Curiosidades do mundo animal

Mamíferos placentários – Classificação, características e exemplos

 
María Luz Thomann
Por María Luz Thomann, Bióloga e ornitóloga. 31 março 2023
Mamíferos placentários – Classificação, características e exemplos

Os mamíferos constituem um grupo de vertebrados que evoluíram durante mais de 200 milhões de anos, dando lugar a uma elevada variedade de formas e tamanhos como resposta adaptativa aos diferentes estilos de vida e ambientes onde se desenvolveram. Os placentários se originaram no Cretáceo há cerca de 130 milhões de anos. Nesta classe existem tamanhos extremos, como em nenhum outro grupo de animais, desde pequenos morcegos que apenas ultrapassam as 4 gramas até o maior animal que existiu: a grande baleia azul (Balaenoptera musculus), que pode alcançar os 30 metros de longitude e mais de 150 toneladas. Existem espécies que voam, outras são aquáticas e outras possuem hábitos fossoriais e passam quase toda sua vida debaixo da terra. Habitam todas as regiões do planeta, como os oceanos, as zonas polares, as altas montanhas ou os desertos mais áridos.

Se você deseja saber tudo sobre os mamíferos placentários, sua classificação, características e exemplos, siga lendo este artigo que te apresentamos no PeritoAnimal.

Índice

  1. O que são os mamíferos placentários?
  2. Características dos mamíferos placentários
  3. Exemplos de mamíferos placentários

O que são os mamíferos placentários?

Os mamíferos são aqueles animais que alimentam suas crias através de leite materno. Se dividem em três grandes grupos:

  • Metatheria (marsupiais), onde encontramos os cangurus entre os diferentes tipos de marsupiais
  • Protothheria (monotremas) grupos ao qual pertencem o ornitorrinco e outros mamíferos que botam ovos
  • Placentália (placentários)

Em conjunto, atualmente estes três grupos alcançam mais de 5.100 espécies.

Os mamíferos placentários são animais vivíparos que, diferentemente dos marsupiais, não possuem uma bolsa ou marsúpio onde se desenvolve o embrião, mas sim que permanece dentro do útero onde se desenvolve e se nutre através de uma placenta corioalantóide.

O tempo de gestação varia em cada espécie, sendo geralmente mais longo nos mamíferos de maior tamanho, ainda que possam existir exceções. A gestação pode ir desde vários dias, como é o caso dos ratos (sua gestação dura cerca de 21 dias), até quase dois anos, como ocorre com os elefantes, por exemplo. As crias podem nascer completamente cobertos de pelo e com os olhos abertos, como os antílopes, que também são capazes de correr desde o primeiro momento, ou podem nascer sem pelos, com os olhos fechados e totalmente indefesos, como muitos pequenos roedores.

Mamíferos placentários – Classificação, características e exemplos - O que são os mamíferos placentários?

Características dos mamíferos placentários

Ainda que os mamíferos placentários sejam um grupo muito diverso, compartilham certas características além da placenta em que o feto se desenvolve. Assim, as características dos mamíferos placentários são:

