Répteis ameaçados de extinção - Causas e preservação
Os répteis são vertebrados tetrápodes que existem há 300 milhões de anos e cuja característica mais chamativa é a presença de escamas que cobrem todo seu corpo. Estão distribuídos ao redor de todo o mundo, com exceção dos lugares muito frios, onde não os encontraremos. Além disso, estão adaptados para viver tanto na terra como na água, já que existem répteis aquáticos.
Há uma grande varidades de espécies neste grupo de répteis, como lagartos, camaleões, iguanas, serpentes e anfíbios (Squamata), tartarugas (Testudine), crocodilos, gaviais e aligátores (Crocodylia). Todos eles possuem diferentes requisitos ecológicos de acordo com seu estilo de vida e local onde vivem, sendo diversas espécies muito sensíveis às mudanças ambientais. Por este motivo, hoje em dia um número elevado de répteis estão ameaçados de de extinção e alguns poderiam estar à ponto de desaparecer se não forem tomadas medidas de preservação a tempo.
Se você quer conhecer os répteis ameaçados de extinção, bem como as medidas que estão sendo tomadas para sua preservação, continue lendo este artigo do PeritoAnimal e contaremos tudo sobre eles.
- Répteis em extinção
- Gavial do Ganges (Gavialis gangeticus)
- Lagartixa das Granadinas (Gonatodes daudini)
- Tartaruga irradiada (Astrochelys radiata)
- Tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata)
- Camaleão pigmeu (Rhampholeon acuminatus)
- Boa de Santa Lúcia (Boa constrictor orophias)
- Lagartixa gigante (Tarentola gigas)
- Lagarto jacaré arbóreo (Abronia aurita)
- Lagarto pigmeu (Anolis pygmaeus)
- Cascavel escura de Tancítaro (Crotalus pusillus)
- Por que há répteis ameaçados de extinção
- Outros répteis ameaçados de extinção
Répteis em extinção
Antes de apresentarmos a lista com os répteis ameaçados de extinção, destacamos que é importante que você saiba a diferença entre animais ameaçados de extinção e os que já estão em extinção na natureza. Os que estão ameaçados ainda existem e podem ser encontrados na natureza, mas correm risco de desaparecer. No Brasil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) classifica os animais deste grupo em animais em situação vulnerável, em perigo ou em perigo crítico.
Já os animais em extinção na natureza são aqueles que só são encontrados em cativeiro. Os extintos, por sua vez, já não existem mais. Na lista abaixo, você conhecerá 40 répteis ameaçados de extinção de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Gavial do Ganges (Gavialis gangeticus)
Essa espécie está dentro da ordem Crocodilia e é nativa do norte da Índia, onde habita áreas pantanosas. Os machos podem alcançar cerca de 5 metros de comprimento, enquanto que as fêmeas costumam ser um pouco menores e medir cerca de 3 metros. Possuem um focinho alongado e fino com a ponta arredondada, cujo formato se deve à sua dieta que é baseada em peixes, pois não podem consumir presas muito maiores nem fortes.
O gavial do Ganges encontra-se em perigo crítico de extinção e atualmente existem muito poucos exemplares, estando à beira da extinção devido a destruição do seu habitat e caça ilegal e atividades humanas ligadas a agricultura. Estima-se que cerca de 1.000 indivíduos ainda existam, sendo muitos deles não reprodutores. Apesar de estar protegida, essa espécie continua sofrendo e suas populações diminuindo.
Lagartixa das Granadinas (Gonatodes daudini)
Essa espécie pertence à ordem Squamata e é endêmica das ilhas São Vicente e das Granadinas, onde habita florestas secas em áreas com afloramentos rochosos. Mede cerca de 3 cm de comprimento e trata-se de uma espécie que se encontra em perigo crítico de extinção devido principalmente à caça e comércio ilegal de animais de estimação, além disso. Como seu território é muito restrito, a perda e destruição de seus ambientes também a tornam uma espécie muito sensível e vulnerável. Por outro lado, o pouco controle sobre animais domésticos, como os gatos, também afeta a lagartixa das Granadinas. Embora sua área de distribuição esteja sob conservação, essa espécie não está incluída dentro de leis internacionais que a protejam.
