Meu gato come sem mastigar: causas e o que fazer

Meu gato come sem mastigar: causas e o que fazer

Os gatos na natureza se alimentam de pequenas presas, como roedores, pássaros ou até lagartixas. Por serem animais de pequeno porte, devem caçar e comer várias vezes ao longo do dia. Em casa, embora também podemos oferecer alimentos racionados em pequenas porções, é muito comum que os alimentemos com ração à vontade, ou seja, deixando-os com livre acesso 24 horas por dia. Mesmo assim, não é estranho encontrarmos felinos que comem sem mastigar, com ânsia e, o resultado, o gato acaba vomitando.

É por isso que neste artigo do PeritoAnimal, explicamos por que seu gato come sem mastigar e como você pode alimentá-lo para evitar os excessos.

Por que meu gato engole sem mastigar?

Como já mencionamos, em muitas casas, os gatos dispõem sempre de ração em seu comedouro. Em outras, porém, os alimentos são divididos em várias porções. Em ambos os casos, podemos encontrar gatos que se jogam com ânsia à comida e a engolem sem mastigar. Este hábito pode ser influenciado por alguns fatores, como a presença de outros gatos na casa ou um estado de estresse, no entanto, existem diferentes causas:

1. Mudanças em sua rotina

Deve-se sempre ter em mente que os gatos são animais de costumes, muito sensíveis a qualquer mudança em sua rotina. Isto inclui modificações importantes, como, por exemplo, uma mudança ou a chegada de um novo membro ao lar. Tudo isso produz estresse, ansiedade e nervosismo no animal.

Também podem ficar estressados diante de pequenas modificações, como mover seu comedouro de lugar ou até mesmo por acontecimentos que são completamente imperceptíveis para nós, por exemplo, o cheiro de um aromatizador novo.

2. Espaços sem separação

Os gatos necessitam manter alguns espaços delimitados. Assim, requerem um espaço para descansar, outro para brincar, um terceiro para comer e pelo menos outro para a caixa de areia. Essas diferentes áreas devem estar bem separadas. A comida não pode estar próxima da bandeja sanitária, é claro, mas muitos gatos não gostam que fique muito perto do bebedouro.

Portanto, embora existam fatores que podem influenciar na maneira de comer do gato que são difíceis de controlar, como o estresse, cuidar da disposição do lar e as rotinas são pontos sobre os quais podemos agir.

3. Estresse

Quando um gato come avidamente e muito rápido, mesmo que não tenha acontecido, ou pelo menos não percebemos, nenhuma mudança no lar, devemos investigar mais a fundo. Pode estar sujeito a uma situação de estresse que o faz comer sem mastigar para fazer isso o mais rápido possível.

Se não olharmos com atenção, podemos nem perceber que ele está engolindo rapidamente, mas certamente detectamos um detalhe, que é quando temos um gato vomitando a ração sem estar mastigada logo após ter enchido o prato. Ou seja, vomitará a comida tal como a ingeriu alguns minutos depois de a ter engolido.

Aparentemente ele não manifestará nenhum outro sinal de doença. Essa maneira de comer é mais comum em gatos sob estresse, embora alguns nessa situação rejeitem a comida diretamente. Esses gatos, além de não mastigar, podem passar boa parte do dia escondidos, interagir pouco conosco e com o ambiente, reagir com agressividade, marcar o território com urina, não brincar, não se limpar ou fazê-lo menos, etc.

4. Convivência entre gatos

Também é relativamente comum detectar essa alimentação apressada em lares onde vivem vários gatos. Pode passar despercebido, mas é possível que algum deles esteja impedindo os demais de terem acesso livre ao alimento. Isso faz com que o gato afetado tenha que aproveitar momentos específicos para comer. Por isso é obrigado a fazê-lo o mais rápido possível, engolindo sem mastigar para terminar antes. E, claro, por causa disso poderemos encontrar novamente nosso gato vomitando ração.

Como ensinar um gato a mastigar?

Para incentivar nosso gato a mastigar, a primeira coisa é saber o que é que está motivando seu comportamento em relação a comida. É provável que nossa primeira ideia seja a de oferecer menos quantidade de ração repartidas em várias vezes ao dia, mas nem sempre é a melhor opção.

