Os girinos apresentam uma incrível diversidade adaptativa de acordo com sua espécie e ambiente. Dependendo do habitat em que vivem, cada tipo desenvolveu estratégias únicas para sobreviver. Identificá-los corretamente ajuda a entender melhor sua ecologia e necessidades em cativeiro.
Se você quer descobrir o que é girino e que tipos existem, não perca este artigo do PeritoAnimal, onde contamos tudo sobre eles e falamos de suas principais características. Continue lendo!
Quantos tipos de girinos existem?
Não existe um número exato de tipos de girinos, já que há milhares de espécies. O termo "girino" refere-se ao estado larval dos anfíbios classificados como "anuros", que são principalmente rãs e sapos. Dentro desse grupo, encontramos muitas espécies, e cada uma apresenta um estado larval diferente.
Como os tipos de girinos são classificados?
Os girinos podem ser classificados de acordo com sua morfologia, comportamento e habitat. Nessa classificação, a espécie não influencia, mas sim o formato do corpo, seu desenvolvimento e o ambiente em que vivem. Por isso, em um mesmo tipo podemos encontrar girinos de rã e de sapo. Vamos conhecer os tipos de girinos segundo essa classificação:
Girinos de desenvolvimento rápido
Esses tipos de girinos têm corpos ovais e achatados dorsoventralmente, com caudas relativamente curtas, mas musculosas. Sua boca é pequena, voltada para baixo e não possui estruturas como dentículos, estando adaptada para se alimentar da camada superficial do substrato.
Alguns exemplos representativos são:
- Girinos de sapos-comuns (Bufo bufo);
 - Girinos de algumas rãs (Pelophylax sp.).
 
Esses girinos passam por uma metamorfose acelerada, com duração de 2 a 4 semanas, aproveitando corpos d'água temporários. Outro dado curioso é que costumam formar grandes agregações, o que lhes fornece proteção contra predadores.
Girinos de ambientes fluviais
Esse tipo de girino tem corpos mais alongados e aerodinâmicos, com músculos caudais fortes. Apresentam ventosas orais bem desenvolvidas para se prender a substratos em correntes rápidas. Alguns exemplos são:
- Girinos de rãs Hylodes e Crossodactylus;
 - Girinos de centrolenídeos (Centrolenidae).
 
Eles têm adaptações como brânquias reduzidas (para minimizar a resistência ao fluxo), pigmentação escura (que possivelmente os protege da radiação UV em águas claras) e comportamento fotofóbico, ou seja, evitam luz direta.
Girinos bentônicos especializados
Esses têm corpos muito achatados, com amplas superfícies ventrais. A boca está em posição terminal e possui estruturas especializadas para raspar superfícies duras. Exemplos:
- Girinos de rãs Dendropsophus sp.;
 - Girinos de algumas rãs Microhylidae.
 
Esses girinos são especializados em raspar perifíton (comunidades de algas aderidas a superfícies duras) e possuem fileiras de dentículos queratinizados muito desenvolvidos.
Girinos carnívoros/predadores
Esse tipo de girino tem bocas excepcionalmente largas, com estruturas mandibulares fortes, e olhos grandes em uma posição corporal que facilita ataques rápidos. Exemplos:
- Girinos da rã-leopardo-do-sul (Lithobates sphenocephalus);
 - Girinos de Ceratophrys (rãs Pacman);
 - Girinos do sapo-aru (Pipa pipa).
 
Eles têm adaptações únicas, como canibalismo frequente (quando os recursos são limitados ou em superpopulação), desenvolvimento acelerado dos membros posteriores e pigmentação críptica ou padrões disruptivos para camuflagem.
Quais são as diferenças entre os tipos de girinos?
Além dos tipos de girinos que existem conforme sua morfologia e comportamento, também é possível distingui-los pela espécie a que pertencem. Abaixo, mostramos os principais traços dos girinos mais comuns para facilitar sua identificação:
Girinos de rãs
Os girinos de rã são os mais comuns e têm características bem definidas: corpo ovalado e achatado, cauda longa e musculosa, que os permite nadar com agilidade, e coloração que varia de tons esverdeados a marrons, dependendo da espécie e do ambiente.
Diferente dos girinos de sapo, eles costumam ter olhos mais laterais e uma boca pequena adaptada para raspar algas de superfícies. São principalmente herbívoros, embora algumas espécies possam se tornar onívoras em estágios avançados.
Alguns exemplos de girinos de rãs são:
- Girino da rã-comum (Rana temporaria);
 - Girino da rã-touro-americana (Lithobates catesbeianus);
 - Girino da Lithobates pipiens.
 
Girinos de sapos
Os girinos de sapo distinguem-se por serem mais robustos e escuros que os de rã, com corpos mais arredondados e caudas relativamente mais curtas. Sua pele geralmente apresenta tons negros ou acinzentados, o que os ajuda a se camuflar em fundos lamacentos.
Uma característica importante é seu comportamento alimentar: enquanto muitos são detritívoros, alguns (como os do sapo-aru) são carnívoros e até canibais. Além disso, costumam se agrupar em grandes cardumes, ao contrário dos girinos de rã, que são mais independentes.
Alguns exemplos representativos:
- Girinos de sapo-comum (Bufo bufo);
 - Girinos de sapo-americano (Anaxyrus americanus);
 - Girinos de sapo-cururu (Rhinella marina).
 
Girinos de rãs arborícolas
Esses girinos geralmente se desenvolvem em pequenas acumulações de água, como bromélias ou buracos em árvores. Seu corpo é mais fino e suas caudas mais longas para se moverem em espaços reduzidos.
Muitas espécies de rãs arborícolas depositam ovos em locais sem peixes predadores, por isso seus girinos não desenvolveram mecanismos de defesa tão marcantes quanto os de lagoas abertas.
Alguns exemplos desse tipo de girino são:
- Girino da perereca-de-olhos-vermelhos (Agalychnis callidryas);
 - Girino da Phyllomedusa sauvagii;
 - Girino da rã-arborícola-de-white (Litoria caerulea).
 
Girinos de sapos escavadores
Esses girinos adaptam-se a viver em poças temporárias e águas turvas. Seu corpo é mais resistente e seu desenvolvimento mais acelerado, pois precisam completar a metamorfose antes que seu habitat seque.
Costumam ser mais tolerantes a condições de baixo oxigênio e altas temperaturas em comparação com outros girinos.
Quer conhecer alguns exemplares? Confira:
- Girino do Spea hammondii;
 - Girino do Scaphiopus couchii;
 - Girino do Pelobates fuscus.
 
Girinos de centrolenídeos
Os centrolenídeos produzem girinos com corpos alongados e transparentes, adaptados a viver em riachos de corrente rápida. Eles têm ventosas na boca para se prenderem a rochas e evitar serem arrastados.
Sua alimentação baseia-se em algas aderidas a superfícies e pequenos invertebrados capturados em águas turbulentas.
Confira alguns exemplos:
- Girinos de Hyalinobatrachium fleischmanni;
 - Girinos de Centrolene ilex;
 - Girinos de Hyalinobatrachium valerioi.
 
Você conhecia todos esses tipos de girinos? Agora, aprenda a diferenciar os adultos com estes artigos:
- Diferença entre sapo e rã
 - Tipos de sapo: nomes e características
 
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