
Algumas pessoas vivem preocupadas com o colesterol ou com os triglicerídios altos no sangue. E essa é uma preocupação importante, pois vários problemas de saúde podem decorrer deste fato. Com os animais não é diferente, pois a hiperlipidemia, que é o aumento das concentrações séricas de colesterol, triglicerídeos ou ambos, é frequente em cães e pode ser assintomática, requerendo diagnóstico e tratamento adequados para evitar complicações. As causas são variadas, podendo ser secundária a doenças, por alimentação inadequada ou de origem primária.
Um grande número de animais costuma comer a mesma comida que seus tutores, seja ela sua refeição principal ou como petisco. A consequência disso é um desbalanço nutricional, que pode resultar em vários problemas de saúde. A obesidade é um dos fatores que pode levar à hiperlipidemia, e está cada vez mais presente na rotina da medicina veterinária. O tratamento da hiperlipidemia consiste em retirar a causa da alteração, seja pela troca da alimentação ou tratamento da doença primária. Se seu cachorro está gordinho e você ficou preocupado, não deixe de ler este artigo que o PeritoAnimal preparou sobre hiperlipidemia em cães, e saiba como ajudar o seu amigo peludo a ter uma vida saudável e cheia de energia! Boa leitura!
O que é hiperlipidemia em cães?
A hiperlipidemia faz referência a doenças que afetam o transporte de lipídeos no sangue, resultando em um aumento nas concentrações de triglicerídeos (hipertrigliceridemia) ou de colesterol (hipercolesterolemia), ou de ambos.
Os triglicerídeos e o colesterol não se dissolvem em meio aquoso, e por isso são transportados na corrente sanguínea associados com apolipoproteínas, formando macromoléculas complexas, denominadas lipoproteínas. Após a digestão, os lipídeos atingem o duodeno, onde são submetidos à emulsão e são hidrolisados pelas enzimas secretadas pelo pâncreas, como a lipase, a bile (secretada pelo fígado) e pela ação mecânica dos movimentos peristálticos.
Os produtos desta hidrólise, ácidos graxos livres e monoglicerídeos, são transferidos para as microvilosidades do intestino na forma de micelas, onde se difundem através das membranas das células epiteliais e se reesterificam para formar triglicerídeos, os quais se combinam com colesterol, fosfolipídeos e proteínas (apolipoproteína B48) para serem transformados em partículas de quilomícrons, secretadas na linfa mesentérica, que chegam à circulação sistêmica através do duto torácico.
Altas concentrações de colesterol, triglicérides e lipoproteínas na corrente sanguínea levam à hiperlipidemia. Quando ocorre em jejum, indica alguma alteração no organismo do cachorro, o que pode revelar uma produção acelerada ou uma degradação ineficiente das lipoproteínas. É causada por alterações que afetam o transporte dos lipídios. A absorção do colesterol e dos triglicérides ocorre no intestino delgado sendo que, o colesterol pode ser de origem exógena (ingerido pela alimentação) e endógena (secretado pela secreção biliar ou por meio da descamação das células intestinais).
Os ácidos biliares fazem com que 30 a 60% do colesterol disponível seja absorvido, sendo excretado pelo fígado, no intestino, através da bile. A hiperlipidemia pode ser secundária a doenças como diabetes, hipotiroidismo, hiperadrenocorticismo, pancreatite, síndrome nefrótica, colestase, obesidade e dietas ricas em gordura.

Sintomas de hiperlipidemia em cães
Nos cães, a hiperlipidemia geralmente ocorre secundária a alguma doença, não sendo considerada uma doença em si, mas um sinal de que algo está errado no metabolismo das gorduras. O animal pode apresentar diarreia, dor abdominal e vômito. Caso os triglicerídeos no sangue fiquem acima de 1000mg/dl pode ocorrer pancreatite, cegueira, convulsões e depósitos de gordura na retina.
Depósitos de gordura na córnea do cachorro ocorrem com maior frequência nos casos de aumento de colesterol no sangue. Alguns animais apresentam apenas pequenos pontos esbranquiçados na córnea, o que chama a atenção do tutor. Se muito extensos, esses pontos dificultam a visão do cachorro, que pode ser levado ao médico veterinário apenas com a queixa de que está esbarrando nos móveis da casa. O excesso de colesterol no sangue dos animais está associado a lesões oftálmicas, enquanto o excesso de triglicérides pode levar a um quadro de pancreatite aguda.
Como prevenir a hiperlipidemia em cães?
A prevenção baseia-se em manter o cachorro com uma alimentação equilibrada, evitar petiscos e comidas gordurosas e sempre fazer exames de dosagens sanguíneas de colesterol e triglicerídeos de maneira rotineira. Levar o cachorro periodicamente ao médico veterinário para avaliação, mesmo que não esteja doente, pode ajudar na detecção precoce de doenças facilmente tratáveis, evitando sequelas permanentes em órgãos importantes, como os olhos.

Tratamento de hiperlipidemia em cães?
Em casos de hiperlipidemia secundária, ou seja, que resulta de uma doença pré-existente, a doença principal deverá ser tratada, para que, consequentemente, os triglicerídeos e o colesterol retornem a seus níveis normais. Medicação para a hiperlipidemia também pode ser utilizada até que todos os parâmetros sanguíneos tornem-se adequados.
No caso da hiperlipidemia primária, pode-se instituir uma dieta com baixo teor de gordura e moderado teor de proteína, pois dietas com baixo teor de proteínas podem levar ao aumento da concentração de colesterol na corrente sanguínea. Atualmente, existe uma variedade de dietas com baixo teor de gorduras no comércio, mas é preciso atenção, pois é necessário considerar a energia metabolizável e a quantidade de fibra. Se mesmo com o uso da dieta durante o período recomendado pelo médico veterinário, o cachorro permanecer apresentando a hiperlipidemia, deve ser instituído o uso de óleo de peixe, com a dose de 220 mg/kg de peso corporal a cada 24 horas.
Segundo alguns estudos, outras formas de tratamento foram utilizadas com resultados variáveis. Já foi utilizado a genfibrozila, que estimula a ação da lipoproteína lipase, e, consequente diminuição da secreção de VLDL. Também foi utilizado niacina, mas demonstrou alguns efeitos adversos. O uso de dextrotiroxina reduz os níveis de lipídios séricos nos cães que apresentam hiperlipidemia. Temos os medicamento fibratos que são muito eficazes para tratar hipertrigliceridemia e as estatinas, que têm como função abaixar os níveis de colesterol LDL. Cada caso deverá ser analisado pelo médico veterinário, para que o melhor plano de tratamento seja traçado. Nunca tente medicar seu cachorro sozinho, pois isso pode ser muito perigoso para a saúde dele!
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- Revisão sobre hiperlipidemia em cães: um olhar terapêutico. PremierPet, 2024. Disponível em https://premierpet.com.br/wp-content/files/acervo_premio_pesquisa/2024-revisao-sobre-hiperlipidemia-em-caes-um-olhar-terapeutico.pdf. Acesso em 19/02/2025.
- Savanhago, V., Gusso, A. B. F. Hiperlipidemia no sangue de cães e gatos: principais causas e consequências. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária, 2023. Disponível em file:///C:/Users/carla/Downloads/1905-Texto%20do%20Artigo-5380-1-10-20240126.pdf. Acesso em 20/02/2025.