Por exemplo, no caso de problemas entre vários gatos, o racionamento pode ser um fator de estresse em si mesmo. Portanto, a recomendação é deixar o alimento sempre acessível, mas com medidas para evitar os excessos. Por exemplo, usar um alimento de tamanho maior para dificultar que o gato o engula tudo sem mastigar. Também podemos recorrer a comedouros interativos, especialmente úteis nesses casos.

Comedouro automático ou antivoracidade para gatos

Os chamados comedouros automáticos ou antivoracidade são aqueles projetados para dificultar o acesso do gato ao alimento. Desta forma, não só não podem engolir sua ração de uma vez, mas também devem gastar um tempo para conseguir sua comida. Portanto, também podem ser considerados como excelentes elementos de enriquecimento ambiental. Com eles se pretende proporcionar estímulos e entretenimento aos gatos para evitar os problemas que causam a frustração e o estresse.

Existem vários modelos desses comedouros. Os mais simples consistem em uma plataforma com uma tampa de silicone com vários orifícios. O alimento seco é introduzido através deles e o gato deve acessá-lo colocando as patas para ir removendo as bolinhas praticamente uma a uma. Desta forma, é impossível engolir a comida.

Outros modelos são mais sofisticados e são dispostos verticalmente, com várias rampas por onde o gato deve fazer a ração descer para consumi-la em uma bandeja inferior. Também existem comedouros deste tipo que possuem uma bandeja na qual você pode colocar a comida úmida.

Vale lembrar que é recomendável oferecer ao gato, no mínimo, uma alimentação mista, ou seja, que inclua ração seca e ração úmida, para garantir uma correta hidratação. Nesse sentido, também existem comedouros antivoracidade para gatos projetados para serem usados com comida seca e úmida ao mesmo tempo.

Por exemplo, há a opção de um comedouro com furos menores para distribuir a ração seca e outros maiores para a comida úmida. Da mesma forma, é possível encontrar um comedouro com um orifício no centro para introduzir a ração seca e fazer com que o gato remova com a pata e um círculo exterior para colocar a comida úmida. De qualquer forma, como os felinos não gostam muito de mudanças, sempre colocaremos o comedouro novo junto com o antigo enquanto ele vai se acostumando com a novidade aos poucos. Nunca devemos forçá-lo, pois isso seria um fator de estresse, portanto, contraproducente.

Por outro lado, este tipo de comedouros costumam ser utilizados em vários níveis de dificuldade para adaptá-los às necessidades de cada gato. São uma boa alternativa para conseguir uma alimentação lenta enquanto o gato se diverte. Também evitam que tenhamos que dar nós mesmos as bolinhas uma a uma e, assim, evitaremos que tenhamos um gato vomitando.

Por fim, tenha em mente que se o gato engole sem mastigar devido ao estresse, outros fatores em sua rotina também devem ser modificados. Um veterinário especialista em comportamento felino ou etólogo pode nos dar as orientações necessárias de acordo com nosso caso.

Quando ir ao veterinário se meu gato não mastiga a ração?

Às vezes, um gato comendo com voracidade pode estar relacionado com algumas doenças. Da mesma forma, se temos um gato vomitando com frequência tanto a comida como espuma branca ou qualquer outra substância, apresenta sobrepeso, perda de peso, diarreia ou qualquer outro sintoma ou percebemos que estão engolindo, mas na verdade porque nosso gato tem dificuldade de mastigar, devemos ir ao veterinário. Problemas na boca, transtornos digestivos ou doenças endócrinas podem estar por trás da ação de comer sem mastigar e vomitar. O diagnóstico e o tratamento profissional são essenciais.

Agora que você já sabe que é possível evitar que tenhamos um gato vomitando ração se for o caso dele estar comendo sem mastigar, a seguir você pode conferir um vídeo com uma curiosidade comum em muitos tutores: por que meu gato bebe água com a pata?

Se deseja ler mais artigos parecidos a Meu gato come sem mastigar: causas e o que fazer, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Problemas de alimentação.

Bibliografia
  • SANTOS, Daniela Evaristo dos. Vômito crônico em gatos: revisão de literatura. 2019. Tesis de Licenciatura. Brasil. Disponível em: <https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/1935>. Acesso em 11 de março de 2021.