Diapausa em animais - O que é e exemplos
Os animais estão distribuídos por todo o planeta, e embora algumas regiões sejam geralmente mais diversas do que outras, mesmo em habitats com condições mais adversas, a vida animal está presente. Para poder viver em ambientes específicos, diferentes espécies desenvolveram adaptações e processos internos que lhes permitem sobreviver em habitats com características particulares.
Neste artigo do PeritoAnimal, queremos fornecer informações sobre uma dessas maneiras que diferentes animais usam para enfrentar condições ambientais adversas, a diapausa. Convidamos você a continuar lendo para saber tudo sobre a diapausa em animais, o que é e exemplos concretos de animais que a realizam.
Índice
O que é a diapausa?
Alguns animais que habitam locais com invernos extremamente frios entram em um estado de dormência conhecido como hibernação. Outros, em condições de seca e calor, passam por um estado chamado estivação. Em ambos os casos, esses são processos que envolvem certas mudanças no comportamento e na fisiologia para garantir a sobrevivência do animal.
Os insetos desenvolvem um processo conhecido como diapausa, que é temporário e tem como objetivo lidar com as condições adversas do ambiente que podem prejudicar o desenvolvimento e a reprodução do animal. Nesse sentido, a diapausa é um estado em que o desenvolvimento é suprimido ou reduzido significativamente e, portanto, leva à inatividade metabólica, envolvendo uma série de processos fisiológicos e mudanças comportamentais em direção à inatividade, que promovem a resistência em um habitat desfavorável para algumas espécies.
A diapausa é uma estratégia que permite aos insetos ajustar seu período ativo de vida às condições mais favoráveis do ambiente e, assim, reproduzir-se mesmo nesses locais. Embora esteja relacionado às condições ambientais, é regulado pelo componente genético por meio de hormônios. Esse estado de inatividade pode ocorrer em qualquer estágio ou fase do inseto, contudo é bastante comum na fase de pupa.
Os fatores ambientais que induzem a diapausa nos insetos incluem:
- Temperatura;
- Fotoperíodo;
- Umidade;
- Alimentação;
- População.
No entanto, os insetos não são os únicos animais que realizam a diapausa para garantir sua sobrevivência. Alguns mamíferos também desenvolvem um tipo de diapausa, que discutiremos mais adiante.
Quanto tempo dura a diapausa?
Os fatores mencionados anteriormente estão envolvidos tanto no tempo quanto na intensidade das mudanças que ocorrem no inseto, no entanto, a diapausa começa antes que as mudanças adversas realmente se estabeleçam permitindo que esses animais antecipem condições desfavoráveis e, assim, sobrevivam, por exemplo, diante da chegada do inverno. Além disso, o processo não necessariamente termina quando os fatores extremos cessam.
Diante das diferentes condições ambientais que os habitats apresentam, o processo de diapausa pode variar desde curtos períodos, como algumas semanas, até meses em situações sazonais mais longas.
Etapas da diapausa
O tema das fases ou estágios da diapausa tem sido controverso, no entanto, propôs-se que ela possui três momentos principais, que são: pré-diapausa, diapausa e pós-diapausa. Além disso, também foram sugeridas [1] as seguintes fases mais específicas:
- Indução
- Preparação
- Iniciação
- Manutenção
- Terminação
- Quiescência pós-diapausa
Diferença entre diapausa e quiescência
A diferença entre a diapausa e a quiescência é que, na primeira, como mencionado anteriormente, ocorre uma interrupção ou diminuição significativa de todos os processos do inseto que envolvem mudanças fisiológicas. A quiescência consiste em um período de descanso em que o metabolismo ainda permanece desacelerado, mas o animal pode se mover se desejar e ficar ativo para aproveitar condições favoráveis. Esta última não possui o mesmo nível de regulação, controle genético e ambiental que a primeira.
Tipos de diapausa
Existem dois tipos de diapausa, uma obrigatória e outra facultativa, estimando-se que isso está relacionado com o ambiente onde a espécie evoluiu.
- Diapausa obrigatória: os insetos não têm outra opção senão entrar neste processo em algum estágio de suas vidas.
