Plantas tóxicas para cachorros

Plantas tóxicas para cachorros

Apesar de não serem herbívoros, os cachorros são animais curiosos por natureza, tanto que eles tendem a ingerir acidentalmente alguns produtos que podem ser tóxicos para seu organismo. Entre as possíveis causas de intoxicação nos cachorros, se encontram diversas espécies vegetais de uso comum tanto no exterior quanto no interior de nossas casas.

Mas quais são as plantas venenosas para cachorros? Se quiser descobrir, não perca o seguinte artigo do PeritoAnimal, no qual falaremos sobre as principais plantas tóxicas para cachorros.

Sintomas de um cachorro intoxicado por plantas

Os sintomas de intoxicação por plantas em cachorros podem variar em função dos seguintes fatores:

  • A via de exposição: oral, inalatória, cutânea, etc. 90% das intoxicações em cachorros são causadas pela ingestão do composto tóxico, geralmente de maneira acidental.
  • A quantidade de planta ingerida.
  • A concentração de substância tóxica presente na planta.
  • O tipo de substância tóxica que a planta contém.

Embora os sinais associados à intoxicação por plantas possam ser muito variados devido aos fatores mencionados anteriormente, os mais frequentes em cachorros são:

  • Hipersalivação.
  • Respiração ofegante.
  • Dispneia: dificuldade para respirar.
  • Sede excessiva.
  • Midríase: dilatação das pupilas.
  • Irritação da pele, da boca ou dos olhos.
  • Problemas gastrointestinais: vômitos, diarreia, dor abdominal.
  • Problemas cardíacos: taquicardia, bradicardia, arritmias, etc.
  • Problemas nervosos: convulsões, paralisias, desorientação, depressão, torpor, coma, etc.
  • Problemas hepáticos.
  • Problemas renais.

O que acontece quando um cachorro come uma planta tóxica?

Quando um cachorro ingere acidentalmente alguma planta tóxica para seu organismo, é gerado um quadro de intoxicação que pode afetar diferentes órgãos e/ou sistemas em função do composto tóxico presente na planta em questão. Dependendo da quantidade e da potência da toxina ingerida, os sinais de intoxicação serão mais ou menos graves, e aparecerão com maior ou menor brevidade. Nos casos de toxinas mais potentes, o desfecho pode chegar a ser fatal.

Por isso, sempre que identificar ou suspeitar que seu cachorro tenha consumido uma planta venenosa, ou quando observar qualquer sinal compatível com uma intoxicação, é primordial ir ao seu veterinário o mais rápido possível. Além disso, sempre que for viável, tente levar uma amostra da planta que foi consumida para facilitar o diagnóstico da intoxicação.

É importante dizer que em nenhum caso se deve induzir o vômito, nem administrar "antídotos caseiros" (como leite ou bicarbonato), já que isso pode piorar o quadro.

Tratamento de um cachorro intoxicado por plantas

Diante de casos de intoxicação por plantas, o plano terapêutico se baseia em três pilares fundamentais:

  • Impedir a absorção da toxina: dependendo do tempo que se tenha passado desde a ingestão, pode-se induzir o vômito, realizar uma lavagem gástrica ou administrar absorventes, como carvão ativado.
  • Tratamento de suporte: deve-se tratar a sintomatologia específica associada à intoxicação, estabelecendo um tratamento de suporte correto.
  • Antídoto: embora não seja comum, em algumas ocasiões existem antídotos específicos diante da toxina em questão.

Em qualquer caso, é importante saber que a rapidez com que o tratamento for iniciado será determinante no decorrer da intoxicação. Nos pacientes intoxicados, em que forem aplicadas medidas de urgência para prevenir a absorção da toxina, se conseguirá diminuir a sua absorção e, assim, limitar sua passagem para a corrente sanguínea, o que reduzirá as consequências negativas da intoxicação. Por isso, lembre-se da importância de agir o mais rápido possível diante de qualquer suspeita de intoxicação de seu mascote.

Plantas tóxicas para cachorros

Confira a lista a seguir das principais plantas tóxicas para cachorros:

Oleandro (Nerium oleander)

O oleandro ou adelfa é um arbusto originário da bacia do Mediterrâneo que pode ser encontrado frequentemente como planta ornamental em parques e jardins. Entretanto, devemos saber que se trata de uma planta muito venenosa para pessoas e animais, incluindo os cachorros.

Sua toxicidade se deve à presença de glucósidos cardiotóxicos, os quais causam graves alterações cardíacas ao afetar a bomba sódio/potássio das células do coração. Os sintomas associados à intoxicação por adelfa, também denominada "toxicose cardioglucosídica", aparecem em um curto período de tempo (horas) após a sua ingestão. De fato, pode-se observar:

  • Vômitos.
  • Hipersalivação.
  • Contrações musculares.
  • Taquicardia e arritmias.
  • Respiração irregular.
  • Coma e morte.

