Praziquantel para cachorros

O praziquantel é um medicamento do grupo de antiparasitários internos, muito utilizado em nossos companheiros caninos por sua atividade tenicida, ou seja, que elimina os cestódeos ou vermes planos que podem afetar nossos cães.

Como age o praziquantel em cães?

Sua ação cestocida é conseguida mediante uma alteração ou dano do tegumento, alterando sua membrana e permitindo uma entrada maciça de íons de cálcio (Ca²⁺), o que provoca uma contração muscular intensa e sustentada, fazendo com que o parasita fique paralisado e não possa aderir à parede intestinal, que é sua localização definitiva e onde causa o maior dano a nossos cães.

Por outro lado, esse dano do tegumento, que é a camada protetora do parasita, expõe seus antígenos internos, os quais podem ser reconhecidos pelo sistema imunológico do cão, e permite a ação das enzimas proteolíticas do intestino, que terminam provocando a morte do parasita, o qual posteriormente é eliminado com as fezes.

O praziquantel serve para eliminar e prevenir infecções por cestódeos, também chamados tênias ou vermes planos, em nossos cães. Com uma única dose costuma ser suficiente para acabar com a parasitose ativa, e se for administrado a cada três meses, previnem-se as reinfestações periódicas. Os principais parasitas sensíveis ao praziquantel são os seguintes:

• Echinococcus granulosus: tênia intestinal do cão que se infecta ao ingerir o cisto hidático dos hospedeiros intermediários, geralmente ovelhas, cabras ou vacas. As pessoas também podem atuar como hospedeiros intermediários do parasita, formando-se o cisto hidático no pulmão ou fígado, o que constitui uma importante doença para a saúde pública. Por isso, a prevenção em nossos cães é fundamental para evitar contágios em humanos;
• Echinococcus multilocularis: um cestódeo muito pequeno, de 1 a 4 mm de comprimento, cujos adultos se desenvolvem no intestino de canídeos como raposas, mas também em cães quando ingerem roedores silvestres com a forma intermediária do parasita no fígado (cistos multiloculares). Tem importância em saúde pública, já que esses cistos também podem se formar no fígado do ser humano, hospedeiro intermediário do parasita;
• Taenia spp. (T. hydatigena, T. pisiformis): tênias intestinais que são transmitidas ao cão após ingerir carne crua ou órgãos infectados, sendo mais frequentes em cães do campo ou de caça;
• Dipylidium caninum: tênia do cão que se infecta após a ingestão de pulgas infestadas e pode ser transmitida ao ser humano. Aqui falamos do "Verme tênia em cachorros - sintomas e tratamento";
• Taenia multiceps: tênia do intestino delgado dos cães que é adquirida ao ingerir hospedeiros intermediários, principalmente cabras e ovelhas, nas quais se desenvolve a cenurose pela larva do parasita, produzindo sinais a nível do sistema nervoso central;
• Mesocestoides spp. (M. lineatus, M. corti): o cão é o hospedeiro definitivo onde se desenvolvem os adultos da tênia, mas em seu ciclo biológico há dois hospedeiros intermediários: o primeiro, um invertebrado como ácaros ou insetos coprófagos, onde se desenvolve a larva ou cisticerco, e o segundo, um pequeno vertebrado como roedores, anfíbios ou répteis, onde se formam os tetratirídios, a fonte de infecção para os cães.

A dosagem de praziquantel indicada para o tratamento das infestações por tênias em nossos cães é de 5 mg de praziquantel/kg. O esquema de dosagem de medicamentos que contém o princípio ativo praziquantel é o seguinte:

• Cães de 2,5 a 5 kg: meio comprimido;
• Cães de 5 a 10 kg: 1 comprimido;
• Cães de 10 a 20 kg: 2 comprimidos;
• Cães de 20 a 30 kg: 3 comprimidos;
• Cães de 30 a 40 kg: 4 comprimidos.

Geralmente, uma única dose é suficiente para desparasitar o cão, mas se ele estiver parasitado por Echinococcus, recomenda-se repetir o tratamento por segurança.

O praziquantel pode ser encontrado em diferentes formatos. Geralmente são comprimidos, mas também existem suspensões orais líquidas, especialmente indicadas para filhotes, e até mesmo apresentações injetáveis ou em formato spot-on em combinação com antiparasitários externos. No caso da administração oral, pode ser oferecido junto com a comida ou ministrado diretamente.

Com que frequência dar praziquantel a um cachorro?

A frequência de administração de praziquantel nos cães depende muito do risco de exposição aos parasitas, o que por sua vez é determinado pelo lugar onde vivem e se saem para o campo, entre outros fatores. De forma geral, em cães de baixo risco, que vivem na cidade e só passeiam pela rua, recomenda-se desparasitá-los a cada 3 meses, o que equivale a 4 vezes por ano. No entanto, quando os cães estão em contato com animais pequenos como ratos ou coelhos, podem ser desparasitados a cada 1 ou 2 meses, e se vivem no campo ou em criações de ruminantes, recomenda-se fazê-lo a cada 4 ou 6 semanas.

Pode-se usar praziquantel em filhotes?

Sim, mas o praziquantel não deve ser administrado a um filhote antes das 6 semanas de idade, pois eles ainda são muito pequenos e seus órgãos de metabolização e eliminação não estão suficientemente maduros. Além disso, as tênias geralmente não estão presentes em idades tão precoces, ao contrário de outros parasitas internos, como alguns vermes redondos ou nematódeos, como as lombrigas (Toxocara canis). Portanto, a primeira administração de praziquantel deve ser realizada entre 6 e 8 semanas de idade, repetindo-se mensalmente até os 6 meses e, posteriormente, de acordo com o risco comentado no tópico anterior.

O praziquantel é um princípio ativo que costuma ser bastante bem tolerado pelos cachorros e tem uma margem de segurança muito ampla, embora doses superiores às recomendadas possam provocar vômitos.

Em geral, os principais efeitos colaterais do praziquantel em cães são letargia, anorexia, diarreia e vômitos. Outros efeitos adversos podem incluir sonolência, coceira, inchaço, dificuldade respiratória, reações à morte massiva de parasitas com febre e até choque anafilático.

Como todos os princípios ativos, o praziquantel também tem uma série de contraindicações e riscos de uso que devem ser levados em conta antes de iniciar o tratamento. Suas principais contraindicações são as seguintes:

• Não usar em casos de hipersensibilidade ao praziquantel ou a algum dos excipientes do medicamento que o contenha;
• Não usar em filhotes com menos de 6 semanas de idade;
• Utilizar sob supervisão veterinária em cadelas gestantes ou lactantes;
• Não usar em cães com insuficiência renal ou hepática grave, já que o medicamento é metabolizado no fígado e eliminado pela bile e pela urina.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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