  • O crânio é sinapsídeo, ou seja, possui um par de aberturas na parte superior, onde se inserem os músculos da mandíbula. Possuem uma dentição de leite nos filhotes e primeira fase da vida, para logo ser substituída pela dentição definitiva do adulto.
  • Possuem pelos em alguma etapa de seu desenvolvimento e podem ser de dois tipos: como fiapos, que são pelos finos, suaves e isolantes, ou cerdas, que são pelos de proteção, grossos e mais longos. O pelo nos mamíferos é de origem epidérmica e está constituído por uma proteína chamada queratina. Podem estar adaptados como bigodes ou vibrissas, que são pelos sensoriais que lhes proporcionam sentido tátil, ou no porco-espinho que está adaptado para proteção.
  • Possuem uma pele com diferentes modificações, já que estão adaptadas para cada tipo de vida que leva. Igualmente ao pelo que é composto por quitina, as unhas, garras e cascos também são compostos pela mesma. Ou como as galhadas ou chifres dos ruminantes, que são bainhas ocas da epiderme, cobertas por queratina. Isto não se muda, não são ramificados e estão presentes em ambos os sexos. Por outro lado, os chifres presentes na família dos cervos são totalmente ósseos quando estão completamente formados. Cada ano crescem debaixo de uma camada de pele muito suave e vascularizada que se denomina veludo. Na época do cio se movem, arranhando contra árvores e se perdem depois de cada estação de reprodução.
  • As glândulas mamárias produzem leite para alimentar os filhotes e dão nome a este grupo. O leite é composto por gorduras e proteínas que permitem que as crias se desenvolvam e cresçam na etapa inicial de suas vidas. Estão presentes em todas as fêmeas e de maneira rudimentar nos machos.
  • Também existem glândulas sudoríparas em várias partes do corpo e somente estão presentes em mamíferos. Podem ser écrinas, que secretam suor aquoso que absorve o calor da pele e a resfria e geralmente se encontram em locais sem pelos, ou apócrinas, presentes em áreas pilosas e sua secreção é mais esbranquiçada.
  • Sua alimentação é muito variada dependendo do grupo a que pertencem, de forma que podem ser carnívoros, com dentes adaptados para cortar carne e com garras para agarrar suas presas, herbívoros, que se alimentam da vegetação, insetívoros, que comem pequenos invertebrados como caracóis, lombrigas ou formigas, ou animais onívoros e se alimentar tanto de animais como de vegetais.
  • Possuem um ciclo estral (ou cio) no caso das fêmeas, ou seja, um ciclo periódico no qual se encontram aptas para fecundar, já que muitos machos são capazes de uma cópula fértil em qualquer momento do ano. O estro é dividido em diferentes etapas onde ocorrem mudanças nos ovários, útero e vagina, e uma fase de preparação momento em que se encontra fértil e ocorre a cópula.
Mamíferos placentários – Classificação, características e exemplos - Características dos mamíferos placentários

Exemplos de mamíferos placentários

Os placentários ou eutérios são uma infraclasse de mamíferos e é o grupo mais diversificado dos três grupos de mamíferos que existem. Os eutheria (Eutherios) são um clado (agrupamento) que inclui os placentários, mais todos os mamíferos marsupiais (Metatheria). Este grupo se divide em 18 ordens de mamíferos placentários, todos eles muito diversificados quanto às características físicas e costumes. A seguir veremos a classificação e exemplos de mamíferos placentários:

Xenarthra (29 espécies)

São exclusivamente americanos. Aqui encontramos os tamanduás, tatus e preguiças. Possuem morfologias muito variadas, como corpos alongados no caso do tamanduá (Tamandua mexicana), que além de possuir um focinho alongado e uma língua comprida que lhe permite caçar formigas e cupins, bem como garras fortes para quebrar formingueiros e cupinzeiros. Por outro lado, as preguiças (Choloepus didactylus) também possuem garras para escalar e contam com um metabolismo muito lento. Estão presentes em todo o continente americano.

Pholidota (7 espécies)

Estes animais se caracterizam por ter o corpo recoberto por grandes escamas. Possuem garras poderosas, causa preênsil e uma grande língua pegajosa. Seu representando é o pangolim (Manis crassicaudata), que habita a África e Ásia e se alimenta de cupins e formigas. Ainda que exista somente um gênero de pangolim, existem sete espécies diferentes. Todos eles possuem hábitos noturnos e são animais solitários.

Lagomorpha (80 espécies)

Aqui se encontram as lebres e coelhos. Se assemelham aos roedores somente pelos seus incisivos longos e de crescimento contínuo, que os obrigam a roer constantemente. A diferença entre um e outro está em que os logomorfos tem duas fileiras de incisivos. Habitam a Europa, África e América do Norte, mas foram introduzidos em outros continentes, sendo atualmente quase cosmopolitas.

