Por que meu gato faz barulhos estranhos com a garganta?

Por que meu gato faz barulhos estranhos com a garganta?

Quando os gatos respiram, geralmente não escutamos nenhum ruído se não colocarmos o fonendoscópio a fim de escutar como entra e sai o ar de suas vias respiratórias. Quando notamos que o gato respira e, pela zona da garganta se ouve um ruído, isso pode nos indicar um problema respiratório que devemos diagnosticar e tratar, pois pode ser grave e repercutir na qualidade de vida e saúde dele.

Claro, você não deve confundir os ronronados que seu gato pode emitir com os barulhos estranhos da garganta, uma vez que eles são totalmente normais em alguns casos, da mesma forma que ocorre com humanos. Entretanto, se o gato faz barulhos estranhos com a garganta quando está em repouso e sem nenhuma causa aparente justificável, caso tenha se exercitado, tenha muito calor ou esteja estressado ou dormindo, você deve investigar o motivo.

As principais causas que podem explicar por que seu gato faz barulhos estranhos com a garganta são as seguintes patologias: rinotraqueíte felina, laringite, paralisia laríngea, derrame pleural ou massa na nasofaringe. Continue lendo este artigo do PeritoAnimal para saber em que consiste cada doença e como tratá-las.

Rinotraqueíte felina

A rinotraqueíte felina é uma doença causada pelo herpesvírus felino do tipo I (HVF-1), um vírus com DNA como material genético com capacidade de produzir latência nas células dos gatos infectados, podendo se reativar sob certas condições, como estresse ou imonossupressão. Embora seja um vírus que afeta principalmente os olhos e o nariz do gato, também pode afetar as vias respiratórias mais baixas, como a laringe e os pulmões, causando, nos piores casos, uma pneumonia com viremia e morte fulminante, especialmente nos gatinhos recém-nascidos ou muito jovens, assim como sinais, como barulhos estranhos ao respirar com a garganta.

Tratamento

O tratamento deve ser baseado no uso de medicamentos antivirais, sendo o mais efetivo o famciclovir, de gotas oculares, caso seja necessário, e antibióticos para prevenir infecções secundárias. Alguns gatos deixam de comer, precisando de estimulantes de apetite ou de alimentação mediante sonda.

Laringite

A laringe é o órgão fonador do gato, ou seja, o que permite que eles miem. Ela se encontra na entrada da traqueia e evita que os alimentos entrem na via respiratória. Essa estrutura pode inflamar, o que é conhecido como "laringite", seja por infecções ou por irritações, entre outros motivos. O frio é outro motivo de laringite em gatos, que pode causar afonia. Neste artigo respondemos se os gatos sentem frio.

Os primeiros sinais de laringite nos gatos são as mudanças no tom dos seus miados, tornando-se mais roucos ou secos, tosse seca ou irritante, inchaço ou dor de garganta e ruídos estranhos saindo dela. Por isso, também é comum notar que o gato faz ruídos como se fosse vomitar, que também podem ser confundidos com a própria tosse.

Tratamento

Geralmente, a laringite se resolve por si mesma. Se é por infecção, deve-se usar o medicamento específico eficaz, embora normalmente os casos de laringite em gatos não costumem necessitar de antibióticos nem de corticoides, de maneira que o mais recomendado é que fiquem tranquilos e longe de estresse. Contar com um umidificador também poderia ser uma boa opção.

Paralisia laríngea

A paralisia laríngea pode ocorrer de forma hereditária em gatos de determinadas raças, como os himalaios, os exóticos ou os persas, por serem braquiocefálicos, ou seja, terem uma cara plana, com focinho muito curto. Nesses casos, costuma ser diagnosticada com poucos meses de vida, enquanto que no resto das raças costuma aparecer quando estão com mais idade.

