Medicamentos letais para gatos

Medicamentos letais para gatos

Existem medicamentos proibidos para gatos pois podem ser fatais. Casos de intoxicação por medicamentos são frequentes em clínicas de animais de pequeno porte, seja por consumo acidental ou administração de medicamentos sem orientação veterinária para o tratamento correto. Muitos dos medicamentos comumente usados em humanos ou em outras espécies de animais podem ser tóxicos - ou até fatais - para gatos.

Você quer saber quais medicamentos são tóxicos para gatos? Se sim, continue lendo este artigo do PeritoAnimal, no qual falaremos sobre os principais medicamentos letais para gatos.

Paracetamol ou acetaminofeno

O paracetamol é um medicamento com efeito analgésico e antipirético amplamente utilizado na medicina humana. Mas, pode dar paracetamol para gatos? Infelizmente não, pois é um medicamento altamente tóxico para nossos animais de estimação, especialmente para gatos.

Os gatos têm uma deficiência genética da enzima glicuroniltransferase, necessária para metabolizar o paracetamol no fígado. A deficiência dessa enzima causa a acumulação de metabólitos tóxicos formados a partir do paracetamol, que geram um quadro de intoxicação logo após a ingestão do medicamento.

Os metabólitos tóxicos formados a partir do paracetamol têm vários efeitos graves:

  • Convertem a hemoglobina em meta-hemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio para os tecidos;
  • Favorecem a formação de corpúsculos de Heinz, que aumentam a fragilidade dos glóbulos vermelhos e causam anemia hemolítica;
  • Causam hepatotoxicidade.

Esses efeitos causam uma série de sinais clínicos em gatos intoxicados, incluindo:

  • Cianose (mucosas azuladas);
  • Depressão;
  • Fraqueza;
  • Icterícia (mucosas amareladas);
  • Edema da face e extremidades;
  • Dificuldade respiratória;
  • Anorexia;
  • Vômito;
  • Hipotermia;
  • Hematúria (sangue na urina);

Se a intoxicação não for tratada logo, o quadro evolui até provocar a morte do animal, entre 18-36 horas após a ingestão deste que é, portanto, um medicamento letal para gatos.

Por fim, é preciso esclarecer que, em cães, os veterinários podem prescrever paracetamol em doses muito baixas, de forma excepcional e controlada. No entanto, em gatos, o uso é completamente contraindicado, pois sua margem terapêutica é muito estreita e até mesmo doses baixas podem causar um quadro de intoxicação grave.

Ibuprofeno

O ibuprofeno é um medicamento da família dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), frequentemente usado na medicina humana para tratar dor, inflamação e febre. Mas será que o ibuprofeno é adequado para gatos? Na verdade, não.

Os AINEs não seletivos, como o ibuprofeno, produzem seu efeito farmacológico inibindo a produção de prostaglandinas pró-inflamatórias (ou seja, aquelas que favorecem a inflamação). O problema é que, paralelamente, esses medicamentos também diminuem a produção de prostaglandinas protetoras ao nível digestivo e renal, causando um quadro de toxicidade gastrointestinal e renal em gatos. Esse efeito pode ter consequências graves, até mesmo fatais, em gatos geriátricos com doença renal crônica avançada. Por esse motivo, o ibuprofeno é outro medicamento letal para gatos que você deve deixar bem longe dele.

Naproxeno

Gato pode tomar naproxeno? Não, pois é outro remédio que também está na lista de medicamentos proibidos para gatos. O quadro de intoxicação que ele produz é semelhante ao do ibuprofeno, pois também é um AINE não seletivo.

Mesmo em doses baixas, o naproxeno consegue provocar toxicidade gastrointestinal e renal, especialmente em gatos com doença renal.

Ácido acetilsalicílico (aspirina)

O ácido acetilsalicílico, também conhecido como aspirina, é um medicamento da família dos salicilatos amplamente utilizado na medicina humana. Em doses baixas, é eficaz como antiagregante plaquetário, e em doses mais altas é usado para tratar dor, febre e inflamação. No entanto, é um medicamento altamente tóxico para gatos.

Os gatos são incapazes de metabolizar os salicilatos corretamente devido à deficiência da enzima glicuroniltransferase. Isso faz com que o consumo de aspirina nessa espécie cause sintomas de intoxicação, como anorexia, depressão, hipersalivação e vômitos. Em casos graves, pode ocorrer hipertermia, gastroenterite hemorrágica, acidose metabólica, icterícia (mucosas amareladas), ataxia (falta de coordenação), nistagmo (movimentos rápidos e involuntários dos olhos), convulsões e, na ausência de tratamento, a morte do animal.

Já sabemos que a aspirina é tóxica para os felinos, mas quantas aspirinas matam um gato? Estima-se que doses orais superiores a 20 mg/kg causam intoxicação em gatos. Isso significa que, para um gato adulto de cerca de 4 kg, uma dose de aspirina superior a 80 mg pode causar sintomas de intoxicação. Como a aspirina é geralmente comercializada em comprimidos de 400 ou 500 mg, um único comprimido de aspirina pode causar intoxicação grave em um gato e por isso é um dos medicamentos letais para gatos.

