Pênis de gato: anatomia e doenças mais comuns

Pênis de gato: anatomia e doenças mais comuns

O pênis de um gato é um órgão muito peculiar que também pode ter problemas e doenças. Para que você saiba quais as doenças mais comuns no pênis de gato, é importante que você conheça a anatomia, a fisiologia e as características normais deste órgão para que possa identificar quando algo não está normal. Neste artigo do Perito Animal, vamos explicar como é o pênis de um gato: anatomia e doenças mais comuns.

Como é o pênis de um gato: anatomia

Vamos nos focar apenas em como é o pênis de um gato, no entanto é importante relembrar que o aparelho reprodutor masculino do gato é constituído por:

  • 2 testículo;
  • 1 epidídimo;
  • 2 ductos deferentes;
  • 3 glândulas acessórias (próstata e 2 glândulas bulbo-uretrais);
  • 1 pênis;
  • 1 prepúcio (pele que cobre e protege o pênis);
  • 1 bolsa escrotal.

O pênis, cuja função é transportar e eliminar a urina e o sêmen através da uretra (parte final do pênis), é composto por raiz (que fixa o órgão ao arco isquiático), corpo (a maior parte do pênis) e glande (porção distal, ou seja, a ponta do pênis), onde se encontra a entrada da uretra.

Apresenta uma localização perineal e, tal como os cachorros, é do tipo musculo cavernoso, se enchendo de sangue e inflando no momento da ereção.

O pênis do gato (tal como o dos cães) possui um osso, denominado osso peniano e, durante a ejaculação, o sêmen é transportado desde os testículos (onde é produzido), passando pelo epidídimo que está ligado aos ductos deferentes saindo pela uretra. Para uma produção normal e viável de sêmen, os testículos devem descer da sua posição abdominal fetal inicial até o escroto (ou bolsa escrotal), ficando exterior ao corpo a uma temperatura mais baixa que a corporal.

É muito raro conseguir você observar o pênis de um gato a não ser quando você o flagra se lambendo ou ele apresenta alguma anomalia. O pênis do gato não castrado possui uma característica única que o distingue de grande parte das outras espécies: ele apresenta pequenas projeções queratinizadas, chamadas de espículas, que provocam dor à fêmea durante a cópula e que têm como função induzir a ovulação. Sendo por isso que os gatos fazem tanto barulho quando cruzam. Depois de castrados, os gatos perdem essas espículas e o pênis fica com uma aparência lisa. Na imagem em baixo você pode distinguir a anatomia do pênis das diferentes espécies:

Cio de gato e maturidade sexual

Os gatos podem manifestar ciclos de cio em qualquer altura do ano, mas geralmente se sincronizam com o cio das gatas, que muitas vezes não ocorrem durante os dias mais curtos do inverno. Quando atingem a maturidade sexual (por volta dos 8-10 meses de idade), os gatos apresentam um conjunto de comportamentos de cio que podem ser um problema para os tutores, principalmente para os animais de interior.

O cio (ou estro) é considerado o período do ciclo sexual em que a gata é receptiva em aceitar a cópula do macho e está fértil. Os cios dos gatos são sazonais e o auge do cio surge em plena primavera (época em que há mais horas de luz), mas outros fatores como a iluminação, a temperatura ambiental e a duração do dia e noite, podem influenciar o sistema hormonal do gato. Ou seja, uma gata pode ter vários cios e, se for de interior, também podem entrar no cio no inverno. O cio dura entre 7 e 10 dias por ciclo, sendo que o intervalo entre cios pode ser de duas a três semanas.

Com o surgimento do cio de gatos e gatas começam a:

  • Fazer tentativas de fuga ou acabam conseguindo escapar;
  • Vocalizar muito alto;
  • Urinar em vários locais da casa para marcação de território;
  • Tentar copular com objetos presentes na casa, como ursinhos de pelúcia ou mantas;
  • Lamber a região do pênis;
  • Se esfregar e rebolar em todos os lugares.

As gatas podem ter uma a duas ninhadas por ano e cada ninhada pode ir até aos dez gatinhos por gestação. Uma curiosidade interessante consiste no fato de que os gatos que moram em hemisférios diferentes têm ciclos de cio opostos, ou seja, gatos no Brasil apresentam cio em finais de setembro e outubro e, por exemplo, em Portugal apresentam cio nos meses de fevereiro e março.

Veja abaixo uma foto de pênis de gato:

Pênis do gato: doenças mais comuns

Certas doenças que afetam o trato reprodutivo dos gatos podem ser diagnosticadas através do exame físico, testes laboratoriais, ecografia e palpação. Estas doenças são igualmente observadas em cães.

Se você notou algo diferente no pênis do seu gato, deve consultar um veterinário o quanto antes, uma vez que qualquer alteração na região pode provocar muito incômodo e dor.

Criptorquidismo em gatos

É a falha na descida de um ou dois testículos até ao escroto. É a doença mais comum nos gatos no que diz respeito a problemas reprodutivos. O criptorquidismo tem alguma base genética e é uma condição hereditária.

