Animais que brilham no escuro

A água-viva é a primeira da nossa lista de animais que brilham no escuro, uma vez que é uma das mais conhecidas e populares dentro deste grupo luminoso, além de ser também uma das mais espetaculares. Com o seu corpo, diversas espécies de águas-vivas podem criar um cenário cheio de luz resplandecente.

Isto pode ser feito porque o seu organismo contém a proteína fluorescente, foto-proteínas e outras proteínas bioluminescentes. A água-viva irradia luz brilhante à noite quando se sente um pouco irritada ou como método para atrair as suas presas que certamente ficam hipnotizadas com a sua beleza.

Os escorpiões não brilham no escuro, mas são animais que brilham sob a luz ultravioleta, quando são expostos a certos comprimentos de onda, emitindo uma fluorecência azul-esverdeada brilhante. DE fato se a luz da lua for muito intensa podem brilhar um pouco nessas condições.

Embora os peritos tenham estudado este fenômeno nos escorpiões por vários anos, ainda não se sabe com exatidão a razão desta reação. No entanto, comentam que é provável que utilizam este mecanismo para medir os níveis da luz na noite e assim determinar se é adequado sair para caçar. Também pode ser usado para se reconhecerem uns aos outros.

O vaga-lume é um dos insetos que brilham no escuro e que, assim, ilumina jardins e florestas. Estes animais habitam ambientes temperados e tropicais e já se descobriram mais de 2.000 espécies deles. Os vaga-lumes brilham devido aos processos químicos que ocorrem no seu organismo causados pelo consumo de oxigênio. Este processo liberta energia e que posteriormente a transforma em luz fria, esta luz é emitida pelos órgãos em baixo do seu abdômen e pode ter diversas cores como: amarelo, verde e vermelho.

Explicamos melhor neste artigo: por que os vaga-lumes brilham?

E falando dos animais marinhos que brilham no escuro temos que falar da lula vaga-lume (Watasenia scintillans). Todos os anos, na costa do japão, especificamente na baia de Toyama durante os meses de março e maio, que é a sua época de acasalamento, observam-se as lulas vaga-lume e o seu fascinante espétaculo natural da bioluminescência, que se produz quando a luz da lua realiza uma reação químida com as suas membranas externas.

Imagem: animalesfantasticosysuscaracteristicas.files.wordpress.com

Outro dos animais que brilham no escuro é o krill antártico (Euphausia superba). Esta criatura marinha, um crustáceo cujo comprimento varia entre os 8 e os 70 mm encontra-se entre os animais mais importantes da cadeia alimentar antártica, uma vez que constitui uma grande fonte de alimento para muitos outros animais predadores como focas, pinguins e aves. O krill tem numerosos órgãos que podem desprender uma luz amarela-esverdeada durante uns 3 segundos de cada vez. Diz-se que este crustáceo ilumina-se para evitar os predadores das profundezas, confundindo-se e misturando-se assim com o brilho do céu e o gelo sobre a superfície.

Já ouviu falar dos peixes que brilham no escuro? Se sim, talvez você já conheça o peixe-lanterna. Inclusive, este animal foi a inspiração de um dos vilões do famoso filme Procurando Nemo. E não é de surpreender, as suas grandes mandíbulas e dentes atemorizam qualquer um. Este peixe que brilha no escuro está catalogado como um dos animais mais feios do mundo, mas no PeritoAnimal, simplesmente o consideramos muito interessante. Este peixe tem na sua cabeça uma espécie de lanterna com a qual ilumina o fundo escuro do oceano e que atrai tanto as suas presas como os seus parceiros sexuais. Portanto, ele não é um dos animais bioluminescentes.