Mamíferos placentários – Classificação, características e exemplos - Exemplos de mamíferos placentários

Rodentia (2024 espécies)

Constitui a ordem mais ampla dos mamíferos placentários, já que compreendem mais da metade das espécies de mamíferos. Seu tamanho em geral é pequeno e habitam em toda a terra, principalmente os ratos domésticos, que são cosmopolitas. São espécies que se adaptam muito fácil aos alimentos disponíveis e aos ambientes.

Macroscelidea (15 espécies)

São os musaranho-elefantes como Elephantulus brachyrhynchus. São pequenos animais com focinho longo e patas traseiras alongadas. Habitam somente o continente africano.

Primatas (236 espécies)

São classificados em dois grandes grupos, por um lado estão os Strepsirrhini como os lêmures de Madagascar, os galagos africanos e os lorises da Índia e do sudoeste asiático, e por outro lado estão os Haplorrhini, com tarsídeos, macacos e símios, entre eles os humanos. Estão amplamente distribuídos em todo o mundo, de forma que temos os macacos da América Central e do Sul (Plathyrrhini), como o macaco sagui Saimiri oerstedii ou o bugio Aloutta caraya, e os macacos e símios da África, Europa e Ásia, como o macaco Macaca mulatta, o chipanzé Pan troglodytes ou o humano Homo sapiens.

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Scandentia (19 espécies)

São as musaranhas-arbícolas, presentes na selva do sudeste asiático. Estes mamíferos placentários estão adaptados para a vida nas árvores, já que possuem uma cauda longa e pequenas unhas para escalar, como Anathana ellioti.

Dermoptera (2 espécies)

Possuem membranas semelhantes às dos morcegos, mas sua anatomia é diferente dos mesmos. São planadores arbícolas de tamanho relativamente grande, se alimentam de brotos, frutos, folhas e flores como o kaguang ou colugo (Cynocephalus variegatus).

Chiroptera (928 espécies)

Os morcegos são os únicos mamíferos que possuem voo ativo, já que possuem asas verdadeiras. Estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártida. Possuem ecolocalização, o que lhes permitem movimentar no escuro. Alguns são polinizadores das plantas que visitam, outras espécies são insetívoras, frugívoras e algumas podem consumir sangue, são os chamados morcegos vampiros, como Desmodus rotundus que lambem o sangue de animais como vacas e porcos.

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Carnivora (271 espécies)

São animais presentes em todo o planeta. Aqui se encontram as focas, elefantes-marinhos, as morsas e leões-marinhos. Estas espécies habitam quase todos os mares, mas estão especialmente agrupados nas águas frias próximas aos polos, devido à alta concentração de peixes e crustáceos que incluem na sua dieta. Em geral possuem um corpo desajeitado e pesado em terra firme mas de grande agilidade na água. Por outro lado, aqui se encontram os felinos, como os gatos, panteras, leões e guepardos, e os caninos como as rapozas, cachorros e lobos, que se caracterizam por possuir um corpo ágil, coluna vertebral flexível e extremidades especializadas em corrida devido à terem que capturar suas presas para conseguir alimento. Também aqui se encontram os mustelídeos, como lontras, martas, gambás e semelhantes, os ursídeos onde estão os ursos, os procionídeos, como guaxinis, quatis e pandas, os viverrídeos, que são as ginetas, civetas, mangustos, suricatos, e os hienídeos, que são as hienas. Dentro deste grupo, no entanto, existe uma espécie principalmente vegetaria: o panda.

Insectivora (429 espécies)

São a ordem mais primitiva dos mamíferos placentários, já que conservam muitas características dos antigos insetívoros que habitavam junto com os dinossauros. São representados por animais como o musaranho (Crocidura leucodon) presenta na Ásia, o ouriço (Erinaceus europaeus) da Europa, Ásia e África e que foram introduzidos na Nova Zelândia, e a toupeira Talpa europaea presente na América do Norte, Europa e Ásia.

