Tipos de lontras
A família dos mustelídeos compreende, entre outros mamíferos carnívoros, as lontras que são animais com uma ampla diversidade. Seus hábitos estão associados ao meio aquático, que de acordo com a espécie podem ser mais contínuos ou do tipo intermediário. O habitat desses animais pode ser de água doce, marinha ou salobra. São peculiares, bastante ágeis para nadar e com um comportamento muito ativo.
Devido a ampla diversidade que existem dentro do grupo, já que em diferentes casos foram relatados até várias subespécies, neste artigo do PeritoAnimal apresentamos os diferentes tipos de lontras. Anime-se e continue lendo.
- Lontra-anã-oriental (Amblonyx cinereus)
- Lontra-africada-sem-garras (Aonyx capensis)
- Lontra-marinha (Enhydra lutris)
- Lontra-de-pescoço-pintado (Hydrictis maculicollis)
- Lontra fluvial norte-americana (Lontra canadensis)
- Chugungo (Lontra felina)
- Lontra-neotropical (Lontra longicaudis)
- Lontra-do-rio-sul (Lontra provocax)
- Lontra-euroasiática (Lutra lutra)
- Lontra-de-nariz-peludo (Lutra sumatrana)
- Lontra-de-pelo-liso (Lutrogale perspicillata)
- Ariranha (Pteronura brasiliensis)
Lontra-anã-oriental (Amblonyx cinereus)
Este tipo de lontra é nativo de vários países da Ásia, entre os que podemos mencionar: Bangladesh, Butão, Camboja, China, Índia, Indonésia, Taiwan e Vietnã. Se desenvolve em diversos ecossistemas aquáticos de água doce, geralmente de pouca profundidade, em alguns casos de águas paradas e em outros de rios de corrente lentas ou rápidas.
Tem um peso que varia entre 2,7 e 5,4 kg, com dimensões que vão de 40 a 65 cm de comprimento. Esta lontra é de cor marrom acinzentado, mas a cara e o pescoço costumam ser mais claros. Se alimenta principalmente de invertebrados, tais como caranguejos, moluscos e insetos, mas também pode consumir peixes, roedores, serpentes e anfíbios.
Lontra-africada-sem-garras (Aonyx capensis)
Conhecida também como lontra do pântano, é bem distribuída por vários países africanos. É uma espécie aquática que raramente deixa este meio. Embora possa estar presente no meio marinho, é indispensável o acesso a água doce. Está localizada em costas rochosas, mangues, estuários, barragens, rios e até em áreas desérticas. Consome peixes, rãs, caranguejos e insetos.
É uma das maiores espécie em tamanho, medindo de cerca de 76 a 88 cm de comprimento, com um peso que varia entre 10 e 22 kg. Sua cor é marrom escuro e tem uma coloração branca abaixo da boca até o peito. A lontra africana não possui garras, exceto pela presença de algumas pequenas em certos dedos que usa para se limpar.
Lontra-marinha (Enhydra lutris)
A espécie é nativa do Canadá, Estados Unidos e Rússia. Se desenvolve em diversos espaços marinhos próximos à costa, mas normalmente está localizada em áreas rochosas com presença importante de algas, embora também as algas possam estar ausentes. Pode submergir sobre os 50 m, mas prefere mergulhar a profundidades menores.
A coloração deste tipo de lontra é marrom ou vermelha com a cabeça mais clara. As fêmeas pesam até cerca de 30 kg, enquanto os machos não costumam superar os 40 kg. Medem entre 1 e 1,5 de comprimento, sendo os machos os maiores. Se alimenta de ouriços-do-mar, amêijoas, mexilhões, polvos e peixes, entre outros.
Neste outro post falamos se é possível ter uma lontra de estimação.
