Mastruz para cachorro faz bem ou mal?

Mastruz para cachorro faz bem ou mal?

Você já deve ter ouvido falar do mastruz, também chamado de erva-de-santa-maria, que tem como nome científico Chenopodium ambrosioides. A erva, muito usada na medicina popular brasileira, é fácil de ser reconhecida: com flores amarelas e pequenas, cresce em qualquer lugar com umidade no solo e forma arbustos de até um metro de altura que se espalham pelo terreno.

Entre os humanos, o mastruz tem uma fama pra lá de positiva: dizem que ele proporciona uma série de benefícios à saúde e é utilizado com diferentes finalidades, até mesmo contra os efeitos da leishmaniose. Será que tudo isso está comprovado? Outra dúvida bastante comum é sobre os efeitos da erva em animais, já que é tão benéfico para humanos. Afinal, mastruz para cachorro faz bem ou mal? É o que o PeritoAnimal investigou e te conta aqui neste artigo.

Mastruz para cachorro com verme

O uso de receitas caseiras com o mastruz é uma prática comum no Brasil que vem de longa data. No entanto, são poucos os estudos que comprovam seus efeitos benéficos. Utilizar o mastruz para cachorro com verme é um dos usos mais popularmente conhecidos, mas pouco se sabe sobre sua eficácia.

No texto remédios caseiros para verme em cachorro você encontra oito opções já conhecidas e bastante utilizadas.

Acredita-se, também na crença popular, que o mastruz é bastante eficaz para fortalecimento do sistema imune; para o combate à doenças respiratórias como bronquites e tuberculose; e para o alívio de inflamações, principalmente problemas articulares, como a osteoartrite.

Muita gente, empiricamente, também utiliza a erva colocando suas folhas em feridas para agilizar a cicatrização. A partir disso, um estudo elaborado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) decidiu verificar quais os efeitos do mastruz contra a leishmaniose. O resultado encontrado, e publicado em 2018 pela universidade, foi que sim, o mastruz ajuda a combater inflamações auxiliando a cicatrização e, portanto, tem efeito contra a doença[1].

Além disso, a erva é procurada para melhorar a má-digestão, reduzir a pressão arterial, combater as infeções bacterianas e até mesmo evitar a osteoporose. Ou seja, é uma bendita planta, não é mesmo?

No entanto, não é porque ela faz tão bem para os humanos que necessariamente vai ajudar os cãezinhos. Por isso, é bom se informar sobre as plantas venenosas para cachorros neste outro artigo aqui do PeritoAnimal.

Mastruz para cachorro faz bem ou mal?

Segundo a Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA), o mastruz (conhecido em inglês como epazote ou wormseed) é considerado tóxico principalmente para cachorros, gatos e cavalos, podendo provocar vômito e diarreia[2].

O livro Veterinary Herbal Medicine (Medicina Veterinária à Base de Ervas, na tradução livre), editado por Susan G. Wynn e Barbara J. Fougère, também classifica o óleo de mastruz como um dos mais tóxicos para os animais[3].

Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, o médico veterinário Edgard Gomes reforça que o grande problema com o mastruz é a ingestão pelos animais, o que pode ser extremamente perigoso por conta da toxicidade do ascaridol, presente na erva. Por outro lado, o uso utópico da planta, em uma coleira, por exemplo, pode ser efetiva no bicho[4].

Outro estudo, desta vez elaborado por um estudante e publicado em 2018 pela Universidade Federal do Piauí, procurou descobrir as plantas medicinais mais utilizadas com animais num território específico do estado e comprovou que o uso do mastruz é bastante difundido na região. Ele é utilizado principalmente para combater luxações, fraturas, infecções cutâneas, verminose e para estimular o apetite dos bichos[5].

O estudo, no entanto, ressalta que há poucas comprovações científicas sobre a eficácia da planta.

A conclusão disso tudo é que, apesar da crença popular e de seu popular uso, é preciso tomar cuidado com o mastruz para cachorro, como alertam as entidades citadas e o especialista, até mesmo pela falta de um número considerável de estudos conclusivos sobre o tema. Por isso, sugerimos também dar uma lida nessa dicas para evitar que o cachorro coma as plantas.

Plantas medicinais para cachorros

Se por um lado ainda há muita dúvida sobre o uso do mastruz para cachorro, existem diversas outras plantas terapêuticas que podem, sim, ser utilizadas para combater algum tipo de problema nos cães e são recomendadas por especialistas. Mas vale destacar que nem sempre essas "plantas amigas" são plantas inofensivas.

