Animais transgênicos - Definição, exemplos e características
Um dos eventos mais importantes nos avanços científicos foi a possibilidade de clonar animais. Há um grandes possibilidades de uso médico e biotecnológico, já que muitas doenças foram erradicadas graças a esses animais. Porém, o que eles são de fato? Quais suas vantagens e desvantagens?
Neste artigo do PeritoAnimal, explicamos o que são animais transgênicos, em que consiste a transgênese, e mostrar exemplos e características de alguns animais transgênicos bem conhecidos.
O que é a transgênese
A transgênese é o procedimento no qual a informação genética (DNA ou RNA) é transferida de um organismo para outro, convertendo o segundo, e todos os seus descendentes, em organismos transgênicos. Não se transfere o material genético completo, apenas um ou mais genes previamente selecionados, extraídos e isolados.
O que são animais transgênicos
Animais transgênicos são aqueles nos quais alguma característica foi geneticamente modificada, o que é muito diferente da reprodução assexuada entre os animais, também chamada de reprodução clonal.
Teoricamente, todos os seres vivos e, portanto, todos os animais, podem ser geneticamente manipulados. Na literatura científica está registrado o uso de animais como ovelhas, cabras, porcos, vacas, coelhos, ratos, camundongos, peixes, insetos, parasitas e até mesmo humanos. Mas o camundongo foi o primeiro animal utilizado, e no qual todas as técnicas testadas tiveram sucesso.
O uso de camundongos se tornou especialmente difundido porque é fácil introduzir novas informações genéticas dentro de suas células, esses genes são facilmente transmitidos para a progênie, e eles têm ciclos de vida muito curtos e ninhadas muito numerosas. Além disso, é um animal de pequeno porte, fácil de manejar e pouco estressável, se levarmos em consideração sua saúde física e mental. Por fim, seu genoma é muito semelhante ao dos humanos.
Existem várias técnicas para produzir animais transgênicos:
Transgênese por microinjeção de zigotos
Usando esta técnica, primeiramente é provocada uma superovulação na fêmea, através de tratamento hormonal. Em seguida, é realizada a fertilização, que pode ser in vitro ou in vivo. Os ovos fertilizados são então colhidos e isolados. Aqui se conclui a primeira fase da técnica.
Na segunda fase, os zigotos (células resultantes da união do óvulo com um espermatozóide de forma natural ou por fertilização in vitro ou in vivo) recebem uma microinjeção com uma solução contendo o DNA que queremos adicionar ao genoma.
Em seguida, esses zigotos já manipulados são reintroduzidos no útero materno, para que a gestação ocorra em meio natural. Finalmente, uma vez que os filhotes cresceram e foram desmamados, é verificado se eles incorporaram o transgene (DNA externo) em seu genoma.
Transgênese por manipulação de células embrionárias
Nessa técnica, em vez de usar zigotos, o transgene é introduzido nas células-tronco. Essas células são removidas da blástula (uma fase do desenvolvimento embrionário caracterizada por uma única camada de células) em desenvolvimento e colocadas em uma solução que evita que as células se diferenciem e permaneçam como células-tronco. Posteriormente, o DNA estranho é introduzido, as células são reimplantadas na blástula, e esta é reintroduzida no útero materno.
A progênie que se obtém com esta técnica é quimera, o que significa que algumas células do seu corpo vão expressar o gene e outras não. Por exemplo, a "ovecabra", quimerismo entre ovelha e cabra, é um animal que tem partes do corpo com pelo e outras partes com lã. Por meio do posterior cruzamento das quimeras, são obtidos indivíduos que terão o transgene em sua linha de células germinativas, ou seja, em seus óvulos ou espermatozoides.
Transgênese por transformação de células somáticas e transferência nuclear ou clonagem
A clonagem consiste em extrair células embrionárias de uma blástula, cultivá-las in vitro e, em seguida, inseri-las em um ovócito (célula germinativa feminina) do qual o núcleo foi removido. Assim, elas se fundem de tal forma que o ovócito se transforma em óvulo, tendo no núcleo o material genético da célula embrionária original, e continuando seu desenvolvimento como zigoto.