Lontra-de-pescoço-pintado (Hydrictis maculicollis)
A lontra-de-pescoço-pintado se distribui pelo sul da África Central e em áreas úmidas da região subsaariana. É uma espécie de água doce que habita em ecossistemas sem sedimentos e que não estejam poluídos. Assim, se desenvolve em grandes lagos, corpos d'água abertos, rios e reservatórios.
Se distingue por suas manchas marrons e brancas no pescoço, no restante do corpo tem uma coloração marrom ou vermelha. Mede de 85 cm a 1 m e tem um peso médio de 4 kg. Se alimenta principalmente de peixes, mas pode incluir sapos, caranguejos, insetos e aves.
Lontra fluvial norte-americana (Lontra canadensis)
Este tipo de lontra é nativo do Canadá e Estados Unidos e foi relatado uma presença incerta no México. É de hábitos aquáticos, os quais podem ser tanto de água doce como salgada, de modo que habita em rios, lagos, áreas úmidas, estuários e pântanos. A condição para sua presença em um destes ecossistemas é a disponibilidade de alimento e a qualidade do mesmo, já que é suscetível à poluição. É comum associar-se a espaços modificados pelo castor americanos (Castor canadensis).
Tem um corpo longo, como a cauda, bem adaptado para nadar, com uma faixa de peso entre 5 e 15 kg e dimensões que vão dos 90 cm até 1,3 m de comprimento. A pelagem desta lontra é suave, entre marrom e quase preto, mas mais claro na zona ventral. Sua alimentação carnívora é baseada principalmente em peixes, mas também inclui sapos, caranguejos de rio e aves, de acordo com a presença destes últimos animais.
Chugungo (Lontra felina)
Devido ao seu nome científico também é conhecido como gato-do-mar ou lontra-marinha. É nativa da Argentina, Chile e Peru. Dentro do gênero, é a única espécie que habita exclusivamente ecossistemas marinhos, nos quais é bastante ágil. Desloca-se em uma faixa de até 30 m em terra sobre o nível do mar e de 100 a 150 m de profundidade no mar, principalmente em áreas rochosas de ventos fortes e algas abundantes. Eventualmente, pode se mover para os rios em busca de alimentos.
É a menor espécie de lontra do seu gênero, medindo em média 90 cm de comprimento e pesando entre 3 e 5 kg. A pelagem é escura lateralmente e no dorso, mas clara no ventre. Se alimenta principalmente de crustáceos e moluscos, embora possa incluir peixes, aves e pequenos mamíferos.
Lontra-neotropical (Lontra longicaudis)
Este é um tipo de lontra com maior distribuição que as anteriores, especificamente na América. Tem uma ampla presença que vai desde o nordeste do México, estendendo-se pela América do Sul, até a Argentina, embora não tenha sido relatada no Chile. Se distribui por uma variedade de habitats aquáticos que incluem rios, lagos, lagoas, áreas úmidas, manguezais e costas. Se localiza desde áreas marinhas rochosas até florestas quentes ou frias, savanas costeiras e pântanos.
Mede entre 36 e 66 cm de comprimento e possui uma longa cauda. Tem uma pelagem brilhante acinzentada, sendo de tons mais claros no ventre e na garganta. Devido à diversidade de habitats em que se encontra, possui uma dieta oportunista, na qual inclui peixes, crustáceos, anfíbios, mamíferos e aves.
Lontra-do-rio-sul (Lontra provocax)
Esta espécie de lontra é nativa da Argentina e Chile, localizadas em florestas temperadas da região, em águas doces ao norte, mas em ambientes no sul. Habita lagos andinos, lagoas, rios que variam de tamanho e estuários. Nos ecossistemas marinhos localiza-se em direção à costa, já que não se desloca para águas abertas, enquanto nos ecossistemas de água doce opta pelos que têm presença de abundante vegetação.
Seu tamanho é do tipo médio, medindo em torno de um metro de comprimento. A pelagem desta lontra é aveludada, de coloração marrom, exceto a região ventral que é mais clara. É uma forrageira aquática, alimentando-se de peixes e crustáceos que captura no fundo da água.