Artiodactyla (220 espécies)

Possuem um número par de dedos (2 ou 4) que estão cobertos por uma camada córnea chamada casco. Podemos encontrar artiodátilos ruminantes como os bois, alces, búfalos, gazelas e girafas, que se caracterizam por possuir um estômago com várias câmaras, por ruminar e pela presença de chifres que utilizam como meio de defesa. Entre os artiodátilos não ruminantes se encontram os hipopótamos e porcos. Por outro lado, os camelídeos (camelos, dromedários, vicunhas, alpacas, guanacos e lhamas), por exemplo, se adaptaram à ambientes externos, com grandes altitudes ou climas áridos. Estão presentes na América e África.

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Cetacea (78 espécies)

Os cetáceos são os únicos mamíferos que desenvolvem sua vida exclusivamente na água. Aqui encontramos os golfinhos, cachalotes e baleias. O corpo dos cetáceos é extremamente volumoso e possibilitam a propulsão graças à musculatura da nadadeira caudal, que é grande e carnuda. Estão desprovidos de pelos, somente possuem uns poucos táteis próximo da boca, por isso, como método de isolamente térmico, possuem uma capa de gordura de vários centímetros de espessura.

Tubulidentata (1 espécie)

Aqui está o porco-da-terra (Orycteropus afer). Se alimenta quase exclusivamente de insetos como os cupins. Possuem uma saliva pegajosa e uma língua longa que as capturam. Habita entre as pradarias ou nos bosques. É nativo da África.

Perissodactyla (18 espécies)

Esta ordem inclui animais de tamanho grande cujas patas possuem um número ímpar de dedos (1), que está coberto por um casco córneo. O representante mais conhecido é o cavalo. Outras espécies dessa ordem são os asnos, zebras, antas e rinocerontes. Habitam América, África, Ásia e Europa.

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Hyracoidea (6 espécies)

Possuem similaridades com os elefantes e outros grupos de mamíferos placentários, no entanto, sua forma e costumes são similares aos dos roedores. Aqui se encontram os hyraxes (Procavia capensis), que habitam na África e estão adaptados a qualquer tipo de ambiente e possuem uma alimentação herbívora.

Proboscidea (2 espécies)

Aqui temos o elefante, com uma trompa que se origina da fusão do nariz com o lábio superior e é utilizada para respirar, cheiras e como órgão preênsil. Na atualidade estão representados por duas espécies: o elefante asiático e o elefante africano. A fêmea do elefante asiático não tem presas e os machos as tem de forma menos desenvolvida que os africanos. Suas orelhas são pequenas e triangulares. O elefante africano, ao contrário, possui grandes orelhas. Todos os elefantes são exclusivamente herbívoros.

Sirenia (5 espécies)

São os mamíferos placentários que, juntamente com os cetáceos e pinípedes, povoaram o ambiente aquático. Habitam junto das costas ou em rios com abundantes plantas aquáticas, já que sua alimentação é exclusivamente herbívora. Devido a desaparição de suas extremidades posteriores nadam utilizando sua cauda enorme e as extremidades anteriores, que se transformaram em nadadeiras. Representantes desta ordem são o peixe-boi Trichechus manatus, que habita na América e África, e o dugongo Dugong dugon, que vive na África, Ásia e Austrália.

Agora que você conheceu mais sobre eles e viu diversos exemplos de mamíferos placentários, recomendamos o vídeo a seguir com os maiores animais do mundo já encontrados:

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Bibliografia
  • Archibald, J. D. (2012). Eutheria (Placental Mammals). In: Encyclopedia of Life Sciences (ELS). 1-5 pp.
  • Hickman, C. P., Ober, W. C. & Garrison, C. W. (2006). Principios integrales de zoología, 13ª edición. McGraw-Hill-Interamericana, Madrid. 1022 pp.
  • Kardong, K. V. 2007. Vertebrados: Anatomia comparada, funcion y evolucion. 4. ed. Madrid (España). McGraw Hill. 2007. 782 p.

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