Gato com Síndrome de Down

Gato com Síndrome de Down
Imagem: Reprodução/Instagram @meetmayacat

Há algum tempo, a história de Maya, uma gatinha que mostra alguns traços similares aos que caracterizam a Síndrome de Down nos seres humanos, viralizou nas redes sociais. A história foi retratada em um livro infantil chamado “Meet the Maya Cat” por uma iniciativa da sua tutora, que decidiu colocar em palavras o dia a dia com sua felina para transmitir às crianças a importância da empatia, estimulando-as a aprender a querer aqueles indivíduos comumente classificados como “diferentes” pela sociedade.

Além de incentivar muitas reflexões sobre os preconceitos enraizados na estrutura das sociedades, a história de Maya, que ficou conhecida internacionalmente como “o gato com Síndrome de Down”, fez com que muitas pessoas se perguntassem se os animais podem ter Síndrome de Down, e mais especificamente, se os gatos podem apresentar essa alteração genética. Nesse artigo do PeritoAnimal, te explicaremos se os gatos podem ter Síndrome de Down. Confira!

O que é a Síndrome de Down?

Antes de saber se existe um gato com Síndrome de Down, primeiro, você precisa entender em que consiste essa condição. A Síndrome de Down é uma alteração genética que afeta especificamente o par de cromossomas número 21, sendo conhecida também como trissomia 21.

A estrutura do nosso DNA está composta por 23 pares de cromossomos. Porém, quando uma pessoa tem Síndrome de Down, apresenta três cromossomos no que deveria ser o “par 21”, ou seja, possuem um cromossomo a mais nessa localização específica da estrutura genética.

Essa alteração genética se expressa tanto morfologicamente como intelectualmente. E é por isso que as pessoas com Síndrome de Down costumam apresentar alguns traços específicos que estão associados à trissomia, além de poder demonstrar certas dificuldades em seu desenvolvimento cognitivo e alterações no seu crescimento e tonificação muscular.

Nesse sentido, é fundamental ressaltar que a Síndrome de Down não é uma doença, e sim uma alteração na estrutura dos genes que conformam o DNA humano que ocorre durante a concepção, sendo inerente às pessoas que a possuem. Além disso, cabe destacar que os indivíduos que apresentam esta síndrome não são incapazes nem intelectualmente nem socialmente, podendo aprender diversas atividades, levar uma vida social saudável e positiva, inserir-se no mercado de trabalho, formar uma família, ter seus próprios gostos e opiniões que fazem parte da sua própria personalidade, entre muitas outras coisas.

Existe gato com Síndrome de Down?

O que fez Maya ficar conhecida como “a gata com Síndrome de Down” foram, principalmente, os traços que apresenta em seu rosto, os quais se assemelham, à primeira vista, com algumas das características morfológicas associadas à trissomia 21 nos seres humanos.

Mas, realmente existe gato com Síndrome de Down?

A resposta é: não! A Síndrome de Down, como mencionamos anteriormente, afeta o par de cromossomas 21, que é característico da estrutura do DNA humano. Vale lembrar que cada espécie tem uma informação genética singular, e é precisamente essa configuração dos genes que determina as características que identificam os indivíduos pertencentes a uma ou outra espécie. No caso dos seres humanos, por exemplo, o código genético determina que sejam identificados como seres humanos, e não como outros animais.

Por isso, não existe gato siamês com Síndrome de Down, nem nenhum felino selvagem ou doméstico poderá apresentá-la, já que se trata de uma síndrome que ocorre exclusivamente na estrutura genética dos seres humanos. Mas como é possível que Maya e outros gatos tenham algumas características físicas similares às observados em indivíduos com Síndrome de Down?

A resposta é simples, porque alguns animais, como é o caso de Maya, podem apresentar alterações genéticas, inclusive trissomias similares à Síndrome de Down. Porém, estas nunca ocorrerão no par de cromossomas 21, que só está presente no código genético humano, e sim em algum outro par de cromossomos que compõe a estrutura genética própria da espécie.

As alterações genéticas nos animais podem ocorrer no momento da concepção, mas também podem derivar de experimentos genéticos realizados em laboratórios, ou da prática de endogamia, como era o caso do tigre branco chamado Kenny, que viveu em um refúgio em Arkansa e faleceu em 2008, pouco tempo depois de que seu caso fosse conhecido mundialmente – e erroneamente -como “o tigre com Síndrome de Down”.

Para concluir este artigo, devemos reafirmar que, embora exista muita dúvida se os animais podem ter Síndrome de Down, a verdade é que os bichos (inclusive os felinos) podem apresentar trissomias e outras alterações genéticas, mas não existem gatos com Síndrome de Down, pois esta condição se apresenta unicamente no código genético humano.

 

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Bibliografia
  • Kaminker , P. & Armando, R. Down syndrome. First part: clinical and genetic approach. Arch Argent Pediatr 2008; 106(3):249-259