As plantas medicinais caraterizam-se por possuir uma droga vegetal, que é a parte ou as partes utilizadas de forma terapêutica, as quais obviamente possuem um ou diversos princípios ativos que modificarão a fisiologia do organismo.

Os princípios ativos que contêm as plantas medicinais seguem o mesmo processo que os fármacos: por um lado o organismo do animal libera o princípio ativo, passando pelas fases da absorção, distribuição, metabolização e, por último, excreção. Por outro lado, este princípio ativo possui um determinado mecanismo de ação e um efeito farmacológico.

As plantas medicinais para cães, se forem utilizadas adequadamente, podem ajudar bastante. Mas é bom prestar atenção pois elas podem ser contraindicadas em várias situações e interagir com diversos fármacos. Aqui no PeritoAnimal vamos citar algumas boas opções:

Babosa (Aloe vera)

O suco da babosa ou aloe vera aplicado externamente diminui a inflamação da pele, possui propriedades anestésicas e, além disso favorece a regeneração das células da pele. Também se pode aplicar internamente para melhorar a saúde geral do cachorro, aliviar doenças gastrointestinais e melhorar a resposta do sistema imunológico.

Valeriana (Valeriana officinalis)

A valeriana para cães é uma excelente opção para acalmar o nervosismo, aliviar a insônia e diminuir a dor e a inflamação, não sendo esta uma propriedade muito conhecida, além disso também atua como um excelente relaxante muscular.

Espinheiro branco (Crataegus Oxyacantha)

O espinheiro branco atua como um excelente tônico cardíaco, sendo muito útil para prevenir a insuficiência cardíaca congestiva em cães idosos. Geralmente não se costuma usar em cães jovens a não ser que estes sofram de dirofilariose, em que o espinheiro branco pode ajudar o cachorro a sobreviver à doença.

Cardo mariano (Silybum marianum)

O cardo mariano contém um forte princípio ativo chamado de silimarina, que atua como protetor e regenerador das células hepáticas. É útil para melhorar a saúde dos cachorros em qualquer contexto e especialmente necessário em casos de polifarmácia, uma vez que ajudará o fígado a metabolizar os fármacos sem que isto represente qualquer dano.

Arnica (Arnica Montana)

Trata-se de uma excelente planta para tratar os traumatismos, uma vez que alivia a dor, diminui a inflamação e previne a formação de hematomas. Convém utilizá-la de forma tópica ou através da aplicação de um remédio homeopático.

Camomila (Matricaria chamomilla)

Os cães também podem se beneficiar desta popular planta medicinal, que é muito útil como sedativo leve e está indicada especialmente para os problemas estomacais, como digestões pesadas ou vômitos.

Harpagófito (Harpagophytum procumbens)

O harpagófito é um dos melhores anti-inflamatórios naturais para cães, é útil em qualquer condição que cause inflamação, estando especialmente indicada para problemas musculares e articulares.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Mastruz para cachorro faz bem ou mal?, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Desparasitação e vermífugos .

Referências
  1. Portal UERN. Pesquisa comprova efeito do mastruz contra a leishmaniose. Disponível em <http://portal.uern.br/blog/pesquisa-comprova-efeito-do-mastruz-contra-a-leishmaniose/>. Acesso em 16 de setembro de 2020.
  2. ASPCA. Epazote. Disponível em <https://www.aspca.org/pet-care/animal-poison-control/toxic-and-non-toxic-plants/epazote>. Acesso em 16 de setembro de 2020.
  3. ScienceDirect. Veterinary Herbal Medicine. Disponível em <https://www.sciencedirect.com/book/9780323029988/veterinary-herbal-medicine>. Acesso em 16 de setembro de 2020.
  4. YouTube. Cachorro pode tomar Mastruz ou Erva de Santa Maria?. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=799Uzg3ouIg>. Acesso em 16 de setembro de 2020.
  5. Pubvet. Estudo etnoveterinário de plantas medicinais utilizadas em animais da microrregião do Alto Médio Gurguéia – Piauí. Disponível em <file:///C:/Users/gmr-ofi-34/Downloads/estudo-etnoveterinaacuterio-de-plantas.pdf>. Acesso em 16 de setembro de 2020.