Síndrome de Horner em gatos

Síndrome de Horner em gatos

A síndrome de Horner é uma condição geralmente momentânea que se caracteriza por um conjunto de sinais neurológicos e oftálmicos e que afetam o globo ocular e os seus anexos. Se olho do seu gato parece estranho e diferente do normal e nota que as pupilas têm tamanho diferente, um dos olhos está descaído ou a terceira pálpebra está visível e saliente, então é provável que estejamos perante um caso de síndrome de Horner. Se você deseja saber mais sobre a síndrome de Horner em gatos, não deixe de ler este artigo do PeritoAnimal.

Síndrome de Horner em gatos: o que é?

A síndrome de Horner refere-se ao conjunto de sinais neuro-oftálmicos relacionados com a perda momentânea ou permanente da enervação simpática do globo ocular e seus anexos.

Existem muitas causas que podem originar a síndrome de Horner. Uma vez que tem origem no sistema nervoso, qualquer região que inclua os nervos correspondentes pode estar afetada, desde o ouvido médio/interno, pescoço, tórax até porções da coluna cervical, sendo necessário verificar cada uma dessas regiões para se poder descartar ou incluir suspeitas.

Possíveis causas da Síndrome de Horner em gatos

Assim, a síndrome de Horner em gatos pode se dever a:

  • Otites médias e/ou internas;
  • Traumatismo por impacto ou mordidas;
  • Infartos;
  • Infecções;
  • Inflamações;
  • Massas, como abcessos ou cistos;
  • Doenças do disco vertebral;
  • Neoplasias.

As lesões podem ser de três ordens conforme a sua localização:

  • 1ª ordem: são relativamente raras e normalmente estão associadas a outros défices neurológicos como ataxia (falta de coordenação motora), paresia, plegia, diminuição da acuidade visual e alteração do estado mental.
  • 2ª ordem: consequente de um dano na medula espinal cervical, por traumatismo, mordida, infarto, neoplasia ou inflamação.
  • 3ª ordem: são as mais comuns em animais com otite média ou interna não tratadas ou neoplasia que envolva o ouvido médio ou interno. São geralmente acompanhadas de síndrome vestibular.

Síndrome de Horner em gatos: principais sintomas

Os seguintes sinais possíveis da síndrome de Horner em gatos podem surgir isoladamente ou em simultâneo, por exemplo:

Anisocoria

A anisocoria define-se como a assimetria do diâmetro pupilar e, na síndrome de Horner, ocorre miose em gatos do olho afetado, ou seja, o olho afetado está mais contraído que o contralateral. Esta condição é melhor avaliada em ambientes com pouca luz, pois ambientes com muita luz ambos os olhos ficam muito contraídos e não permitem fazer a distinção de qual está afetado ou não.

Se você está se perguntando se anisocoria em gatos tem cura e outras questões relacionadas com anisocoria, o PeritoAnimal tem um artigo sobre anisocoria em gatos.

Protusão da terceira pálpebra

A terceira pálpebra está normalmente localizada no canto medial do olho, mas nesta situação ela pode se deslocar, exteriorizar e ficar visível, podendo chegar a tapar o olho do gato. Este sinal clínico também é comum na síndrome de Haw, que falaremos um pouco a seguir.

Ptose palpebral

Devido à perda de enervação da pálpebra, pode haver uma diminuição da fissura palpebral, ou seja, a pálpebra fica caída.

Enoftalmia

Caracteriza-se pela retração do globo ocular para o interior da órbita, ou seja, afundamento do olho. Esta condição ocorre secundariamente e se deve à diminuição do tônus da musculatura periorbital que sustenta o olho. Neste caso, a visão do animal não está afetada, apesar de que o olho afetado pode não conseguir ver devido à queda da pálpebra.

Síndrome de Horner em gatos: diagnóstico

Informe o médico veterinário se o seu animal esteve recentemente envolvido em algum tipo de briga ou acidente. Para o diagnóstico ser descoberto é necessário que o veterinário:

  • Faça a junção de todo o histórico do animal;
  • Realize um exame físico completo, incluindo a nível oftálmico, neurológico e otoscópico;
  • Recorra aos exames complementares que achar necessário, como hemograma e bioquímicas, radiografia (RX), tomografia computorizada (TAC) e/ou ressonância magnética (RM).

Além disso existe um teste farmacológico direto, denominado teste direto de Fenilefrina. Neste teste são aplicadas uma a duas gotas de fenilefrina colírio gatos em cada olho, sendo que em olhos saudáveis nenhuma das pupilas vai dilatar. Se, pelo contrário, dilatar até 20 minutos após a colocação das gotas, é indicativo de uma lesão. Normalmente, não é possível descobrir o que está causando a síndrome e, por isso, se diz é idiopática.

Saiba também como é feito o diagnóstico da síndrome de Horner em cães nesse artigo do PeritoAnimal.

Tratamento para síndrome de Horner

Em casos que seja identificada uma causa adjacente, o tratamento é direcionado para essa mesma causa, pois a síndrome de Horner em gatos não tem tratamento direto, contudo pode haver um tratamento sintomático com gotas de fenilefrina colocadas no olho afetado a cada 12-24 horas.

O tratamento da causa adjacente pode incluir, entre outras coisas:

  • Limpeza de ouvidos, em casos de otites;
  • Antibióticos, anti-inflamatórios ou outros fármacos;
  • Gotas para dilatar a pupila do olho afetado;
  • Cirurgia para tumores operáveis, e/ou radio ou quimioterapia.

A reversibilidade do processo está intimamente ligada com a causa adjacente e a gravidade da lesão. Se identificada a causa e aplicado o tratamento adequado, a síndrome de Horner é autolimitante, ou seja, a maioria dos casos se resolve espontaneamente e os sintomas acabam por desaparecer. Normalmente dura entre 2 a 8 semanas, mas pode chegar a durar alguns meses.

Síndrome de Haw: o que é?

A Síndrome de Haw em gatos é uma condição incomum que origina a protrusão bilateral aguda da terceira pálpebra ou, também designada, membrana nictitante e que pode ser observada em gatos. Deve-se a alterações na inervação simpática da terceira pálpebra, que promovem o seu deslocamento, alterações similares à Síndrome de Horner.

Uma vez que a síndrome de Horner em gatos e outras doenças semelhantes provocam igualmente a protusão da terceira pálpebra é necessário fazer um diagnóstico diferencial para a identificar. Esta condição é igualmente autolimitante, sendo que para a síndrome de haw em gatos tratamento só é recomendado quando há diminuição ou perda de visão.

Conheça mais sobre a síndrome vestibular em gatos nesse artigo do PeritoAnimal.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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