Tartaruga irradiada (Astrochelys radiata)
Da ordem Testudines, a tartaruga irradiada é endêmica de Madagascar e atualmente também habita as ilhas A Reunião e Maurício, porque foi introduzida pelo ser humano. Pode ser vista em florestas com arbustos espinhosos e secos. Essa espécie alcança cerca de 40 cm de comprimento e é muito característica por sua carapaça alta e com linhas amarelas que lhe dão o nome de "irradiada" devido a sua disposição.
Atualmente, esse é outro dos répteis em perigo crítico de extinção devido à caça ilegal para a venda como animais de estimação e por sua carne e pela destruição do seu habitat, o que tem levado à redução de suas populações de maneira alarmante. Devido a isso, é protegida e existem programas de conservação para sua criação em cativeiro.
Tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata)
Como a espécie anterior, a tartaruga de pente pertence a ordem Testudines e é dividida em duas subespécies (E. imbricata imbricata e E. imbricata bissa) que se distribuem no oceano Atlântico e Indo-Pacífico, respectivamente. É uma espécie de tartaruga marinha altamente ameaçada, pois é muito procurada por sua carne, principalmente na China e Japão, e para o comércio ilegal. Além disso, a captura para extrair sua carapaça é uma prática difundida há décadas, embora atualmente seja penalizada por várias leis de diferentes países. Outros fatores que colocam essa espécie em risco são as atividades humanas em áreas onde ela coloca seus ninhos, bem como o ataque por outros animais a eles.
Camaleão pigmeu (Rhampholeon acuminatus)
Pertencente à ordem Squamata, este é um camaleão que é encontrado dentro dos chamados camaleões pigmeus. Distribuído pelo leste da África, ocupa ambientes de matagais e florestas, onde fica nos galhos de arbustos baixos. É um camaleão minúsculo, que alcança 5 cm de comprimento, por isso é chamado pigmeu.
Encontra-se catalogado em perigo crítico de extinção e a causa principal é a caça e o comércio ilegal para vende-lo como animal de estimação. Além disso, suas populações, que já são extremamente pequenas, estão ameaçadas pelas mudanças de seu habitat para terras de cultivo. Por esta razão, o camaleão pigmeu encontra-se protegido graças à conservação de áreas naturais, principalmente na Tanzânia.
Boa de Santa Lúcia (Boa constrictor orophias)
Essa espécie da ordem Squamata é uma cobra endêmica da Ilha Santa Lúcia no mar do Caribe e também faz parte da lista de répteis em maior perigo de extinção do mundo. Habita em terras úmidas, mas não próximo da água, e pode ser avistada tanto em savanas como em áreas cultivadas, em árvores e na terra e pode alcançar cerca de 5 metros de comprimento.
Essa espécie já foi considerada extinta em 1936, devido ao grande número de mangustos, como suricatas, que foram levados para a região. Estes animais são conhecidos justamente pela capacidade de matar cobras venenosas. Atualmente a boa de Santa Lúcia se encontra em perigo de extinção devido ao comércio ilegal, pois é capturada por sua pele, que possui desenhos muito chamativos e característicos e é usada na indústria da marroquinaria. Por outro lado, outra ameaça é a conversão das terras onde vive para áreas de cultivos. Hoje em dia é protegida e sua caça e comércio ilegal são punidos por lei.
Lagartixa gigante (Tarentola gigas)
Essa espécie de lagartixa ou salamandra pertence à ordem Squamata e é endêmica de Cabo Verde, onde habita nas ilhotas Razo e Bravo. Possui quase 30 cm de comprimento e uma cor em tons castanhos típicos das lagartixas. Além disso, sua dieta é muito peculiar, pois depende da presença de aves marinhas ao se alimentarem de suas pelotas (bolas com restos de material orgânico não digerido, como ossos, pelos e unhas) e é comum que ocupem os mesmos lugares onde nidificam.
