Rã-golias
A rã-golias é uma espécie de anfíbio anuro nativo do continente africano que se destaca pelo seu grande tamanho, podendo chegar a medir mais de 30 cm em sua fase adulta. Atualmente, é conhecida como o maior sapo do mundo, mas infelizmente sua sobrevivência está ameaçada pelo avanço da atividade humana em seu habitat natural.
Para saber mais sobre esta peculiar espécie de sapo, que é também um curioso anfíbio gigante, continue lendo esta ficha do PeritoAnimal na qual você poderá descobrir tudo sobre a rã-golias, como sua origem, aparência, comportamento e reprodução.
- África
- Guiné
- República dos Camarões
Origem e habitat da rã-golias
A rã-golias (Conraua goliath) é uma espécie nativa da África ocidental, que pertence a família Conrauidae, que compreende diferentes anfíbios anuros nativos do oeste do continente africano. Sua população se concentra principalmente entre Guiné continental e Camarões, mais precisamente numa região chamada Nkongsamba. Em seu habitat natural, eles tendem a demostrar clara preferência por florestas úmidas e densas, podendo sobreviver em altitudes de até cerca de 1000 metros acima do nível do mar.
Apesar de se adaptarem melhor a climas tropicais com altas temperaturas, geralmente se concentram próximo ao corpo d'água, como cachoeiras, rios ou pequenos córregos que lhes permitem manter sua pele e seu organismo bem hidratados, assim como lhes ajudam a regular de forma mais fácil sua temperatura corporal.
Seu nome se deve a seu tamanho desproporcional, incomum entre as rãs, fazendo clara referência ao gigante soldado bíblico Golias, quem serviu ao exército dos filisteus e, em certa ocasião, teria encontrado a morte após perder uma batalha para o "pequeno" israelense Davi.
Aspecto e morfologia da rã-golias
A rã-golias, como seu nome indica, é um anfíbio robusto de tamanho grande, que pode chegar a medir até 33 cm na idade adulta, desde a ponta de seu nariz até a cloaca, e uns 80 cm quando seu corpo está completamente esticado. Além disso, a maioria dos exemplares desta espécie geralmente mede entre 17 e 25 cm, com um peso corporal que pode variar entre 600 g e 3 kg.
Entre as características da rã-galias, podemos destacar seus grandes olhos, sempre bem separados entre si, podendo ter um diâmetro de até 2,5 cm e parecerem um pouco saltados. Suas patas traseiras são mais longas do que as dianteiras, e em todas elas encontramos membranas interdigitais que permitem com que a rã nade com muita habilidade.
Uma curiosidade sobre a rã-golias é que seu dorso apresenta uma pele úmida e granulada, cuja cor pode variar desde um verde-oliva até um tom de marrom-café. Por sua vez, a pele de sua barriga é mais fina e macia, exibindo tonalidades mais suaves que podem ser amareladas, alaranjadas ou de cor creme. Embora os adultos desta espécie sejam facilmente distinguíveis das outras rãs, seus girinos são muito parecidos com os das outras espécies, não revelando um tamanho particularmente notável.
Comportamento da rã-golias
As rãs-golias costumam estar mais ativas durante a noite, quando saem em busca de suas presas nas margens de rios e cachoeiras, aproveitando sua privilegiada visão e sua possibilidade de dar grande saltos com suas largas pernas traseiras. Os indivíduos adultos costumam passar muito tempos entre as rochas, onde podem descansar e se esconder de seus predadores, enquanto as rãs-golias mais jovens passam grande parte de seus dias debaixo d'água.
A respeito de sua alimentação, a rã-golias é um animal carnívoro que se comporta como um importante predador em seu habitat natural. Estes anfíbios são habilidosos caçadores, cuja dieta geralmente inclui o consumo de insetos, vermes, crustáceos, lagostas, peixes, moluscos, pequenas cobras, tartarugas, salamandras e até mesmo outras espécies de rãs menores.
No entanto, durante a primeira fase de sua vida, os girinos da rã-golias mantêm uma alimentação herbívora, já que sua dieta se baseia, exclusivamente, no consumo de uma planta aquática chamada Dicraeia warmingii, que habita principalmente as massas de água de movimento rápido, perto das quais vivem as rãs-golias.
Embora a rã-golias tenha ganhado certa popularidade como animal de estimação nas últimas décadas, ela geralmente não se adapta muito bem a vida em cativeiro. Esses anfíbios podem sofrer muito com as mudanças de temperatura do ambiente e costumam ser facilmente afetados pelo estresse, além de ser difícil oferecer-lhes uma dieta fresca e natural que satisfaça completamente suas necessidades nutricionais.
Reprodução da rã-golias
Apesar da ausência de sacos vocais, os machos costumam emitir uma espécie de assobio com a boca aberta para atrair as fêmeas durante as épocas de reprodução. Ao escutarem esse chamado sexual, as fêmeas saem em busca dos machos férteis para realizar o acasalamento. Contudo, ainda não se sabe exatamente quais são as características dos machos que são capazes de conquistar a preferência das fêmeas.
Como muitos anfíbios de ciclos vitais aquáticos, as rãs-golias necessitam de água para concretizar sua reprodução. Com a chegada da época de acasalamento, os machos se concentram nas regiões rochosas das florestas tropicais e de lá emitem seu peculiar chamado sexual para atrair as fêmeas.
Alguns meses depois do acasalamento, as fêmeas se dirigem às áreas de desova previamente construídas pelos machos no interior e/ou ao redor das massas d'água próximas onde vivem. Neste momento, elas depositam centenas de ovos minúsculos na água, alguns dos quais aderem a vegetação aquática, enquanto vários se assentam no fundo da massa de água.
Essa abundante postura é muito importante para a sobrevivência da rã-golias, já que grande parte dos ovos fecundados acabam se tornando alimento para os predadores aquáticos. Uma pequena quantidade chega a eclodir após cerca de 85 a 95 dias, tempo que as larvas levam para se desenvolverem. Uma quantidade ainda menor de indivíduos jovens conseguem alcançar a idade adulta, tendo uma expectativa de vida que gira em torno de 10 a 15 anos.
Estado de conservação da rã-golias
Apesar de ter poucos predadores naturais, como as cobras e os crocodilos, o homem é a principal ameaça à sobrevivência das rãs-golias. Além de invadir seu habitat natural para construir assentamentos e utilizar as terras para atividades agrícolas, o homem segue caçando as rãs-golias para consumir sua carne, utilização em cruéis corridas de rãs ou para comercializá-las como animais de estimação exóticos.
Por tudo isso, atualmente a rã-golias é considerada como uma espécie em perigo de extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Embora estejam protegidas em alguns parques nacionais na África ocidental, a população de rãs-golias continua diminuindo.
Para tentar reverter esse panorama negativo, iniciativas são promovidas para conscientizar a população local sobre a importância da rã-golias para o equilíbrio dos ecossistemas e limitar a expansão de áreas produtivas, de forma a respeitar o habitat natural desta espécie.
- Jean-Louis Amiet. Conraua goliath. Lista Roja de especies amenazadas de la UICN 2015.
- Frost, D.R. Conraua goliath. Amphibian Species of the World: an Online Reference. Nueva York, EEUU: Museo Americano de Historia Natural.
- Sabater-Pi, J. Contribution to the biology of the Giant Frog (Conraua goliath, Boulenger). Amphibia-Reptilia, 6(2), 143-153, 1985.
- Indiviglio, F. The World's Largest Frog – Working with the Massive Goliath Frog. 2013