Caso apenas um testículo seja criptorquidio, o animal pode ainda ser fértil, mas é aconselhada a castração, pois os testículos no interior do corpo podem desenvolver outros problemas mais graves devido à localização.

Pênis de gato: inflamação dos testículos ou epidídimo

Normalmente esta inflamação se deve a traumatismos, infeções, torção testicular, calor ou frio excessivo, produtos tóxicos ou causas hormonais. É uma condição rara, mas os traumatismos são comuns.

Os principais sintomas são:

  • Dor;
  • Inflamação/inchado das estruturas e lesões na pele envolvente;
  • O animal pode lamber excessivamente a região.

Como pode haver muita do associada a sedação é aconselhada para permitir uma manipulação mais fácil para a realização de exames complementares de diagnóstico.

Caso existam infeções associadas, pode ser necessário prescrever um antibiótico. Se a situação se prolonga por muito tempo é pouco provável que os animais recuperem a fertilidade e, por isso, também se recomenda a castração.

Parafimose em gato

A parafimose é a incapacidade de retrair o pênis de volta para prepúcio após a sua exteriorização. Pode ter origem traumática, se deve a problemas musculares do prepúcio, prepúcio pequeno, defeitos congênitos do orifício ou pelos e detritos acumulados no prepúcio, que são a causa mais comum.

Nesta condição o pênis não retraído, estando exposto ao exterior, pode ressecar, ficar com lacerações e fissuras, inchar por acumulação de fluidos (edema) e, em casos graves, pode mesmo necrosar por estrangulamento dos vasos sanguíneos. A parafimose se trata de uma emergência médica e o tratamento consiste em aparar os pelos, limpar a área de detritos e lubrificar o pênis, no entanto, em casos graves, pode ter de ser feita amputação do pênis.

Fimose em gato

Fimose é a incapacidade de exteriorizar o pênis, muitas vezes devido a uma estenose (estreitamento) do orifício do prepúcio. A acumulação de detritos, pelos ou inchaço do prepúcio ou pênis, inflamação ou infeção bacteriana e lesões neurológicas são outras causas possíveis que podem levar a este problema.

Podem-se observar os seguintes sintomas:

  • Incapacidade ou dificuldade em urinar;
  • Lambedura excessiva;
  • Inchaço da região.

O tratamento cirúrgico para a abertura do orifício é o mais recomendado, junto com a limpeza e desinfeção da área e tratamento da causa subjacente, se for o caso.

Priapismo em gato

Priapismo é a ereção persistente sem qualquer tipo de estímulo sexual, que dure um período igual ou superior a quatro horas. O pênis também pode ficar seco, apresentar lesões e até necrosar. Esta condição também é igualmente importante tratar com urgência.

Todas estas condições (parafimose, fimose e priapismo) podem surgir em gatos de qualquer idade e muitos podem demonstrar problemas a urinar ou lambedura constante da região. Se se prolongar durante muito tempo o pênis pode inchar e apresentar edema (acumulação de fluidos nos tecidos) e até necrosar, por isso não deixe esta situação se arrastar e procure um veterinário.

Obstrução por cálculos (urólitos)

Todos os gatos apresentam predisposição para cistite idiopática felina, infeção urinária ou obstrução por cálculos (urólitos). Os gatos castrados correm um grande risco de desenvolver obstrução urinária, uma situação considerada uma emergência médica, pois a bexiga pode romper devido ao aumento de pressão, além de que certas toxinas estão acumulando no organismo do pet.

A uretra do gato é tão estreita que até o menor cálculo (ou comumente conhecido como pedra) pode desencadear obstrução. Os sintomas de gato obstruído são:

  • Dificuldade em urinar, na qual o gato se coloca na posição para urinar, mas sem sucesso (disúria);
  • Diminuição da produção de urina ou libertação de pequenas gotas de urina (oligúria);
  • Ausência da produção de urina (anúria);
  • Sangue na urina (hematúria).

Esta condição não está diretamente relacionada com o pênis de um gato, mas é muito comum e deve ser motivo de alerta por parte dos tutores.

Pênis de gato: problemas de próstata

Uma das funções da próstata é nutrir os espermatozoides e aumentar a mobilidade. Após a maturidade sexual, a posição e tamanho da próstata vão se alterando, mudando de uma posição pélvica para uma abdominal, podendo ser visível durante o exame ecográfico (no gato a forma normal é bulbar com cerca de 10-12 mm de comprimento). Doenças de próstata em gatos não são comuns, mas podem existir casos de hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata), prostatite (inflamação da próstata), abcessos, quistos ou tumores.

Leia também: Porque os gatos fazem tanto barulho quando cruzam

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Pênis de gato: anatomia e doenças mais comuns, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças do sistema reprodutor.

Bibliografia
  • Aspinall, V. (2014) Reproductive system of the dog and cat Part 2 – the male system. Veterinary Nursing Journal, 26(3), pp 89-91
  • Foster, R. A. (2012) Common Lesions in the Male Reproductive Tract of Cats and Dogs. Vet Clin Small Animal, 42, pp 527–545
  • Davidson, A. P. Reproductive Disorders of Male Cat. School of Veterinary Medicine, University of California, MSD MANUAL