Exemplos de animais transgênicos
Ao longo dos últimos 70 anos, uma série de pesquisas e experimentos foi realizada para obter animais geneticamente modificados. No entanto, apesar da grande fama da ovelha Dolly, ela não foi o primeiro animal clonado no mundo pela transgenia animal. Confira abaixo alguns exemplos de animais transgênicos conhecidos:
- Rãs: em 1952 foi realizada a primeira clonagem da história. Foi a base para a clonagem da ovelha Dolly.
- A ovelha Dolly: é famosa por ser o primeiro animal clonado por meio da técnica de transferência nuclear celular a partir de uma célula adulta, e não por ser o primeiro animal a ser clonado, pois não foi. Dolly foi clonada em 1996.
- As vacas Noto e Kaga: foram clonadas no Japão milhares de vezes, como desenvolvimento de um projeto que buscava melhorar a qualidade e a quantidade da carne para consumo humano.
- A cabra Mira: essa cabra clonada em 1998, foi a precursora do gado capaz de produzir fármacos úteis para humanos em seu corpo.
- O muflão Ombretta: primeiro animal clonado para salvar uma espécie em perigo de extinção.
- O gato copycat: em 2001, a empresa Genetic Savings & Clone, clonou um gato doméstico com fins comerciais.
- Os macacos Zhong Zhong e Hua Hua: primeiros primatas clonados com a técnica utilizada na ovelha Dolly, no ano de 2017.
Animais transgênicos: vantagens e desvantagens
Atualmente a transgênese é um assunto muito polêmico, e essa polêmica vem principalmente da falta de informação sobre o que é transgênese, quais são seus usos e qual a legislação que regulamenta a técnica e o uso de animais experimentais.
Em diferentes países do mundo, a biossegurança é regulada por um conjunto de leis, procedimentos ou diretivas específicas. No Brasil, a legislação de biossegurança trata mais especificamente da tecnologia do DNA ou RNA recombinante.
A lei 8.974, de 5 de janeiro de 1995, o decreto 1.752, de 20 de dezembro de 1995, e a Medida Provisória 2.191-9, de 23 de agosto de 2001[1], estabelecem normas de segurança e mecanismos de fiscalização no uso das técnicas de engenharia genética na construção, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de organismo geneticamente modificado (OGM), visando a proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente.[2]
Dentre as vantagens e desvantagens obtidas com o uso de animais transgênicos, encontramos as seguintes:
Vantagens
- Melhora na pesquisa, do ponto de vista do conhecimento do genoma.
- Benefícios para a produção e saúde animal.
- Avanços em estudos de doenças em animais e humanos, como o câncer.
- Produção de fármacos.
- Doação de órgãos e tecidos.
- Criação de bancos genéticos para evitar a extinção das espécies.
Desvantagens
- Ao modificar espécies já existentes, podemos colocar em risco espécies autóctonas.
- A expressão de novas proteínas que antes não existiam em determinado animal pode provocar o aparecimento de alergias.
- O lugar do genoma onde o novo gene será colocado pode ser indeterminado em alguns casos, então os resultados esperados podem dar errado.
- Utilizam-se animais vivos, por isso é primordial fazer um exame ético e determinar o quão novos e relevantes podem ser os resultados do experimento.
Se deseja ler mais artigos parecidos a Animais transgênicos - Definição, exemplos e características, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Curiosidades do mundo animal.
- MODA, Vania. Normas e procedimentos de biosssegurança da CTNBio. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/estruturas/biosseguranca/_arquivos/71_28112008022336.pdf>. Acesso em 6 de outubro de 2020.
- BRASIL. LEI Nº 8.974, DE 5 DE JANEIRO DE 1995. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei-8974-5-janeiro-1995-348748-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em 6 de outubro de 2020.
- Felmer, R.. (2004). Transgenic animals: past, present and future. Archivos de medicina veterinaria, 36(2), 105-117. Disponible en: https://dx.doi.org/10.4067/S0301-732X2004000200002
- Meraz. & Sánchez. (2001). Animales Modificados Genéticamente. La Herramienta del Futuro. Revista digital universitaria 1(3). Disponível em: http://www.revista.unam.mx/vol.1/num3/art3/
- Código de Protección y Bienestar Animal BOE. Disponível em: https://boe.es/legislacion/codigos/codigo.php?id=204&modo=1¬a=1