Atualmente, está classificada em perigo de extinção e sua principal ameaça é a presença de gatos, razão pela qual quase foram extintas. No entanto, as ilhotas onde a lagartixa gigante continua presente estão protegidas por lei e são áreas naturais.
Lagarto jacaré arbóreo (Abronia aurita)
Este réptil, também da ordem Squamata, é endêmico da Guatemala, onde vive nas terras altas de Verapaz. Mede cerca de 13 cm de comprimento e sua cor varia, apresentando tons verdes, amarelos e turquesas, com manchas nas laterais da cabeça, a qual é bastante proeminente, sendo um lagarto chamativo.
É classificado em perigo de extinção devido à destruição de seu habitat natural, principalmente pela extração de madeira. Além disso, a agricultura, o fogo e o pastoreio também são fatores que ameaçam o lagarto jacaré arbóreo.
Lagarto pigmeu (Anolis pygmaeus)
Pertence à ordem Squamata, essa espécie é endêmica do México, especificamente de Chiapas. Embora não se saiba muito sobre sua biologia e ecologia, sabe-se que habita florestas perenes. Possui uma coloração entre cinza e marrom e seu tamanho é pequeno, medindo cerca de 4 cm de comprimento, porém estilizado e com dedos longos, característicos nesse gênero de lagartos.
Este anolis é outro dos répteis em perigo de extinção devido à transformação dos ambientes onde vive. É protegido por lei sob a categoria de “proteção especial (Pr)” no México.
Cascavel escura de Tancítaro (Crotalus pusillus)
Também pertence à ordem Squamata, essa serpente é endêmica do México e habita em áreas vulcânicas e florestas de pinheiros e carvalhos.
Encontra-se ameaçada de extinção devido à sua faixa de distribuição muito restrita e à destruição de seu habitat devido à exploração madeireira e a transformação de terras para cultivos. Embora não existam muitos estudos sobre essa espécie, tendo em vista sua pequena área de distribuição, está protegida no México na categoria de ameaçada.
Por que há répteis ameaçados de extinção
Os répteis enfrentam diversas ameaças em todo o mundo e, como muitos deles têm desenvolvimento lento e vida longa, são muito sensíveis às mudanças em seu ambiente. As causas principais que provocam o declínio de suas populações são:
- Destruição de seu habitat para terras destinadas à agricultura e pecuária.
- Mudanças climáticas que produzem mudanças ambientais nos níveis de temperatura e de outros fatores.
- A caça para obtenção de materiais como peles, dentes, garras, carapuças e o comércio ilegal como animais de estimação.
- A contaminação, tanto dos mares como da terra, é outra das ameaças mais graves que os répteis enfrentam.
- Redução de suas terras devido à construção de edifícios e urbanizações.
- Introdução de espécies exóticas, o que provoca um desequilíbrio à nível ecológico que muitas espécies de répteis são incapazes de tolerar e produzem a diminuição de suas populações.
- Mortes por atropelamentos e outras causas. Por exemplo, muitas espécies de serpentes são assassinadas por serem consideradas venenosas e por medo, portanto, neste ponto, a educação ambiental torna-se prioridade e urgência.
Como evitar que desapareçam
Neste cenário onde milhares de espécies de répteis estão em perigo de extinção em todo o mundo, existem diversas maneiras de os conservar, por isso, tomando as medidas que detalharemos a seguir, podemos ajudar na recuperação de muitas destas espécies:
- Identificação e criação de áreas naturais protegidas onde se sabe que espécies de répteis ameaçados habitam.
- Manter as rochas e troncos caídos nos ambientes onde répteis habitam, pois esses são potenciais refúgios para eles.
- Gerenciar as espécies de animais exóticas que predam ou que deslocam os répteis nativos.
- Divulgar e educar sobre as espécies de répteis ameaçadas, pois o sucesso de muitos programas de conservação se deve à conscientização das pessoas.