Nesse caso, existe um antídoto específico chamado "Digibind". Vale mencionar que os cachorros que sobrevivem por 48h após a ingestão da planta têm um bom prognóstico.

Dedaleira (Digitalis purpurea)

Trata-se de uma das plantas mais tóxicas para os cachorros. Assim como a adelfa, produz uma toxicose cardioglucosídica devido a sua concentração de glucósidos cardiotóxicos. Os sintomas associados a essa intoxicação aparecem em poucas horas, e incluem:

  • Vômitos.
  • Diarreia.
  • Hipersalivação.
  • Contrações musculares.
  • Debilidade.
  • Taquicardia e arritmias.
  • Respiração irregular.
  • Coma e morte.

Nesses casos, o Digibind também pode ser administrado como antídoto específico.

Jiboia (Epipremnum aureum)

Apesar de ser uma das plantas mais comuns em nossas casas, a jiboia ou hera-do-diabo também se encontra na lista de plantas tóxicas para os cachorros. Sua elevada concentração de oxalato cálcico pode originar os seguintes sinais clínicos:

  • Irritação, dor e inchaço da boca, língua e lábios.
  • Hipersalivação.
  • Vômitos.
  • Disfalgia: dificuldade para engolir.

Costela-de-adão (Monstera deliciosa)

Trata-se de uma planta trepadeira tropical, que tornou-se popular dentro das casas nos últimos anos. Apesar disso, também é uma planta venenosa para os cachorros. Assim como a jiboia, ela contém oxalato cálcico, que pode causar um quadro de intoxicação caracterizado por:

  • Irritação, dor e inchaço da boca, língua e lábios.
  • Hipersalivação.
  • Vômitos.
  • Disfalgia: dificuldade para engolir.

Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica)

Os copos-de-leite são plantas muito populares na jardinagem devido ao seu porte elegante e às suas flores chamativas. Contudo, da mesma forma que ocorre com a jiboia ou com a costela-de-adão, a copo-de-leite contém elevados níveis de oxalato cálcico, o que a torna uma planta tóxica para os cachorros. Convém saber que todas as partes da copo-de-leite são tóxicas, principalmente as flores.

Os sinais que podem aparecer após a ingestão dessa planta tóxica para cachorro, são:

  • Irritação, dor e inchaço da boca, língua e lábios.
  • Hipersalivação.
  • Vômitos.
  • Disfalgia: dificuldade para engolir.

Azaleia (Rhododendron ferrugineum)

Conhecidas por florirem na primavera, as azaleias são plantas comuns em muitos jardins, e são muito tóxicas para os cachorros. Todas as partes da planta são venenosas, embora as folhas sejam especialmente nocivas.

As azaleias contém andromedotoxina, um composto que produz cardiotoxicidade ao alterar as bombas cardíacas de sódio/potássio. Os sinais começam 6 horas após a ingestão, e se caracterizam por:

  • Náuseas, vômitos.
  • Anorexia.
  • Depressão.
  • Debilidade.
  • Falta de coordenação.
  • Paralisia das extremidades.
  • Depressão cardíaca e do Sistema Nervoso Central.
  • Coma e morte.

Hera (Hedera helix)

A hera é uma das trepadeiras mais usadas nos jardins devido ao seu porte decorativo e à sua facilidade para crescer. Embora seja menos perigosa que outras plantas citadas anteriormente, ela também é tóxica para os cachorros.

Sua toxicidade se deve à presença de hederagenina, uma saponina triterpênica capaz de causar:

  • Vômitos.
  • Diarreia.
  • Dor abdominal.
  • Hipersalivação.

Babosa (Aloe vera)

Você provavelmente achará estranho encontrar a Aloe vera formando parte da lista de plantas venenosas para os cachorros, já que o gel de aloe é um remédio natural normalmente utilizado tanto em medicina humana quanto em veterinária, devido às suas propriedades hidratantes, cicatrizantes e anti-inflamatórias.

Apesar disso, é necessário saber que a seiva da babosa (uma espécie de látex amarelado que se encontra logo abaixo do tecido das folhas) é tóxica. Suas concentrações de saponinas e antraquinonas pode originar um quadro de intoxicação caracterizado por:

  • Vômitos.
  • Diarreia.
  • Dor abdominal.
  • Hipersalivação.
  • Letargia.
  • Conjuntivite: em contato com os olhos.

Dracena-de-madagascar (Dracena marginata)

Trata-se de uma planta ornamental muito comum em nossas casas, devido ao fato de se adaptar muito bem ao crescimento no interior. Entretanto, também se encontra na lista de plantas tóxicas para os cachorros.

