Mimetismo e camuflagem: quais as diferenças?
O processo evolutivo conferiu aos animais diversas estratégias para poderem se desenvolver adequadamente e garantir sua sobrevivência como espécies. Dessa forma, eles enfrentam várias situações com as quais podem lidar devido às suas características específicas. Uma dessas estratégias é o mimetismo, que ocorre quando um animal se assemelha fisicamente a outra espécie ou até mesmo aos excrementos de outro animal.
Outra estratégia é a camuflagem, que ocorre quando um animal se confunde com o ambiente, tornando-se difícil de detectar. É assim que os animais usam esses métodos para escapar de seus predadores ou, em alguns casos, para capturar sua presa. Qual a diferença entre mimetismo e camuflagem em animais? Continue lendo este artigo do PeritoAnimal para conhecê-las todas.
Mimetismo e camuflagem são a mesma coisa?
Não, o mimetismo e a camuflagem não são a mesma coisa. Embora ambos sejam estratégias de ludibriamento, porque em ambos os casos busca-se causar um equívoco, existem várias diferenças entre eles. Um animal ou planta desenvolve o mimetismo quando se assemelha a uma espécie outra espécie com a qual não está necessariamente relacionado(a), e faz isso porque o indivíduo que está imitando tem certas vantagens que a espécie mimética, ou seja, a que imita, não possui. Entre elas estão elementos como toxicidade ou gosto ruim, que podem ajudar, por exemplo, na defesa contra predadores. No entanto, o mimetismo é bastante mais complexo, pois também pode ocorrer em plantas que imitam animais ou em animais que simulam ser partes de uma planta ou até mesmo restos de excremento.
Quanto à camuflagem, esta é uma estratégia evolutiva diferente, pois o animal não busca imitar especificamente outro organismo em particular. Entretanto, por meio de sua coloração, procura se confundir com a paisagem ou ambiente onde se encontra. Dessa forma, o indivíduo, imóvel e colocado entre a vegetação, sobre uma rocha ou casca de árvore, é praticamente impossível de detectar, pois se assemelha consideravelmente ao fundo em que se encontra. Portanto, a coloração, a forma e o comportamento do animal que se camufla são importantes.
Como o mimetismo e a camuflagem se diferenciam nos animais?
A diferença principal entre o mimetismo e o camuflagem em animais reside no fato de que no mimetismo, uma espécie imita outra, proporcionando uma vantagem que originalmente não possui. No caso da camuflagem, o indivíduo tenta se confundir com seu ambiente para não ser detectado.
Vamos conhecer em detalhes todas as diferenças entre mimetismo e camuflagem em animais a seguir. Vejamos:
Características do mimetismo
No mimetismo, graças à evolução, um organismo desenvolve uma semelhança física com outra espécie com a qual não está necessariamente relacionada do ponto de vista taxonômico. Quando um animal consegue desenvolver o mimetismo, adquire uma vantagem, como evitar predadores, embora também possa oferecer outros tipos de benefícios.
A vantagem proporcionada pelo mimetismo é unilateral, ou seja, apenas o imitador a obtém e, pelo menos até agora, não foram observados efeitos sobre o animal que está sendo imitado. Essa estratégia é complexa e interessante porque inclui casos de mimetismo entre animais taxonomicamente próximos, como as borboletas, um dos casos mais estudados, mas também ocorre mimetismo entre espécies diferentes e até mesmo entre plantas e animais. Além da imitação da forma física, o mimetismo pode envolver a imitação de sons, cheiros e comportamentos.
Em alguns casos, pode ser complicado distinguir entre mimetismo e camuflagem se não se conhece a espécie que está sendo imitada. O mimetismo também se diferencia da camuflagem porque existem vários tipos:
- Mimetismo batesiano: uma espécie indefesa imita outra nociva, obtendo assim uma vantagem;
- Mimetismo mülleriano: duas ou mais espécies nocivas têm padrões semelhantes que alertam para sua periculosidade. Assim, várias espécies se beneficiam e menos membros são alvo de predadores;
- Mimetismo agressivo: um predador se assemelha à sua presa ou um parasita ao seu hospedeiro;
- Mimetismo broweriano: também conhecido como mimetismo intraespecífico, ocorre quando um organismo imita partes de seu próprio corpo em uma região diferente. Por exemplo, em alguns peixes, não é fácil distinguir a cabeça da parte posterior. Isso também ocorre com certas serpentes, nas quais a cauda se assemelha à cabeça.