- Diapausa facultativa: os insetos iniciarão este processo apenas quando as condições ambientais se tornarem adversas.
Por outro lado, embora a diapausa seja mais comum em insetos, é importante mencionar que, em alguns mamíferos, como os cangurus, ocorre um processo chamado de diapausa embrionária. Esses animais são marsupiais, ou seja, possuem uma bolsa ou marsúpio, onde um embrião, após o nascimento, ainda muito pouco desenvolvido, se introduz e completa seu crescimento. Dessa forma, após cerca de 28 a 33 dias de gestação, nasce uma cria que instintivamente se desloca para o marsúpio da mãe, e imediatamente a fêmea pode engravidar novamente. No entanto, com a presença de um filhote preso à mãe, o desenvolvimento gestacional é interrompido ocorrendo a diapausa embrionária, que pode durar cerca de 235 dias, tempo suficiente para que o filhote cresça adequadamente. Uma vez que o filhote deixa o marsúpio, o crescimento do embrião no útero é reativado, e ele nasce cerca de um mês depois.
Contudo, isso também ocorre em outros mamíferos que não são marsupiais, como o cervo, pois a fêmea tem a capacidade de deixar seus óvulos fertilizados em estado latente para que possam se desenvolver e nascer mais tarde, quando as condições forem mais adequadas. Sem dúvida, é uma estratégia reprodutiva projetada para garantir a sobrevivência da espécie. Neste caso específico, a fêmea entra no cio apenas uma vez por ano e por um período muito curto de tempo. Através da diapausa embrionária, todos os nascimentos ocorrem na mesma época do ano.
Exemplos de diapausa
Dentro do grupo dos insetos, existem diferentes frequências nas quais ocorre a diapausa, dependendo do estágio do indivíduo. Por exemplo, nos coleópteros, são os adultos que passam pelo processo em maior proporção, e isso ocorre em mais indivíduos no verão do que no inverno. Por outro lado, nos lepidópteros, no inverno, é na fase de pupa que a diapausa é mais comum, embora também ocorra em uma proporção significativa no estágio larval, mas em menor quantidade do que nos adultos. Da mesma forma, nos dípteros, é na fase de pupa que eles passam por esse período de inatividade, ocorrendo em proporções semelhantes no verão e no inverno.
Alguns exemplos específicos de diapausa em insetos incluem as seguintes espécies:
- Besouro (Lagria hirta)
- Mosca-rato (Cuterebra fontinella)
- Borboleta-monarca (Danaus plexippus)
- Traça da maçã (Cydia pomonella)
- Mosca-da-raiz do nabo (Delia floralis)
- Mosca-do-trigo (Sitodiplosis mosellana)
- Mosca-da-carne (Sarcófago crassipalpis)
- Traça do tabaco (Sarcofago crassipalpis)
- Mosca da família Drosophilidae (Chymomyza costata)
- Broca-do-milho-do-sudoeste (Diatraea grandiosella)
Posto que os insetos não são os únicos animais que realizam a diapausa, embora constituam a grande maioria, outros exemplos incluem:
- Veado (Capreolus capreolus)
- Tatu-de-rabo-peludo do sul (Dasypus híbrido)
- Canguru-vermelho (Macropus rufus)
- Canguru-antílope (Macropus antilopinus)
Se deseja ler mais artigos parecidos a Diapausa em animais - O que é e exemplos, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Curiosidades do mundo animal.
- Koštál, v. (2006). Eco-physiological phases of insect diapause. Journal of Insect Physiology. Volume 52, Issue 2, Pages 113-127. Disponible en: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022191005002052?via%3Dihub
- Amat. M. (2014). Regulación de la diapausa y emergencia del ectoparásito aviar Carnus hemapterus: factores abióticos, microclima y mecanismos implicados. Disponible en: http://www.eeza.csic.es/documentos/tesis/TMTAV.pdf
- Gutiérrez, D. (2005). Diapausa: Causas, mecanismos, consecuencias. Disponible en: https://repository.javeriana.edu.co/bitstream/handle/10554/55779/DIAPAUSA.pdf?sequence=1
- Hickman, C., Roberts, L., Parson A. (2000). Principios integrales de zoología. McGraw Hill Interamericana: España.
