Os animais pensam?

Os animais pensam?

Os seres humanos estudam o comportamento dos animais há séculos. A etologia, que é como chamamos essa área do conhecimento científico, visa, entre outras coisas, descobrir se os animais pensam ou não, uma vez que os seres humanos tornaram a inteligência uma das questões que diferencia os humanos dos animais.

Neste artigo do PeritoAnimal, vamos te explicar os principais conceitos dos estudos que buscam avaliar as capacidades sensitivas e cognitivas dos animais. Será que os animais pensam? Nós te explicaremos tudo sobre a inteligência animal.

O que diferencia o ser humano dos outros animais

Para chegar a uma conclusão sobre se os animais pensam ou não, a primeira coisa que se deve fazer é definir o que se entende pela ação de pensar. "Pensar" vem do latim pensare, que tinha o significado de pesar, calcular ou pensar. O Dicionário Michaelis define pensar como "desempenhar a capacidade de julgar ou de deduzir". O dicionário aponta vários significados, entre os quais se destacam: "examinar mentalmente algo com atenção para formar um julgamento", "ter em mente, tencionar, pretender" e "decidir mediante ponderação". [1]

Todas essas ações imediatamente fazem referência a um outro conceito do qual não se pode desvincular o pensamento, e que não é outro senão a inteligência. Este termo pode ser definido como a faculdade da mente que permite aprender, entender, raciocinar, tomar decisões e formar uma ideia da realidade. Determinar quais espécies animais podem ser consideradas inteligentes tem sido um motivo de estudo constante ao longo do tempo.

De acordo com a definição dada, praticamente todos os animais poderiam ser considerados inteligentes, porque conseguem aprender e, em outras palavras, adaptar-se ao seu ambiente. A inteligência não é apenas resolver operações matemáticas ou coisas do tipo. Por outro lado, outras definições incluem a capacidade de usar instrumentos, criar uma cultura, isto é, transmitir ensinamentos de pais para filhos, ou simplesmente apreciar a beleza de uma obra de arte ou o pôr do sol. Além disso, a capacidade de se comunicar através da linguagem, mesmo que utilizando símbolos ou sinais, é considerada um sinal de inteligência por exigir um alto nível de abstração para unir significados e significantes. A inteligência, como vemos, depende de como o pesquisador a define.

A questão da inteligência animal é controversa e envolve tanto o campo científico quanto o filosófico e religioso. Isso porque, ao denominar os humanos como Homo sapiens, será um dos fatores pelos quais se pode entender o que diferencia o ser humano dos outros animais. E, também, o que de alguma maneira legitima a exploração do restante dos animais, uma vez que são considerados, de certa forma, inferiores.

Por isso, a ética na investigação desta questão não pode ser ignorada. Também é importante memorizar o nome de uma disciplina científica, a etologia, que é definida como o estudo comparativo do comportamento animal.

Por outro lado, os estudos sempre têm o viés antropocentrista, porque são feitos por seres humanos, que também são os que interpretam os resultados a partir de sua perspectiva e de seu modo de entender o mundo, que não necessariamente é o mesmo dos animais, para os quais predominam mais, por exemplo, o cheiro ou a audição. E isso sem mencionar a ausência de linguagem, fato que limita nossa compreensão. As observações no ambiente natural também devem ser avaliadas frente às criadas artificialmente em laboratórios.

As pesquisas continuam em desenvolvimento e vão trazendo novos dados. Por exemplo, à luz dos conhecimentos atuais do Projeto dos Grandes Primatas, hoje é solicitado que esses primatas obtenham os direitos que lhes correspondem como hominídeos que são. Como vemos, a inteligência tem repercussões a nível ético e legislativo.

Os animais pensam ou agem por instinto?

Considerando a definição de pensamento, para responder a essa questão, é necessário determinar o significado do termo instinto. O instinto alude a comportamentos inatos, portanto, que não foram aprendidos e sim transmitidos através de genes. Ou seja, por instinto, todos os animais da mesma espécie responderão da mesma forma a um certo estímulo. Os instintos ocorrem em animais, mas não devemos esquecer que também em humanos.

Os estudos realizados com o objetivo de resolver a questão de como os animais pensam, em geral, consideraram que os mamíferos superam, em termos de inteligência animal, os répteis, anfíbios e peixes que, por sua vez, eram superados pelas aves. Entre eles, primatas, elefantes e golfinhos destacaram-se como mais inteligentes. O polvo, considerado como possuidor de uma considerável inteligência animal, faz a exceção desta regra.

Nos estudos sobre o pensamento animal, também foi avaliado se eles têm ou não capacidade de raciocínio. O raciocínio pode ser definido como o estabelecimento de uma relação entre diferentes ideias ou conceitos para obter conclusões ou formar um julgamento. Com base nesta descrição do conceito, podemos considerar que os animais raciocinam, uma vez que já foi observado que alguns deles são capazes de usar elementos para resolver um problema que surge sem recorrer à tentativa e erro.

Os animais pensam?

Os dados expostos até agora permitem aceitar que os animais pensam. Quanto à capacidade de sentir, também é possível encontrar evidências. Antes de mais nada, é importante diferenciar a capacidade de sentir dor física. Para isso, foi estabelecido que aqueles animais com sistemas nervosos podem sentir dor de uma maneira similar à dos humanos. Desta forma, um bom exemplo desse argumento são os touros nas arenas pois é possível notar dor.

Mas a questão também é determinar se eles sofrem, isto é, se experimentam o sofrimento psicológico. O fato de sofrer estresse, que pode ser medido objetivamente pelos hormônios que são secretados, parece trazer uma resposta afirmativa. A depressão descrita em animais ou o fato de que alguns morrem após serem abandonados, mesmo sem causa física, também confirmaria essa suposição. Mais uma vez, os resultados dos estudos a esse respeito são uma questão ética e devem nos fazer refletir sobre como tratamos o resto dos animais do planeta.

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Inteligência animal: exemplos

A capacidade de alguns primatas de se comunicar através da linguagem de sinais, o uso de ferramentas dessas espécies, de cefalópodes e aves, a resolução de problemas mais ou menos complexos, os ratos que param de comer alimentos que fizeram mal aos seus semelhantes ou o uso de fontes termais que fazem os macacos do Japão, são exemplos que foram trabalhados no estudo permanente que os humanos desenvolvem para resolver a questão sobre se os animais pensam ou não.

Para saber mais, você pode ler os estudos de Desmond Morris, Jane Goodall, Dian Fossey, Konrad Lorenz, Nikolaas Timbergen, Frans de Waall, Karl Von Frisch, etc.

Saiba mais sobre a origem e evolução dos primatas nesse artigo do PeritoAnimal.

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Referências
  1. Dicionário Michaelis. Significado de pensar. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/pensar/>. Acesso em 06 Ago. 2019.