possível que cada organismo no planeta Terra esteja de alguma forma associado com ao menos outro organismo de outra espécie diferente. Além disso, parece que este tipo de relação tem sido fundamental na história da evolução, por exemplo, foram consequência do mutualismo a origem da célula eucariótica, o aparecimento das plantas sobre a superfície terrestre ou a diversificação das angiospermas ou plantas com flores.

Os custos do mutualismo

Originalmente se pensava que o mutualismo era uma ação altruísta por parte dos organismos. Hoje em dia se sabe que não é assim, e que o fato de tomar de outro algo que não pode produzir ou obter, tem custos.

Este é o caso das flores que produzem néctar para atrair os insetos, de forma que o pólen se adere ao animal e se dispersa. Outro exemplo é o das plantas com frutos carnosos nos quais os animais frugívoros pegam a fruta e dispersam as sementes após passarem por seu tubo digestivo. Para as plantas, criar um fruto é um gasto de energia considerável que pouco as beneficia diretamente.

Apesar disso, estudar e conseguir resultados significativos sobre quão grandes são os custos para um indivíduo é uma tarefa difícil. O importante é que a nível de espécie e a nível evolutivo, o mutualismo é uma estratégia favorável.

Mutualismo em biologia - Significado e exemplos - Os custos do mutualismo

Tipos de mutualismo

Para classificar e entender melhor as diferentes relações de mutualismo em biologia, essas relações foram tipificadas em vários grupos:

  • Mutualismo obrigatório e mutualismo facultativo: dentro dos organismos mutualistas existe uma gama na qual uma população pode ser mutualista obrigatório na qual, sem a presença da outra espécie, não pode cumprir suas funções vitais e, os mutualistas facultativos, que podem sobreviver sem interagir com outro mutualista.
  • Mutualismo trófico: neste tipo de mutualismo, os indivíduos envolvidos obtêm ou degradam os nutrientes e íons que necessitam para viver. Normalmente, neste tipo de mutualismo, os organismos envolvidos são, por um lado, um animal heterotrófico e, por outro, um organismo autotrófico. Não devemos confundir o mutualismo e comensalismo. No comensalismo, um dos organismos obtém benefícios e o outro não obtém absolutamente nada da relação.
  • Mutualismo defensivo: o mutualismo defensivo ocorre quando um dos indivíduos envolvidos obtém alguma recompensa (alimento ou refúgio) por meio da defesa da outra espécie que faz parte do mutualismo.
  • Mutualismo dispersivo: este mutualismo é aquele que ocorre entre espécies animais e vegetais, de forma que a espécie animal obtém alimento e, a vegetal, a dispersão de seu pólen, sementes ou frutos.

Exemplos de mutualismo

Dentro das diferentes relações mutualistas podem haver espécies que sejam mutualistas obrigatórios e espécies mutualistas facultativas. Pode até ocorrer que durante uma etapa exista o mutualismo obrigatório e, durante outra fase, seja facultativa. Os demais mutualismos (trófico, defensivo ou dispersivos) podem ser obrigatórios ou facultativos, dependendo da relação. Confira alguns exemplos de mutualismo:

Mutualismo entre as formigas cortadeiras de folhas e os fungos

As formigas cortadeiras de folhas não se alimentam diretamente das plantas que coletam, em vez disso, criam hortas em seus formigueiros onde colocam as folhas cortadas e sobre estas colocam o micélio de um fungo, que se alimentará da folha. Depois que o fungo cresce, as formigas se alimentam dos seus corpos frutíferos. Essa relação é um exemplo de mutualismo trófico.

Mutualismo entre os microrganismos do rúmen e o ruminante

Outro claro exemplo de mutualismo trófico é o dos herbívoros ruminantes. Esses animais se alimentam principalmente de grama. Esse tipo de alimento é extremamente rico em celulose, um tipo de polissacarídeo impossível de degradar pelos ruminantes sem a colaboração de certos seres. Os microrganismos alojados no rúmen degradam as paredes de celulose das plantas, obtendo nutrientes e liberando outros nutrientes que podem ser assimilados pelo mamífero ruminante. Esse tipo de relação é um mutualismo obrigatório, tanto os ruminantes como as bactérias do rúmen não podem viver um sem o outro.

Mutualismo entre cupins e actinobactérias

Os cupins, para aumentar o nível imunológico do cupinzeiro, constroem os ninhos com suas próprias fezes. Esses feixes, ao solidificar, têm uma aparência acartonada que permite a proliferação de actinobactérias. Essas bactérias fazem de barreira contra a proliferação de fungos. Assim, os cupins obtêm proteção e, as bactérias, alimento, exemplificando um caso de mutualismo defensivo.

Mutualismo entre as formigas e os pulgões

Algumas formigas se alimentam dos sucos açucarados que os pulgões expulsam. Enquanto os pulgões se alimentam da seiva das plantas, as formigas tomam o suco açucarado. Se algum predador tentar perturbar os pulgões, as formigas não hesitarão em defender os pulgões, fonte de seu alimento principal. É um caso de mutualismo defensivo.

Mutualismo entre animais frugívoros e plantas

A relação entre os animais frugívoros e as plantas que se alimentam é tão forte que, segundo vários estudos, se alguns desses animais se extinguirem ou diminuírem seu número, os frutos das plantas diminuirão seu tamanho.

Os animais frugívoros selecionam os frutos mais carnosos e chamativos, portanto, existe uma seleção dos melhores frutos por parte desses animais. Diante da falta de animais, as plantas não desenvolvem frutos tão grandes ou, se o desenvolvem, não haverá nenhum animal interessado nele, portanto não existirá uma pressão positiva para que esse fruto seja uma árvore no futuro.

Além disso, algumas plantas, para desenvolver frutos grandes, requerem uma poda parcial desses frutos. O mutualismo dispersivo é realmente necessário não só para aquelas espécies envolvidas, mas também para o ecossistema.

Mutualismo em biologia - Significado e exemplos - Exemplos de mutualismo

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Bibliografia
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