Entre os sinais clínicos de uma paralisia da faringe nos gatos, encontramos a incapacidade de miar, o bloqueio parcial das vias respiratórias superiores, que induzem a sons fortes ou rangidos, dependendo do grau de estreitamento da laringe, que geralmente são acompanhados de posição ortopneica mediante a extensão da cabeça e do pescoço, e respiração com a boca aberta. Por isso, podemos notar que o gato faz coisas esquisitas com a boca. As causas vão desde um trauma no nervo laríngeo recorrente durante uma cirurgia de tiroide ou tiroidectomia, danos causados por coleiras, mordidas, linfossarcomas no pescoço, miastenia grave evoluindo para anquilose da articulação cricoaritenoidea, embora também possa ser idiopática ou sem causa aparente.

Tratamento

O tratamento nesses casos deve ser cirúrgico, restabelecendo a normalidade na laringe. E se o gato se encontrar numa grave crise respiratória, se deve sedá-lo e administrar corticoides para ele, com o fim de reduzir a inflamação pela turbulência de ar laríngeo, que induz um edema na laringe.

Derrame pleural

Outra causa que pode explicar por que um gato faz barulhos estranhos com a garganta é o derrame pleural. O derrame pleural consiste em uma acumulação anormal de líquido de natureza diferente no espaço pleural do gato devido a um desequilíbrio na eliminação ou na produção do fluido, que afeta a correta expansão dos pulmões na respiração ao limitar seu movimento.

O derrame pleural nos gatos pode ser um hidrotórax, quando é um líquido incolor; hemotórax, quando é sangue; piotórax, quando se trata de pus; ou quilotórax, se o líquido for linfa. As causas variam desde uma doença renal ou cardíaca, até uma peritonite infecciosa felina, tumores, penetração de corpos estranhos, hérnia diafragmática, torção de lobo pulmonar médio direito, traumatismos torácicos, coagulopatias, infecções bacterianas, etc. Entre os sinais clínicos de derrame pleural, encontramos dificuldade para respirar, que pode ser confundida com sons estranhos da garganta, aumento da frequência respiratória e tosse.

Tratamento

Na terapia, será preciso controlar o derrame com oxigenoterapia e toracocentese ou punção do espaço pleural, para a extração do líquido acumulado. Também podem ser utilizados diuréticos e enfrentar a causa que esteja originando o derrame em questão, mediante cirurgias, uso de quimioterapia ou terapia médica específica, dependendo do caso.

Massas nasofaríngeas

O gato fazer barulhos estranhos com a garganta pode ser também devido ao fato de ter uma massa na nasofaringe, quer seja um tumor ou um pólipo inflamatório, que consiste em massas pediculadas não tumorais que se formam a partir do tecido da mucosa da nasofaringe, embora os mais frequentes sejam os que preenchem desde a cavidade timpânica até a nasofaringe através do canal auditivo. A causa é desconhecida, apesar de que, em gatos jovens, suspeita-se que ela tenha uma origem congênita por um resíduo do arco faríngeo, e, em outros casos, pode ser devida a infecções respiratórias superiores crônicas ou ascendentes da nasofaringe, ou a otites médias crônicas.

Além de sons esquisitos com a garganta durante a inalação de ar na inspiração, os gatos afetados com pólipos nasofaríngeos apresentam sinais, como dispneia respiratória, respiração com estertores e, se o ouvido também estiver afetado, sinais como otorreia, sacudidas de cabeça, coceira na orelha, síndrome de Horner e sintomas vestibulares.

Tratamento

O tratamento vai depender da localização do pólipo, mas sempre é cirúrgico mediante endoscopia nas massas nasofaríngeas exclusivas, mediante cirurgia auricular com osteotomia ventral e exérese cirúrgica ou extração simples do pólipo quando este afeta também o ouvido. Após a cirurgia, costuma ser necessário o uso de corticoides.

Como você pode ver, todas as causas que podem fazer com que um gato faça barulhos estranhos com a boca ou com a garganta precisam ser diagnosticadas e tratadas por um veterinário ou veterinária, e é por isso que devemos ir a um consultório o quanto antes.

No vídeo a seguir falamos se faz mal dormir com um gato:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Harvey, A., Tasker, S. (Eds). (2014). Manual de Medicina Felina. Ed. Sastre Molina, S.L. L ́Hospitalet de Llobregat, Barcelona, España.