- Evitar e controlar o uso de pesticidas em terras destinadas à agricultura.
- Promover o conhecimento e cuidado desses animais, principalmente sobre as espécies mais temidas como as serpentes, que muitas vezes são mortas por medo e desconhecimento ao pensar que é uma espécie venenosa.
- Não promover a venda ilegal de espécies de répteis, como iguanas, serpentes ou tartarugas, pois são espécies mais comumente utilizadas como animais de estimação e devem viver em liberdade e em seus ambientes naturais.
Veja ainda, neste outro artigo, uma lista com 15 animais ameaçados de extinção no Brasil.
Outros répteis ameaçados de extinção
As espécies que citamos anteriormente não são os únicos répteis ameaçados de extinção, de maneira que, a seguir, apresentamos uma lista com mais répteis ameaçados e sua classificação de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN):
- Lagarto vulcão (Pristidactylus volcanensis) - Em perigo de extinção
- Tartaruga indiana (Chitra indica) - Em perigo de extinção
- Tartaruga de folha Ryukyu (Geoemyda japonica) - Em perigo de extinção
- Lagartixa de cauda folha (Phyllurus gulbaru) - Em perigo de extinção
- Cobra cega de Madagascar (Xenotyphlops grandidieri) - Em perigo crítico de extinção
- Lagarto crocodilo chinês (Shinisaurus crocodilurus) - Em perigo de extinção
- Tartaruga verde (Chelonia mydas) - Em perigo de extinção
- Iguana azul (Cyclura lewisi) - Em perigo de extinção
- Cobra escamada de Zong (Achalinus jinggangensis) - Em perigo crítico de extinção
- Lagartixa do taragui (Homonota taragui) - Em perigo crítico de extinção
- Crocodilo do Orinoco (Crocodylus intermedius) - Em perigo crítico de extinção
- Cobra mineira (Geophis fulvoguttatus) - Em perigo de extinção
- Lagarto anão colombiano (Lepidoblepharis miyatai) - Em perigo de extinção
- Monitor de árvore azul (Varanus macraei) - Em perigo de extinção
- Tartaruga de cauda chata (Pyxis planicauda) - Em perigo crítico de extinção
- Lagarto aran (Iberolacerta aranica) - Em perigo de extinção
- Víbora da Palma hondurenha (Bothriechis marchi) - Em perigo de extinção
- Iguana de Mona (Cyclura stejnegeri) - Em perigo de extinção
- Camaleão tigre (Archaius tigris) - Em perigo de extinção
- Anolis com chifre de Mindo (Anolis proboscis) - Em perigo de extinção
- Lagarto do rabo vermelho (Acanthodactylus blanci) - Em perigo de extinção
- Lagartixa libanesa de dedos delgados (Mediodactylus amictopholis) - Em perigo de extinção
- Lagarto de pele lisa de Chafarinas (Chalcides parallelus) - Em perigo de extinção
- Tartaruga alongada (Indotestudo elongata) - Em perigo crítico de extinção
- Fiji Snake (Ogmodon vitianus) - Em perigo de extinção
- Tartaruga negra (Terrapene coahuila) - Em perigo de extinção
- Camaleão Tarzan (Calumma tarzan) - Em perigo crítico de extinção
- Lagartixa marmorizada (Marbled gecko) - Em perigo crítico de extinção
- Geophis damiani - Em perigo crítico de extinção
- Iguana do Caribe (Lesser antillean iguana) - Em perigo crítico de extinção
Já que você se interessa pelo mundo dos répteis, que tal conhecer um pouco mais sobre o curioso Dragão-de-Komodo? Assista no vídeo abaixo:
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- Acharya, KP.; Khadka, B.; Jnawali, SR.; Malla, S.; Bhattarai, S.; Wikramanayake, E. y Kohl, M. (2017). Conservación y recuperación de la población de gaviales (Gavialis gangeticus) en Nepal. Herpetologica 73 (2): 129-135.
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