Cobra que cospe veneno: tipos, habitat e alimentação

As espécies de cobras que cospem veneno variam em tamanho, mas geralmente são serpentes longas, medindo de 1,80 m a quase 3 m de comprimento. Elas têm corpos um pouco robustos, com caudas afiladas. Outra característica comum dessas cobras é a capacidade de erguer a parte frontal do corpo, além de achatar o pescoço, o que as faz parecer maiores diante de um possível predador.

A cabeça é bem grande em comparação com a de outros tipos de cobras. Elas possuem costelas cervicais alongadas que permitem a expansão do tecido ao redor do pescoço, formando o característico "capuz" das cobras. A forma das presas varia entre as espécies. Quanto à cor, também há variações: desde preto brilhante combinado com tons mais claros, padrões de listras pretas e amarelas, marrons em diferentes tonalidades, amarelos, e até mesmo cobras melânicas já foram registradas.

A taxonomia das verdadeiras cobras passou por mudanças e, dependendo da fonte consultada, o número de espécies varia. Entretanto, fontes confiáveis relatam entre 29 e 31 espécies, todas pertencentes ao gênero Naja. Desse total, cerca de 12 espécies são cobras que cospem veneno, ou seja, além de conseguirem expelir veneno pelas presas sem morder, usam essa habilidade para se defender de ameaças potenciais. Existem ainda cobras que, embora possam cuspir veneno, raramente o fazem, por isso geralmente não são incluídas nesse grupo.

Conheça os tipos de cobras que cospem veneno, suas origens e estado de conservação:

• Cobra-cuspideira-de-ashe (Naja ashei): nativa da Etiópia, Quênia, Somália, Tanzânia e Uganda. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Cobra-cuspideira (Naja nigricollis): nativa do centro e sul da África. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Cobra cuspideira katiana (Naja katiensis): nativa de Camarões, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Mali, Níger, Nigéria, Senegal e Togo. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Cobra-filipina (Naja philippinensis): nativa das Filipinas. Estado de conservação: "quase ameaçada";
• Naja nigricincta: nativa de Angola, Namíbia e África do Sul. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Naja sumatrana: nativa da Indonésia, Tailândia, Filipinas e Malásia. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Naja sputatrix: nativa da Indonésia. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Naja mandalayensis: nativa de Myanmar. Estado de conservação: "vulnerável;
• Naja nubiae: nativa do Chade, Egito, Eritreia, Nigéria e Sudão. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Naja mossambica: nativa de Angola, Botsuana, Essuatíni, Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Estado de conservação: "pouco preocupante";
• Naja siamensis: nativa do Camboja, Laos, Mianmar, Tailândia e Vietnã. Estado de conservação: "vulnerável";
• Naja pallida: nativa do Quênia, Etiópia, Tanzânia e Somália. Estado de conservação: "pouco preocupante".

As cobras que cospem veneno se destacam por sua diversidade ecológica, o que lhes permite habitar uma ampla variedade de ecossistemas na África e Ásia, suas regiões nativas. Elas estão distribuídas desde áreas de baixa altitude até regiões de altitude moderada, adaptando-se tanto a ambientes naturais quanto a áreas alteradas pela ação humana. Essas serpentes ocupam habitats que variam de florestas tropicais úmidas e decíduas até savanas, pastagens, regiões semiáridas e matagais.

Uma característica marcante em várias espécies é sua proximidade com corpos d’água, mesmo em regiões áridas. Além disso, muitas cobras que cospem veneno também são encontradas em áreas antrópicas (modificadas pelo homem). Elas são comuns em agroecossistemas, como plantações de arroz, pastagens cultivadas e savanas degradadas pela agricultura ou pecuária. Também podem ser vistas em jardins, parques, zonas periurbanas e até mesmo em complexos habitacionais.

Em resumo, as cobras que cospem veneno ocupam um espectro amplo de habitats, desde florestas tropicais até savanas áridas e áreas urbanizadas. Sua versatilidade na escolha de ambientes, combinada com seu comportamento oportunista e adaptações evolutivas, foi essencial para seu sucesso em regiões tão diversas.