Existem outras formas miméticas que não se encaixam nas categorias acima e que ocorrem em espécies mais específicas. Um exemplo é o "mimetismo emsleyano", que ocorre apenas em algumas serpentes. Nesse caso, a espécie venenosa imita outras menos perigosas, pois se os predadores tentarem comê-las, não irão aprender a evitá-las, pois sempre morrerão. Portanto, quando atacam as menos tóxicas, aprenderão gradualmente a evitar as imitadoras, sendo estas as verdadeiramente mortais.
Características da camuflagem
Na camuflagem, também conhecida como "coloração críptica", o organismo busca se confundir com seu ambiente, o que pode permitir que uma presa se esconda de seu predador ou, inversamente, que um predador passe despercebido para sua possível presa. Nesse contexto, a coloração desempenha um papel fundamental no camuflagem, assim como o comportamento.
Na camuflagem, podemos encontrar principalmente duas formas ou técnicas:
- Em uma delas, o indivíduo se assemelha de maneira extraordinária ao fundo ou ambiente onde se encontra, que pode ser vegetação, corais, solo, rochas ou cascas de árvores. Dessa forma, sua coloração e a falta de movimentos rápidos são idênticos ao ambiente;
- Na outra forma, ocorre o oposto: os organismos têm uma coloração disruptiva. Essa estratégia é usada por animais que vivem em grupos e que têm padrões de cores que se distinguem do ambiente. No entanto, de longe, quando agrupados, é difícil para um predador distinguir um indivíduo em particular.
Exemplos de mimetismo e camuflagem em animais
Uma vez entendida a teoria que explica as diferenças entre o mimetismo e o camuflagem, vamos conhecer alguns exemplos práticos de mimetismo e camuflagem em animais para ver de forma mais clara que, de fato, eles não são iguais.
Exemplos de mimetismo
Começando com exemplos de animais que se mimetizam, destacamos os seguintes:
- A borboleta Limenitis arthemis imita Battus philenor, que é venenosa;
- O polvo-mímico (Thaumoctopus mimicus) pode imitar vários animais marinhos venenosos, como serpentes marinhas;
- Na borboleta-monarca (Danaus plexippus) e na borboleta vice-rei (Limenitis archippus), encontramos um exemplo de mimetismo mülleriano;
- A cobra-coral-verdadeira (Micrurus), que é letal, imita a falsa-coral (Erythrolamprus), que é menos tóxica.
Exemplos de camuflagem
No que diz respeito aos exemplos de animais que se camuflam, temos:
- Os bicho-pau, bicho-folha e bicho-casca se camuflam perfeitamente nos galhos das plantas;
- Existem espécies de lagartas de borboleta que se camuflam nas folhas verdes;
- Os esquilos e os veados de tons marrons podem se camuflar muito bem em ambientes de cores semelhantes;
- As zebras são um exemplo claro de camuflagem disruptiva.
Não deixe de observar as imagens dos exemplos para entender melhor o mimetismo e a camuflagem. Elas certamente surpreenderão você!
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- Enciclopedia Británica (2023). The adaptive value of biological coloration. Disponible en: https://www.britannica.com/science/coloration-biology/Illumination
- Museo Nacional de Historia Natural (2018). Mimetismo batesiano y múlleriano en insectos. Disponible en: https://www.mnhn.gob.cl/noticias/mimetismo-batesiano-y-mulleriano-en-insectos
- National Geographic (2023). Camouflage. Disponible en: https://education.nationalgeographic.org/resource/camouflage/
- Wickler, W.J.H. (2023). Mimicry. Enciclopedia Británica. https://www.britannica.com/science/mimicry