Permetrina

A permetrina é um inseticida encontrado em vários produtos antiparasitários para cães, seja na forma de pipeta, xampu ou borrifador. No entanto, é um composto altamente tóxico para gatos, uma vez que esses animais são incapazes de metabolizá-lo.

Em gatos, as intoxicações causadas por permetrinas afetam principalmente o sistema nervoso central e o sistema muscular, embora os sintomas associados variem dependendo da via de exposição do animal:

  • Quando a intoxicação ocorre por via cutânea, causa irritação, vermelhidão, coceira, feridas, etc.;
  • Quando a via de exposição é inalatória, ocorrem quadros asmáticos que podem levar a uma parada cardiorrespiratória;
  • Quando a intoxicação ocorre por ingestão do produto, aparecem sintomas graves como hipersalivação, tremores, ataxia (incoordenação), hiperexcitabilidade ou depressão, dificuldade respiratória, convulsões e coma, podendo levar à morte do animal em algumas ocasiões.

Portanto, a permetrina é um dos medicamentos mais letais para gatos. Para evitar que esses animais sejam expostos acidentalmente a ele, os cães tratados com o antiparasitário devem ser mantidos separadamente dos gatos até que o local de aplicação do medicamento esteja seco.

Fluoxetina (Prozac)

A fluoxetina é um medicamento do grupo de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) sendo comumente usado na medicina humana para tratar a depressão. Em gatos, a fluoxetina é usada para tratar uma ampla variedade de problemas comportamentais. No entanto, em doses elevadas, este medicamento pode causar um quadro de intoxicação caracterizado por:

  • Anorexia;
  • Letargia;
  • Síndrome serotoninérgica,com sintomas como hipersalivação, vômito, diarreia, midríase (dilatação da pupila), tremores, convulsões e hipertermia.

Venlafaxina

A venlafaxina é um medicamento da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN ou SNRI) que também é usado na medicina humana como antidepressivo. Os medicamentos desse grupo causam quadros de intoxicação semelhantes aos produzidos pelos ISRS, explicados anteriormente e por isso é um dos remédios proibidos para gatos.

Especificamente, a ingestão de venlafaxina em gatos pode causar sintomas como agitação, vocalizações, tremores e convulsões.

Pseudoefedrina

A pseudoefedrina é um medicamento agonista adrenérgico utilizado em medicina humana para aliviar a congestão nasal associada a resfriados e sinusites. No entanto, como se pode imaginar, a pseudoefedrina também está na lista de medicamentos tóxicos para gatos.

Nos felinos, a pseudoefedrina tem um efeito estimulante, provocando aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial, aumento da temperatura corporal e convulsões.

Baclofeno

O baclofeno é um relaxante muscular comumente usado na medicina humana para tratar patologias da medula espinhal, esclerose múltipla e outras condições neurológicas. No entanto, também está na lista de medicamentos letais para gatos.

A ingestão de baclofeno em gatos produz um quadro de intoxicação caracterizado pelos seguintes sintomas:

  • Sinais nervosos: ataxia (falta de coordenação), vocalizações, sonolência, letargia e coma;
  • Sintomas gastrointestinais: hipersalivação e vômitos;
  • Sintomas cardiovasculares e respiratórios: bradipneia/taquipneia, hipotensão, bradicardia/taquicardia, e até mesmo parada cardiorrespiratória.

Suplementos de vitamina D

A vitamina D é um micronutriente essencial que desempenha um papel importante no organismo dos gatos. Ela está envolvida na regulação do metabolismo do cálcio e fósforo, aumentando sua absorção intestinal, e sendo necessária para a mineralização adequada dos ossos.

No entanto, níveis excessivos de vitamina D (hipervitaminose D) podem causar um quadro de intoxicação em gatos, caracterizado por:

  • Fraqueza e depressão;
  • Vômitos e fezes com sangue;
  • Polidipsia (maior consumo de água) e poliúria (maior volume de urina);
  • Anorexia;
  • Hipersalivação;
  • Tremores;
  • Convulsões.

Outros medicamentos tóxicos para gatos

Ao longo do artigo, mencionamos uma série de medicamentos letais para gatos, mas existem muitos outros medicamentos que podem causar intoxicação de várias formas em animais dessa espécie.

Se você deseja conhecer outros medicamentos tóxicos para gatos, preste atenção na seguinte lista:

  • Benzodiazepínicos, como alprazolam ou clonazepam;
  • Estimulantes do sistema nervoso central, como metilfenidato;
  • Medicamentos anti-hipertensivos de uso humano;
  • Medicamentos antidiabéticos de uso humano;
  • Medicamentos para redução de colesterol.

Agora que você sabe quais são os medicamentos letais para gatos, se o seu gato ingerir acidentalmente qualquer um dos medicamentos mencionados, não hesite e procure rapidamente um centro veterinário.

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Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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  • Safdar A.; McLean, MK. (2012). Toxicology of Frequently Encountered Nonsteroidal Anti-Inflammatory Drugs in Dogs and Cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice,42(2): 289-306.