Embora pouco conhecidas, este tipo de águas-vivas, são muito abundantes nos mares de todo o mundo, constituindo uma grande proporção da biomassa de plâncton. São muito estanhas, e embora umas tenham a forma de água-viva (e por isso se agrupam nesta família) outras parecem uns vermes achatados. Ao contrário de outras águas-vivas, estas não queimam e produzem bioluminescência como um mecanismo de defesa. Muitas águas-vivas-de-pente, que são outro dos animais que brilham no escuro, têm um só par de tentáculos que deixam uma espécie de veia luminosa a passar.

O tubarão gata-lixa (Dalatias licha) é outro dos peixes que brilham no escuro. É um animal adaptado às profundezas dos oceanos, sendo frequentemente encontrado em áreas próximas ao fundo ou na coluna de água. Registrado em profundidades que variam de 40 a 1.800 metros, sua presença é mais comum em torno dos 200 metros de profundidade. Esses tubarões possuem um hábito de vida social, formando grupos compostos geralmente por indivíduos do mesmo sexo. Sua dieta, como animal carnívoro, é diversificada, alimentando-se principalmente de peixes ósseos, outros tubarões, crustáceos e cefalópodes, como lulas e polvos.

Caracterizados por um tamanho médio, os Gata-lixas podem atingir até 1,82 metro de comprimento. Sua coloração é escura, acompanhada por olhos grandes e um focinho curto e arredondado. Além de suas características biológicas, esses tubarões têm sido alvo da pesca comercial devido aos recursos que oferecem. No litoral do Rio Grande do Sul, a espécie é encontrada em toda a extensão costeira. Sua distribuição abrange diversas regiões, desde o Atlântico Ocidental, Atlântico Leste e Oceano Índico Ocidental até o Pacífico Oeste e Central.

Imagem: Reprodução/fishesofaustralia.net.au

Existem mais de 100 espécies de fungos bioluminescentes pertencentes a diferentes gêneros, como Mycena, Neonothopanus, Panellus. Um deles é a espécie Mycena cristinae, descoberto na Amazônia, mais recentemente, que é outro dos animais que brilham no escuro. O fungo apresenta um brilho misterioso e intrigante, resultado de uma reação química comparável àquela observada em vaga-lumes e outros organismos luminescentes.

Nesse processo, a luciferina, uma substância metabolizada, interage com o oxigênio e a enzima luciferase, desencadeando a emissão de luz fria como forma de energia química. No entanto, embora sua bioluminescência seja impressionante, sua função exata na natureza ainda carece de esclarecimentos definitivos. A comunidade científica tem explorado várias hipóteses, incluindo a atração de dispersores de esporos e sua relação com processos metabólicos envolvendo oxigênio e respiração. A verdadeira razão por trás dessa luminosidade enigmática permanece um mistério, mas seu potencial impacto e influência na interação dos fungos bioluminescentes com o ambiente natural é objeto de contínuas investigações. Além disso, o papel essencial dos fungos na biodiversidade florestal, como facilitadores da decomposição e reciclagem de nutrientes, ressalta ainda mais sua importância no equilíbrio dos ecossistemas.

O besouro-de-fogo (Pyrophorus noctilucus) é um inseto bioluminescente encontrado nas regiões tropicais da América Central e do Sul. Suas características notáveis incluem um corpo oval de 1 a 2 centímetros de comprimento, coloração escura variando do preto ao marrom, antenas longas e asas dianteiras endurecidas (elitrões) que cobrem suas asas membranosas. Sua bioluminescência resulta de uma reação química complexa envolvendo substâncias como a luciferina e a luciferase, emitindo uma luz amarelada e esverdeada que desempenha papéis cruciais.

O brilho deste inseto tem diversas funções. Ele é empregado como sinal de acasalamento, permitindo que machos e fêmeas se identifiquem no escuro. Além disso, a luz serve como mecanismo de defesa, desorientando predadores e concedendo ao besouro uma oportunidade de escapar. Sua bioluminescência é um fenômeno fascinante que tem contribuído para o entendimento da bioquímica envolvida nas adaptações evolutivas.

Texto escrito em parceria com: Aerton Guimarães

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