Já que sabemos mais sobre o habitat da cobra que cospe veneno, fica também a dúvida: do que ela se alimenta? A dieta dessas cobras é variada e reflete seu papel como predadoras oportunistas nos ecossistemas que habitam. Sua alimentação consiste principalmente em pequenos vertebrados, como:

• Roedores;
• Anfíbios;
• Aves;
• Outros répteis, incluindo lagartos e, ocasionalmente, até outras serpentes.

Em áreas próximas a assentamentos humanos, elas caçam ratos e camundongos, tornando-se controladoras naturais de pragas.

Como a cobra que cospe veneno caça?

Seu método de caça é ativo: primeiro rastreiam as presas usando seu olfato aguçado e sensibilidade a vibrações no solo.

Ao localizar a presa, a cobra a imobiliza com uma mordida venenosa. Apesar de sua fama por cuspir veneno, esse comportamento é usado exclusivamente para defesa, não para caça. Durante a predação, injetam o veneno diretamente através das presas. Seu potente coquetel de neurotoxinas e citotoxinas paralisa e começa a digerir os tecidos da presa, facilitando sua ingestão. Essas cobras engolem geralmente a presa inteira, começando pela cabeça para reduzir resistência.

As cobras que cospem veneno são animais ovíparos, ou seja, se reproduzem por meio de postura de ovos, dos quais eclodem os filhotes. Machos e fêmeas podem acasalar com múltiplos parceiros ao longo da vida (poliginandria). A reprodução geralmente ocorre em uma estação específica do ano, variando conforme a espécie, região e condições climáticas, mas coincide normalmente com períodos de maior temperatura ou umidade, como a estação chuvosa.

O cortejo começa quando os machos detectam os feromônios liberados pelas fêmeas, que atuam como sinais químicos para atrair parceiros. Em seguida ocorre o acasalamento, que pode durar desde várias horas até mais de um dia. Após isso, a fêmea produz uma postura de entre 6 e 20 ovos, dependendo da espécie e das condições ambientais.

Como nascem as cobras que cospem veneno?

Os filhotes nascem totalmente independentes, já com presas, glândulas de veneno e capacidade de se defender. A maturidade sexual é geralmente alcançada entre 2 e 3 anos, embora as taxas de crescimento e o tamanho adulto variem entre as espécies. Como na maioria das serpentes, o cuidado parental após a postura é praticamente inexistente, pois as fêmeas raramente protegem o ninho, e os filhotes se viram sozinhos desde o nascimento.

Todas as espécies do gênero Naja, incluindo as cobras que cospem veneno, possuem veneno potencialmente mortal para humanos. Sua toxicidade deve-se principalmente a neurotoxinas que paralisam o sistema nervoso, embora muitos venenos também tenham efeitos citotóxicos (causando inflamação, necrose e alterações na coagulação sanguínea). Algumas espécies ainda apresentam componentes cardiotóxicos que afetam o coração.

As cobras que cospem veneno desenvolveram um mecanismo de defesa singular que, como mencionamos, consiste na expulsão de veneno à distância. Diferente de outras serpentes que injetam veneno apenas ao morder, essas cobras projetam um jato direcionado por orifícios frontais em suas presas. Embora chamemos de "cuspir", a ação se assemelha mais a um spray. Esse mecanismo é usado principalmente para defesa, não para caça, e o veneno espirrado não penetra a pele intacta, mas causa forte irritação. Se atingir os olhos, pode provocar dor intensa, inflamação ocular, cegueira temporária e até permanente se não houver tratamento imediato.

Apesar de cuspir ser sua forma preferida de defesa, essas cobras também podem morder e injetar grandes quantidades de veneno, um método usado para capturar e matar presas. Nesse sentido, suas mordidas ainda representam perigo grave para humanos, podendo causar paralisia, necrose e altos custos médicos.

As cobras que cospem veneno geralmente não atacam humanos sem motivo, mas podem fazê-lo se se sentirem ameaçadas. Seu veneno representa um risco real: agir rapidamente, como lavando os olhos ou buscando hospital após uma mordida, por exemplo, pode ser a diferença entre uma recuperação sem sequelas ou danos graves e permanentes.

Neste outro artigo, mostramos outras espécies que não têm veneno. Confira nosso artigo sobre "Tipos de cobras não venenosas".

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