Curiosidades do mundo animal

Sistema nervoso dos insetos

 
María Luz Thomann
Por María Luz Thomann, Bióloga e ornitóloga. 22 setembro 2023
Sistema nervoso dos insetos

Dentro do reino animal, os insetos fazem parte de uma das classes mais diversas e bem-sucedidas, colonizando praticamente todos os cantos do nosso planeta. Por trás de suas adaptações surpreendentes e comportamentos complexos e variados, que vão desde padrões de voo precisos até estratégias de caça altamente especializadas, está um sistema biológico fundamental que permite sua sobrevivência e sucesso em uma ampla gama de ambientes: o sistema nervoso.

Embora muitos deles sejam criaturas diminutas, os insetos possuem sistemas nervosos surpreendentemente complexos que desempenham um papel crucial em seu comportamento, interação com o ambiente e capacidade de adaptação. Se deseja conhecer como é o sistema nervoso dos insetos, neste artigo do PeritoAnimal, contaremos tudo sobre sua classificação e funcionamento. Não perca!

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Índice

  1. Sistema nervoso central dos insetos
  2. Sistema nervoso autônomo ou visceral dos insetos
  3. Sistema nervoso periférico dos insetos
  4. Órgãos sensoriais dos insetos

Sistema nervoso central dos insetos

O sistema nervoso central dos insetos é composto por várias partes-chave, cada uma com funções específicas que contribuem para a coordenação e o controle das atividades do inseto. As partes principais incluem:

  • Cérebro: é o centro de processamento de informações do sistema nervoso central dos insetos. Ele é dividido em três partes principais: o protocérebro, o deutocérebro e o tritocérebro. Cada parte é especializada no processamento de diferentes tipos de informações. O protocérebro está principalmente associado ao processamento visual e respostas motoras complexas. Lá são recebidos e processados os sinais visuais provenientes dos olhos do inseto, permitindo a percepção do ambiente e uma navegação precisa. O deutocérebro está relacionado principalmente ao processamento de sinais olfativos e gustativos. Nele são recebidos os sinais de olfato e paladar, permitindo aos insetos detectar feromônios, alimentos e outros compostos químicos em seu ambiente. Além disso, o tritocérebro está envolvido no processamento de sinais táteis e mecânicos e desempenha um papel na coordenação de atividades motoras relacionadas à cabeça e à boca. Para saber mais, confira este artigo sobre características dos insetos.
  • Cordão nervoso: o sistema nervoso central dos insetos está interconectado por meio de uma rede de gânglios que transmitem sinais entre diferentes partes do corpo e o cérebro. Essas conexões permitem uma comunicação rápida e a coordenação das respostas.

Em conjunto, essas partes trabalham em sinergia para permitir que os insetos respondam de maneira eficaz ao seu ambiente e realizem uma variedade de comportamentos necessários para sua sobrevivência e sucesso no mundo natural.

Sistema nervoso autônomo ou visceral dos insetos

Nos insetos, este sistema também é denominado sistema nervoso vegetativo e faz parte do sistema nervoso periférico, composto por estruturas e sistemas nos insetos que regulam funções viscerais, a resposta a estímulos e a coordenação de atividades internas.

Por um lado, os gânglios torácicos e abdominais nos insetos estão envolvidos na regulação de funções viscerais e na coordenação de atividades internas. Embora não sejam equivalentes diretos ao sistema nervoso autônomo dos vertebrados, desempenham funções análogas na regulação de atividades internas e são responsáveis por controlar funções como a digestão, a circulação e a excreção. Nestes gânglios, encontram-se neurônios motores e sensoriais que participam na regulação da atividade dos órgãos internos. Estes neurônios formam circuitos que permitem a comunicação e a coordenação de atividades no sistema digestivo, circulatório e excretor.

Os insetos também possuem neurônios neurossecretores que liberam substâncias químicas, como hormônios, que regulam diversas funções internas. Essas substâncias podem afetar a contração do músculo cardíaco, a digestão e outras atividades.

Sistema nervoso periférico dos insetos

O sistema nervoso periférico (SNP) em insetos é a parte do sistema nervoso que se estende para fora do sistema nervoso central (SNC), que inclui o cérebro e o cordão nervoso (análogo à medula espinhal em vertebrados). O SNP em insetos é composto por uma rede de nervos e gânglios que conectam o SNC a diferentes partes do corpo, incluindo órgãos internos, músculos e órgãos sensoriais.

O SNP em insetos desempenha várias funções importantes, como por exemplo:

  • Controle motor: o SNP conduz sinais motores do SNC para os músculos do corpo, permitindo o movimento e a coordenação das extremidades e de outros órgãos. Os nervos que controlam a contração muscular e o movimento são parte fundamental do SNP;
  • Recepção sensorial: órgãos sensoriais (como antenas, olhos e pelos sensoriais no corpo dos insetos) coletam informações do ambiente. Esses sinais são transmitidos através do SNP para o SNC, onde são processados e decisões são tomadas com base nas informações recebidas;
  • Regulação de funções internas: o SNP também está envolvido na regulação de funções internas, como a circulação sanguínea, digestão e respiração. Nervos que controlam órgãos internos transmitem sinais para coordenar essas atividades vitais;
  • Resposta a estímulos ambientais: o SNP em insetos permite respostas rápidas a estímulos do ambiente, como mudanças na temperatura, umidade e a presença de predadores. Essas respostas podem incluir a contração de músculos para escapar de perigos ou mudanças na frequência cardíaca.