Lontra-euroasiática (Lutra lutra)
É um dos tipos de lontras mais difundidos, se distribui na Europa, Ásia e África. Além disso, uma grande variedade de subespécies foram identificadas. Devido a sua extensão, se distribui em uma diversidade importante de habitats que incluem lagos, rios, arroios, pântanos e áreas costeiras. Além disso, possui um alcance que vai do nível do mar até os 4.120 m de altura.
Sua coloração é marrom na região superior e clareia para baixo. Mede entre 50 cm e quase um metro de comprimento e pesa entre 7 e 12 kg. O consumo de peixes representa mais de 80% da sua dieta, a outra porcentagem depende da disponibilidade no meio, podendo comer insetos, répteis, anfíbios, pequenos mamíferos, aves e crustáceos.
Lontra-de-nariz-peludo (Lutra sumatrana)
Neste caso, temos um tipo de lontra nativa da Ásia, especificamente de países como Camboja, Indonésia, Malásia, Birmânia, Tailândia e Vietnã. O habitat é representado principalmente por florestas pantanosas de turfa, áreas inundadas e florestas tropicais.
Sua pelagem coincide com outras espécies de lontras, quase todo marrom exceto pela área ventral que é mais clara. Mede cerca de 60 cm, embora possa alcançar os 82 cm de comprimento, e pesa entre 5 e 8 kg. Os principais alimentos são peixes e cobras d'água, mas também inclui sapos, lagartos, tartarugas, mamíferos e insetos.
Lontra-de-pelo-liso (Lutrogale perspicillata)
Se distribui principalmente pelo sul da Ásia, mas existe uma população no Iraque. Se desenvolve em planícies e regiões semiáridas, associadas a grandes lagos e rios, também em florestas pantanosas de turfa, manguezais, estuários e é comum que se desloque para campos de arroz. Embora se mova bem na água, também se move bem em terra.
É o maior tipo de lontra da região sudeste da Ásia, pesando de 7 a 11 kg, com uma dimensão de até 1,3 m de comprimento. Seu pelo é mais curto que o de outras espécies, além de brilhante. A coloração vai de marrom escuro a claro e clareia ainda mais no ventre. Embora prefira o consumo de peixes, também inclui insetos, camarões, caranguejos, roedores e sapos.
Ariranha (Pteronura brasiliensis)
A ariranha, também chamada de lontra gigante, é nativa da América do Sul, sendo distribuída pela Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Habita em ecossistemas de água doce como rios, arroios, lagos e pântanos, que podem ser caudalosos de águas escuras ou claras, de acordo com a região.
Distingue-se de todos os outros tipos de lontras por ser a maior e mais sociável destes animais. A ariranha mede de 1 até quase 2 m de comprimento, com pesos que vão de 22 até 32 kg, sendo os machos os maiores. Embora algumas lontras-do-mar possam ser mais pesadas, não são maiores. Sua cor é marrom ou avermelhada, com a pelagem bastante curta. Embora seja verdade que se alimenta principalmente de peixes, também pode devorar jacarés e outras espécies de animais vertebrados. Não perca o artigo animais do cerrado brasileiro.
Com esta espécie finalizamos a lista dos tipos de lontras que, como você viu, é realmente variada. Sem dúvida, são animais extraordinários que devem viver em seus habitats naturais para viver com qualidade de vida.
E se você quer saber mais sobre a fauna brasileira, não perca o artigo a seguir sobre os animais extintos no Brasil.
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- Animal Diversity Web (2020). Disponível em: <https://animaldiversity.org/>. Acesso em 27 de abril de 2022.
- ITIS (2022). Lutrinae. Disponível em: <https://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=621910#null>. Acesso em 27 de abril de 2022.
- IUCN (2022). La lista roja de especies amenazadas de la UICN. Versión 2021-3. Disponível em: <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em 27 de abril de 2022.