O composto tóxico da dracena é a saponina, cuja ingestão produz sintomas, como:

  • Vômitos, que podem chegar a conter sangue.
  • Anorexia.
  • Hipersalivação.
  • Depressão.
  • Midríase: dilatação das pupilas.

Sagu-de-jardim ou Palmeira cica (Cycas revoluta)

Essas pequenas palmeiras, que frequentemente podem ser encontradas no litoral mediterrâneo, têm sementes altamente tóxicas para os cachorros. De fato, a ingestão de nada mais que uma ou duas sementes pode chegar a ser mortal.

A fitotoxina que o sagu-de-jardim contém, conhecida como cicasina, é hepatotóxica. Sua ingestão causa falência hepática, com transtornos de coagulação e morte do animal. Os principais sinais clínicos associados a essa intoxicação são:

  • Vômitos, que podem chegar a conter sangue.
  • Diarreia com sangue ou fezes escuras.
  • Icterícia: cor amarelada das mucosas.
  • Polidipsia: aumento do consumo de água.
  • Hematomas.
  • Morte.

Outras plantas tóxicas para cachorros

Ao longo do artigo, descrevemos algumas das plantas mais comuns em casas e jardins que podem causar quadros de intoxicação nos cachorros. Contudo, existe uma extensa lista de plantas que podem ser tóxicas para nossos mascotes. A seguir, falamos de algumas delas:

  • Acônito (Aconitum napellus): contém alcaloides, como a aconitina e a aconina, que causam uma intoxicação caracterizada por irritação bucal, vômitos, diarreia, bradicardia, arritmias, hipotensão, debilidade muscular e dispneia.
  • Antúrio (Anthurium scherzeranum): sua elevada concentração de oxalato cálcico pode causar irritação e dor na boca, língua e/ou lábios, hipersalivação, vômitos e dificuldade para engolir.
  • Bulbos de plantas ornamentais: como a tulipa, o narciso ou o jacinto. Os bulbos dessas plantas contém compostos tóxicos que podem causar gastroenterite ou dermatite de contato.
  • Dieffenbachia (Dieffenbachia amoena): contém oxalato cálcico e enzimas proteolíticas, que podem causar irritação e dor na boca, língua e/ou lábios, hipersalivação, vômitos e dificuldade para engolir.
  • Figueira: sua concentração de ficina e psoralenos pode causar vômitos, diarreia ou irritação da pele. Entretanto, embora a figueira seja venenosa para os cachorros, ela não se encontra entre as plantas mais tóxicas.
  • Erva-moura (Solanum nigrum): contém solanina, uma toxina que causa sintomas gastrointestinais (dor abdominal, vômitos, diarreia, prisão de ventre, falta de apetite), midríase (dilatação das pupilas), depressão e taquicardia. Além disso, contém solasodina, um composto teratogênico que induz a graves alterações nos fetos de fêmeas gestantes.
  • Hortência (Hydrangea arborescens): as folhas e os brotos contém um glucósido cianogênico (hidrangina) e saponinas. Os sintomas de intoxicação incluem vômitos, diarreia, dor abdominal, cianose, convulsões, flacidez muscular, letargia ou coma.
  • Maconha (Cannabis sativa): sua resina é rica em substâncias psicoativas (canabinoides), que causam um quadro de intoxicação caracterizado por vômitos, diarreia, hipersalivação, ataxia ou falta de coordenação, alternância entre depressão e excitação, midríase (dilatação das pupilas), desorientação, sonolência, hipotermia e tremor.
  • Meliloto-branco (Meliloto alba) ou Meliloto-amarelo (Meliloto afficinalis): contém dicumarol, que causa uma intoxicação chamada "ferulismo", caracterizada por mucosas pálidas, sonolência, andar cambaleante, taquipneia e anemia.
  • Rícino (Ricinus communis): as sementes contém duas toxinas potentes, a ricinina e a ricina. Os sintomas associados à intoxicação incluem náuseas, anorexia, dificuldade para enxergar, cianose, convulsões, dispneia e opistótonos (rigidez muscular).
  • Teixo (Taxus baccata): trata-se de uma árvore tremendamente tóxica, que contém um alcaloide denominado "taxina". Todas as suas partes são venenosas, exceto o fruto carnoso. Causam um quadro de intoxicação com falta de coordenação, tremor, dispneia, diarreia, bradicardia, e, finalmente, morte por parada cardíaca.

Agora que você já conhece as principais plantas tóxicas para cachorros, não perca o vídeo a seguir em que destacamos 10 plantas venenosas para cães.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Plantas tóxicas para cachorros, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Outros problemas de saúde.

Bibliografia
  • American Society for the Prevention of Cruelty to Animals. Toxic and non-toxic plant list in dogs. Disponível em: <https://www.aspca.org/pet-care/animal-poison-control/dogs-plant-list>. Acesso em 21 de julho de 2022.