Nos insetos, os gânglios nervosos periféricos são aglomerados de corpos de células nervosas encontrados fora do SNC. Esses gânglios periféricos estão interconectados por nervos que transmitem sinais entre os gânglios e entre os gânglios e o SNC. À medida que esses gânglios se distribuem pelo corpo do inseto, eles formam uma rede de conexões que permite uma comunicação eficiente entre diferentes partes do sistema nervoso.

Órgãos sensoriais dos insetos

Ao falarmos sobre como é composto o sistema nervoso dos insetos, não podemos esquecer dos órgãos envolvidos. Os insetos possuem um amplo conjunto de órgãos sensoriais que lhes permitem se comunicar entre si e com o ambiente. As sensilas são estruturas sensoriais microscópicas encontradas na superfície do corpo dos insetos e desempenham um papel fundamental na percepção de diferentes estímulos do ambiente. Essas estruturas podem ter várias formas e funções e são essenciais para a sobrevivência e comportamento dos insetos. As principais categorias são as seguintes:

Órgãos da visão

Podemos encontrar:

  • Olhos compostos: os insetos possuem olhos compostos formados por uma série de unidades chamadas omatídeos. Cada omatídeo funciona como uma lente independente e captura uma parte da imagem total. Os olhos compostos permitem que eles detectem movimento e uma ampla gama de cores;
  • Olhos simples (ocelos): alguns insetos têm ocelos, que são olhos simples que detectam mudanças na intensidade da luz. Isso ajuda os insetos a manter o equilíbrio e a se orientar em relação à luz solar.

Órgãos do olfato

O sistema olfativo dos insetos é altamente especializado e adaptado às necessidades específicas de cada espécie. Devido ao seu agudo sentido do olfato, os insetos podem detectar até mesmo traços extremamente baixos de substâncias químicas no ar. Isso lhes permite navegar em seu ambiente, encontrar recursos essenciais e responder a sinais sociais importantes em seu habitat.

O sistema olfativo dos insetos inclui vários componentes. Vejamos:

  • Antenas: são uma parte fundamental de seu sistema olfativo. Elas estão cobertas por sensilas, que são estruturas sensoriais que contêm neurônios receptores olfativos. Essas sensilas são sensíveis às moléculas químicas no ar e transmitem os sinais ao sistema nervoso central do inseto para processamento;
  • Sensilas olfativas: são pequenas estruturas nas antenas dos insetos que contêm neurônios receptores olfativos. Cada sensila pode ser sensível a um conjunto particular de substâncias químicas, o que permite aos insetos detectar uma ampla variedade de odores;
  • Feromônios e substâncias químicas: os insetos usam o sistema olfativo para detectar feromônios, que são substâncias químicas produzidas por outros indivíduos da mesma espécie para se comunicar. Os feromônios podem indicar a presença de comida, perigo ou estado reprodutivo. Além dos feromônios, os insetos também podem detectar substâncias químicas voláteis que vêm de fontes como plantas, alimentos e outros insetos;
  • Resposta comportamental: a detecção de odores no ambiente desencadeia respostas comportamentais nos insetos. Essas respostas podem incluir busca por comida, fuga de predadores, procura por parceiros para reprodução e localização de locais adequados para colocar ovos.

Órgãos do paladar

Os palpos são pequenas estruturas sensoriais encontradas na boca dos insetos. Eles estão presentes na detecção de substâncias químicas e sabores presentes nos alimentos.

Órgãos do tato

Entre eles, temos:

  • Tricomas: são pelos sensoriais no corpo dos insetos que lhes permitem detectar o toque e outros estímulos físicos do ambiente;
  • Receptores sensoriais: encontram-se em várias partes do corpo dos insetos e podem detectar vibrações, correntes de ar e outras mudanças no ambiente.

Órgãos da audição

Os tímpanos são membranas ou estruturas sensíveis ao som, que permitem que os insetos detectem vibrações e sons em seu ambiente, o que é especialmente importante para a comunicação e também para detectar a presença de predadores.

Propriocepção (sentido de posição corporal):

Aqui, destacam-se os órgãos cordotonais. Neles os insetos possuem mecanoreceptores que lhes permitem perceber a posição e o movimento de suas articulações e músculos, o que os ajuda a coordenar seus movimentos e manter o equilíbrio.

Sensores de temperatura

Esses sensores são essenciais para que os insetos possam responder adequadamente a mudanças nas condições ambientais e se adaptar ao seu ambiente. Para isso, eles possuem sensilas termorreceptoras.

Algumas sensilas no corpo dos insetos são sensíveis às variações de temperatura. Essas sensilas permitem aos insetos detectar mudanças térmicas e responder de forma apropriada, como buscar abrigo em condições frias ou permanecerem ativos em climas quentes.

Sensores de umidade

Os insetos também podem perceber a umidade em seu ambiente para tomar decisões relacionadas ao seu comportamento e sobrevivência. Alguns exemplos de como os insetos detectam a umidade incluem sensilas sensíveis à umidade. Essas são sensilas especializadas que podem detectar mudanças na umidade ambiental, o que é especialmente importante para insetos que necessitam de ambientes úmidos para sobreviver ou se reproduzir.

Esses órgãos dos sentidos permitem aos insetos interagir eficazmente com o ambiente e realizar uma variedade de comportamentos essenciais para sua sobrevivência, como encontrar alimentos, evitar predadores e se comunicar com outros membros de sua espécie. Como pode ver, o sistema nervoso dos insetos é verdadeiramente muito complexo. Para consultar mais informações, neste outro artigo falamos sobre o sistema respiratório: "Como os insetos respiram?".

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Bibliografia
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